SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.8 número15Aprender la fragilidad. Meditación filosófica sobre una excepción existencialLa infancia, la niñez, las interrupciones índice de autoresíndice de materiabúsqueda de artículos
Home Pagelista alfabética de revistas  

Servicios Personalizados

Revista

Articulo

Compartir


Childhood & Philosophy

versión impresa ISSN 2525-5061versión On-line ISSN 1984-5987

Resumen

AQUINO, Julio Groppa. Fragmentos de um discurso sobre a infância. child.philo [online]. 2012, vol.8, n.15, pp.33-65. ISSN 1984-5987.  https://doi.org/10.12957/childphilo.2017.40505.

Na companhia de alguns pressupostos teórico-metodológicos foucaultianos, o presente texto ambiciona problematizar os automatismos discursivos contemporâneos reservados à infância, os quais a adornam com a aura de bem-aventurança, consagrando-lhe o papel de sementeira de todas as coisas, e, ao mesmo tempo, perpetram-lhe a pecha de incontinência, corrupção e subalternidade, atentando, assim, contra sua errância, seu ineditismo e, portanto, sua generatividade. O procedimento por nós adotado é o de um entrelaçamento improvável de múltiplas vocalizações sobre a infância. À moda barthesiana, elegemos um conjunto de fragmentos descontínuos de textos teóricos clássicos, de relatos jornalísticos e de obras literárias; todos eles entremeados ora por bordões afeitos àquilo que é comumente denominado indústria cultural, ora por passagens marcantes do cancioneiro popular. Juntos, tais fragmentos findam por compor um breve e insólito compêndio de coisas efetivamente ditas não apenas sobre a infância, mas também para ela, quando não em nome dela. A estratégia de composição textual levada a cabo é a da bricolagem de tais enunciados dispersos, com vistas a um embaralhamento das marcas autorais das fontes mobilizadas. Em outras palavras, interessa-nos uma espécie de repetição distorcida, hiperbólica, monstruosa até, de determinadas fulgurações discursivas sobre o mundo e a vida infantis, para além ou aquém das fronteiras de seu território enunciativo original. Outrossim, trata-se de atritar tais enunciados e, quiçá, fazê-los curtocircuitar e, no limite, delirar, a fim de que, desse modo, possamos fazer reverberar não apenas os movimentos de repetição aí presentes, mas também suas fissuras, seus possíveis pontos cegos, movediços; pontos de esgotamento; pontos de virada, talvez. Cabe-nos ainda esclarecer que não intencionamos nem descrever, tanto menos interpretar os conteúdos discursivos que pontilham o ramerrão da infância, mas tão somente trazer à tona, mais uma vez, a engenhosidade circular e reiterativa que os anima. Ao fazê-lo, cumpre-nos atiçar suas nervuras operacionais, desalojando temporariamente os enunciados de sua pretensão de totalização. Submetidos a um deslocamento forçoso de sua jurisdição enunciativa, tais enunciados, quando flagrados em sua arbitrariedade, sua jactância e, no limite, sua vulnerabilidade, passam, porventura, a funcionar como espelhos de circo, os quais não refletem, não representam, não logram ser emissários da verdade, mas, ao contrário, caricaturizam a imagem daquele que ali se posta em busca de alguma revelação. Tal procedimento justifica-se não pelo usufruto de uma forma pretensamente heterodoxa, extravagante ou clandestina em relação aos protocolos dos "bons modos" expressivos, mas pela invocação de um modo intemperante e sequioso de endereçamento crítico à performatividade robusta e, ao mesmo tempo, quebradiça do tipo de vivência decretada à infância, esta tomada não apenas como efeito automático de um dispositivo implacável, mas precisamente como um "foco de experiência", na acepção de Foucault.

Palabras clave : Criança; Discurso sobre a infância; Michel Foucault.

        · resumen en Español | Inglés     · texto en Portugués     · Portugués ( pdf )