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Educação e Filosofia

versão impressa ISSN 0102-6801versão On-line ISSN 1982-596x

Resumo

DANELON, Márcio. À guisa de apresentação: por uma fenomenologia da diferença. Educação e Filosofia [online]. 2015, vol.29, n.1es, pp.237-245. ISSN 1982-596x.  https://doi.org/10.14393/REVEDFIL.issn.0102-6801.v29nEspeciala2015-p237a245.

Em Entre o passado e o futuro, Hannah Arendt afirma: "a educação tem a ver com o nascimento, com o fato de que constantemente nascem seres humanos no mundo".1 A cada nascimento fazemos a experiência de nos depararmos diante de um outro, uma alteridade, um diferente, um não-igual. O nascimento permite-nos renovar reafirmando um princípio basilar de nossa organização social. Trata-se do princípio de identidade no qual nos filiamos para vivermos juntos, entre iguais. Esse mesmo princípio permite-nos reconhecer o diferente, o não igual a nós, o estrangeiro. A cada nascimento, esta alteridade que vem ao mundo é marcada pela diferença: não fala, não ouve e não enxerga como nós; não pensa como nós e não é regido pelos valores e etiquetas aos quais acordamos em viver; não tem o mesmo padrão de comportamento de nós. Trata-se de um outro, um não-eu, um ser que nos escapa segundo a segundo: é um estranho entre nós. O nascimento trás ao mundo uma novidade da qual nada sabemos de seu passado, nos assustamos em seu presente e, mas que desejamos arduamente saber de seu futuro. Por ser portadora da novidade, o nascimento permite que venha ao mundo essa alteridade, esse diferente, esse não-ser. Essa novidade, esse diferente, esse não-igual que passa a habitar entre os iguais tem um alto poder desestabilizador de nossa geometria social, de nosso princípio de identidade, de nosso modus vivendi. A afirmação de Hannah Arendt é absolutamente visceral: temos que nos haver com cada ser que vem ao mundo através do nascimento. Temos que educar cada alteridade que, pelo nascimento, passa a habitar entre os iguais.

Palavras-chave : Descartes; Levinas; Cogito; Fenomenologia.

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