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Childhood & Philosophy

versão impressa ISSN 2525-5061versão On-line ISSN 1984-5987

Resumo

MOTTA, flavia miller naethe  e  DUTRA, andréa silveira. o encontro com o buriti: a árvore da vida e as crianças warao em nova iguaçu. child.philo [online]. 2022, vol.18, e67605.  Epub 09-Out-2022. ISSN 1984-5987.  https://doi.org/10.12957/childphilo.2022.67605.

“Só existe a beleza se existir interlocutor. A beleza da lagoa é sempre alguém” (Mãe, 2017, p. 40). Valter Hugo Mãe expressa nosso desejo na feitura desse artigo: partilhar o encontro com as crianças refugiadas. Esse encontro faz parte do processo de pesquisa que busca mapear as crianças em condição de refúgio na Baixada Fluminense e desvelar a experiência de deslocamento de seu país de origem. Na dinâmica em mapear os sujeitos da pesquisa, fomos surpreendidas com um grupo de crianças, que fazem parte do grupo étnico Warao e que foram acolhidas pelo município de Nova Iguaçu - Baixada Fluminense. Os Warao são indígenas do norte da Venezuela e seu nome significa povo da canoa, dada sua relação profunda com as águas. Pelas águas turbulentas da vida, um grupo de crianças e suas famílias chegaram a Nova Iguaçu. Antes de serem lá acolhidas, as famílias “acamparam” no entorno do Terminal Rodoviário Novo Rio por algumas semanas. Inicialmente foram encaminhadas para um abrigo público, mas o mar agitado refratava diferenças de perfil entre eles e os integrantes que já faziam parte do abrigo. Por uma iniciativa religiosa, as famílias foram acolhidas pelo município de Japeri num sítio. Permaneceram por seis meses, porém, mais uma vez, foram navegar em outras águas, pois sofriam a iminência de um despejo. Na busca de águas mais tranquilas, os Warao foram acolhidos pelo município de Nova Iguaçu. As famílias (cinco núcleos interligados) tinham o desejo de permanecerem juntas, a Secretaria de Assistência Social (SEMAS) cedeu e adaptou, então, à moradia dos indígenas, uma escola desativada. Dentro de águas agitadas, em plena pandemia, o Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Linguagens, Infâncias e Diferenças (GEPELID), entrou em cena, acompanhando a rotina dessas crianças na escola de abrigo e no Centro de Ação Social de Marambaia. Nos encontros com os Warao fomos impactadas com a árvore Buriti, árvore da vida! Ah, o Buriti, palavra que causou afeto e aprendizagem, pois possui raízes profundas e uma ligação afetiva para os Warao. Durante o caminho do estudo comprovamos que a pesquisa em Ciências Humanas sempre é um encontro com o outro, assim como o sistema ideológico é de suma importância na formação de signos. A palavra Buriti também carrega um sentido ideológico e vivencial para o povo Warao. Cabe destacar que o aporte teórico dessa escrita possui arquitetônica em Bakhtin e na relação entre o pesquisador e os sujeitos do campo.

Palavras-chave : crianças refugiadas; crianças warao; movimentos de deslocamentos..

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