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Revista Brasileira de Educação Médica

versão impressa ISSN 0100-5502versão On-line ISSN 1981-5271

Resumo

SILVA, Maria Aparecida Miranda da; TAVARES, Ricardo; ARAUJO, Marcelo Grossi  e  RIBEIRO, Maria Mônica Freitas. Percepção dos Professores de Medicina de uma Escola Pública Brasileira em relação ao Sofrimento Psíquico de Seus Alunos. Rev. Bras. Educ. Med. [online]. 2017, vol.41, n.3, pp.432-441. ISSN 1981-5271.  https://doi.org/10.1590/1981-52712015v41n3RB20160108.

O sofrimento psíquico do estudante de Medicina é conhecido e já estudado. O papel do professor em detectar dificuldades geradoras de sofrimento psíquico em seus alunos e saber como lidar com elas é fundamental para a prevenção desse sofrimento. Entretanto, nem sempre os professores estão preparados para esses desafios.

Objetivo:

Estudar a percepção dos docentes do curso de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em relação ao sofrimento psíquico de seus alunos.

Método:

Estudo transversal quantitativo realizado com os docentes do ciclo profissional do curso de Medicina da UFMG. A amostra de 102 docentes foi obtida por sorteio aleatório e dividida em quatro estratos: masculino até dez anos de docência, masculino com mais de dez anos, feminino com até dez anos de docência e feminino com mais de dez anos. Foi elaborado um questionário autoaplicativo de 28 itens com cinco opções da escala de Likert. Para análise dos dados foram construídos quatro indicadores: indicador de percepção de sofrimento psíquico (IPSP), indicador de compromisso do professor com as dificuldades emocionais do estudante (ICDE), indicador de atuação frente ao sofrimento psíquico (IAPS) e indicador geral (IG). Realizou-se análise dos quartis e calculou-se a diferença entre os grupos utilizando testes não paramétricos. Cinco questões não incluídas nos indicadores foram analisadas separadamente.

Resultados:

Dos 102 sorteados, 79 docentes responderam e sete se negaram a participar da pesquisa. Foi constatada preocupação com o sofrimento psíquico dos estudantes, variável entre os estratos. Para o IG, as professoras com mais tempo de docência obtiveram a mediana mais elevada em relação aos homens com menos tempo (p<0,05). Para os demais indicadores, apesar da diferença entre os quartis, a comparação das medianas não mostrou diferenças estatisticamente significativas. Para as perguntas não incluídas nos indicadores, do total de professores, 85% já tiveram alunos com dificuldades emocionais. Os homens, com maior frequência, afirmaram desconhecer a existência de problemas emocionais entre os estudantes. Houve desconhecimento das instâncias de acolhimento psicólogico aos estudantes por 16,5% dos professores. A ocorrência de bullying na FMUFMG não foi percebida por mais de 50% dos professores. Apenas 28% admitiram que seus atos ou atitudes teriam desencadeado sofrimento psíquico no estudante. Ao se perguntar sobre apoio ao professor, 75,9% desejavam uma instância de apoio emocional ao professor.

Conclusão:

Este estudo, apesar das limitações, é inédito ao avaliar a percepção do docente do curso de Medicina em relação ao sofrimento psíquico dos estudantes. Tempo de docência e sexo feminino parecem exercer um papel importante na percepção do docente sobre o sofrimento psíquico do estudante. Parcela significativa de professores desconhece a existência das instâncias de apoio psicológico aos estudantes. Situações de assédio e bullying na escola médica permanecem negadas por muitos docentes.

Palavras-chave : Estresse Psicológico; Docentes de Medicina; Estudantes de Medicina; Educação de Graduação em Medicina.

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