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Childhood & Philosophy

versão impressa ISSN 2525-5061versão On-line ISSN 1984-5987

Resumo

SOUSA, Júlio Miguel Araújo. Inversão das perguntas: um convite a deambular por um outro lado das perguntas. child.philo [online]. 2023, vol.19, e70547.  Epub 26-Fev-2023. ISSN 1984-5987.  https://doi.org/10.12957/childphilo.2023.70547.

Este artigo procura atingir dois objetivos: explorar quão importante é a inversão das perguntas em contexto de comunidade de investigação filosófica (Kennedy, 2004), nomeadamente no desencadear de processos de pensamento filosófico; e, mais genericamente, reconhecer o quanto é necessário inverter os papéis dados tradicionalmente às crianças, essencialmente tomados como espectadores do seu próprio pensamento e educação. No seguimento desta última ideia, assumiremos que as crianças possuem voz epistémica e política, em pé de igualdade da do adulto, e que esta voz há muito que tarda em fazer-se ouvir. É um facto indesmentível que as perguntas têm um papel central nas sessões de Filosofia para Crianças organizadas em comunidade de investigação filosófica (Costa-Carvalho e Mendonça, 2020; Costa-Carvalho e Kohan, 2020), e que desencadeiam (Kennedy, 2004) inúmeros processos de raciocínio e de pensamento. Algumas destas questões necessitarão de clarificação, sendo vagas, e outras poderão mesmo facilitar um posicionamento metacognitivo face ao assunto em discussão e face ao próprio processo de pensamento que o sustenta. Exploraremos, pois, neste contexto, o quanto a inversão das perguntas pode ser uma ferramenta útil, considerando igualmente, como esta anástrofe do pensamento pode ocorrer em diálogo filosófico com crianças. A nossa proposta deambulará, pois, na intersecção da linguagem e do pensamento, da lógica e da semântica, da teoria e da prática. Conscientes que o termo “inversão” pode ter vários significados, ensaiaremos neste artigo uma abordagem rizomática ao conceito (Deleuze e Guattari, 1987) com especial foco na voz e na perspetiva das crianças e no quanto esta perspetiva é epistemologicamente privilegiada (Kennedy, 2020). Um dos nossos pressupostos centrais é o de que a voz das crianças possui valor epistémico e político igual à do adulto, e que esta inversão entre adultidade e infância no contexto da educação também urge fazer-se.

Palavras-chave : inversão; anastrophé; perguntas; rizoma; Deleuze.

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