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Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação

versão impressa ISSN 0104-4036

Resumo

LINS, Maria Judith Sucupira da Costa. Uma nova forma de avaliação para o 1º grau. Ensaio: aval. pol. públ. educ. [online]. 1995, vol.03, n.09, pp.433-442. ISSN 0104-4036.

Este artigo procura explicar a avaliação possível na escola visando o melhor desenvolvimento dos alunos sem que nota ou conceito sejam dados pelos colegas ou professores. Sistemas variados de avaliação têm sido testados e utilizados amplamente. Muitos destes enfatizam prioritariamente a aquisição de determinados conteúdos pela criança. Alguns se voltam para o desenvolvimento da criança, observando suas transformações pessoais mais do que simplesmente medindo a aprendizagem realizada ou conferindo notas a um desempenho segundo um padrão desejado. Refletindo sobre a avaliação encontramos experimentos diversos e, quando aqui pretendemos apresentar um deles, isto não significa uma imposição de um modelo, mas sim a oportunidade de uma análise crítica referente a uma prática pedagógica. Trata-se do projeto criado na Universidade de Bielefeld em 1968, quando uma equipe chefiada pelo Prof. Hartmut von Hentig iniciou os estudos que vieram a culminar com a realização da Laborschule, inaugurada em 1974. Dispomos hoje de um grande número de publicações a respeito de cada um dos aspectos da prática pedagógica, inclusive estudo de acompanhamento dos alunos egressos da Laborschule. No momento estamos interessados na avaliação e por isso fixamos nossa atenção neste aspecto. No entanto, para que uma proposta de avaliação seja realmente entendida, é preciso que de algum modo se conheça a idéia geral que inspira a Escola onde esta acontece. Em primeiro lugar, a Laborschule não está realizando experimentos com crianças. A Escola é um espaço de experiência, onde a criança está em ação. Diferente de um experimento, na Laborschule está acontecendo a concretização de uma idéia e não uma seqüência de ensaios e erros, ou seja tentativas para serem observadas. A Escola está estruturada da seguinte forma, em relação às séries anuais: Nível I - Séries 0 até 2 - Pré-Escola Nível II - Séries 3 e 4 Nível III - Séries 5 até 7 Nível IV - Séries 8 até 10 No nível I há 14 alunos em cada grupo, sob a responsabilidade de um professor com auxiliares para áreas específicas, tais como esporte e música. Há pedagogos e educadores sociais responsáveis pelas crianças no segundo turno. Para estas 3 séries há um prédio próprio. Grupos mistos por idade, sexo e condições sócio-econômicas. No nível lI os grupos são compostos por crianças da mesma idade, mantendo-se as outras diversidades. O número de alunos passa a 20 por grupo; 2 a 4 professores por turma. Início das aulas específicas, tais como língua estrangeira (Inglês). No nível III acontecem os primeiros subgrupos devido às disciplinas eletivas e a os chamados clubes de interesses. Na quinta série, ou mesmo na sétima, início da segunda língua estrangeira (Francês ou Latim). No nível IV: escolha de cursos específicos, conclusão das matérias obrigatórias, cursos eletivos, cursos práticos além da escola. Somente na décima série o aluno recebe um boletim com notas segundo o sistema usual para lhe facilitar o ingresso em diferentes escolas do segundo grau, caso ele não prossiga na Laborschule. O sistema de avaliação causa estranheza na medida em que nenhuma nota ou conceito é conferido ao aluno, exceto neste último ano escolar (décima série). A decisão por um sistema tão original surge da observação de que as chamadas notas objetivas não espelham a realidade do aluno, nem mesmo objetivamente se referem aos conteúdos de ensino. Nem os alunos, nem suas famílias ficam esclarecidas sobre o desenvolvimento ocorrido na criança. No lugar de um tradicional relatório ou boletim, existe na Laborschule um sistema de avaliação (também chamado “informações sobre o processo de aprendizagem") que mostra a biografia escolar de um aluno, seu comportamento sacia, sua aprendizagem e seu trabalho junto a uma descrição das aulas. Este novo relatório leva a uma melhor participação do que uma lista de disciplinas relacionada a uma escala de notas. Estes relatórios são importantes para os professores que os escrevem, pois levam-nos a sempre pensar sobre cada aluno individualmente, além de que oferecem um excelente material de acompanhamento da vida escolar deste aluno. Estes relatórios são importantes para os alunos e pais. Os pais não recebem listas de notas abstratas, sem conseqüências quanto à participação. Os relatórios devem levar a uma participação nas dificuldades e nos talentos, nas capacidades específicas e nos problemas pessoais tais como os professores e educadores observam, de modo que pais e seus filhos a partir destes possam ter um aconselhamento.

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