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Revista Brasileira de Educação Médica

versão impressa ISSN 0100-5502versão On-line ISSN 1981-5271

Resumo

MARQUES, Daniel Teixeira et al. Percepção, Atitudes e Ensino sobre a Morte e Terminalidade da Vida no Curso de Medicina da Universidade Federal do Acre. Rev. Bras. Educ. Med. [online]. 2019, vol.43, n.3, pp.123-133. ISSN 1981-5271.  https://doi.org/10.1590/1981-52712015v43n3rb20180187ingles.

Entre os vários tabus da sociedade ocidental contemporânea, a morte figura como um dos principais. É assunto interdito e evitado. Se no passado ela era um evento público e doméstico, hoje se encontra oculta nos hospitais, que, por outro lado, estão abarrotados de profissionais despreparados para lidar com as questões relativas ao fim da vida, reflexo de uma formação excessivamente tecnicista e pouco humanística, que privilegia o curar em detrimento do cuidar. Dessa forma, parece que o estudante de Medicina é ensinado a trabalhar contra a morte e não com a morte. Nesse contexto, buscou-se traçar o perfil de atitudes dos estudantes concluintes do curso de Medicina da Ufac perante a morte e avaliar como esse curso tem preparado os estudantes para lidar com assuntos referentes à morte e ao morrer, considerando a percepção dos próprios discentes. Foram utilizadas metodologias quanti e qualitativas, com aplicação de dois instrumentos para a coleta de dados: um questionário para a coleta de dados sociodemográficos e acadêmicos e sobre o ensino da morte, e outro para a definição do perfil de atitudes perante a morte (Eapam-R). As variáveis de estudo foram analisadas de forma descritiva, com frequência e médias, e correlacionadas entre si para inferência das hipóteses. O discurso dos estudantes também foi considerado para análise e discussão dos resultados com base em comentários escritos sobre as respostas a um dos questionários. Verificou-se que a postura dos estudantes perante a morte foi caracterizada por uma visão da morte como algo natural (aceitação neutral), ao mesmo tempo em que o imaginário sobre a morte estava permeado de sentimentos conflitantes; que a maioria dos estudantes havia vivenciado situações de morte de um paciente ao longo do curso (75,8%), porém poucos receberam orientação nessas situações (80%); que a abordagem sobre a morte esteve concentrada em disciplinas de caráter humanístico, tendo contribuído pouco para gerar reflexão e desenvolver habilidades para manejo das situações de morte. Conclui-se que o ensino sobre a morte e o morrer ainda está concentrado em poucas disciplinas do currículo médico, principalmente nas de caráter humanístico, e é excessivamente teórico, sendo que as experiências reais com a morte durante a graduação são tratadas com distanciamento e silêncio, quando poderiam ser mais bem aproveitadas no ensino-aprendizagem sobre o fim da vida.

Palavras-chave : –Assistência Terminal; –Atitude frente à Morte; –Doente Terminal; –Educação Médica; –Estudantes de Medicina; –Medicina Paliativa; –Morte.

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