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Revista Brasileira de Educação Especial

versão impressa ISSN 1413-6538

Resumo

CRATO, Aline Nascimento  e  CARNIO, Maria Silvia. Análise da flexão verbal de tempo na escrita de surdos sinalizadores. Rev. bras. educ. espec. [online]. 2009, vol.15, n.02, pp.233-250. ISSN 1413-6538.

A produção escrita de estudantes surdos tem sido objeto de estudos nacionais e internacionais devido às histórias recorrentes de fracassos escolares e as dificuldades de ensino por parte dos educadores em propiciar a significação da Língua Escrita para esta população especifica. Pesquisas nacionais enfatizam que os surdos apresentam dificuldades na escrita do português, principalmente no uso de verbos. Buscando compreender melhor este processo, o presente estudo teve por objetivo avaliar a flexão verbal de tempo na escrita de surdos sinalizadores e observar a presença de outros marcadores de tempo em suas frases. O estudo foi realizado com vinte e dois sujeitos, com idade entre 14 e 24 anos e escolaridade de 3ª a 7ª série do Ensino Fundamental. Estes indivíduos foram avaliados quanto ao conhecimento em Língua Brasileira de Sinais de seis verbos de ação (por meio de cartelas contendo figuras representando estas ações) e em seguida foram orientados a escrever três frases com cada verbo, sendo uma no tempo passado, uma no presente e uma no futuro. Os dados foram avaliados qualitativa e quantitativamente e demonstraram que os sujeitos apresentaram dificuldade na flexão verbal de tempo, havendo o predomínio do verbo na forma nominal do infinitivo. Quanto a outros marcadores de tempo utilizados nas frases, os advérbios de tempo foram os mais freqüentes. Os sujeitos que estavam matriculados em séries mais avançadas apresentaram melhor uso das flexões verbais de tempo e fizeram uso mais freqüente de outros marcadores de tempo. Conclui-se que apesar de um longo tempo de escolaridade, a maioria dos surdos do estudo não sabe realizar a flexão verbal de tempo da Língua Portuguesa. Este fato demonstra a necessidade de repensar as práticas de ensino da Língua Portuguesa, como segunda língua, para que os surdos tenham a oportunidade de apropriar-se cada vez mais cedo da escrita, e participar ativamente da sociedade.

Palavras-chave : Surdez; Linguagem Escrita; Língua Brasileira de Sinais; Educação Especial.

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