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Cadernos de Pesquisa

versión impresa ISSN 0100-1574versión On-line ISSN 1980-5314

Cad. Pesqui. vol.49 no.173 São Paulo jul./sept 2019  Epub 04-Oct-2019

https://doi.org/10.1590/198053146372 

ARTIGOS

“JULGUEMOS O PRESENTE PELO PASSADO”: COROAMENTO DA EDUCAÇÃO FÍSICA PELOS ESPORTES

Juliana Martins CassaniI 
http://orcid.org/0000-0001-6332-7930

Amarílio Ferreira NetoII 
http://orcid.org/0000-0002-3624-4352

Lucas Oliveira Rodrigues de CarvalhoIII 
http://orcid.org/0000-0001-9489-8795

Wagner dos SantosIV 
http://orcid.org/0000-0002-9216-7291

IUniversidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Vitória (ES), Brasil; julianacassani@gmail.com

IIUniversidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Vitória (ES), Brasil; amariliovix@gmail.com

IIIUniversidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Vitória (ES), Brasil; lucasorcarvalho@gmail.com

IVUniversidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Vitória (ES), Brasil; wagnercefd@gmail.com


Resumo

O artigo analisa as orientações para o ensino dos esportes publicadas na imprensa periódica de ensino e de técnicas da educação física, no período 1932-1960, tendo como fontes a Revista de Educação Física e a revista Educação Physica. Utilizou-se, como pressuposto teórico-metodológico, o conceito de análise pela materialidade dos impressos. As fontes acenam para um conjunto de saberes necessários ao exercício da docência, remetendo a um projeto de formação profissional. Estudar, apropriar-se corporalmente dos exercícios, mediar as relações interpessoais, conhecer as regras e a história das práticas esportivas são uma condição para o coroamento da educação física nas escolas, sem os quais perdem-se a profundidade e a complexidade requeridas para a organização dos seus programas de ensino.

Palavras-Chave: EDUCAÇÃO FÍSICA; ESPORTES; PERIÓDICOS; MÉTODOS DE ENSINO

Abstract

This article analyzes orientations for teaching sports published in journals about the teaching and techniques of physical education from the period 1932-1960, using as sources the Revista de Educação Física [Journal of Physical Education] and Educação Physica [Physical Education]. The theoretical-methodological basis for the article was the analysis of the materiality of printed. The sources indicate a body of knowledge needed to teach physical education, related to a project of professional education. The conditions for crowning physical education in schools include the need to study, corporally appropriate the exercises, mediate interpersonal relations, and know the rules and history of sporting practices, to maintain the depth and complexity required for the organization of their educational programs.

Key words: PHYSICAL EDUCATION; SPORTS; PERIODICALS; TEACHING METHODS

Résumé

Cet article analyse les directives pour l’enseignement du sport publiées dans la presse périodique consacrée à l’enseignement et aux techniques de l’éducation physique (1932-1960). Il a pour sources la Revista de Educação Física et la périodique Educação Physica, et utilise, comme hypothèses théoriques et méthodologiques, le concept d’analyse de la matérialité de l’imprimé. Les sources indiquent un ensemble de savoirs nécessaires à l’exercice de l’enseignement, qui renvoye à un projet de formation professionnelle. Étudier, s’approprier des exercices corporels, intermedier des rapports interpersonnels, connaître les règles et l’historique des pratiques sportives sont une condition préalable au sacre de l’éducation physique à l’école, sans laquelle la profondeur et la complexité nécessaires à l’organisation échappent à leurs programmes d’éducation.

Key words: ÉDUCATION PHYSIQUE; SPORT; PÉRIODIQUES; MÉTHODE PÉDAGOGIQUE

Resumen

Analiza las orientaciones para la enseñanza de los deportes publicadas en la prensa periódica de enseñanza y de técnicas de la Educación Física (1932-1960). Posee, como fuentes, la Revista de Educação Física y revista Educação Physica, y utiliza, como presupuestos teórico-metodológicos, el concepto de análisis por la materialidad de los impresos. Las fuentes acentúan para un conjunto de saberes necesarios para el ejercicio de la docencia, remitiéndo a un proyecto de formación profesional. Estudiar, apropiarse corporalmente de los ejercicios, mediar las relaciones interpersonales, conocer las reglas y la historia de las prácticas deportivas son una condición para el coronamiento de la Educación Física en las escuelas, sin los cuales se pierde la profundidad y la complejidad requeridas para la organización de sus programas de enseñanza.

Palabras-clave: EDUCACIÓN FÍSICA; DEPORTES; PUBLICACIÓN PERIÓDICA; MÉTODO DE ENSEÑANZA

A expressão utilizada no título, elaborada por Fernando de Azevedo em 1922, está presente em seu ensaio sobre a história do esporte no Brasil, publicado no jornal O Estado de S. Paulo, em comemoração ao 1º centenário da Independência do país.1 As análises de Azevedo (1960, p. 282) mostravam que a prática esportiva, mesmo recente na época e, conforme o autor, sem apresentar uma “tradição viva” entre os brasileiros, já produzia uma educação com frutos, considerada sábia e inserida em uma educação física (EF) que, “longe de ser artificial, se tem amolgado à realidade e aos fatos sociais”.

Ao interpretar historicamente o desenvolvimento da EF, Azevedo (1960) não desconsiderava o contexto no qual ela se encontrava: ainda embrionária, com os professores ministrando os exercícios fundamentados em seus próprios critérios, sem o denominado “rigor da ciência”. Afinal, o que deveriam ensinar? Os esportes, feitos de emotividade? Os jogos, de alegria e liberdade? Ou a ginástica, aplicada pela análise racional e científica?

Aos jogos atribuíam-se as bases para a primeira fase da EF (dos 6 aos 14 anos); à ginástica, caberia preparar o organismo dos jovens, sem a qual não se deveria “atrair o escolar para o esporte intensivo” (AZEVEDO, 1960, p. 77). Este, por sua vez, constituía-se como o coroamento, e a não a base da EF - a qual seria obtida apenas pela ginástica, racional e progressivamente administrada.2 Baseado em Philippe Tissié, Azevedo (1960) anunciou a necessidade de uma prática pedagógica que estabelecesse articulação entre esses exercícios, pois isoladamente nenhum deles seria suficiente para atender às condições exigidas de um método completo de EF.

De acordo com Schneider et al. (2014), Góis Junior, Melo e Soares (2015) e Góis Junior (2017), essas questões ofereciam as bases para os discursos de intelectuais, que propagavam a necessidade de criação de um perfil ideal do povo brasileiro, a fim de inseri-lo em um processo de modernização. Os autores afirmam que, na época, defendia-se a ginástica por suas práticas metódicas, racionais e científicas, bem como os esportes, por vulgarizarem os valores morais, físicos e intelectuais, necessários para a formação integral dos sujeitos. Essas pesquisas sinalizam que, no início do século XX, havia um cenário de negociações entre autores e formadores de opinião, militares e civis, em relação ao papel do esporte e da ginástica como exercícios que consolidariam a EF no país.

Azevedo (1960) ainda colocava a necessidade de se estabelecerem critérios em relação ao ensino dos esportes, a fim de que o professor não os retardasse, mas também não os precipitasse; ensinasse-os, mas não reduzisse a EF a eles, “que constituem uma parte, e não a base, mas o [seu] coroamento [...] e sua recompensa, [...] [trabalhando com o] menino o que fôr de menino, de acordo com o seu momento fisiológico” (p. 77). Se o esporte, para Azevedo (1960), ocuparia um lugar de coroamento no processo de escolarização da EF, como fazê-lo? Não seria necessário oferecer um conjunto de saberes que orientariam o professor quanto à sistematização de sua prática pedagógica?

Por compreendermos que esses processos contribuíram para a inserção e a consolidação da EF nos currículos escolares, assumimos como objetivo deste artigo analisar as orientações para o ensino dos esportes publicadas na imprensa periódica de ensino e de técnicas (1932-1960).3 Esses periódicos, editados no formato de revistas, livros e A4 e postos em circulação a partir da década de 1930 no Brasil, tinham como objetivo lutar pela EF, no que se refere à formação profissional, às legislações específicas e à sua incorporação nos programas escolares, definindo métodos e práticas, com ênfase nas ginásticas e nos esportes (FERREIRA NETO, 2005; FERREIRA NETO et al., 2014).

Conforme Ferreira Neto (2005) e Ferreira Neto et al. (2014), esses periódicos traziam modelos a serem imitados por aqueles que ensinariam a EF, servindo como um receituário, em que os leitores encontravam prescrições de atividades para conduzirem suas aulas na escola. Cassani (2018), ao ampliar esse conceito, sinaliza que, além de modelos, os articulistas também publicavam bases teóricas, prescrições didático-pedagógicas sequenciadas, coletâneas e programas de ensino, a fim de orientar a prática e a formação de professores, contribuindo com a escolarização da EF.

FONTES E PROCEDIMENTOS

Referenciamo-nos em estudos de Roger Chartier (2002) sobre a análise dos impressos, assumindo-os como dispositivos (CHARTIER, A.-M., 2002) por meio dos quais saberes, modelos e formas de pensar são colocados à leitura. De igual modo, consideramos a intrínseca relação entre o texto escrito e as formas pelas quais ele chega ao leitor (CARVALHO, 2006), analisando o modo como os impressos se configuram em produtos de estratégias editoriais de difusão e conformação dos saberes pedagógicos.

Reconhecemos os dispositivos de leitura (CHARTIER, R., 2002) utilizados pelos editores e articulistas como recursos didáticos, que se articulam e materializam as normas pedagógicas veiculadas pelas revistas. Além disso, com base no paradigma indiciário (GINZBURG, 1989), examinamos os sinais, os indícios e os detalhes comumente secundarizados, para compreender as aproximações e os distanciamentos entre os artigos, dando visibilidade aos temas consolidados e/ou silenciados por aqueles que se dedicam à publicação das orientações didático-pedagógicas.

A justificativa para a periodização das fontes (1932-1960) apresenta motivos internos e externos ao objeto. Internamente, o ano de 1932 refere-se à circulação dos primeiros números das revistas com perfil editorial discutido por Ferreira Neto (2005), Ferreira Neto et al. (2014) e Cassani (2018), quais sejam, a Revista de Educação Física e a revista Educação Physica. Os motivos externos estão associados ao ano de término da imprensa periódica de ensino e de técnicas, 1960, pois, cumprindo os seus propósitos, acabou por fenecer, “faltando encontrar o seu lugar no século XXI” (FERREIRA NETO, 2005, p. 776).

Fundamentados nessas especificidades, tomamos como referência o mapeamento produzido por Cassani (2018), em um total de 1.783 artigos publicados na Revista de Educação Física (REF) (1932-1960), revista Educação Physica (REPHy) (1932-1945), Boletim de Educação Física (BEF) (1941-1958), Revista Brasileira de Educação Física (RBEF) (1944-1952) e Arquivos da Escola Nacional de Educação Física (AENEFD) (1945-1966).

A seleção dos artigos foi delimitada pela leitura prévia dos títulos que remetiam a orientações para o ensino da EF, presentes na versão escrita do Catálogo de Periódicos de Educação Física e Esporte (FERREIRA NETO et al., 2002). Nesse momento, não buscamos terminologias específicas nos títulos, selecionando aqueles com conteúdo que se aproximasse da prescrição e orientação didático-pedagógica do professor. Entretanto, no processo de aproximação e registro fotográfico das fontes, também foi necessário ler o seu conteúdo, artigo por artigo, a fim de delimitarmos o seu corpus documental. O manuseio dos impressos foi importante para selecionarmos também os artigos sem identificação de títulos, autoria e/ou sem descrições textuais e, nesse caso, a escolha das fontes ocorreu pela análise de seu conteúdo e forma.

Diante do objetivo deste artigo, optamos por analisar a REF e REPHy. Após a leitura na íntegra das matérias, categorizamos as fontes em prescrições didático-pedagógicas e estudos dos conceitos, utilizados para o ensino dos esportes. Do total de 1.783 artigos mapeados, 334 referem-se às prescrições didático-pedagógicas e 276 aos estudos dos conceitos, conforme apresenta a Tabela 1.

TABELA 1 DISTRIBUIÇÃO DO CORPUS DOCUMENTAL 

CATEGORIAS PERIÓDICOS TOTAL
REF REPHY
Prescrições didático-pedagógicas 123 211 334
Estudo dos conceitos 84 192 276
TOTAL 207 403 610

Fonte: Elaboração dos autores.

Na categoria prescrições didático-pedagógicas, foram incluídos os artigos que ofereciam roteiros para o planejamento e a condução das sessões de EF, na escola. Os textos organizavam objetivos e metodologias, cuja forma se assemelha a planos de aula, intitulados pelos periódicos de lições/sessões de EF. Nessas matérias, também encontramos procedimentos didáticos específicos para o ensino dos exercícios físicos, orientando o professor em relação à maneira correta de realizar a técnica corporal, em projeções do corpo humano em movimento. Com o auxílio de imagens, descrições textuais e partituras, a finalidade era mostrar para o leitor como ensinar a dança, os jogos, as brincadeiras, os métodos ginásticos e os esportes.

Já os artigos denominados estudo dos conceitos trazem definições técnicas dos exercícios, com o objetivo de preparar e orientar o estudo do professor em relação às especificidades dos exercícios, antes que eles fossem ensinados. Esse corpus documental dialogava com as bases teóricas da EF, visando a fundamentar os seus objetos de ensino.

Para organização das fontes, elaboramos um banco de dados no Microsoft Excel para cada revista, contendo: ano de publicação; ano da revista; número; página da matéria; sessão do índice/sumário; autores; título; e descrição do conteúdo. Posteriormente, criamos um banco de dados para cada periódico no software IBM® SPSS® Statistics - Version 22, atribuindo variáveis para essas informações, a fim de procedermos aos cruzamentos entre elas.

O uso desse programa possibilitou uma visão ampliada do objeto da pesquisa, pois, diante de um número expressivo de artigos e de uma periodização que abrange 29 anos, foi preciso estabelecer os cruzamentos entre os dados. Esse procedimento ajudou, também, na localização e no manuseio das fontes, favorecendo a compreensão de sua forma e de seu conteúdo.

PRESCRIÇÕES DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO DA TÉCNICA DOS ESPORTES

No total de artigos publicados pela imprensa periódica de ensino e de técnicas (1932-1960), verificou-se que os esportes, compreendidos na sua diversidade de práticas, se configuraram como os exercícios de maior relevância numérica (610), quando comparados com outras possibilidades de ensino, tais como ginástica (220), jogos (29), dança (28) e capoeira (2).

O impacto numérico de diferentes modalidades esportivas, nos impressos, estava imbricado com o modo pelo qual o esporte era visto pela sociedade brasileira. Por meio dele, as pessoas desenvolveriam hábitos de higiene, boa alimentação e organização da vida cotidiana. Sua prática traria à sociedade um novo repertório de atitudes, novas alternativas de adaptação, conferindo-lhe um comportamento disciplinado, organização coletiva dos movimentos e dos propósitos humanos (SEVCENKO, 1992). Ao orientar os brasileiros, por meio de um conjunto fixo de regras, códigos, limites e alternativas, o “espírito esportivo” incorporava-se à sociedade “[magnetizando], [eletrizando], [empolgando] coletividades inteiras, [...] [pois] a prática ou mesmo a contemplação do esporte traziam uma gratificação instantânea para seus aficionados” (SEVCENKO, 1992, p. 48).

Para Linhales (2009), o processo de escolarização do esporte estava inserido em um projeto cultural que se referenciava na “eficiência” da escola moderna como dispositivo de organização da vida social. Desse modo, o esporte foi incluído nos processos de escolarização, com o objetivo de contribuir para “impregnar a experiência escolar de sentidos e significados modernizadores” (LINHALES, 2009, p. 332), requerendo da educação física a necessidade de orientação e criação de métodos que oferecessem possibilidades educativas às novas gerações.

Com base nos discursos em prol dos esportes, vistos como práticas que contribuiriam para a formação da nova sociedade brasileira, os articulistas punham em circulação conhecimentos sobre diferentes modalidades esportivas, a fim de inseri-las no processo de escolarização da EF. Referimo-nos ao estabelecimento de critérios para a sua sistematização nos currículos escolares, fornecendo aos docentes os princípios necessários para tal. Os dispositivos utilizados conferiam diversidade e sequenciamento às práticas, por meio dos quais buscava-se o aprofundamento daquilo que se ensinava.

Nesse caso, os articulistas encontraram duas formas de abordar os esportes: por meio das coletâneas e das progressões didático-pedagógicas. As coletâneas buscavam aproximar o professor dos fundamentos da modalidade, preparando-os para o processo de apropriação dos conhecimentos específicos de cada exercício. Elas reuniam, em um único número, uma quantidade significativa de artigos sobre um mesmo assunto, associando textos categorizados como estudos dos conceitos e as prescrições didático-pedagógicas.

Já as progressões didático-pedagógicas eram constituídas por matérias publicadas sequencialmente, ao longo dos números dos impressos, seja em volumes sucessivos, seja em volumes posteriores (sem necessariamente serem consecutivos). Esses artigos apresentavam critérios em relação àquilo que deveria ser ensinado, em um processo que considerava o aumento de complexidade das práticas, bem como a sua diversidade. Essas progressões foram captadas de diferentes formas: pela indicação de sua continuidade, ao final das matérias (com expressões semelhantes a “continua no próximo número”) e também no seu início (“continuidade do número anterior”); pela autoria, desde que o tema fosse o mesmo; pela semelhança na natureza das imagens e no formato dos títulos; e pelo próprio tema, mesmo sem indicativos de prosseguimento de matéria anterior.

Do total de 610 artigos presentes na Tabela 1, 136 foram caracterizados como coletâneas e progressões didático-pedagógicas, sendo 49 na REF - atletismo (15 séries), basquetebol (13), voleibol (8), futebol (7), natação (5) e tênis (1) - e 87 na REPHy - basquetebol (21), atletismo (17), futebol (16), natação (12), tênis (12) e voleibol (9).

Para fins desta pesquisa, analisaremos as orientações para o ensino de basquetebol, atletismo e voleibol.4 No Quadro 1, organizamos os artigos referentes a esses esportes, de acordo com os periódicos em que aparecem, a sua distribuição anual e os números em que foram postos em circulação.

Fonte: Elaboração dos autores.

QUADRO 1 ARTIGOS PUBLICADOS EM SEQUENCIAMENTO 

No Quadro 1, os esportes foram organizados por revista, em ordem decrescente. Ao lado de cada modalidade, aparece, entre parênteses, o total de progressões didático-pedagógicas mapeadas. Nas colunas referentes aos anos, estão indicados os números dos periódicos e o quantitativo de artigos neles mapeados. Também identificaram-se, com asterisco e negrito, as coletâneas publicadas pelos articulistas, dentre as quais: ensino do basquetebol (15 matérias, n. 1); vôlei (10, n. 6); e atletismo (8, n. 3).5

Para a análise das fontes referentes ao basquetebol, atletismo e voleibol, consideraremos, por modalidade, sua coletânea e, posteriormente, suas progressões didático-pedagógicas. Especificamente, a divulgação do basquetebol como prática a ser ensinada no Brasil possuiu tamanha representatividade na REPHy que, dos 30 artigos publicados em seu primeiro número, 23 referiam-se a esse esporte. Desses, 15 eram orientações para a prática do professor, conforme mostra o Quadro 2.6

Fonte: Elaboração dos autores.

QUADRO 2 COLETÂNEA DE BASQUETEBOL 

No Quadro 2, foram organizados os principais assuntos discutidos na coletânea de basquetebol. Dos 15 artigos publicados, selecionaram-se 11, em virtude de suas aproximações quanto ao conteúdo e à ideia de prescrever para as práticas dos professores. A coletânea trazia temas como a necessidade de aprendizagem da técnica corporal, regras da modalidade, o exercício profissional do juiz, o papel do professor em organizar um quadro (ou equipe) de basquetebol e contribuir para a formação pessoal dos alunos. Os artigos discutiam, ainda, a história, o incentivo da imprensa à prática do basquetebol (por meio de divulgações, críticas e ensinamentos técnicos) e a organização de seus jogos (REZENDE, 1932; BOSCOLI, 1932; SIMS, 1932; KEOGAN, 1932; BROWN, 1932; ALBERTO, 1932; OEST, 1932; BALL, 1932; SANTOS, 1932; PACHECO, 1932; MORAES, 1932; CHIOCCA, 1932; CARLSON, 1932; EDUCAÇÃO PHYSICA, 1932; ALLEN, 1932).

Ao lançar as bases para o ensino da modalidade, os periódicos mostram o conjunto de conhecimentos requerido para que os docentes planejassem a sua prática. Por ser uma coletânea, os artigos apresentavam formas distintas, a fim de gerar o interesse do professorado em divulgar e ensinar o basquetebol, diante dos desafios colocados pela própria imprensa em torná-lo uma prática popular no Brasil. Com esse objetivo, os articulistas utilizavam como estratégia a circulação de artigos que oferecessem ao professorado condições de ensinar a técnica da modalidade, bem como a propagasse, por meio da realização de torneios.

Fonte: REPHy (1932).

FIGURA 1 O BASQUETEBOL COMO TEMA DA CAPA DA REPHY 

Conforme mostra a Figura 1, a capa do primeiro número da REPHy já oferecia pistas de que, naquele número, os articulistas publicariam artigos destinados à técnica do basquetebol. A presença de uma coletânea, em seu primeiro número, configurava-se como estratégia para convencer os professores sobre a importância de conhecerem, de modo aprofundado, os objetos de ensino da EF, no caso, o basquetebol. Essa mesma estratégia editorial foi realizada para a divulgação do atletismo (EDUCAÇÃO PHYSICA, 1933) e do voleibol (EDUCAÇÃO PHYSICA, 1936).

Os editores, com esse recurso, tinham como intencionalidade instigar os professores sobre o conteúdo a ser lido em seu primeiro número, anunciando que, na REPHy, encontrariam artigos que os auxiliariam na realização e sistematização de suas sessões, em diferentes espaços. Ao oferecerem um número significativo de matérias sobre um mesmo tema, em seu volume de abertura, esses articulistas também sugeriam ao professor que todo aquele conhecimento seria aprofundado e detalhado nos números posteriores da REPHy. De fato, as orientações para o ensino do basquete foram publicadas em 60 dos 82 números do impresso.

A natureza das matérias publicadas na coletânea era a mesma daquelas veiculadas nos números subsequentes. Além disso, o fato de a coletânea ter sido veiculada na REPHy não significava que o ensino dos fundamentos técnicos e táticos da modalidade estivessem presentes apenas nesse periódico. Ao contrário, também mapeamos progressões na REF, conforme mostram as figuras 2 e 3.

Fonte: Bastos Junior (1938a).

FIGURA 2 ENSINO DO PASSE 

Fonte: Bastos Junior (1938b).

FIGURA 3 ENSINO DO LANCE DE PEITO, GANCHO E OMBRO 

Essa progressão foi veiculada em 1938, em seis números sucessivos e possui semelhanças em sua forma (BASTOS JR., 1938a, 1938b, 1938c, 1938d, 1938e, 1938f).

Os artigos caracterizavam-se por prescrever a prática e orientar a formação dos profissionais que ensinavam a EF, por meio de desenhos sequenciados e descrições textuais, cujo objetivo era oferecer ao leitor o estudo dos fundamentos técnicos e táticos da modalidade. A cada número publicado, Bastos Junior abordava um fundamento específico do basquetebol e, em toda a progressão, se preocupava em mostrar para o docente como executar os movimentos.

O uso de desenhos e fotografias como dispositivos de leitura que contribuíam para a elaboração de orientações didático-pedagógicas também foi discutido por Biccas (2008), em análise da Revista de Ensino de Minas Gerais (1925-1940). Conforme a autora, os recursos imagéticos visavam a orientar metodologicamente os professores na realização das atividades e dos exercícios propostos, servindo como estratégia para atrair os leitores e promover uma leitura mais dinâmica e agradável. A imagem, nesse caso, é compreendida

[...] como um [dispositivo] material, para além dos textos não verbais, como parte fundamental do próprio suporte (revista) e suas formas de composição. Esses dois elementos são bastante significativos no que se refere à produção de efeitos e sentidos sobre as formas de leitura dos textos publicados na Revista. (BICCAS, 2008, p. 151)

Como analisado por Retz (2018), as imagens presentes nos artigos publicados na imprensa periódica de ensino e de técnicas constituíam dispositivos de modelização da leitura (CARVALHO, 2006), cujo propósito era colaborar com a formação daqueles que ensinavam a EF, fundamentados na ideia do fazer para aprender e o aprender fazendo (FERREIRA NETO et al., 2014). Ou seja, os professores também deveriam ser bons executantes, para que tivessem condições de ensinar os exercícios. A observação das imagens em articulação com os textos escritos oferecia modelos para que os leitores se apropriassem corporalmente dos exercícios. Nesse caso, as imagens faziam parte do projeto editorial desses periódicos, com o intuito de escolarizar a EF.

O uso desses dispositivos significou a produção de prescrições didático-pedagógicas que conferissem à EF o caráter essencialmente prático. Essa constatação está vinculada à própria urgência colocada pela modernização em requerer um homem formado para a ação. No entanto, não se tratava de uma prática pela prática, destituída de sentidos, mas sim articulada intrinsecamente ao intelecto e à moral dos indivíduos.

Nas figuras 4 e 5, é possível perceber como o basquetebol foi prescrito pela REPHy.

Fonte: Wells (1939).

FIGURA 4 BOLA AO CESTO 

Fonte: Torney Junior (1939).

FIGURA 5 O ENSINO DO PASSE 

Os artigos presentes nas figuras 4 e 5 tinham como finalidade ensinar possibilidades de movimentação em quadra (WELLS, 1939; TORNEY JR., 1939). As matérias simulavam pequenas jogadas, pelo uso de texto que explicavam os esquemas sequenciados e numerados, mostrando como os jogadores deveriam se movimentar em quadra, em diferentes situações.

A análise das fontes também anuncia a diversidade com a qual os editores organizavam os impressos, com o intuito de oferecer forma e conteúdo diferenciados para a prática profissional em EF. No que se refere às lutas de representações (CHARTIER, 1990), notamos que os usos de dispositivos como a criação de seções/títulos semelhantes nos números, fotografias, desenhos, esquemas e descrições textuais serviam como diferencial entre articulistas que buscavam se constituir como referência entre aqueles que prescreviam e orientavam a formação e a atuação dos professores. No caso dos títulos, as letras utilizadas na REF são acompanhadas de um desenho de jogador de basquetebol. Já na REPHy, os títulos estão sozinhos, com fontes mais formais do que no primeiro periódico.

Assim, também compreendemos que há, entre os articulistas em circulação nos periódicos, uma complementaridade no que se refere à publicação desses dispositivos de uso didático-pedagógico, a fim de oferecer os meios necessários para que o docente ministrasse a EF na escola, divulgando um projeto de escolarização bem delimitado em relação a metodologias de ensino e, assim, fortalecer sua inserção nos currículos. Isto é, para se consolidar no espaço escolar, era preciso saber não só “o que se ensinava”, mas também “como se ensinava” - expressos nos diferentes dispositivos mobilizados pelos autores e editores.

Uma forma semelhante de fazer circular as prescrições para o ensino da EF foi observada no conjunto de artigos destinado ao atletismo, na coletânea publicada no número 3 da REPHy. Para organizar a coletânea, o corpo editorial fez uso de um índice, que foi apresentado no interior de suas páginas, antecedendo o conjunto de artigos publicados na referida coletânea.

Fonte: Hoffer (1933a).

FIGURA 6 ÍNDICE DA COLETÂNEA DE ATLETISMO 

Conforme a Figura 6, presente na página 15 do impresso, os editores utilizaram um dispositivo de leitura que mostrava os conteúdos da coletânea - recurso este não empregado por nenhuma das coletâneas mapeadas. Nesse índice interno, os assuntos principais referiam-se às provas do atletismo e, como seus subtópicos, apareciam as temáticas a serem abordadas, todas com indicação de páginas. Esse é o caso das corridas com barreiras, que apresentaram como desdobramentos: estilos nas barreiras altas e baixas; passos para o ensino dos novatos; aparelhamento; e sugestões.

A presença desse recurso permite acenar para o uso do índice como um dispositivo que buscou orientar a leitura do professor, favorecendo o manuseio do periódico. Se, nas primeiras páginas da revista, o índice tinha a finalidade de mostrar para o leitor os conteúdos considerados “importantes” para a sua formação, a presença de outro índice, no interior da revista, favorecia, ainda mais, o direcionamento do seu olhar àquele conjunto de artigos anunciados na capa. A análise das fontes sugere a intencionalidade dos editores em fazer com que o leitor procurasse pelo assunto em destaque da revista, no caso, o atletismo. Ao chegar na página indicada, ele encontraria as temáticas devidamente numeradas, localizando o assunto de seu interesse.

Ao analisar o índice geral das matérias, publicado a partir de 1938 na REPHy, Schneider (2010) afirma que esse modo de organização das matérias funcionava como um dispositivo de regramento de leitura, uniformizando a maneira com a qual o impresso seria utilizado. Configurava-se, também, como estratégia de controle, tanto em relação às matérias a serem lidas como pela ordem em que seriam apresentadas. Com o objetivo de produzir coerência em relação àquilo que era publicado, os editores ofereciam aos leitores um roteiro, por meio do qual localizavam os temas de seu interesse. Recursos esses também mobilizados para que a revista se constituísse em um repertório, “em que [se] poderia ter acesso de forma ordenada a conhecimentos distribuídos por assunto” (SCHNEIDER, 2010, p. 115).

Para que o impresso auxiliasse a prática do professor, oferecendo-lhe possibilidades didático-pedagógicas, o corpo editorial precisava criar os meios que facilitariam o uso das revistas pelos professores. Esses impressos buscavam, pela linguagem textual e visual, esclarecer os professores em relação aos exercícios a serem ensinados na escola, colocando-se como um manual, um guia facilmente manipulado no cotidiano, um orientador da prática profissional, podendo ser rapidamente lido, experienciado e aprendido a qualquer momento de dúvida - tanto na preparação como na realização das aulas. Por isso, foram publicados dois índices, a fim de criar nos docentes o interesse pela temática, orientar sua leitura e proporcionar-lhes as informações das quais precisariam, de modo ágil e esclarecedor. Para discutirmos sobre os assuntos abordados na coletânea do atletismo, organizamos o Quadro 3.

Fonte: Elaboração dos autores.

QUADRO 3 COLETÂNEA DE ATLETISMO 

O Quadro 3 foi elaborado de acordo com as temáticas abordadas na coletânea. Ela foi composta por apenas um artigo, no entanto, para evidenciarmos as especificidades dos detalhamentos técnicos da modalidade, optamos por assumir os nove textos sobre as provas do atletismo como referências específicas (HOFFER, 1936a, 1936b, 1936c, 1936d, 1936e, 1936f, 1936g, 1936h, 1936i). Com base nessa escolha metodológica, todos os tópicos apresentados no quadro consideram as características da modalidade.

A organização utilizada pelos editores e articulistas para publicar os assuntos da coletânea evidenciou os critérios com os quais o atletismo deveria ser ensinado. O professor sistematizaria a sua prática pedagógica considerando as provas específicas do atletismo, de modo que a sua progressão e o seu aprofundamento ocorressem de acordo com o grau de complexidade técnica das provas. Partia-se das corridas de curta e longa distância, para atribuir-lhes um nível de dificuldade maior, indicado pela inserção e troca de objetos entre os componentes de uma mesma equipe, no caso, as corridas de revezamento e com barreiras. Adquirida a técnica da corrida e de deslocamentos, eram ensinadas as provas de arremesso (peso, disco e dardo).

Essa progressão mostra-nos necessária, pois, se em um primeiro momento a centralidade da ação corporal era a corrida, posteriormente o foco estava na manipulação de aparelhos, requerendo maior precisão e força do aluno, para obtenção de êxito nas provas. Nos artigos, privilegiavam-se os detalhamentos em relação aos aparelhos utilizados, as características físicas dos praticantes e o modo correto de executar os movimentos específicos das provas.

Essa coletânea sugeriu que, dentre as provas do atletismo, aquelas de maior complexidade seriam as provas de saltos e, por esse motivo, se configuraram como as últimas a serem trabalhadas pelo professor. Os saltos requeriam o aprimoramento da corrida (considerada a base para todas as aprendizagens do atletismo), bem como o uso de técnica corporal específica nas fases de impulso, salto e aterrissagem. Para todas as provas (salto de distância, de altura e com vara), foram explicitadas textualmente: características físicas do praticante; técnica da passada; estilos de saltos; aparelhamento; técnica dos saltos; e preparo físico - sem o uso de recursos imagéticos.

Já na REF, a primeira progressão técnica sobre atletismo estava fundamentada no diálogo entre texto e fotografia, inclusive utilizando esses dispositivos para mostrar para o professor aspectos biomecânicos do movimento humano, como apresentam as figuras 7 e 8.

Fonte: Lira (1933a).

FIGURA 7 ESTUDO DOS LANÇAMENTOS  

Fonte: Lira (1933b).

FIGURA 8 ESTUDO DOS LANÇAMENTOS (CONTINUIDADE) 

As figuras 7 e 8 referem-se a artigos presentes na progressão didático-pedagógica de atletismo, composta por cinco artigos, todos elaborados pelo 1º tenente Antonio Pereira Lira (1933a, 1933b, 1933c, 1934a, 1934b). A semelhança dos títulos das progressões do basquetebol e de atletismo, na REF, permite afirmar que o uso de títulos iguais para todos os artigos das progressões se configura como um dispositivo de leitura, cuja finalidade era caracterizar a sua continuidade e aprofundamento, ao longo dos números. As matérias assinadas por Lira (1933a, 1933b) eram intituladas “Estudo dos lançamentos: trabalho feito após 7 anos de estudos próprios e observação dos maiores atletas do mundo”. Já as produzidas por Bastos Junior (1938a, 1938b) tinham o título “Basket-ball: técnica individual e seu desenvolvimento”, como visto nas figuras 2 e 3.

A análise das críticas lançadas pelo 1º tenente Lira (1933a, 1933b) aos livros sobre atletismo publicados no Brasil, especialmente os produzidos na Alemanha e nos Estados Unidos da América (EUA), oferece pistas das disputas por quem se constituiria como autoridade em relação ao ensino dos esportes e da EF no país. O descontentamento do autor devia-se à necessidade de o Brasil desenvolver uma técnica própria, sem que precisasse “imitar” as referidas escolas. Para Lira (1933a), os materiais dedicados ao ensino do estilo alemão e americano estavam mais preocupados com as questões teóricas da modalidade do que, de fato, com o ensino do atletismo pela observação e pela prática.

Mesmo em um cenário no qual as culturas alemã e americana eram assumidas como referência no Brasil (SCHNEIDER et al., 2014), compreendemos que as tensões provocadas por Lira (1933a) reclamavam o seu lugar de autoridade como 1º tenente do Exército e recordista da prova de lançamento de peso. Ao contrário do que analisou sobre os impressos alemães e americanos, Lira (1933a) apresentou possibilidades “reais e práticas” para o trabalho com o atletismo, anunciando metodologias de ensino e de aprendizagem dos lançamentos, materializadas em lições específicas para a modalidade.

Lira (1933a) sinalizava, nesse caso, a necessidade de o professor com formação em EF “estudar as suas próprias experiências”, pois, por meio da observação e da exploração dos elementos técnicos, poderia apropriar-se corporalmente dos seus objetos de ensino, para sistematizar a sua prática pedagógica. Com essas ações, ele buscava constituir-se como autoridade na área e no próprio mercado editorial da EF, já que suas críticas estavam direcionadas às obras produzidas em países tidos como referência, como a Alemanha e EUA.

Nesta progressão didático-pedagógica, todos os artigos da coletânea demonstravam, por descrições textuais e fotografias, o modo “correto” de realização dos exercícios, incorporando ferramentas da biomecânica às suas explicações, conforme mostram as figuras 9 a 11.

Legenda: “O lançador baixa sôbre a perna esquerda, ficando com o nariz acima dos joelhos e os braços por fora da coxa esquerda, com as mãos quasi a tocar o sólo”.

Fonte: Lira (1934a, p. 35).

FIGURA 9 EXERCÍCIO 1 DE FLEXÃO DAS PERNAS E EXTENSÃO DO TRONCO 

Legenda: “Com a extensão vista acima, o lançador se encontra na posição desta figura”.

Fonte: Lira (1934a, p. 35).

FIGURA 10 EXERCÍCIO 2 DE FLEXÃO DAS PERNAS E EXTENSÃO DO TRONCO 

Legenda: “[...] vemos que o lançador executou um giro com o tronco, para ficar em situação apropriada, afim de baixar sôbre a perna direita”.

Fonte: Lira (1934a, 1936).

FIGURA 11 EXERCÍCIO 3 DE FLEXÃO DAS PERNAS E EXTENSÃO DO TRONCO 

De acordo com as figuras 9 a 11, utilizava-se como recurso iconográfico o desenho de setas nas fotografias, a fim de mostrar para o professor o ângulo adequado para a execução e o ensino dos movimentos. Em toda a coletânea, Lira (1933a, 1933b, 1933c, 1934a, 1934b) enfatizou que o processo de aprendizagem do atletismo só ocorre pela “prática” e, por essa razão, apresentou diferentes recursos que facilitariam as apropriações do professor em relação ao objeto de ensino da EF. Os artigos eram semelhantes quanto à sua forma e mobilizavam aquilo que o autor denomina de “artifícios”, meios pelos quais o leitor era incentivado a “desvendar os segredos” técnicos da modalidade. Artifícios esses que, fundamentados na biomecânica, constituiriam os impressos como dispositivos didático-pedagógicos, favorecendo a ampliação dos conhecimentos dos professores, a fim de prepará-los para o ensino do atletismo.

As figuras 12 e 13 correspondem a outras progressões didático-pedagógicas elaboradas por Lira, oferecendo indícios de como os princípios da biomecânica foram apropriados pelo autor e lhe ofereceram as bases para diversificar o trabalho “real e prático” com o atletismo.

Fonte: Lira (1938a).

FIGURA 12 ENSINANDO POR GRAVURAS: SALTO EM ALTURA 

Fonte: Lira (1938b).

FIGURA 13 ENSINANDO POR GRAVURAS: ESTILO TESOURA COM REVERSÃO 

As figuras 12 e 13 compõem uma progressão didático-pedagógica de oito artigos de Lira (1938a, 1938b, 1938c, 1938d), publicada em números sucessivos e semelhante em sua materialidade: títulos (“Página atlética: ensinando por gravuras”), forma e conteúdo. Nesta progressão, as matérias eram menores e pretendiam, de forma simplificada, ensinar para o professor diferentes estilos dos saltos em altura, no caso, o estilo “rôlo ou Osborne” (Figura 12) e o “tesoura com reversão” (Figura 13). Essa forma de publicação sugere uma estratégia em publicar pequenos e concisos artigos, que servissem como uma bússola - em que o professor pudesse esclarecer suas dúvidas rapidamente, ao olhar para as imagens sequenciadas e as breves descrições textuais.

Notamos, especificamente, o modo como os conhecimentos da biomecânica foram apropriados pelo articulista, para explicitar de maneira mais didática os processos de ensino e aprendizagem da EF. Os desenhos utilizados não mais aparecem com setas, como visto na progressão publicada em 1933, mas sim com o próprio sequenciamento do movimento, em que há a indicação da técnica aprendida, nos diferentes tempos em que o corpo está em deslocamento.

Essas diferenciações também oferecem pistas (GINZBURG, 1989) sobre os usos do autor das diferentes áreas do conhecimento, com a finalidade de criar metodologias visuais que tornassem o ensino da EF “mais simples, real e prático”, conformando os impressos em dispositivos didático-pedagógicos. Referimo-nos ao diálogo dos articulistas com as pesquisas de Etienne-Jules Marey e de Demeny, em especial, sobre a utilização da cronofotografia como suporte de análise do movimento humano, sob as leis da mecânica.

Especificamente, a disposição das fotografias em ambas as progressões didático-pedagógicas de Lira explicita o processo com o qual as teorias de Marey e de Demeny contribuíram para a formação daqueles que ensinariam a EF, no Brasil. Na primeira coletânea, vimos o esforço em dispor fotografias caracterizadas pelo registro pontual do movimento. Por isso, o uso das setas facilitava a compreensão do professor em relação aos próximos movimentos que deveriam ser executados. Já na progressão publicada em 1938, os recursos iconográficos remetem-nos às apropriações do articulista à cronofotografia.

Conforme discute Cassani (2018), as apropriações dos articulistas a essas teorias contribuíram para que fossem publicadas orientações com dispositivos de leitura cujo detalhamento facilitaria o entendimento dos professores em relação aos exercícios a serem ensinados na EF. O ensino dos exercícios, nesse caso, estava fundamentado no estatuto de ciência moderna requerido pela EF, em que a produção de um conhecimento “verdadeiro” estava alicerçada na experiência e em fatos “demonstrados rigorosamente”. De modo semelhante às áreas da Biologia e Psicologia, o que a caracterizava como ciência era o uso de métodos para demonstrar “a maneira ou ordem que se segue em busca de algo, [...] para chegar a um fim que se deseja” (RAPOSO, 1958, p. 11). Nessas matérias em específico, o uso do método ficou evidenciado pelo esforço dos autores em mostrar, de forma mais clara, sequenciada e precisa, como ensinar o atletismo, facilitando a compreensão do professor sobre a correta realização dos exercícios.

De forma semelhante ao que ocorreu com o basquetebol e o atletismo, o voleibol foi anunciado como o conteúdo principal da capa da REPHy. Para cada capa, cujos destaques eram os exercícios a serem ensinados na EF, buscava-se criar o interesse por coletâneas que oferecessem novos conhecimentos e técnicas, ajudando os professores a sistematizarem sua atuação profissional. O Quadro 4 apresenta as principais temáticas abordadas na coletânea de vôlei publicada em 1936 na REPHy.

Fonte: Elaboração dos autores.

QUADRO 4 COLETÂNEA DE VÔLEI 

Composta por dez artigos, essa coletânea se diferencia das anteriores, pois ofereceu um conjunto de saberes que orientavam os professores em relação aos procedimentos que viabilizavam a inserção da modalidade em escolas, clubes, associações e comunidades. Destinada a docentes e a todos aqueles interessados em divulgar o esporte, a coletânea se constituiu em um plano para a institucionalização do voleibol no Brasil, fornecendo caminhos para a sua popularização (BROWN JR., 1936; LAVEAGA, 1936a, 1936b; CROMIE, 1936; BENNET, 1936; ASHLES, 1936; JOHNSON, 1936; CROSSMAR, 1936a, 1936b; ROGERS, 1936).

O ensino dos fundamentos técnicos assumiu lugar central para a sistematização da EF. Assim como analisado em todas as coletâneas, partimos da técnica da modalidade para, com base nela, aprender especificamente: a organização de torneios e de comissões que vulgarizariam o voleibol; métodos de ensino a serem trabalhados na escola; regras e sinais utilizados pelos juízes; especificidades do jogo para rapazes e moças, no espaço escolar; uso de recursos didáticos, como livros e filmes, com o objetivo de facilitar a aprendizagem; e motivos que impulsionariam e motivariam a prática da modalidade.

A análise da coletânea evidencia o processo com o qual os articulistas ofereceram possibilidades para que a EF fosse inserida no currículo escolar, mas, sobretudo, mostra que uma efetiva consolidação do seu processo de escolarização também era acompanhada de sua organização administrativa em outros espaços, que não a escola. Referimo-nos, nesse caso, a espaços de lazer e de treinamento esportivo, pois, à medida que as diferentes modalidades se tornavam acessíveis e eram fortalecidas nesses lugares, também se faziam potenciais para serem ensinadas nos programas da EF, na escola. Há indícios de que um projeto de escolarização de EF se retroalimentaria pelo ensino das práticas ao ar livre, nos clubes, nas associações e nas comunidades.

Não houve, nos periódicos, disputas em relação aos lugares em que a EF e suas manifestações corporais seriam ensinadas, ou, ainda, a ideia de que um serviria como meio para o desenvolvimento do outro (a escola como espaço para formar atletas, que poderiam atuar em clubes, por exemplo). Seria pelo trabalho em conjunto entre os profissionais que atuavam nesses diferentes segmentos que a EF seria fortalecida no projeto de formação humana integral e no currículo escolar.

Com base na análise das coletâneas, captamos e anunciamos três caminhos utilizados pelos articulistas, que conformavam os impressos em dispositivos de uso didático-pedagógicos. Organizamos esses critérios na Figura 14.

Fonte: Elaboração dos autores.

FIGURA 14 CRITÉRIOS PARA ELABORAÇÃO DAS COLETÂNEAS 

A Figura 14, elaborada de acordo com o processo de análise das coletâneas, exprime os critérios utilizados pelos articulistas para fornecer dispositivos de uso didático-pedagógicos para os professores. Ela anuncia também os elementos necessários para a elaboração de suportes materiais com essa natureza, em especial publicações que abordam o papel dos professores na formação moral dos alunos, os objetos de ensino da EF de modo aprofundado, o ensino da técnica corporal articulado com a sua progressão pedagógica e o lugar que a EF ocupa na escola e em outros espaços. Para compreendermos como essas questões se apresentavam nas progressões para o ensino do vôlei, apresentamos as figuras 15 a 18.

Fonte: Adams (1937a).

FIGURA 15 PRINCÍPIOS DO VÔLEI 

Fonte: Adams (1937b).

FIGURA 16 ELEMENTOS DO VÔLEI 

Fonte: Adams (1937c).

FIGURA 17 COMO ENSINAR O VÔLEI 

Fonte: Adams (1937d).

FIGURA 18 COMO ENSINAR O VÔLEI 

As figuras 15 a 18 fazem parte de uma série de cinco artigos assinados pelo diretor-redator Howard W. Adams (1936, 1937a, 1937b, 1937c, 1937d), publicados nos números 7 a 11 da REPHy. Nesta progressão, foram ensinados as regras da modalidade, os fundamentos técnicos e os métodos de treinamento. Para apropriação da técnica corporal, indicava-se a necessidade de o professor recorrer aos ensinamentos dos números anteriores, por meio de afirmativas como “a technica do manejo de bola no levantamento e praticamente a mesma que Ella [sic] do saque, sendo esta explicada no número 10 de ‘Educação Physica’” (ADAMS, 1937d, p. 51).

Esse dispositivo de leitura constituiu-se em uma fórmula editorial que buscou orientar os professores quanto ao uso do periódico, visando a convencer o leitor sobre a necessidade de se referenciar em um conhecimento anterior, com o intuito de aprofundar os seus processos de aprendizagem. Isso também reforça o nosso argumento de que, para os articulistas, as práticas de ensino deveriam considerar o conhecimento produzido anteriormente, atribuindo-lhe complexidade. Estratégias como essas também sugeriam aos leitores a possibilidade de utilizar e se apropriar da REPHy como um material de apoio didático-pedagógico, pois eles precisariam guardar e colecionar os números anteriores para rememorar os conteúdos veiculados sequencialmente.

Quando analisados os artigos que prescreviam a prática e orientavam a formação dos professores, foram observados outros dispositivos utilizados pelo corpo editorial e articulistas para configurar tal material em coleções pedagógicas. Referimo-nos à publicação de artigos que, de maneira sequenciada, atribuíam aprofundamento ao ensino dos exercícios, gerando a necessidade de o leitor reunir os diferentes volumes, a fim de compreender a progressão didático-pedagógica necessária para o exercício da docência.

Assim, a análise dos artigos publicados por Adams (1936, 1937a, 1937b, 1937c, 1937d) anuncia os critérios utilizados pelo articulista para sistematizar a prática do professor, conformando os impressos em suportes de orientação profissional. A interpretação das fontes sinaliza que, para ser um dispositivo de uso didático-pedagógico, era preciso ter linguagem interativa, que convidasse e atraísse a atenção do leitor. Era necessário divulgar conteúdos que atendessem às expectativas dos que se dedicavam ao ensino do vôlei, sinalizando os critérios para a sua progressão didática, isto é, primeiro eram trabalhados os passes, posteriormente o levantamento e, ao final, as cortadas - as três jogadas consideradas fundamentais do ataque (ADAMS, 1937b).

De modo mais amplo, a aproximação entre os artigos das diferentes modalidades explicita uma concepção de formação humana fundamentada nos esportes, em que a técnica, a moral e o físico eram considerados interdependentes. A forma e o conteúdo dos artigos, nesse caso, encontravam-se imbricados, oferecendo-nos os fundamentos por meio dos quais esses periódicos foram elaborados, com a finalidade de orientar o professor.

Referimo-nos a métodos e normas didáticas para o ensino dos esportes que, de acordo com Hollanda Loyola (193-?), constituíam a base para a elaboração de princípios pedagógicos que conferissem unidade teórica para a EF. O conhecimento teórico prático da técnica era critério para a formação de um “conjunto eficiente” no trabalho com os esportes - a união entre o preparo técnico, moral e físico -, preparando os alunos para desenvolverem “um harmonioso conjunto [dessas] três qualidades” (LOYOLA, 193-?, p. 69).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo deste artigo foi analisar as orientações para o ensino dos esportes publicadas na imprensa periódica de ensino e de técnicas (1932-1960). A análise das coletâneas e das progressões didático-pedagógicas mostra a constituição desses impressos como dispositivos de uso didático-pedagógico, em que o leitor encontrava orientações para o ensino dos esportes, as quais contribuíam para a sua prática e formação profissional em EF. A publicação desses artigos era intencional e imperativa por parte dos articulistas, mostrando-nos que não era possível aprender as diferentes modalidades esportivas, tal como deveriam ser praticadas, se os seus fundamentos técnicos não se constituíssem como a base de todo o processo.

Captamos ainda o modo como os impressos ofereceram os detalhamentos técnicos necessários para o ensino das práticas esportivas. A análise das fontes acena para um conjunto de saberes necessário ao exercício da docência, remetendo-nos a um projeto de formação profissional. Estudar, apropriar-se corporalmente da modalidade para ensinar aos alunos, mediar as relações interpessoais, conhecer as regras e a história das práticas esportivas eram uma condição para o “coroamento” da EF nas escolas e em outros espaços, sem os quais perdiam-se a profundidade e a complexidade necessárias para a organização dos programas de ensino.

Os recursos utilizados para prescrever a prática e orientar a formação dos profissionais que atuavam na escola, materializados em progressões e coletâneas, mostram critérios em relação à repetição e ao sequenciamento no ensino técnico dos exercícios e à importância de um trabalho pedagógico que considere a complexidade do objeto de ensino da EF. Diante das fontes analisadas, é possível sinalizar como os princípios para o ensino dos esportes, publicados entre 1932 e 1960, são “caros” à produção científica da EF, na atualidade. Os processos de silenciamento em relação ao ensino dos detalhamentos técnicos dos esportes, produzidos especialmente a partir da década de 1980, têm comprometido suas especificidades como componente curricular.

Se o lugar da EF nos currículos escolares foi consolidado, a partir da década de 1930, por meio do estabelecimento de critérios em relação “ao que” se ensina, temos acompanhado a sua desconstrução, sobretudo em relação àquilo que Fernando de Azevedo entendera como o “coroamento” da EF. Mais do que a defesa pelo ensino dos esportes, referimo-nos à necessária progressão dos seus objetos de ensino que, pela indissociabilidade entre a experiência corporal, intelectual e moral, consolidaram o seu processo de escolarização.

AGRADECIMENTOS:

Os autores agradecem às seguintes agências de fomento, pelo auxílio financeiro destinado à pesquisa: Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), Edital Universal n. 006/2014 - Processo n. 67.6438.25; Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes); Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) - Edital Universal 2018, Processo n. 435195/2018-2; Bolsa Produtividade CNPq Nível 2.

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1O ensaio foi incorporado à obra Da Educação Física: o que ela é, que tem sido e o que deveria ser, que tem três edições (1916, 1920, 1960). No artigo, dialogaremos com a edição de 1960.

2Ao referir-se à ginástica, Azevedo (1960) sinaliza o método sueco como aquele cujos princípios científicos melhor orientariam o ensino da EF.

3O artigo é desdobramento do projeto “Da imprensa periódica de ensino e de técnicas da EF: trajetórias de prescrições pedagógicas (1932-1960)”, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), Edital Universal n. 006/2014 - Processo n. 67.6438.25.

4Optamos por analisar essas modalidades, pois entendemos que elas são representativas do modo como outras práticas esportivas também são sistematizadas pelos articulistas.

5Esse recurso editorial também foi mapeado no tênis (5 artigos - número 10 da REPHy).

6O Quadro 1 foi elaborado com base na leitura dos artigos, em que adotamos o mesmo sequenciamento dos conteúdos propostos pelos impressos.

Recebido: 22 de Fevereiro de 2019; Aceito: 12 de Agosto de 2019

NOTA

O artigo se configura como desdobramento de um projeto guarda-chuva desenvolvido no âmbito do Instituto de Pesquisa em Educação e Educação Física (Proteoria/Ufes). O mapeamento, a categorização e a análise do corpus documental foram conduzidos pela Professora Dra. Juliana Martins Cassani e pelo mestrando Lucas Oliveira Rodrigues de Carvalho. Os professores Dr. Amarílio Ferreira Neto e Dr. Wagner dos Santos orientaram esse processo, bem como aprofundaram a análise das fontes na redação e revisão do artigo.

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