INTRODUÇÃO
Tendo origem de estudo nas Ciências Humanas, a migração é um fenômeno investigado em todos os momentos da história da humanidade (SANTOS, 2013). Após descobertas feitas na China, podemos deduzir que os primeiros indícios migratórios em grande escala são oriundos dos Homo Sapiens (HS) que se locomoviam da África Oriental para terras próximas ao mar Mediterrâneo por volta dos anos 160.000 a.C e continuando seu trajeto para a Ásia por volta dos anos 60.000 a.C (SHERWELL, 2016).
Todavia, em cada fase da história humana, características, motivações e consequências do processo migratório são mutáveis dadas as modificações sociais que ocorreram e ainda ocorrem no mundo (SANTOS, 2010). Ainda segundo Santos, os HS buscavam melhores acomodações e alimentos que pudessem sustentar a tribo migradora, isto ocorria devido a dizimação dos recursos na região de origem. Outro ponto histórico é o período que antecede o colonialismo conhecido como “As grandes navegações” citando as expansões Anglo Saxônicas na América do Norte, a expansão latina com a colonização da América do Sul e a expansão europeia para a África e Ásia (SANTOS, 2010).
Atualmente, os grandes fluxos migratórios têm refletido a assimetria dos padrões socioeconômicos existentes. Os primeiros estudos referente a esse assunto foram os de Ravensteim (1980) e Singer (1980). Ravensteim descreveu as motivações frequentes para os movimentos populacionais. Singer encontrou interconexões entre as transformações econômicas e a mobilidade em grupos migrantes. Ambos os estudos pautavam-se na visão que Karl Marx detinha sobre a migração humana, partindo do princípio que as migrações ocorriam pelas condições e transformações ocorridas no país de origem, tendo o país de destino caráter secundário na decisão.
À luz de Singer (1980), identifica-se dois tipos de migração: migrações pendulares e a transumância. As pendulares dizem respeito à migrações que não buscam mudanças definitivas, cujo indivíduo estipula um retorno. A migração transumância é o deslocamento por fatores econômicos se dividindo em sazonal ou periódica.
Atualmente, no contexto do sistema econômico capitalista, o crescimento econômico sem a devida oferta de emprego passa a ser uma característica. Logo, tal característica faz com que os indivíduos se desloquem objetivando novas oportunidades (MARINUCCI e MILESI, 2005).
Sendo assim, os estudos dos fluxos migratórios são práticas contínuas e ininterruptas, uma vez que, a história da humanidade mostra que novos parâmetros migratórios podem aparecer de acordo com as características sociais existentes no período temporal.
As migrações contemporâneas, datadas a partir de 1970, ocorreram principalmente pelas novas pautas de mobilidade internacional que são voltadas para a elevação da condição financeira e suas consequências (De VALDERRAMA, 2000). Nessa perspectiva, migrantes dotados de certa qualificação são chamados de emigrantes qualificados (OIM, 2010).
Na esfera do esporte, esse fenômeno aumentou sua visibilidade a partir da evolução do capitalismo e a globalização dos mercados (DIMEO e RIBEIRO, 2009). Com isso, esportistas de alto rendimento são classificados como emigrantes qualificados.
Maguire (2007) sugere uma tipologia para atletas que embarcam nesse fluxo. O atleta pioneiro tende a estabelecer uma raiz esportiva no local de destino, sendo embaixador do país e do esporte. Já o atleta “mercenário”1 possui característica financeira clara, cujo seu propósito é o enriquecimento imediato. O atleta nômade utiliza o esporte como forma de conhecer novas culturas, sem criações de vínculos locais. No que diz respeito ao residente permanente, se fixam em uma determinada cultura e nela constituem seu novo pilar familiar. Por fim, quando o atleta retorna ao seu país de origem é conhecido como repatriado.
Tal movimento transitório possui reflexo direto no cotidiano dos atletas. Dimeo e Ribeiro (2009) encontraram problemas de adaptação de atletas brasileiros em Portugal devido à nova cultura, afetando sua performance. Assim, a permanência doa atletas em determinado país é afetada por uma série de fatores, mas é a sua performance, que permite galgar sonhos mais elevados. Além disso, a tríade de sucesso atleta-federação-mídia é profícua em diversos aspectos: performance, controle sobre as seleções nacionais e divulgação da marca do jogador podem ser fatores que facilitam o desenvolvimento esportivo em determinada região do planeta. E esse desenvolvimento esportivo é acompanhado do desenvolvimento econômico.
Destacamos a relevância e o ineditismo da temática no fenômeno “Esporte” e, ao mesmo tempo, é expressa a abordagem interdisciplinar, visto que esse tema é enriquecido com a incorporação de referências do campo da Geografia, da Economia, da Sociologia, da Antropologia e das Relações Internacionais.
O objetivo de nosso estudo foi mapear e analisar as produções acadêmicas originais sobre a processo de migração no esporte.
METODOLOGIA
O alicerce deste estudo foi construído através do protocolo de recomendações dos “Principais itens para relatar revisões sistemática e meta-análises” (PRISMA) que sugerem a construção dos dados e seu devido tratamento seguindo algumas determinações, a saber: a) Identificação; b) Seleção; c) Elegibilidade e; d) Inclusão (MOHER et al., 2009).
A identificação se deu pela seleção da bibliografia, entre janeiro e fevereiro de 2016 nas bases de dados Scielo, Pubmed, Lilacs, Google acadêmico e Portal brasileiro de História, utilizando as palavras-chave “migrações humanas”, “fluxo migratório humano”, “migração nos esportes", "fluxo migratório nos esportes”. Tais bases foram selecionadas devido a sua importância no cenário, uma vez que as mesmas possuem quantidade e qualidade diferenciada nas obras indexadas em suas áreas de atuação. Nessa fase, não foram utilizados indicadores booleanos “and” e “or” para que se mantivesse o padrão de busca entre as plataformas uma vez que nem todas as plataformas possuem essa ferramenta. Para as plataformas que possuíam a possibilidade de “busca avançada” e “busca simples”, utilizamos a opção “busca simples”, novamente objetivando a padronização. Foram encontradas 43 estudos no total ao final dessas buscas, contudo, excluímos seis artigos que encontraram-se em duplicidade, dando sequência ao processo com 37 estudos.
Durante a seleção dos artigos, realizamos uma leitura exploratória nos resumos que nos ofereceu 30 estudos que compuseram nosso objeto de análise, utilizando como critério de exclusão aqueles que não tinham relação com o esporte ou com a migração de seres humanos.
Após essa etapa, realizamos uma leitura analítica para a ordenação do material. Esta ordenação se deu pela elegibilidade dos 30 artigos, não ocorrendo exclusões nessa etapa.
Finalizando, de posse dos dados em forma de fichamentos, incluímos os 30 artigos elegíveis na síntese qualitativa, que se apresentará a seguir.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A presente seção tem por objetivo apresentar os dados encontrados com a análise dos 30 artigos encontrados, conforme figuras abaixo, e posteriormente, organizaremos e dividiremos os principais temas abordados em cinco categorias para a melhor organização e compreensão.
Fluxo Migratório no Esporte Nacional
Os trabalhos de Rial (2006, 2008) têm como objetivo a busca de uma visão antropológica dos processos migratórios de jogadores de futebol. Um dos mais citados entre os demais trabalhos nacionais (op. cit., 2006), interliga diversas características como idade, religião e origem social em jogadores que atuaram em nove países. O estudo inferiu que: a) a idade inicial de migração é cada vez menor; b) a maioria do atletas vem de classes sociais menores e; c) a adesão aos cultos evangélicos é uma prática social que aproxima os atletas para minimizar os possíveis problemas decorrentes da adaptação. Outro dado interessante nesta pesquisa é que, mesmo após nacionalização, os atletas ainda se sentem e se comportam como estrangeiros.
Ribeiro e Dimeo (2009) demonstraram a importância da migração em atletas de futsal brasileiros estudando a adaptação a novos países e questões gerais sobre planos de carreira e identidade nacional. Entrevistaram atletas brasileiros de futsal que tentaram galgar sua carreira em clubes europeus e constataram que os atletas almejavam melhoras das suas habilidades esportivas no futsal europeu, além da possibilidade de construir uma tranquilidade financeira. Outro dado relevante foi quanto à identidade nacional pois atletas, mesmo com dupla cidadania, ainda se sentem totalmente brasileiros, vendo a dupla cidadania apenas como ferramenta profissional.
No estudo de Ribeiro et al. (2013) o foco era entender a transição migratória realizada por estrangeiros do atletismo, com ênfase nos atletas africanos entrevistando 10 treinadores brasileiros. As principais impressões foram de que o nacionalismo pautado na legislação esportiva no Brasil atua como protetor dos(as) atletas, impedindo que um número elevado de atletas estrangeiros participem das provas em território nacional.
Já a pesquisa de Pisani (2012) teve como intuito entender o dia a dia de mulheres jogadoras de futebol profissional da região Sul do Brasil através de um estudo etnográfico. Assuntos como sexualidade, carreira, trajetória pessoal, preconceitos e migração foram abordados à luz da antropologia. Sobre migração, a autora pôde perceber que os fatores socioeconômicos são os principais motivadores e que, diferentemente dos modelos masculinos de migração, as atletas migram apenas ao final de seus contratos e através das redes informais de contato.
Em outro estudo (PISANI, 2014), buscou entender o processo do mercado de transferências das atletas brasileiras de futebol através de entrevistas realizadas com atletas que atuaram em time de Foz do Iguaçu, chegando ao denominador que as mulheres não possuem valor no mercado de transferência do futebol, já que a maioria das transferências não movimentam capital.
Com relação à identidade nacional, Santarosa e Ventura (2010) objetivaram discutir se a transformação de jogadores brasileiros em mercadoria nos grandes centros do futebol europeu tem relação com a perda da identidade nacional. As autoras pautaram-se em entrevista com o atleta brasileiro Anderson Luis de Souza, que defendeu a seleção Portuguesa, chegando à conclusão que, mesmo naturalizado, tal atleta não perdeu sua identidade mantendo vínculos diretos com o Brasil.
Dentro das contribuições ao esporte brasileiro derivado da migração estrangeira, De Jesus (2001), através de investigação histórica baseada em uma revisão de literatura, encontrou diversos contributos da comunidade germânica no Rio Grande do Sul desde os anos 1890, amparando esportes já consolidados, incluindo novas modalidades esportivas e potencializando outros, citando como exemplo o futebol que teve o primeiro clube formado por alemães, o S.C. Rio Grande.
Interligando os trabalhos pautados sobre os atletas brasileiros, podemos perceber que identidade nacional e aspectos econômicos são itens comuns entre os achados. Primeiramente, percebemos o fortalecimento da identidade nacional dos atletas brasileiros que atuam foram do país em todos os trabalhos que abordaram essa perspectiva, independente do período ou local de atuação. Paralelamente, os atletas enxergam nas migrações uma possibilidade de utilizar o futebol como ferramenta de ascensão econômica.
Fluxo Migratório e Naturalização nos Esportes
Silva, Rigo e Freitas (2012) buscaram mapear os fenômenos migratórios nos últimos 20 anos. Para tal, foram consultadas fontes retiradas de mídias, revistas especializadas e livros ilustrados das copas realizadas nesses período. Após essa captação, os autores concluíram que a dupla cidadania e as naturalizações vem se multiplicando ano após ano.
Oliveira et al. (2007) buscaram a relacionar as dinâmicas do mercado dos jogadores de futebol com a identidade nacional durante eventos intercontinentais e debruçaram-se sobre as seleções participantes da Copa do Mundo de 2006 onde, através do levantamento de informações, determinaram a nacionalidade de cada técnico além de quantificar os jogadores que atuam em sua nação e fora dela. Os pesquisadores inferiram que o rompimento das fronteiras esportivas fez com que a identidade nacional fosse questionada nesse evento.
Assim, temas como identidade nacional surgem para respaldar o noção de pertencimento2, em que o guarda-chuva do nacionalismo é uma matéria a ser explorada por todos: mídia, federações e confederações que cuidam do desenvolvimento esportivo e o próprio atleta. A naturalização surge aqui como um bem de troca poderoso tanto para os que desejam conquistar uma nova nacionalidade quanto para as entidades esportivas.
Fluxo migratório internacional no Esporte
Para iniciar essa unidade, o uruguaio Soca (2012) buscou compreender o conceito de migração qualificada no esporte e correlacionar os principais motivadores para a migração dos atletas uruguaios. Dados de transferências e algumas entrevistas com futebolistas foram utilizados para obtenção dos resultados. Em sua conclusão, sugere que os atletas migram buscando campeonatos mais competitivos sem dispensar a questão financeira. Também afirma que os efeitos para os países de origem não são agradáveis, uma vez que enfraquece os campeonatos nacionais com o êxodo dos principais atletas.
O autor francês Pereira (2012) refletiu o impacto da migração na estrutura do esporte no país de destino. Analisando clubes filiados à Confederação Francesa de Futebol, descobriu que 205 clubes filiados são de origem portuguesa. Este número é justificado pelo histórico aumento de portugueses na França desde a década de 1950, uma vez que os portugueses utilizaram o futebol como um dos meios de inclusão na sociedade francesa.
Darby (2006) investigou o fluxo migratório de jogadores africanos para Portugal. Analisou jogadores oriundos de antigas colônias portuguesas com dados disponibilizados pela Confederação Africana de Futebol (CAF) e pela Federação Internacional de Futebol (FIFA) que tabulavam a saída e entrada de jogadores africanos para outras nações e, principalmente, para Portugal. O estudo apontou para a falta de recursos financeiros pautados nos baixos investimentos realizados pela CAF e pela FIFA, fazendo com que os países africanos não consigam reter seus talentos.
Com uma temática similar, Melo e Rocha Jr (2011) analisaram, correlacionando a ficção com a literatura científica, as migrações de Cabo Verde para Portugal e as relações político-sociais entre os dois países através de uma resenha do filme “Fintar o Destino” do diretor Fernando Vendrell (1998), que conta a história fictícia de jogadores que saíram da Ilha de São Vicente em direção à Lisboa. Ao final da resenha, os autores findam que as migrações africanas para a Europa criam um sistema de neocolonialismo.
A portuguesa Nina Tiesler (2016) apresentou uma abordagem diferenciada quanto à migração feminina no futebol devido a amplitude das informações que foram utilizadas. A autora levantou dados sobre a movimentação de futebolistas mulheres a partir dos Jogos Olímpicos de 2008. Tiesler pôde comprovar através de uma análise que cruzava os dados cedidos pela FIFA sobre o número de entrada e saída de atletas profissionais de futebol e as principais ligas de futebol feminino que, devido a uma desvalorização das ligas nacionais na maiorias dos 127 países ranqueados na FIFA, as mulheres necessitam migrar de país para país em busca de novas oportunidades profissionais e financeiras, transformando-se assim em atletas transnacionais, deixando sua identidade nacional em conflito.
Em outro estudo, Tiesler (2012) buscou compreender o impacto da migração em atletas portugueses no que tange à sua identidade nacional. Para tal, realizou uma pesquisa etnográfica longitudinal chegando à conclusão de que o futebol pode levar o atleta a manter os laços fortes com seu país de origem ou mesclar sua cultura com a do país de destino profundamente, dependendo diretamente da escolha do atleta.
O português Carlos Nolasco (2010) analisou a saída de jogadores portugueses e a entrada de jogadores estrangeiros na liga portuguesa de futebol na temporada 2008-2009. Para isso, visitou dados da confederação portuguesa de futebol, esmiuçando as nacionalidades dos jogadores, além do país de destino dos portugueses. Chegou à conclusão que o número de atletas estrangeiros representou mais da metade dos atletas inscritos (53,1%) e que esses jogadores não são considerados de destaque internacional devido à pouca relevância no cenário do futebol mundial. Ainda em suas considerações finais afirma que os principais jogadores portugueses, saem para outros centros esportivos como a Espanha, Alemanha e Inglaterra.
O brasileiro Eduardo Gomes (2012) verificou a profissionalização do futebol colombiano em um momento histórico importante - a morte do líder liberal Jorge Gaitan. Gomes, após análise documental, concluiu que com a profissionalização do futebol, muitos atletas estrangeiros passaram a jogar em times colombianos e que a democratização da prática do futebol passou a ser um evento importante para a sociedade colombiana.
David Richardson et al. (2012) examinaram as principais características de migração de jovens jogadores para a primeira divisão do campeonato Inglês de futebol. Cinco jogadores entre 16 e 24 anos foram entrevistados, contudo, não foram reveladas as nacionalidades dos futebolistas, apenas que não eram britânicos. Os autores perceberam que o principal motivo para os jovens escolherem o campeonato Inglês era o modo em que os clubes se aproximavam para negociarem suas idas. Dificuldades para adaptação com a nova cidade, escola e língua, além da distância familiar, foram temáticas apresentadas pelos entrevistados. Constataram também que há uma necessidade de que pessoas qualificadas e envolvidas com o futebol deem maior suporte aos jogadores jovens em seu período de mobilidade social.
Dentre os trabalhos internacionais, o desejo de ascensão econômica e a busca de campeonatos mais competitivos que o permita evoluir profissionalmente também possuem importância para atletas de outras nacionalidades da América do Sul. Os trabalhos que analisaram o mercado europeu apresentam uma tendência neocolonialista com a manutenção de utilização de mão de obra derivada de suas antigas colônias. Por fim, a falta de investimento em confederações menores e competições de futebol feminino faz que os(as) atletas tenham fluxos de migração contínuos temporada após temporada.
Fluxo migratório e mídia no Esporte
José Carlos Marques (2014) intentou compreender como a imprensa escrita portuguesa operava os recortes e as descrições em dois períodos históricos em que brasileiros atuaram na seleção portuguesa de futebol. Marques encontrou no primeiro período, no ano de 1966, devido à presença do regime de ditadura similar entre as nações, uma expressão jornalística voltada para a relação amistosa entre os países. Já o segundo período, datado entre os anos de 2002 e 2006, mostravam preocupação e desconfiança da imprensa, gerando tensão quando o assunto é a presença de brasileiros no futebol português.
Tainsky e Stodolska (2010) verificaram o impacto das migrações domésticas nas audiências televisivas na liga nacional de futebol americano. A construção do desfecho se deu pela costura das informações da quantidade de jogadores que migraram de um time para o outro e da audiência televisiva nos confrontos entre as equipes. No primeiro de seus resultados, demonstram que as maiores audiências são encontradas em centros com menores rendas per capita, sugerindo que o esporte pode ser o único momento de lazer daquele grupo social. Na segunda parte, foi encontrado que quando um jogador sai de sua cidade para jogar em outra, os jogos do time de destino têm audiência elevada na cidade de origem do jogador, criando um efeito nostálgico e de lealdade do jogador para o grupo social.
Fluxo migratório e o profissional de Educação Física
Diehl e Neto (2010) buscaram entender o papel do profissional de educação física no processo migratório mundial. Foram utilizados diários de campo, entrevistas semiestruturadas e narrativas escritas com profissionais de educação física do ensino fundamental. Concluíram que a falta de conhecimento e importância demostrada sobre o processo migratório nos esportes impede que os profissionais se envolvam com o assunto para criação de novas formas de lidar com as características da migração.
Soares et al. (2011) também abordam o contexto escolar tendo como objetivo buscar relações entre a profissionalização no futebol e a escolarização dos atletas. Após revisão de literatura e análise dados referente à profissionalização e transferência de atletas, os autores concluem que o insucesso esportivo tem relação direta com o insucesso educacional.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através desse estudo, podemos compreender que as migrações humanas são fenômenos sociais que ocorrem desde os achados históricos mais antigos e que essas movimentações têm ligação com a globalização.
No universo da migração esportiva, os estudos estão voltados para a compreensão dos fatores que motivam os atletas a desbravarem outros mercados e as consequência em suas vidas dentro e fora dos campos e quadras, enquanto os empreendimentos internacionais vislumbram as relações neocolonialistas e a sua influência na mobilidade de atletas nos países envolvidos. Tantos os atletas brasileiros quanto os demais apresentaram a ascensão econômica e a busca de melhores níveis competitivos como aspectos motivadores comuns e percebemos que, em todas as obras, ao menos um motivo foi abordado, que nos traz a percepção que sempre haverá algum motivo para migrar-se e não somente a “migração pela migração”. Em tempo, mesmo com as relações neocolonialistas presentes, nenhum aspecto diaspórico foi abordado.
Outros fatores encontrados no nosso trabalho foram o fato de que a mídia considera as migrações esportivas um importante fenômeno e a Educação Física escolar emerge com discussões ainda rasas sobre a importância da migração no contexto da sala de aula. Com isto, o fenômeno da migração tem em sua produção acadêmica, esta revisão.
Sendo assim, podemos inferir que a produção acadêmica sobre essa temática circunscreve-se assim: 1- inclinação para o estudos sobre futebol, independente dos gêneros; 2 - migrações esportivas e humanas tendem a ter como fator comum a busca de melhores condições socioeconômicas, inclinando-se para a ascensão social; 3 -nacionalização, identidade nacional e mídia também são frutos de interesse dos estudos; 4 - a relação entre o fluxo migratório nos esportes - suas características e consequências e: 5- a performance do atleta envolvido não é uma variável que detém atenção nas pesquisas.
Após nossas análises sugerimos que estudos futuros contemplem outras modalidade esportivas e a verificação de uma possível relação entre o fluxo migratório e performance, pois acreditamos que a mobilidade realizada pelos atletas pode influenciar em seu desempenho esportivo.