Se são toleráveis governos que praticam e confessam, incitam esse tipo de violência contra a vida, a questão agora não é julgar a escolha que um ou outro desses tecnocratas faz do seu vocabulário ou da sua práxis, mas seria perguntar que paradigma civilizatório produz esse tipo de mostrengos.
Ailton Krenak
Teias inaugura 2022 com seu primeiro número eivado de artigos que demonstram a vitalidade, a robustez e a disposição de pesquisadores/as em educação para fortalecer, consolidar e definir um campo tão desprezado por políticas científicas oficiais no que respeita ao financiamento, à qualidade e ao conhecimento reconhecidos como propulsores do desenvolvimento e da grandeza de um país. Não bastasse esse cenário sombrio na ciência nacional, lidamos, ainda, pelo terceiro ano consecutivo, com a pandemia que ora arrefece, ora volta a assustar e ameaçar vidas e vidas humanas acirrando a desigualdade, a violência, a intolerância a todas as formas diferentes de viver; e passamos a nos defrontar com um contexto de guerra inimaginado, envolvendo disputas de potências bélicas, atômicas, quando a complexidade dos fatos e dos motivos tem sido banalizada pelos que ainda pensam um mundo bipolar, sem análise das transformações, da necessidade de pensar de forma múltipla a soberania e o direito dos povos. A diplomacia — e só ela — será capaz de estabelecer o diálogo que abandone a força das armas (nucleares), para restabelecer a humanidade que poderosos tentam destruir, na sanha cruel de perseguir hegemonia, imperialismo e morte, como consequência de jogos insanos de poder.