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Childhood & Philosophy

versão impressa ISSN 2525-5061versão On-line ISSN 1984-5987

Resumo

MACHADO, Marina Marcondes. Infância é corpo encarnado / Uma perspectiva poético-existencial para o ser criança. child.philo [online]. 2016, vol.12, n.24, pp.455-468. ISSN 1984-5987.  https://doi.org/10.12957/childphilo.2016.24987.

Este texto visitará importantes noções da psicanálise de crianças, para depois relacioná-las, de modo reflexivo, à fenomenologia do cotidiano e à fenomenologia das relações ordinárias adulto-criança. As noções psicanalíticas aqui discutidas são: imagem do corpo (Françoise Dolto, 1984) e sentimento do real (Donald Woods Winnicott, 1982; 1990). Dolto nos apresenta uma espécie de gênese da concretude corporal da criança, nomeando as zonas erógenas como “lugares do corpo” e revelando o propiciar da capacidade humana de fantasiar, enquanto que Winnicott afirma que o sentimento do real é algo a ser experienciado, construído e mantido, por meio de um fluxo de continuidade dos cuidados (maternagem) e das relações, bem como a oferta, por parte da comunidade adulta, de experiências totais às crianças. Em busca de um olhar híbrido em termos teóricos - entre a psicanálise e a fenomenologia - a autora entretece os conceitos à luz dos Cursos na Sorbonne, lecionados por Maurice Merleau-Ponty, nos meados do século XX. Assim, pode-se engendrar uma terceira via: a perspectiva poético-existencial para o ser criança, apresentada como algo plural que nos mostra modos de ser, estar e habitar o espaço corpo próprio bem como o mundo circundante. Trata-se de uma compreensão fenomenológica da criança, apresentada, particularmente, a partir da leitura da díade adulto-criança e em constante diálogo com o olhar merleau-pontiano para a pequena infância. Disso resultam atitudes relacionais, nas quais o adulto apura sua escuta e acolhida para as maneiras de ser da criança pequena, procura positivar os fenômenos dos mundos de vida infantis, e sintoniza com algo que Winnicott definiu como concomitantes ausência e presença. Há que estar lá quando for preciso; bem como ser capaz de ausentar-se, gradualmente, de modo que a criança descubra, a seu modo e em seu ritmo, a si mesma, ao outro e às coisas do mundo, em nome do que Winnicott nomeou “o brincar livre e criativo”.

Palavras-chave : Imagem do Corpo; Sentimento do Real; Corporalidade; Intersubjetividade; Mundaneidade.

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