Introdução
A educação inclusiva representa um movimento de luta pelo direito de todos à educação que demanda adequação na estrutura física das escolas, na formação dos recursos humanos, na elaboração e no uso de recursos didáticos e na efetivação da prática pedagógica coerente aos princípios inclusivos (OMOTE, 2003).
Desse modo, dentre os desafios para a consolidação da educação inclusiva nas escolas regulares, está a carência na formação docente para a prática pedagógica (GLAT; PLETSCH, 2010; VITALIANO; MANZINI, 2010).
Nunes e Madureira (2015) indicam que as maiores dificuldades dos professores para efetivar a inclusão se concentram na dificuldade de lidar com classes heterogêneas e atender alunos de diferentes níveis, bem como, organizar atividades pedagógicas coletivas que contemplem as necessidades individuais.
Estas análises motivaram a busca por subsídios teóricos e práticos que pudessem contribuir para aprimorar o planejamento docente com vistas à promoção da inclusão educacional. Nesse processo identificamos as contribuições do Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA) que visa promover práticas pedagógicas inclusivas por meio de princípios orientadores para o planejamento de ensino, a fim de satisfazer as necessidades de aprendizagem dos alunos (NUNES; MADUREIRA, 2015).
Partindo dos pressupostos de acessibilidade enunciados pela Arquitetura, a proposta do DUA expande essa ideia para a busca de organizar o ensino de uma maneira adequada para que um maior número de alunos aprenda, satisfazendo suas necessidades de aprendizagem (MEYER; ROSE; GORDON, 2002; CAST, 2011). De tal modo, seus pressupostos didáticos indicam a flexibilidade aplicada ao currículo educacional e o aprimoramento nas propostas didáticas para melhor acesso à aprendizagem, o qual “incide na construção de princípios que devem nortear a elaboração de objetos, ferramentas e processos pedagógicos que visam acessibilidade para aprendizagem dos alunos de maneira inclusiva” (PRAIS; ROSA, 2016, p. 173-174).
De acordo com os organizadores do DUA Meyer, Rose e Gordon (2014) esta proposta estabelece três princípios norteadores para a elaboração do planejamento de ensino de modo inclusivo: 1) possibilitar múltiplas formas de apresentação do conteúdo, de ação e expressão do conteúdo pelo aluno, 2) proporcionar vários modos de aprendizagem e desenvolvimento organizados pelo professor para os alunos, 3) promover a participação, interesse e engajamento na realização das atividades pedagógicas. Cabe ressaltar que estes princípios devem ser considerados pelo professor como objetivos no momento de planejar suas aulas (CAST, 2011).
Prais (2016), Nunes e Madureira (2015), Zerbato e Mendes (2018) salientam que o DUA não apresenta uma proposta didática imediatamente aplicada ou predeterminada para que o professor a execute em suas aulas. Essa abordagem valoriza a autonomia pedagógica dos docentes e busca leva-lo a pensar na “[...] necessidade de renovar as práticas devido às transformações da nossa realidade educativa atual [...]” (ZERBATO; MENDES, 2018, p. 150).
Sublinhamos que essa abordagem passou a ser sistematizada a partir da década de 1990 por estudiosos norte-americanos nos Estados Unidos e as pesquisas relacionadas a essa perspectiva são recentes (PRAIS, 2016). Com base nisso, surgiu nosso interesse em identificar, em pesquisas no idioma inglês, a publicação de resultados quanto à implementação dos princípios desta proposta na promoção da prática pedagógica inclusiva.
Nesse sentido, partimos da seguinte questão de investigação: de que maneira a perspectiva do Desenho Universal para a Aprendizagem associada à inclusão dos alunos que apresentam necessidades educacionais especiais (NEE) tem sido abordada em produções científicas de língua inglesa? Desse modo, o presente estudo teve como objetivo caracterizar a aplicação do DUA com vistas a favorecer o processo de inclusão dos alunos com NEE, a partir de uma pesquisa bibliográfica nas produções de língua inglesa.
Método
Para desenvolver este artigo utilizamos como metodologia de pesquisa a revisão sistemática com bases nos autores Sampaio e Mancini (2007), Senra e Lourenço (2016). Dessa maneira, a sistematização dos resultados obtidos diante de um tema de pesquisa encontra neste tipo de pesquisa evidências científicas e possibilita identificar o que já foi desenvolvido e as lacunas a serem preenchidas referentes ao objeto de estudo (SENRA; LOURENÇO, 2016).
Sampaio e Mancini (2007) acrescentam que as revisões sistemáticas dão suporte teórico e metodológico para desencadear novas pesquisas, caracteriza o cenário do tema e esclarece impasses, resultados e considerações relevantes para compreensão de um tema.
De acordo com Senra e Lourenço (2016, p. 176), “a revisão sistemática é uma revisão da literatura científica, com objetivo pontual, que utiliza uma metodologia padrão para encontrar, avaliar e interpretar estudos relevantes [...]”.
Tendo como base as indicações de Sampaio e Mancini (2007) e Senra e Lourenço (2016), para desenvolver a revisão sistemática deve se considerar as seguintes etapas: 1 definir a pergunta, 2 buscar evidências, 3 revisar e selecionar os estudos, 4 analisar a qualidade metodológica dos estudos e 5 apresentar os resultados. Considerando esses elementos, optamos por seguir as etapas indicadas por Senra e Lourenço (2016, p. 181) que expõem dez procedimentos para realização de uma revisão sistemática apresentados a seguir.
Na primeira etapa, delimitação do tema da pesquisa, selecionamos o tema: “Desenho Universal para a Aprendizagem para promoção da educação inclusiva”. Em seguida, na segunda etapa definimos os últimos dez anos (2008 a 2018) como intervalo temporal de busca.
Na terceira etapa, delimitamos o Portal de Periódicos da Capes, o ERIC e o SciELO como bases para coleta de dados desta revisão sistemática. E na quarta etapa, determinamos como termos de busca: “Universal Design for Learning” (UDL) e “inclusion”.
Os resultados obtidos nessas quatro etapas iniciais são apresentados no quadro 1 abaixo:
Bases de dados | Termos de busca "universal design for learning" + “inclusion” |
---|---|
Portal de Periódicos da Capes | 41 |
Educational Resources Information Center (ERIC) | 21 |
Scientific Electronic Library Online (SciELO) | 7 |
Fonte: Elaborado pelos autores (2019)
Empregando os termos de busca nas bases de dados, localizamos 41 pesquisas no Portal de Periódicos da Capes, 21 estudos no ERIC e sete produções no SciELO. Ao examinar as produções científicas selecionadas previamente na base de dados, justificamos a exclusão de 28 resultados duplicados apresentando a mesma pesquisa em mais de uma base de dados e de mais quatro dos arquivos, pois não foram localizados os textos completos ou não estavam disponíveis on-line gratuitamente.
Considerando a quinta etapa na análise dos 37 estudos encontrados na base de dados, durante a catalogação dos textos estabelecemos como critérios de inclusão e de exclusão de textos relevantes e irrelevantes à temática da pesquisa. Desse modo, priorizamos nesta primeira etapa de seleção das produções científicas: pesquisas publicadas em idioma inglês, busca por frase exata do termo de busca; pesquisas concluídas, bem como, texto completo disponível on-line. Considerando estes critérios seis trabalhos foram excluídos desta análise e 31 estudos foram incluídos por atenderem aos critérios estabelecidos.
Na sexta etapa, realizamos um novo filtro para seleção dos textos por meio de uma leitura analítica evidenciando estudos diretamente relacionados com a perspectiva do DUA na promoção da educação inclusiva, temática central de interesse nesta revisão sistemática. De tal modo, esta etapa possibilitou fixar os 31 estudos que atenderam os critérios de inclusão para esta revisão sistemática.
Posteriormente, na sétima etapa, montamos uma pasta com as produções científicas encontradas e elaboramos um quadro contendo dados das pesquisas: referência, referencial teórico, tipo de pesquisa, participantes (amostra), procedimentos/instrumentos de coleta e análise dos dados e resultados principais.
Em seguida, na oitava etapa, avaliamos e sintetizamos de maneira quantitativa os resultados atingidos buscando compreender o número de pesquisas relevantes sobre o assunto e ano de maior publicação, conforme mostra o gráfico 1 a seguir.
Visualizamos no gráfico 1, que o maior número de produções encontradas foram publicadas no ano de 2015 com sete pesquisas, seguido do ano de 2017 com seis estudos. Com menos publicação encontrada foi o ano de 2010 com uma produção científica apenas.
Após isso, na nona etapa, realizamos uma avaliação e síntese qualitativa para integração dos resultados e possíveis intervenções do fenômeno de interesse, e assim classificamos as pesquisas em quatro categorias pela forma de abordagem do tema. No quadro a seguir detalhamos as pesquisas que foram contempladas em cada categoria
Fonte: Elaborado pelos autores (2019)
Por fim, na décima e última etapa, retomamos a pergunta que desencadeou a revisão sistemática visando à apreciação de evidências nos estudos agrupados na revisão sistemática, bem como, verificando a necessidade de novos estudos relacionados à prática pedagógica na educação inclusiva.
Resultados e discussão
Nesta seção explicamos que ao analisar as 31 produções científicas selecionadas para esta revisão sistemática, foram identificados dez tipos de pesquisas adotados pelos autores: revisão de literatura e discussão teórica (11), estudo de caso (5), relato de experiência (1), análise de planos de aula (2), análise de método (1), estudo descritivo (3), pesquisa experimental (1), levantamento bibliográfico (3), pesquisa de intervenção (1), análise de discurso (1)
Cabe explicitarmos que não julgamos a terminologia e os encaminhamentos metodológicos das pesquisas, mas identificamos como seus autores denominaram o tipo de pesquisa que desenvolveram frente ao tema de investigação.
Com base nos conteúdos abordados nas pesquisas selecionadas, organizamos os dados em cinco categorias que serão a seguir apresentadas e analisadas.
Contribuições teóricas e metodológicas do DUA para o ensino inclusivo
Esta categoria é composta por oito pesquisas (ROBINSON, 2013; MITCHELL; SNYDER; WARE, 2014; SAILOR; MCCART, 2014; SHOGREN et al, 2015; SAILOR, 2017; GOODALL, 2015; WILLIANS, 2016; HARTMANN, 2018) que contemplam contribuições teóricas e metodológicas do DUA para o ensino inclusivo.
Autor(es) | Objetivo | Método | Principais resultados |
---|---|---|---|
Robinson (2013) | Buscar evidências sobre o desempenho de alunos menos favorecidos nas aulas de Artes que consideram os princípios do DUA. | Levantame nto bibliográfic o | |
Mitchell, Snyder e Ware (2014) | Apontar contribuições no que diz respeito à prática pedagógica inclusiva vinculada a proposta do DUA. | Levantame nto bibliográfic o |
|
Sailor e Mccart (2014) | Desenvolver uma discussão teórica a respeito da implementação das Schoolwide Integrated Framework for Transformation (SWIFT). | Discussão teórica | |
Shogren et al (2015) | Apresentar contribuições metodológicas da aplicação do DUA no método adotado pelas SWIFT. | Revisão de literatura |
|
Sailor (2017) | Apresentar indícios sobre as práticas pedagógicas subsidiadas pelo DUA na promoção da educação nclusiva | Discussão teórica |
|
Goodall (2015) | Apontar que a proposta do DUA é adequada a inclusão de alunos com Transtorno do Expectro Autista (TEA) | Estudo descritivo | |
Willians (2016) | Abordar os impactos qualitativos na inclusão de alunos com TEA no que tange a educação superior por meio de evidências práticas já publicadas por outros estudos | Revisão de literatura |
|
Hartmann (2018) | Relatar a experiência de atendimento educacional de alunos com deficiência severa a partir da utilização do DUA em sala de aula. | Estudo de caso |
|
Fonte: Elaborado pelos autores (2019)
Em síntese as pesquisas desta categoria indicam como contribuições do DUA para a promoção da educação inclusiva, subsídios teóricos e metodológicos explicitando que os princípios didáticos desta proposta permitem moldar a prática pedagógica a partir das necessidades de aprendizagem de uma diversidade de alunos. Por conseguinte, apresentam que o ensino de Arte favorece oportunidades de escolha individual, autonomia e autorregulação que se articula com a proposta do DUA. Cabe destacar também que as experiências colaborativas no processo de aprendizagem são favorecedoras da inclusão e são indicativos metodológicos ao implementar o DUA.
Utilização de recursos tecnológicos subsidiada pelo DUA
Nesta segunda categoria há quatro estudos (DELL; DELL; BLACKWELL, 2015; TAVARES et al, 2015; LIASIDOU, 2014; BLUE; PACE, 2011) que abordam a utilização de recursos tecnológicos subsidiada pelo DUA.
Autor(es) | Objetivo | Método | Principais resultados |
---|---|---|---|
Dell, Dell e Blackwell (2015) | Apresentar uma discussão teórica baseada na implementação dos princípios do DUA nas etapas propostas pela Universidade de Arkanas em aulas online. | Discussão teórica | |
Tavares et al (2015) | Apontar um conjunto de tecnologias portáteis que dão resposta a necessidades e capacidades individuais. | Revisão da literatura |
|
Liasidou (2014) | Apontar evidências teóricas sobre o uso de tecnologias e serviços de suporte para alunos com deficiência | Discussão teórica |
|
Blue e Pace (2011) | Apresentar uma discussão teórica com exemplificação de funcionamento do DUA em uma biblioteca | Discussão teórica |
Fonte: Elaborado pelos autores (2019)
Em suma, as pesquisas selecionadas nesta categoria indicam que o DUA orienta a elaboração de recursos e espaços tecnológicos de aprendizagem promovendo a acessibilidade aos conteúdos e informações e, permite identificar e planificar as necessidades e as capacidades individuais para ambientes coletivos de ensino.
Formação de professores com base nos princípios do DUA
Esta categoria é composta por sete pesquisas (MCGHIE-RICHMOND; SUNG, 2013; PEARSON, 2015; LOWREY; HOLLINGSHEAD; HOWERY, 2017; KURANISHI; OYLER, 2017; NAVARRO et al, 2016; KAHN; PIGMAN; OTTLEY, 2017; BONDIE, 2015) que tratam da formação de professores com base nos princípios do DUA.
Autor(es) | Objetivo | Método | Principais resultados |
---|---|---|---|
Mcghie-Richmond e Sung (2013) | Apresentar um estudo sobre um programa educacional para professores. | Estudo de caso |
|
Pearson (2015) | Revisar o processo de introduzir futuros educadores de Ensino Médio ao DUA em um curso de formação para professores em uma universidade do sul dos Estados Unidos. | Relato de experiência s | |
Lowrey, Hollingshe ad e Howery (2017) | Analisar a implementação do DUA na formação continuada de professores do Canadá e dos Estados Unidos | Estudo descritivo |
|
Kuranishi e Oyler (2017) | Apresentar a análise da avaliação do desempenho de ensino de um professor-pesquisador da educação básica de Nova York. | Estudo de caso | |
Navarro et al (2016) | Apresentar o desenho, a implementação e a avaliação de um programa de Desenvolvimento Profissional Docente (PDP) | Estudo descritivo | |
Kahn, Pigman e Ottley (2017) | Analisar os planos de aula elaborados por licenciandos no início e ao fim do semestre após cursarem disciplinas envolvendo ensino de Ciências e adaptações instrucionais. | Análise de planos de aula |
|
Bondie (2015) | Analisar as etapas contidas em uma proposta de formação docente por meio de uma plataforma digital gratuita (Projeto REACH). | Discussão teórica |
|
Fonte: Elaborado pelos autores (2019)
De modo geral os resultados apresentados pelas pesquisas desta categoria evidenciam o DUA utilizado como conteúdo formativo desde a formação inicial de professores, bem como, na formação continuada em contextos de inclusão de alunos com NEE nas escolas.
Tais estudos indicaram que a formação por meio do DUA permite que os (futuros) docentes desenvolvam planos de aula acessíveis, compreendam os princípios da inclusão educacional e realizem práticas pedagógicas colaborativas baseadas no ensino para todos admitindo a diversidade dos alunos no processo de aprendizagem. Identificamos também as problematizações feitas que apontam para a necessidade de a formação docente e avaliação do desempenho de ensino estejam alinhadas aos princípios inclusivos favorecidos pela apropriação do DUA.
Implementação do DUA no contexto da classe comum.
Identificamos 12 pesquisas que contemplaram uma análise quanto à implementação do DUA na classe comum do ensino regular. Por sua vez, optamos por subdividir estas pesquisas em duas subcategorias que são apresentadas a seguir.
Na organização da prática pedagógica
Nesta subcategoria foram contemplados nove estudos (JOHNSON-HARRIS; MUNDSCHENK, 2014; MICGHIE–RICHMOND, SUNG, 2011; KATZ, 2013; KATZ; SOKAL, 2016; MESSINGER-WILLIAN; MARINO, 2010; TOMAS; CROSS; CAMPBELL, 2018; RAO; OK; BRYANT, 2014; MILLER; SATSANGI, 2018; MORNINGSTAR et al , 2015) que apontam a implementação do DUA na organização e na prática pedagógica.
Autor (es) | Objetivo | Método | Principais resultados |
---|---|---|---|
Johnson-Harris e Mundsche nk (2014) | Analisar a aplicação de um plano de aula, subsidiado pelo DUA, em uma turma contendo dois estudantes com problemas comportamentais. | Estudo de caso |
|
Micghie– Richmond e Sung (2011) | Analisar o emprego do DUA em uma aula de matemática para o sétimo ano, contendo dois alunos com deficiência intelectual e um aluno com TEA, a partir de uma tarefa virtual que envolvia o preparo de uma receita. | Estudo descritivo |
|
Katz (2013) | Analisar o processo de intervenção a partir da análise das necessidades de aprendizagem, intervenção pedagógica e avaliação envolvendo alunos integrantes de dez escolas localizadas em duas regiões rurais e três regiões urbanas de Manitoba, no Canadá. | Pesquisa de intervenção | |
Katz e Sokal (2016) | Avaliar os efeitos do modelo de três blocos (KATZ, 2013) na compreensão de aprendizagem, processo de aprendizagem e engajamento escolar em alunos com deficiência e com dificuldade de aprendizagem. | Análise de método |
|
Messinger-Willian e Marino (2010) | Apresentar os resultados obtidos da aplicação de tecnologia assistiva e o DUA em sala de aula envolvendo alunos com deficiência física e deficiência intelectual. | Relato de experiência | |
To mas, Cross e Campbell (2018) | Apresentar um estudo de caso envolvendo a aprendizagem de um aluno de oito anos com limitações motoras e de atenção | Estudo de caso | |
Rao, Ok e Bryant (2014) | Apresentar as contribuições da aplicação do DUA em sala de aula visando à promoção da educação inclusiva de alunos com dificuldades de aprendizagem em leitura. | Discussão teórica |
|
Miller e Satsangi (2018) | Apresentam um estudo de caso envolvendo uma professora com uma classe de interior em que havia dois alunos com deficiência física | Estudo de caso |
|
Morningst ar et al (2015) | Analisar a implementação dos princípios do DUA em sala de aula contendo alunos com dificuldade de aprendizagem e deficiência intelectual e TDAH. | Estudo descritivo |
|
Fonte: Elaborado pelos autores (2019)
Nesta subcategoria percebemos que a implementação do DUA na organização da prática pedagógica ofereceu aos professores suporte para reconhecer e atender as necessidades de aprendizagem de todos os alunos por meio de aulas inclusivas. Tendo a prática pedagógica subsidiada pelos DUA, as pesquisas indicaram que foi possível desenvolver nos alunos a capacidade de elaborarem estratégias para a solução de problemas, demonstrarem habilidades de maneiras flexíveis, bem como, aprimoramento significativo no comportamento engajado, nas interações sociais e no rendimento acadêmico. Os resultados destes estudos exemplificam que as salas de aula inclusivas envolvem os alunos com diversas necessidades de aprendizagem, se os educadores cuidadosamente e colaborativamente diferenciarem a instrução e estabelecerem uma abordagem universal à aprendizagem.
No ensino de conteúdos curriculares específicos
Nesta subcategoria foram selecionadas três produções científicas (SHERLOCK-SHANGRAW, 2013; TAUNTON; BRIAN; TRUE, 2017; FUELBERTH; TODD, 2017) que abordam a implementação do DUA no ensino de Artes e de Educação Física.
Autor(es) | Objetivo | Método | Principais resultados |
---|---|---|---|
Sherlock-Shangraw (2013) | Apresentar alguns casos de atletas com deficiência em que foram empregados os princípios do DUA para a qualificação da aprendizagem. | Análise do discurso | |
Taunton, Brian e True (2017) | Avaliar a implementação dos princípios do Programa Bem Sucedido de Instrução Cinestésica para Crianças em Idade Pré-escolar – Desenho Universal para a Aprendizagem (SKIP- DUA) para seguir as melhores práticas baseadas em evidências do desenvolvimento motor | Pesquisa experiment al |
|
Fuelberth e Todd (2017) | Explorar como os educadores de música coral podem facilitar o acesso a experiências musicais significativas para todos os alunos de suas escolas. | Discussão teórica |
|
Fonte: Elaborado pelos autores (2019)
Os subsídios teóricos e práticos desta categoria indicam o favorecimento do DUA no ensino de Educação Física e de Música favorecendo aos professores reconhecerem as limitações e as potencialidades dos alunos em cada habilidade específica exigida.
Considerações finais
Para redigir as considerações finais desta revisão sistemática, convém nos reportarmos a questão problematizadora que a mobilizou: de que maneira a perspectiva do Desenho Universal para a Aprendizagem associada à inclusão dos alunos que apresentam necessidades educacionais especiais (NEE) tem sido abordada em produções científicas de língua inglesa?
Com base nos critérios estabelecidos, evidenciamos nas 31 pesquisas selecionadas que a perspectiva do DUA tem sido abordada em artigos, no idioma inglês, a partir de cinco principais temáticas: contribuições teóricas e metodológicas do DUA para o ensino inclusivo, utilização de recursos tecnológicos subsidiados pelo DUA, formação de professores com base nos princípios do DUA, processo de inclusão de alunos com NEE a partir das proposições do DUA e, implementação do DUA na organização da prática pedagógica e no ensino de conteúdos curriculares específicos.
No que tange as contribuições teóricas e metodológicas do DUA para o ensino inclusivo, identificamos que os estudos oferecem o entendimento de que os princípios didáticos do DUA propiciam (re) organizar a prática pedagógica condizente com as necessidades de aprendizagem. Somado a isso, destacamos a contribuição metodológica das experiências colaborativas de aprendizagem que favorecem a inclusão educacional, como exemplo, o trabalho cooperativo entre os alunos em sala de aula.
Quanto à utilização de recursos tecnológicos subsidiada pelo DUA, percebemos que o ensino dos conteúdos foi subsidiado pela acessibilidade ao currículo ao modo em que as propostas didáticas planificaram nas atividades as necessidades individuais apresentadas por cada aluno.
Salientamos que, na formação de professores, os princípios do DUA permitem que o desenvolvimento de planos de aula inclusivos, bem como, a organização de uma prática pedagógica preocupada com a aprendizagem dos alunos e comprometida com o desenvolvimento escolar dos estudantes.
No que diz respeito ao processo de inclusão de alunos com NEE encontramos nas produções contribuições do DUA demonstrando que a sua aplicação no contexto escolar favorece a identificação das necessidades e as potencialidades de aprendizagem de cada aluno promovendo a estruturação e a consolidação de uma educação inclusiva.
Por fim, sobre a implementação do DUA na organização da prática pedagógica e no ensino de conteúdos curriculares específicos foi a categoria que mais identificamos produções científicas, evidenciando o potencial dessa proposta para consolidação a inclusão educacional no contexto regular de ensino. Consequentemente, as aulas inclusivas subsidiadas pelo DUA foram efetivadas por meio suporte aos professores no reconhecimento e atendimento as necessidades de aprendizagem dos alunos, promoção do desenvolvimento de estratégias pelos alunos durante as atividades,
Nesta categoria percebemos que a implementação do DUA na organização da prática pedagógica ofereceu aos professores suporte para reconhecer e atender as necessidades de aprendizagem de todos os alunos por meio de aulas inclusivas. Somado a isso, os princípios do DUA favoreceram reconhecer as limitações e as potencialidades dos alunos em cada habilidade específica exigida e possibilitou que as atividades fossem coerentes aos diferentes níveis de aprendizagem em sala de aula.
De tal modo, a aplicação do DUA na educação está relacionada à introdução curricular e aos métodos de ensino que aprimoram ensino e aprendizagem para aqueles com limitações, sem a necessidade de adotar intervenções individualistas e adaptações de especialistas.
Em suma, as 31 produções científicas possibilitaram caracterizar um conjunto de estudos vinculados à consolidação da educação inclusiva a partir do DUA que fornece suporte teórico e metodológico para efetivar uma prática pedagógica coerente, recursos didáticos adequados e uma formação consistente. Desse modo, as pesquisas selecionadas direciona para os encaminhamentos possíveis de efetivação do DUA desde a formação docente à pratica pedagógica inclusiva e, assim, suscita possibilidades para consolidar propostas didáticas que investem na educação inclusiva e promove o acesso à aprendizagem pelos alunos.