SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.22 número2Travessias de uma pesquisa: mapeando algumas ferramentas metodológicas da análise do discurso em Michel FoucaultEnsino de filosofia com arte: entre o pensar, o sentir e o escutar índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Compartilhar


Conjectura: Filosofia e Educação

versão impressa ISSN 0103-1457versão On-line ISSN 2178-4612

Resumo

BARREIRA, Marcelo. A duplicidade na educação da areté em A República e no Protágoras de Platão. Conjectura: filos. e Educ. [online]. 2017, vol.22, n.2, pp.320-341. ISSN 2178-4612.  https://doi.org/10.18226/21784612.v22.n2.06.

O artigo compara duas propostas de educação da areté nos textos de Platão: o "Mito de Prometeu" no Protágoras (320 C-328 B) e o "Mito da Caverna" no Livro VII de A República. Isso se deve à ambiguidade do termo areté, que pode ser compreendida como virtude moral ou como competência. Há uma homologia estrutural entre o mito narrado por Platão no Protágoras e o Livro VII acima: sua antítese paradigmática e teórico-valorativa. Ambos os textos se estruturam em duas partes: a narração de uma alegoria (mythos) e, logo em seguida, a explicação analítica dessa alegoria por um discurso racional (logos). Acompanhando a terminologia contemporânea de Wolff, esse debate se traduziu numa abordagem divergente, mas complementar entre a "verdade jurídica", defendida pelo personagem de Protágoras, em contexto democrático, e a "competência técnica" do personagem Sócrates, na segunda perspectiva. Debate que acarreta, até hoje, os respectivos desdobramentos pedagógicos. No que concerne à natureza e à cultura, enrijecida pela fixidez das leis da física (physis) e pela arbitrariedade das leis jurídicas (nomos), a epistemologia ligada ao primeiro tipo de conhecimento venceu as humanidades. Essa vitória associou, depois da modernidade, as ciências da natureza com o discurso verdadeiro sobre o real. Todavia, há de se recuperar o papel dos sofistas ao enfatizarem a relação entre verdade e construção político-jurídica em contexto democrático. O ponto central dessa sua perspectiva opinativa é o paradoxo sofístico de usar competentemente algo comum, a palavra, que adquire um diferencial técnico na arena pública graças à capacidade de persuasão por uma nova técnica do discurso: a retórica.

Palavras-chave : Platão; Areté; Democracia; Competência; Educação.

        · resumo em Inglês | Espanhol     · texto em Português     · Português ( pdf )