Introdução
Estudos sobre equivalência de estímulos iniciaram na década de 1970; desde então são fomentadas pesquisas e debates pelo seu potencial na explicação do comportamento simbólico. Estudos sobre equivalência de estímulos que tratam de questões educacionais têm sido desenvolvidos no Brasil, abordando questões de dificuldades de aprendizagem (Melo & Serejo, 2009), ensino de matemática (Santos, Cameschi & Hanna, 2009) e ensino de leitura (De Rose, Souza, Rossito & De Rose, 1989; De Rose, 2005; Zanco & Moroz, 2015).
Sidman e Tailby (1982) definiram o termo “equivalência de estímulos” de modo análogo à teoria matemática dos conjuntos, como a emergência de relações entre estímulos que não foram diretamente treinadas. Tais relações emergentes possuem as propriedades de reflexividade (relações de identidade entre estímulos), simetria (relações de reversibilidade entre estímulos) e transitividade (emergência de relações entre estímulos não diretamente relacionados), sendo a emergência de novas relações o que caracteriza a equivalência de estímulos (Albuquerque & Melo, 2007; Haydu, 2003; Sidman & Tailby, 1982).
De Rose et al. (1989) afirmam que os estudos de Sidman e seus colaboradores permitiram um avanço na concepção comportamental da leitura e da escrita, analisando-as como um conjunto complexo de repertórios interligados. A partir disso, entende-se que a leitura é um processo que envolve não apenas comportamento textual, mas também compreensão, o que pode ser descrito pelo paradigma da equivalência de estímulos.
De acordo com Moroz (2012), o processo de conversão do texto escrito em seus sons correspondentes denomina-se decodificação, que no caso do comportamento textual é expresso pela correspondência ponto a ponto entre o estímulo discriminativo escrito e uma resposta sonora. Sidman (1994), por sua vez, afirma que a leitura com compreensão é a capacidade do participante de relacionar palavras escritas a palavras faladas, objetos, situações ou ações; sendo assim, é possível afirmar que ler é decodificar e compreender.
No Brasil, pesquisadores têm se dedicado ao estudo de equivalência de estímulos e o ensino de leitura; um marco dessa tendência é o estudo de De Rose, Souza, Rossito e De Rose (1989), que foi seguido de outros estudos e iniciativas para o ensino de leitura com base na equivalência de estímulos, desenvolvidos em diferentes universidades do país. Com o objetivo de fornecer o panorama dos estudos e iniciativas sobre equivalência de estímulos e o ensino de leitura, estudos revisionais foram desenvolvidos, tais como as dissertações de De Paula (2009) e Pereira (2009) e o artigo de De Paula e Haydu (2010).
De Paula (2009) realizou um estudo de revisão de pesquisas empíricas com humanos sobre relações de equivalência, analisando teses e dissertações defendidas no Brasil, entre os anos de 1998 a 2007, do que resultou um total de 111 trabalhos, selecionados a partir do critério de inclusão de que os estudos deveriam se referir à descrição, ensino, avaliação ou modificação de comportamentos, que fizessem referência à formação de classes de estímulos equivalentes. Os cento e onze (111) trabalhos foram assim distribuídos em: setenta e um (71) foram desenvolvidos em programas relacionados à Psicologia, dois (2) trabalhos em programas de Psicologia da Educação, trinta e cinco (35) em programas da Educação, havendo três (3) trabalhos que não citaram o programa de mestrado/doutorado a que pertenciam. Quanto ao tipo de trabalho, foram identificadas oitenta e cinco (85) dissertações e vinte e seis (26) teses.
Pereira (2009) apresentou um estudo revisional, que buscou analisar a produção científica nacional em equivalência de estímulos no ensino da leitura, publicada em periódicos (Busca na base Periódicos CAPES) e coleções da área de Análise do Comportamento (Sobre Comportamento e Cognição, Ciência do Comportamento - Conhecer e avançar, Primeiros Passos em Análise do Comportamento), entre 1989 e 2007, a fim de mapear o caminho até então percorrido pelos pesquisadores brasileiros. Foi localizado um total de 44 estudos, dos quais 22 abordavam diretamente a temática de ensino de leitura, 5 tratavam do ensino de outros repertórios da área da educação (conceito de número e escrita) e 17 apresentavam o paradigma de equivalência de estímulos em outros contextos (clínica). Tais resultados, segundo a autora, demonstraram ênfase nos estudos sobre ensino de leitura a partir do paradigma de equivalência de estímulos.
No que se refere aos participantes, Pereira (2009) identificou nos 15 estudos experimentais localizados que a maior parte deles cursava as séries iniciais do Ensino Fundamental, com predominância na faixa etária dos 7 aos 11 anos de idade, e apresentavam desenvolvimento típico.
De Paula e Haydu (2010) publicaram um estudo de revisão bibliográfica das produções brasileiras sobre equivalência de estímulos, entre o período de 1997 a 2007, analisando resumos de artigos de periódicos localizados nas bases de dados Periódicos CAPES, PEPSIC, INDEXPSI, LILACS, PsycINFO, apresentações de dois eventos da área da Psicologia (Encontro da Associação Brasileira de Psicologia e Medicina Comportamental -ABPMC e Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Psicologia - SBP) e dissertações e teses. Foram identificados, na oportunidade, 655 trabalhos, dentre os quais 44 correspondem a trabalhos publicados em periódicos, 136 são dissertações de mestrado e teses de doutorado, além das pesquisas apresentadas em eventos nacionais, que representaram 475 do total de trabalhos localizados.
Andery, Micheletto e Sério (2000) argumentam que a análise da produção científica de uma abordagem pode evidenciar tendências e avaliar como tem sido a comunicação entre diferentes tipos de pesquisa dentro de uma mesma área. Muad, Guedes e Azzi (2004) salientam que esse tipo de investigação facilita a visualização da produção de uma área de modo sistematizado, o que auxilia na detecção de novas estratégias a serem traçadas no desenvolvimento científico do setor.
Dentre os estudos revisionais acima apresentados, os trabalhos de De Paula (2009) e De Paula e Haydu, (2010) fazem revisões da literatura sobre equivalência de estímulos como um todo, demonstrando que se trata de um campo de investigação profícuo e com aplicações possíveis à Educação, porém, não se debruçam especificamente sobre as características dos participantes. O estudo de Pereira (2009) tem o enfoque específico no ensino de leitura e discute as características dos participantes dos estudos entre os anos de 1989 a 2007, levantando o questionamento se tais características se alteraram nos estudos dos anos seguintes.
A partir do considerado acima, o presente artigo tem por objetivo descrever as características dos participantes de estudos empíricos que tratam da equivalência de estímulos e ensino de leitura, entre os anos de 2008 a 2017.
Estratégias de Busca
Para alcançar o objetivo estabelecido nesta pesquisa, optou-se por estabelecer como período de investigação os anos de 2008 a 2017. Esse período abrange o intervalo de tempo dos estudos de Pereira (2009), De Paula (2009) e De Paula e Haydu (2010). Foram analisados artigos completos localizados nas bases indexadoras PEPSIC e Periódicos CAPES, apontadas por De Paula e Haydu (2010) como as bases de dados que forneceram o maior número de resultados no estudo conduzido pelas autoras.
A seleção das palavras de busca, para a presente pesquisa, baseou-se na leitura de estudos de revisão que abordaram as temáticas de equivalência de estímulos em geral e equivalência de estímulos relacionada com o desenvolvimento de repertórios de leitura, definindo-se os seguintes descritores: Equivalência de estímulos, estímulos equivalentes, transitividade, ensino de leitura, leitura, ler (De Paula, 2009; Pereira, 2009; De Paula & Haydu, 2010).
Critérios de Inclusão
O rol de análise foi constituído de trabalhos empíricos sobre o paradigma da equivalência de estímulos e que versavam sobre o ensino de leitura.
Busca e Seleção dos Estudos
Na base de dados Periódicos CAPES selecionou-se a opção de busca avançada por assunto, filtrando o período de busca (2008-2017), selecionando artigos em língua portuguesa, localizados a partir da combinação de um descritor de equivalência de estímulos e um descritor de leitura. A busca na base de dados PEPSIC seguiu o mesmo procedimento de busca avançada por assunto, filtro pelo período de busca (2008-2017), selecionando-se artigos em língua portuguesa, localizados a partir da combinação dos descritores de equivalência de estímulos e de leitura.
A Figura 1 apresenta o fluxograma de busca e seleção dos estudos. Observa-se que na base de dados Periódicos CAPES obteve-se o total de 201 artigos e no PEPSIC um total de 34. Dos 235 artigos obtidos nas duas bases de dados, 134 foram excluídos por se repetirem, restando 101 artigos para a leitura dos resumos, que eliminou 76 artigos por não atenderem aos critérios de inclusão. Os 25 artigos restantes foram lidos integralmente, excluindo-se seis por não atenderem aos critérios de inclusão, restando 19 artigos para compor a revisão.
Sobre os descritores de busca, conforme Tabela 1, pode-se observar que com o procedimento de busca os descritores passaram a repetir os resultados, indicativo de que os estudos sobre a temática se esgotaram. O total de artigos selecionados para o estudo é identificado por meio da soma de todos os resultados de busca por descritor, subtraindo-se os artigos que se repetiram, havendo na base de dados Periódicos CAPES um total de 12 artigos selecionados para a análise por meio da leitura completa, dos quais 9 compuseram a revisão final (Anastácio-Pessan, Almeida-Verdu, Bevilacqua & Souza, 2015; Haydu, Zuanazzi, Assis & Kato 2015; Gomes, Souza, 2016; Zanco & Moroz, 2015; Lorenzo, Kawasaki & Kubo, 2010; Mesquita & Hanna, 2016; Rique, Verdu, Silva, Buffa, & Moret, 2017; Oliveira, Garotti & Sá, 2009; Carvalho Sampaio, Assis & Galvão Baptista, 2010).
Descritores | Total de artigos | Artigos selecionados | Artigos repetidos |
---|---|---|---|
Equivalência de Estímulos AND Leitura | 25 | 5 | 0 |
Equivalência de Estímulos AND Ler | 13 | 0 | 0 |
Equivalência de Estímulos AND ensino de leitura | 21 | 5 | 2 |
Estímulos equivalentes AND Leitura | 30 | 6 | 2 |
Estímulos equivalentes AND Ler | 14 | 6 | 6 |
Estímulos equivalentes AND ensino de leitura | 13 | 2 | 2 |
Transitividade AND Leitura | 32 | 3 | 3 |
Transitividade AND Ler | 21 | 4 | 4 |
Transitividade AND ensino de leitura | 32 | 3 | 3 |
Total de artigos selecionados para a leitura completa: 12
Fonte: Elaborado pelos autores
Na base de dados PEPSIC, conforme exposto na Tabela 2, identificou-se um total de 13 artigos selecionados para a leitura completa dos quais 10 foram selecionados para a revisão final (Souza & Assis 2013; De Souza & Hubner, 2010; Medeiros, Antunes, Pokreviescki, Bottenberg, Ferreira & Cavalhieri, 2011; Fernandes & Moroz; Machado & Haydu, 2012; Santos, Assis & Borba 2006; Leite & Hubner, 2009; Campos & Micheletto; Ponciano & Moroz, 2012; Cabral, Assis & Haydu, 2012; Pellizzetyi & Souza, 2014). Vale observar que apenas as combinações de descritores Equivalência de Estímulos AND Leitura, Equivalência de Estímulos AND ensino de leitura, Equivalência AND ler produziram resultados, os demais não retornaram nenhum artigo. A distribuição dos 19 artigos selecionados para a revisão após a leitura completa foi de 45% (n=9) oriundos da base de dados Periódicos CAPES e 55% (n=11) da base de dados PEPSIC.
Descritores | Total de artigos | Artigos selecionados | Artigos repetidos |
---|---|---|---|
Equivalência de Estímulos AND Leitura | 16 | 13 | 0 |
Equivalência de Estímulos AND ensino de leitura | 14 | 13 | 13 |
Equivalência AND ler | 4 | 4 | 4 |
Estímulos equivalentes AND Leitura | 0 | 0 | 0 |
Estímulos equivalentes AND Ler | 0 | 0 | 0 |
Estímulos equivalentes AND ensino de leitura | 0 | 0 | 0 |
Transitividade AND Leitura | 0 | 0 | 0 |
Transitividade AND Ler | 0 | 0 | 0 |
Transitividade AND ensino de leitura | 0 | 0 | 0 |
Total de artigos selecionados para a leitura completa: 13
Fonte: Elaborado pelos autores
Resultados
Em relação ao local em que foram desenvolvidos os estudos, os dados coletados encontram-se na Figura 2. Quatro artigos não especificaram o local de realização dos estudos. Observa-se que a escola é o contexto em que mais ocorreram estudos, com a maior parte desenvolvida no Ensino Fundamental, com destaque ao 2͒º e 3͒º anos, e um estudo realizado no Ensino Médio, totalizando onze estudos; os demais estudos foram realizados no ambiente familiar, Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais - APAE, Núcleo de Ensino, um Ateliê de Ensino e um Núcleo de Desenvolvimento em Tecnologia Assistiva e Acessibilidade, todos esses casos com um estudo.
Sobre as características dos participantes, a Figura 3 apresenta os dados. A maioria dos estudos foi realizada com participantes com desenvolvimento típico (12 ao todo), dentre os quais crianças que não haviam sido submetidas à alfabetização (n=8) e crianças e adolescentes com histórico de fracasso escolar, com dois estudos cada. Foram também alvo da intervenção participantes com desenvolvimento atípico, tais como crianças com deficiência auditiva e implante coclear, crianças com surdez entre severa e profunda, crianças com autismo leve/moderado, adolescente com deficiência intelectual, crianças com Paralisia Cerebral, adolescentes com Síndrome de Down. A díade mãe-filho foi pouco contemplada, com um estudo.
Foram tabuladas as idades de cada participante dos estudos revisados. Cabe ressaltar que o número de participantes por estudo variou de um (1) a dezessete (17) participantes, identificou-se que treze (13) dos vinte (20) estudos abrangeram participantes de idades variadas; a distribuição dos dados é apresentada na Figura 4. Houve variação de 4 a 22 anos, com estudos que abrangiam mais de uma faixa etária (exemplo: 7 a 9 anos, 4 a 6 anos). Pode-se observar que participantes com a idade de seis anos foram mencionados por um número considerável de estudos (n=7), seguindo-se a menção de participantes com sete anos de idade (n=5), de participantes com cinco, oito e nove anos (quatro estudos). As demais idades foram mencionadas por, no máximo, três estudos. Cabe ressaltar que o número de participantes por estudo variou de um (1) a dezessete (17) participantes.
Discussão
Quando analisado o local de realização dos estudos a escola tem sido o local em que mais frequentemente há realização dos estudos. Pereira (2009) também identificou ser a escola o principal local de realização dos estudos, além de identificar também estudos desenvolvidos na APAE. Com base nos dados do presente estudo, também se identificou a escola como local privilegiado; cabe salientar que, dos estudos realizados no ambiente escolar, a maioria (n=10) foi desenvolvida com alunos do Ensino Fundamenta (1º ao 9͒º ano), com destaque aos 2͒º e 3͒º anos; houve um estudo realizado com alunos do Ensino Médio.
Pereira (2009), ao identificar o nível de escolaridade dos participantes das pesquisas, também identificou um número elevado de estudos com alunos do 2° ano. Estudos com alunos do Ensino Médio não foram identificados na revisão da referida autora, apontando um novo contexto com possibilidade de investigação.
A faixa etária predominante nos estudos revisados foi de 6 a 10 anos; Pereira (2009) identificou que a maioria dos participantes das pesquisas encontrava-se na faixa etária dos 7 aos 11 anos de idade. Tais dados são compatíveis com os da revisão aqui exposta, no sentido de que ainda é significativo o número de participantes em idade correspondente ao EF1.
No estudo de Pereira (2009), os participantes em sua maioria apresentavam atraso na aquisição do repertório de leitura e desenvolvimento típico, o que levou a autora a levantar a questão de que os programas de leitura a partir do paradigma de equivalência de estímulos estavam em sua maioria sendo testados principalmente como uma ferramenta reparadora diante de um ensino ineficaz. A partir dos resultados identificados na presente revisão pode-se notar que o cenário mudou em relação aos estudos de Pereira (2009), uma vez que os dados apresentados apontam que os estudos de 2008 a 2017 foram realizados predominantemente com crianças de desenvolvimento típico, não leitoras, sendo possível supor que os programas de leitura a partir do paradigma de equivalência de estímulos agora direcionam-se para a instalação do repertório de leitura.
O presente estudo permitiu observar a multiplicidade nas características dos participantes, havendo, por exemplo, crianças com deficiência auditiva e implante coclear, público que, de acordo Rique, Verdu, Silva, Buffa e Moret (2017), compõe uma área de investigação em potencial. Tal afirmação vem ao encontro do que é identificado por Anastácio-Pessan, Almeida-Verdu, Bevilacqua e Souza (2015), que salientam a necessidade de mais estudos para a produção de tecnologia de ensino eficaz na reabilitação em populações com deficiência auditiva.
Ainda sobre a multiplicidade de características dos participantes, Souza e Assis (2013) desenvolveram um estudo com adolescentes com Síndrome de Down, que tinha por objetivo instalar pré-requisitos de leitura a partir do comportamento de ordenação dos símbolos. O estudo identificou evidências de que participantes com severas limitações de aprendizagem de leitura foram capazes de organizar as letras e formar palavras dissílabas, apontando que os resultados obtidos com esses indivíduos são promissores para subsidiar novos estudos envolvendo os pré-requisitos de leitura.
Gomes e De Souza (2016), por sua vez, realizaram um estudo com crianças que apresentavam autismo leve/moderado, identificando a eficácia de um procedimento de ensino de letras sílabas e palavras. As autoras concluem pela necessidade de replicação do procedimento em futuros estudos, levando em conta a multiplicidade de funcionalidade dos indivíduos do Espectro Autista. Gomes e De Souza (2016) salientam que investigar os mesmos procedimentos em diferentes estudos contribui para a validação destes como tecnologia de ensino.
Nos dados aqui apresentados, considerando a faixa etária e características dos indivíduos (crianças não leitoras em sua maioria com 6 anos de idade), verificou-se a viabilidade de utilização de procedimentos que têm por base o paradigma de equivalência de estímulos na implementação do repertório de leitura.
Por fim, sabe-se que o presente estudo não esgotou a discussão a respeito das características dos participantes em estudos sobre a equivalência de estímulos e o ensino de leitura. Uma ampliação da busca em outros bancos de dados nacionais e internacionais é desejável para futuros estudos, bem como a descrição dos procedimentos adotados e resultados obtidos nos diferentes públicos.