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Revista Brasileira de Educação Médica

versão impressa ISSN 0100-5502versão On-line ISSN 1981-5271

Resumo

RAIMONDI, Gustavo Antonio et al. Gênero e Sexualidade nas Escolas Médicas Federais do Brasil: uma Análise de Projetos Pedagógicos Curriculares. Rev. Bras. Educ. Med. [online]. 2020, vol.44, n.2, e045.  Epub 06-Abr-2020. ISSN 1981-5271.  https://doi.org/10.1590/1981-5271v44.2-20190050.ing.

Introdução:

Desde 2014, as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para os cursos de graduação em Medicina do Brasil destacam a necessidade da inclusão dos temas gênero e sexualidade nos currículos dos cursos de Medicina, almejando um melhor cuidado com as pessoas. Objetiva-se, com isso, identificar e analisar a abordagem de gênero e sexualidade nos Projetos Pedagógicos Curriculares (PPC) dos cursos de Medicina das Instituições Federais do Brasil.

Método:

Trata-se de um estudo transversal do tipo descritivo e de análise documental, realizado por meio da análise de PPC dos cursos de graduação em Medicina das Universidades Federais do Brasil. Os dados foram obtidos no sítio eletrônico do curso de graduação de Medicina de cada Instituição de Ensino Superior. Além disso, foram enviadas mensagens por correio eletrônico para as coordenações desses cursos de modo a obter os PPC atualizados. Para a análise quantitativa, realizou-se uma descrição inicial da amostra seguida de uma análise estatística utilizando o teste qui-quadrado para avaliar se haveria associação ou não entre a presença do debate de gênero e/ou sexualidade nos PCC, a publicação das DCN de 2014 e a região geográfica brasileira, bem como entre a natureza da unidade curricular (obrigatória ou complementar/optativa) e a perspectiva da abordagem. Para a análise qualitativa, foi utilizada a análise documental com a técnica de análise de conteúdo por meio do método de análise temática.

Resultados:

Identificou-se que 48 (69,56%) dos 69 PPC analisados discutem os temas gênero e/ou sexualidade em uma ou mais disciplinas oferecidas pelo curso. Há um predomínio da temática da sexualidade, de unidades curriculares de caráter obrigatório (88,32% das 137 unidades curriculares) e de uma abordagem para além da perspectiva exclusivamente biológica (63,5% dos 48 PPC e 62,04% das unidades curriculares). Não foram evidenciadas significâncias estatísticas pelo teste qui-quadrado. Em relação à análise documental, construíram-se duas categorias: “gênero e sexualidade associados a uma perspectiva biológica” e “gênero e sexualidade associados a uma perspectiva predominantemente ampliada ou dos determinantes sociais em saúde”. Observou-se que a primeira categoria predomina em unidades curriculares associada a órgãos, sistemas ou ciclos de vida do ser humano, enquanto a segunda, às Ciências Sociais e Humanas aplicadas à Saúde e à Atenção Primária à Saúde.

Conclusões:

Há uma quantidade relevante de PPC e, consequentemente, de unidades curriculares que têm uma perspectiva para além da abordagem exclusivamente biológica. Apesar disso, há uma dificuldade para um cuidado integral em saúde que pode estar relacionado a uma visibilidade seletiva à patologia e aos aspectos técnicos da prática médica e a uma dificuldade de efetivamente promover um diálogo interdisciplinar entre as ciências biológicas, exatas e humanas como proposto pelas DCN.

Palavras-chave : Educação Médica; Identidade de Gênero; Sexualidade; Currículo.

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