SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.54COLONIZANDO OS SENTIDOS DE CRIANÇAS AMAZÔNIDAS: A FORMAÇÃO PROPOSTA EM A ESCOLAEXPLORANDO A LINGUAGEM NEUTRA COM LINGUISTAS, PROFESSORES E PESSOAS NÃO BINÁRIAS índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Compartilhar


Cadernos de Pesquisa

versão impressa ISSN 0100-1574versão On-line ISSN 1980-5314

Cad. Pesqui. vol.54  São Paulo  2024  Epub 31-Dez-2024

https://doi.org/10.1590/1980531411342 

ARTIGOS

O ESTADO DA ARTE DO CAMPO DA DIDÁTICA NO BRASIL: AS PRODUÇÕES CIENTÍFICAS NO PERÍODO DE 2008 A 2018

THE STATE OF THE ART IN THE FIELD OF DIDACTICS IN BRAZIL: SCIENTIFIC PRODUCTIONS FROM 2008 TO 2018

EL ESTADO DEL ARTE DEL CAMPO DE LA DIDÁCTICA EN BRASIL: LAS PRODUCCIONES CIENTÍFICAS EN EL PERÍODO DE 2008 A 2018

L’ÉTAT DE L’ART DES PRODUCTIONS SCIENTIFIQUES RELATIVES À LA DIDACTIQUE DE 2008 À 2018 AU BRÉSIL

Giovanna Martin-FranchiI  , contribuiu com o balanço bibliográfico, análise de dados, escrita do artigo
http://orcid.org/0000-0002-0266-9053

Márcia de Souza HoboldII  , contribuiu com o balanço bibliográfico, análise de dados, escrita do artigo
http://orcid.org/0000-0002-4179-608X

IFundação Regional de Blumenau (FURB), Blumenau (SC), Brasil; gfranchi_m@yahoo.com.br

IIUniversidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis (SC), Brasil; marcia.hobold@ufsc.br


Resumo

Este artigo analisa as temáticas das produções científicas no Campo da Didática,1 a partir de 1.411 resumos de artigos, dissertações e teses publicados entre 2008 e 2018. A análise de conteúdo revelou que a maioria dos artigos está em periódicos de alta qualidade, enquanto dissertações e teses são predominantemente da região Sudeste, especialmente em instituições de ensino públicas estaduais. As produções demonstram diversidade temática, com foco em ensino, docência e educação. Termos como “sequência didática”, “livro didático” e “transposição didática” destacam a complexidade do Campo. Os resultados indicam a importância de entender essa diversidade temática, bem como os termos correlatos para o avanço do conhecimento no Campo da Didática.

Palavras-Chave: DIDÁTICA; ESTADO DA ARTE; TENDÊNCIAS DE PESQUISA; EDUCAÇÃO

Abstract

This article examines the topics of scientific productions in the field of Didactics, based on 1,411 abstracts from articles, dissertations, and theses published between 2008 and 2018. Content analysis revealed that most articles were published in high-quality journals, while dissertations and theses were predominantly concentrated in the Southeast region, particularly in state public educational institutions. The productions show thematic diversity, with a focus on teaching, teacher practice, and education. Terms such as didactic sequence, didactic textbook, and didactic transposition underscore the complexity of the field. The results highlight the importance of understanding this thematic diversity and its related terms to advance knowledge in the field of Didactics.

Key words: DIDATICS; STATE OF THE ART; RESEARCH TRENDS; EDUCATION

Resumen

Este artículo analiza las temáticas de las producciones científicas en el Campo de la Didáctica, a partir de 1.411 resúmenes de artículos, disertaciones y tesis publicadas entre 2008 y 2018. El análisis de contenido reveló que la mayoría de los artículos se encuentran en revistas de alta calidad, mientras que las disertaciones y tesis son predominantes en la región Sudeste, especialmente en las instituciones educativas públicas estaduales. Las producciones demuestran diversidad temática, centrándose en la enseñanza, la docencia y la educación. Términos como secuencia didáctica, libro didáctico y transposición didáctica resaltan la complejidad del Campo. Los resultados indican la importancia de comprender esa diversidad temática, así como los términos relacionados para el avance del conocimiento en el Campo de la Didáctica.

Palabras-clave: DIDÁCTICA; ESTADO DEL ARTE; TENDENCIAS DE INVESTIGACIÓN; EDUCACIÓN

Résumé

Cet article analyse les thématiques rélatives aux productions scientifiques du Champ de la Didactique à partir de 1411 résumés d’articles, de mémoires et de thèses publiés entre 2008 et 2018. L’analyse de contenu a révélé que la plupart des articles sont publiés dans des revues de haute qualité et que les mémoires et les thèses proviennent principalement de la région Sud-Est, en particulier d’établissements publics. Les productions montrent une diversité thématique qui met l’accent non seulement sur l’enseignement, mais aussi sur la profession enseignante et l’éducation. Des termes tels que séquence didactique, manuel didactique et transposition didactique soulignent la complexité du domaine. Les résultats indiquent l’importance de comprendre cette diversité thématique ainsi que les termes associés afin de faire progresser les connaissances dans le Champ de la Didactique.

Key words: DIDACTIQUE; ÉTAT DE L’ART; TENDANCES DE LA RECHERCHE; ÉDUCATION

O contexto do estudo

Este artigo, embasado na tese de Martin-Franchi (2022), busca apresentar um panorama das produções científicas no Campo da Didática durante o período de 2008 a 2018. A pesquisa teve como pressuposto a definição de Campo da Didática proposta por Libâneo (2008, 2013) e Longarezi e Puentes (2011, 2017), considerando-o como um ramo da pedagogia que investiga os fundamentos, condições e modos da instrução e do ensino, sendo fundamental na formação de professores e no trabalho docente. Este estudo buscou mapear e analisar os temas presentes nas produções científicas, como artigos, dissertações e teses, na área da educação, especificamente na grande área de ciências humanas. A base teórica considerou o ensino como um fenômeno complexo, multifacetado e situado. Utilizaram-se referências de autores como Libâneo (2002, 2012, 2013, 2014, 2015), Pimenta (1996, 2000, 2005, 2010, 2011, 2012, 2014, 2018), Pimenta et al. (2013), Candau (2000, 2005, 2008, 2012, 2014, 2018, 2020), Candau e Koff (2015), entre outros.

A metodologia adotada foi de cunho qualitativo, utilizando-se o estado da arte, por meio da análise documental (Cellard, 2008). Já a análise dos dados foi realizada pela técnica de análise de conteúdo proposta por Bardin (2011). A referida análise foi estruturada em dois núcleos principais. O primeiro deles teve como foco a análise da distribuição das produções nos periódicos científicos, considerando-se o Qualis Periódico (2013-2016),2 as instituições de ensino (IE) e as regiões geográficas do Brasil (RGB). O segundo núcleo de análise abordou os elementos presentes nas produções científicas, como o tema de pesquisa e os termos didáticos correlatos ao Campo da Didática.

Este estudo contribui para o entendimento da diversidade temática e da relevância de termos didáticos singulares no Campo da Didática, oferecendo subsídios para futuras pesquisas e para o aprimoramento das práticas educacionais, sobretudo no que diz respeito à formação de professores e à compreensão do fenômeno do ensino-aprendizagem em sua complexidade.

Este artigo está organizado da seguinte forma: a seção “Reflexões sobre o Campo da Didática: complexidade e multidimensionalidade” discute a natureza intrínseca da Didática como um Campo epistêmico, enfatizando sua complexidade e suas múltiplas dimensões. A seção “Percurso metodológico” aborda a metodologia utilizada na pesquisa sobre o estado da arte no Campo da Didática. A seção “Núcleo 1 de análise: artigos científicos, dissertações e teses” versa sobre a análise das produções científicas no Campo da Didática, focando especificamente três elementos principais: a qualidade dos periódicos, a região geográfica de origem das produções e as instituições de ensino dos autores. A seção “Núcleo 2 de análise: eixos temáticos das produções em Didática e termos didáticos e correlatos” refere-se à análise dos temas centrais e dos termos utilizados nas produções científicas no Campo da Didática. E as considerações finais do documento expõem os principais achados e reflexões resultantes da análise das produções científicas no Campo da Didática.

Reflexões sobre o Campo da Didática: Complexidade e multidimensionalidade

O Campo da Didática, inserido nas ciências humanas, particularmente na educação, é caracterizado por sua complexidade, multidimensionalidade e multirreferencialidade (Libâneo, 2013, 2014; Pimenta, 2018; Candau, 2014, 2020). O objetivo deste artigo é dialogar sobre as temáticas de pesquisa no Campo da Didática através da análise de resumos de artigos, dissertações e teses publicados entre 2008 e 2018.

A Didática é frequentemente confundida com a disciplina ou componente curricular (DCC) que leva o mesmo nome. Contudo, compreendê-la como um Campo epistêmico implica reconhecer sua complexidade intrínseca e suas múltiplas dimensões: técnica, humana, sociopolítica e cultural/intercultural (Candau, 2012). Esse Campo não se limita às metodologias de ensino, mas abrange um conjunto mais amplo de práticas e teorias que envolvem a formação de professores e o desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem.

Na perspectiva multidimensional da Didática, a abordagem da Didática fundamental, proposta por Candau (2014), sugere uma análise crítica e multidimensional do ensino. Essa perspectiva considera não apenas os aspectos técnicos, mas também as dimensões humanas, sociopolíticas e culturais. Soares (2000) argumenta que a Didática deve ser vista como um espaço intelectual, acadêmico e social, alinhando-se à teoria de Campo de Bourdieu (1983, 1990), onde o Campo congrega pessoas, produções e interesses.

As reflexões sobre as dimensões conceituais da Didática consistem em reconhecer as múltiplas dimensões do ensino, implicam uma reflexão crítica sobre as práticas pedagógicas e a formação de professores. A formação docente deve levar em conta não apenas os conhecimentos técnicos, mas também as crenças, valores e experiências dos professores. A Didática, como componente curricular essencial, fornece os fundamentos teóricos e práticos necessários para orientar o processo de ensino, abrangendo currículo, metodologias específicas e técnicas de ensino (Libâneo, 2013).

Compreender a Didática como um Campo epistêmico permite uma visão mais abrangente do ensino. A Didática, na perspectiva de Libâneo (2008, 2013), Longarezi e Puentes (2011) e Martin- -Franchi (2022), é perpassada pelos Campos disciplinar, investigativo e profissional. Essa abordagem reconhece o ensino como um fenômeno complexo, influenciado pelas dinâmicas sociais, culturais e políticas.

Nesse âmbito, as pesquisas no Campo da Didática são essenciais para seu desenvolvimento. A escolha dos temas de pesquisa contribui significativamente para a qualidade e relevância das investigações acadêmicas. A análise temática das produções científicas, como proposto por autores como Pimenta et al. (2013) e André (2014), permite identificar tendências, lacunas e áreas pouco exploradas no Campo.

Inferimos que os principais temas abordados no Campo da Didática - por meio de suas produções científicas no formato de artigos científicos, dissertações e teses - apontam para os temas de pesquisa mais recorrentes no Campo da Didática e refletem sua diversidade e complexidade. Entre os temas identificados nas produções científicas analisadas neste artigo, estão: aula, projeto político-pedagógico (PPP), aluno, aprendizagem, avaliação, currículo, docência, educação, ensino, escola, planejamento, metodologia, pesquisa, sala de aula, tecnologias da informação e comunicação (TIC), pedagogia, objetivos, conteúdo e relação professor-aluno. Esses temas indicam a riqueza do Campo e a necessidade de uma abordagem multidimensional para compreender o processo de ensino e os demais elementos pertencentes ao processo didático. A seguir, apresentamos o percurso metodológico deste estudo.

Percurso metodológico

A metodologia da pesquisa versou sobre o estado da arte, de cunho qualitativo, aplicada no estudo no Campo da Didática em ciências humanas na educação. Essa abordagem segue uma série de etapas que visam a proporcionar uma compreensão abrangente e atualizada do conhecimento produzido na área específica. Desde a definição dos descritores até a identificação de tendências e lacunas, cada etapa desempenhou um papel fundamental na condução da pesquisa (Martin- -Franchi, 2022).

Nesse contexto, a definição do descritor foi fundamental para orientar as buscas por informações relevantes nas produções científicas em formato de artigos científicos, dissertações e teses. Ao se estabelecer um termo-chave para direcionar as pesquisas em bases de dados, bibliotecas digitais e outras fontes, as produções científicas pertinentes ao tema podem ser encontradas facilmente. Essa etapa inicial foi relevante para garantir que a busca, além de direcionada, fosse também coesa e coerente.

A escolha do descritor “Didática” para as buscas nos bancos de dados desempenhou um papel importante no estudo do estado da arte no Campo da Didática. Sua aplicação estratégica permitiu uma abordagem rigorosa na identificação e compilação de produções científicas pertinentes a esse Campo de estudo. Ao delimitar o escopo da pesquisa, o descritor “Didática” atuou como um filtro consistente, que permitiu a concentração nas produções que abordam diretamente os aspectos teóricos e práticos da Didática. É importante ressaltar que, ao se empregar o descritor “Didática”, pressupõe-se a inclusão de trabalhos que se enquadram no âmbito conceitual da Didática, abarcando-se desde estudos sobre metodologias de ensino até análises críticas sobre práticas pedagógicas. Essa delimitação contribui para a qualidade da pesquisa, evitando a dispersão de esforços em temas periféricos e garantindo uma análise mais aprofundada e significativa das produções científicas selecionadas (Martin-Franchi, 2022).

Além disso, o uso do descritor “Didática” facilitou a identificação e recuperação de informações relevantes em bases de dados diversas, desde periódicos acadêmicos até repositórios de dissertações e teses. Dessa forma, o descritor se tornou um instrumento fundamental para mapear e compreender o estado atual do conhecimento no Campo da Didática. Ademais, o descritor “Didática” desempenhou um papel essencial na estruturação e condução de pesquisas, sendo utilizado tanto na identificação da temática, por meio do título das pesquisas, quanto em outros espaços da escrita, como o resumo, as palavras-chave e a própria redação do texto. O uso desse descritor tanto proporcionou as possibilidades de análise e síntese de produções científicas relevantes no Campo da Didática quanto representou um passo significativo na contínua construção do conhecimento e da vanguarda da área da educação.

Após a definição do descritor, foi feita a escolha dos bancos de dados em que as pesquisas e produções científicas estariam disponíveis para garantir o acesso ao material que fez parte do corpus da pesquisa. Foram incluídas bases de dados especializadas, a saber: a Scientific Electronic Library Online (SciELO), biblioteca eletrônica que abrange uma coleção selecionada de periódicos científicos brasileiros; o Educ@FCC, da Fundação Carlos Chagas, um indexador que objetiva oferecer amplo acesso a coleções de periódicos científicos na área da educação e que se utiliza da metodologia SciELO; e a base de dados do Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) de dissertações e teses.

O resultado das pesquisas nos bancos de dados indicados anteriormente foi de 1.411 documentos - sendo 420 artigos científicos, 675 dissertações e 316 teses - que apresentavam em seu título, palavra-chave e/ou resumo o descritor “Didática”. A análise do corpus da pesquisa foi feita com base nos resumos das produções citadas.

A análise dos referidos resumos revelou ser um recurso relevante para a pesquisa do tipo estado da arte, pois permitiu uma compreensão concisa do conteúdo, objetivos, referências teóricas e resultados de trabalhos acadêmicos (Martin-Franchi, 2022; Severino, 2007; Ferreira, 2002). Essa abordagem possibilitou uma análise abrangente de um grande volume de informações, contribuindo para a compreensão das produções científicas no Campo da Didática, já que o resumo precisa apresentar uma visão geral sobre a pesquisa.

Considerou-se ainda que os resumos das produções científicas podem apresentar limitações como material de pesquisa, o que suscita questões sobre a relevância e fidedignidade do material, além de questionamentos sobre a possibilidade de traçar um estado da arte apenas a partir dos resumos. Constatou-se, a partir da análise dos dados, que a ausência ou a presença de determinados elementos nos resumos (objeto de pesquisa, objetivo, etc.) não influenciou na compreensão do sentido do texto completo do artigo que eles representavam, ou seja, apesar de os resumos estarem incompletos em relação aos elementos essenciais que precisam estar presentes em resumos de produções científicas, foi possível identificar os elementos norteadores da análise considerando-os como um texto em sua completude.

Para compreender o estado da arte das produções científicas em formato de artigos científicos, dissertações e teses no Campo da Didática, foram considerados elementos de análise: o tipo de produção, a abordagem temática das produções, região geográfica brasileira de origem, as instituições de ensino e os termos correlatos. Para compreender a amplitude da pesquisa (Martin-Franchi, 2022), a análise foi conduzida em dois núcleos distintos, sendo eles: Núcleo 1 - composto dos artigos científicos, dissertações e teses; e Núcleo 2 - composto dos eixos temáticos das produções em Didática e dos termos didáticos e correlatos. O corpus da pesquisa foi investigado a partir da análise de conteúdo, conforme Bardin (2011).

Núcleo 1 de análise: Artigos científicos, dissertações e teses

Em relação ao Núcleo 1, a análise abordou três elementos, a saber: Qualis Capes, RGB e IE dos autores. Para tanto, apresentamos a seguir as considerações sobre cada elemento analisado.

Os artigos científicos

O critério Qualis Periódicos foi aplicado para identificar a qualidade dos periódicos científicos nos quais os artigos na área de Didática foram publicados. É importante ressaltar que, no período da classificação dos periódicos no estudo, foram utilizadas as referências do Quadriênio Qualis Periódico 2013-2016.

Foram classificados 17 periódicos relacionados às publicações dos artigos no Campo da Didática que apresentaram relevância em relação ao número de publicações considerando os critérios de análise. Os critérios de identificação dos periódicos científicos a seguir foram considerados a partir da análise do impacto em relação às produções no Campo da Didática, tendo por referência a ordem decrescente dos números de produções. Ou seja, apresentamos os periódicos do maior número de publicações ao menor número de publicações no Campo da Didática. São eles: Revista Brasileira de Ensino de Física, Ciência & Educação (Bauru), Educar em Revista, Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências, Educação & Realidade, Educação e Pesquisa, Bolema: Boletim de Educação Matemática, Revista Brasileira de Educação, Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos (RBEP), Cadernos de Pesquisa, Revista Diálogo Educacional, Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior, Pro-Posições, Educação em Revista, Educação UNISINOS, Revista Educação (UFSM), e Revista Brasileira de Linguística Aplicada.

Os 7 primeiros periódicos detiveram 52,40% das publicações dos artigos no Campo da Didática. Porém, ao considerar a totalidade dos 17 periódicos, 82% foram classificados no Qualis Capes na área de ensino entre A1 e A2. Esse dado indica que a maioria das produções em formato de artigo científico no Campo da Didática é divulgada em periódicos bem avaliados entre os pares.

Em relação às RGB de vínculo dos autores dos artigos, a região Sudeste e a região Sul detiveram 70% das publicações; a região Centro-Oeste, a região Nordeste e a região Norte somaram 30% das identificações em artigos. Isso indica que a maioria das publicações científicas, especificamente no Campo da Didática, provém de autores vinculados a instituições localizadas nas regiões Sudeste e Sul do Brasil. As IE da região Sudeste foram citadas 256 vezes, no total dos 420 artigos científicos analisados; e as IE da região Sul foram indicadas 125 vezes. Consideraram-se na análise as parcerias entre as IE, em que mais de um autor poderia estar vinculado a IE diferentes, porém pertencentes à mesma RGB. Isso sugere que essas regiões são centros significativos de produção acadêmica e pesquisa, possivelmente devido à concentração de universidades e centros de pesquisa de tradição em estudos no Campo da Didática. Por outro lado, as três RGB Centro-Oeste, Nordeste e Norte, em conjunto, contribuíram com uma quantidade menor de publicações em comparação com as re- giões Sudeste e Sul. As IE de vínculo da região Centro-Oeste foram indicadas 47 vezes, as da região Nordeste 67 vezes e da região Norte oito vezes. Isso pode refletir uma menor concentração de IE, menos investimento em pesquisa nessas regiões ou, então, o fato de que as pesquisas no Campo da Didática são incipientes, o que resulta em uma produção acadêmica inferior.

Em resumo, destaca-se uma disparidade na produção de artigos científicos entre as diferentes regiões do Brasil, com as regiões Sudeste e Sul dominando a produção acadêmica, enquanto as demais regiões têm uma participação significativamente menor, ou seja, a região Sudeste destaca-se como a área com a maior concentração de produção de artigos científicos no Campo da Didática. Em contraste, a região Norte registra o menor número de artigos nesse Campo. Há uma predominância, nas produções dos artigos, de autores com vínculo com IE da região Sudeste, especialmente com as públicas estaduais.

As dissertações e teses

No âmbito das IE, observa-se que as de cunho público em níveis federal e estadual apresentam números expressivos de dissertações e teses. Considerando a totalidade dessas produções, a somatória em universidades federais supera as produções nas universidades estaduais. Isso significa que 22 IE públicas federais tiveram 378 produções científicas. E as 8 IE públicas estaduais apresentaram 221 produções científicas em formato de dissertações e teses. Porém, ao considerar o cômputo de produção individual de cada universidade, tanto de cunho estadual quanto federal, a Universidade de São Paulo (USP), estadual, pertencente à região Sudeste, detém o maior número de produções científicas no Campo da Didática, com 129 dissertações e teses. Esse dado indica a relevância das IE públicas federais e estaduais nas produções no Campo da Didática e destaca a necessidade de financiamento e manutenção dos programas de pós-graduação em Educação nas IE públicas.

Comparando-se esse resultado com aqueles das pesquisas de Libâneo e Freitas (2017), Prada e Silva (2017), Longarezi e Puentes (2017), Puentes e Longarezi (2011) e Aquino et al. (2017), observou-se uma equivalência entre as pesquisas atribuídas pelo descritor Didática e as produções científicas dos programas de pós-graduação em educação (PPGE) no Brasil. Isso sugere que as produções no Campo da Didática concentram-se em um número reduzido de IE, em nível nacional, de cunho público estadual. Assim dizendo, um número pequeno de universidades estaduais detém o maior número de produções no Campo da Didática. Porém percebe-se, ao relacionar os estudos citados, que são necessárias iniciativas que estimulem o interesse por pesquisas nesse Campo em IE de cunho público federal, as quais, apesar de apresentarem pesquisas no Campo da Didática, estão distribuídas de maneira dispersa em diferentes universidades federais no Brasil. O estudo de Martin-Franchi (2022) indicou que, em relação às produções científicas tanto de dissertações quanto de teses, houve o predomínio da região Sudeste em número tanto de IE quanto de pro- duções científicas.

Outro dado relevante é que as produções em nível de pós-graduação em educação no Campo da Didática, isto é, que versam sobre as temáticas abordadas pelo Campo, são majoritariamente desenvolvidas no mestrado. As dissertações equivalem a 47,8%, ou seja, 675 produções científicas, do cômputo geral de produções científicas analisadas, e superam também o número de artigos científicos, com 29,8%, ou 420 produções. A produção científica em nível de mestrado pode ser considerada a que mais abordou os temas pertencentes ao Campo da Didática. Em relação às teses, foram analisadas 316 produções, o que corresponde a 22,4% da produção analisada. Partimos de quatro perspectivas distintas que podem explicar esses dados, a saber: o tempo dedicado à pesquisa, o nível de aprofundamento exigido pela tese, a falta de interesse em desenvolver pesquisas no Campo da Didática, e a identificação das pesquisas realizadas nesse Campo.

A primeira perspectiva considera o tempo de duração do doutorado, geralmente quatro anos, e como a dupla função de muitos pesquisadores, como professores de rede estadual ou municipal, pode vir a limitar a continuidade dos estudos. A escassez de bolsas de estudo também contribui para essa limitação, pois a falta de apoio financeiro dificulta a dedicação integral à pesquisa. A segunda perspectiva relaciona-se ao nível de aprofundamento exigido, a dedicação exclusiva, que muitas vezes não é possível para quem exerce outras atividades remuneradas. A terceira perspectiva aborda o desinteresse crescente pelos temas do Campo da Didática em pesquisas de doutorado. Por fim, a quarta perspectiva refere-se à dificuldade de identificação das pesquisas na Didática, pois muitos estudos são referenciados por outros termos, como prática de ensino, o que não comunica explicitamente sua relação com o Campo da Didática.

A análise das IE e RGB nas dissertações e teses no Campo da Didática, especificamente, revela aspectos relevantes para compreender a distribuição e representatividade dessas pesquisas no cenário acadêmico. A concentração de produções científicas sobre Didática em determinadas RGB e IE evidencia a importância de considerar a diversidade regional e institucional na produção do conhecimento educacional.

Além disso, os resultados da análise das IE e RGB no estudo de Martin-Franchi (2022) apontam os seguintes constituintes relevantes: a Distribuição Regional, Representatividade Ins- titucional, Impacto e Relevância, Tendências e Temáticas.

A Distribuição Regional refere-se ao panorama em que algumas RGB apresentam maior concentração de produções científicas em Didática, enquanto outras regiões têm uma participação menor. Essa distribuição regional reflete as diferentes dinâmicas e prioridades de pesquisa em Educação em todo o país, bem como as regiões de concentração de fomentos e núcleos de pesquisa.

Em relação à representatividade institucional, o estudo indicou que algumas IE têm um papel significativo na produção de dissertações e teses em Didática, destacando-se pelo volume e qualidade das pesquisas realizadas. É o caso da USP, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Essas instituições contribuem de forma expressiva para o avanço do conhecimento no Campo da Educação, porém apresentam a tendência de concentração de pesquisas no Campo da Didática em núcleos específicos e singulares.

No que diz respeito ao impacto e à relevância, a análise indicou que as IE e RGB com maior produção científica em Didática exercem um impacto significativo no desenvolvimento da pesquisa no Brasil. Essas instituições e regiões desempenham um papel fundamental na promoção da excelência acadêmica e na disseminação do conhecimento em Didática, podendo ser compreendidas como arquétipos a serem considerados no desenvolvimento de novos núcleos de pesquisa no Campo da Didática.

No que concerne às tendências e temáticas, a concentração de pesquisas no Campo da Didática em região e IE específica permite identificar tendências de pesquisa e temas recorrentes nas dissertações e teses em Didática, apontando para áreas de interesse e investigação prioritárias no Campo educacional. Essas tendências refletem as demandas e desafios atuais da educação no Brasil e orientam futuras pesquisas e políticas educacionais, reverberando tanto nas demais RGB quanto nas demais IE, em nível público, na esfera federal ou estadual.

Os resultados da análise das IE e RGB nas produções científicas no Campo da Didática apresentam elementos que propiciam o conhecimento e a compreensão da distribuição, representatividade e impacto da pesquisa do próprio Campo na área educacional no país. Esses resultados contribuem para o entendimento mais aprofundado da dinâmica da pesquisa em Didática, subsidiando a formulação de estratégias e iniciativas para fortalecer a produção científica, além de apresentar a influência de certas IE no próprio Campo.

Núcleo 2 de análise: Eixos temáticos das produções em Didática e termos didáticos e correlatos

Eixos temáticos das produções em Didática

A análise das produções científicas em artigos científicos, dissertações e teses no Campo da Didática revela um panorama abrangente e complexo. Os estudos de Libâneo (2013), Hegeto (2014), Fernandes e Leite (2007), Pimenta (2000), Pimenta et al. (2013), André (2008), Urt e Morettini (2004), Oliveira (2011), Marcondes et al. (2011) contribuíram para sistematizar vinte temáticas abordadas pelas produções científicas no Campo da Didática. Somaram-se a elas sete outras temáticas evidenciadas na referida análise. No geral, foram identificados 27 eixos temáticos3 pertencentes ao Campo da Didática, quais sejam: 1) Aula; 2) Projeto político-pedagógico (PPP); 3) Aluno; 4) Aprendizagem; 5) Avaliação; 6) Currículo; 7) Didática; 8) Docência; 9) Educação; 10) Ensino; 11) Escola; 12) Planejamento; 13) Metodologia; 14) Pesquisa; 15) Sala de aula; 16) Tecnologia da informação e comunicação (TIC); 17) Pedagogia; 18) Objetivos; 19) Conteúdos; 20) Relação professor-aluno; 21) Contexto escolar; 22) Componente curricular; 23) Alfabetização; 24) Ensino superior; 25) Epistemologia do Campo científico; 26) Formação acadêmica e profissional; 27) Coordenação pedagógica.

A análise indicou que, dentre os 27 eixos temáticos, nas produções científicas houve predomínio de 10: ensino, docência, educação, Didática, currículo, avaliação, TIC, escola (contexto escolar), pedagogia e aprendizagem. Os eixos temáticos aluno, planejamento, metodologia, pesquisa, sala de aula, objetivos, conteúdos, relação professor-aluno, projeto político pedagógico e aula não foram abordados como temáticas principais nas produções científicas. Dado o número expressivo de eixos temáticos, foram escolhidos para análise os eixos que apresentaram maior número de produções científicas, a saber: Ensino (567 resumos), Docência (413 resumos) e Educação (197 resumos).

Nesse sentido, compreendemos o eixo Educação como categoria de análise, ou seja, as produções que apresentavam, em seu título, resumo ou palavra-chave, a temática Educação na abordagem da pesquisa. Esse eixo se refere não à área educação, mas à categoria temática que aborda elementos referentes à educação. A principal diferença entre educação como área e educação como categoria de análise reside no seu uso e finalidade. Como área, a educação é um Campo de estudo e prática profissional dedicado ao aprimoramento do ensino e aprendizagem. Como categoria de análise, a educação é uma ferramenta analítica usada para investigar e compreender questões sociais, culturais e econômicas.

Ao ser utilizada como categoria de análise, a educação pode ser considerada um objeto de estudo. Nesse contexto, pesquisadores analisam a educação para compreender como ela influencia e é influenciada por uma variedade de fatores sociais, culturais, econômicos e políticos. Ou seja, a educação é uma categoria de análise que está inserida no Campo da Didática, apresenta-se como objeto de estudo, em que se investigam os processos de ensino e aprendizagem em diversos contextos educacionais. Isso inclui a análise de metodologias, estratégias pedagógicas, currículos e práticas de avaliação.

A inferência dessas análises sugere que, enquanto há uma concentração de estudos em torno de temas como ensino e docência, outros aspectos relevantes do Campo da Didática, como a relação professor-aluno e a sala de aula, ainda não recebem a mesma atenção como temas principais. Essa dispersão temática pode ser reflexo da própria natureza interdisciplinar da Didática, segundo a qual diferentes abordagens e contextos educativos influenciam nas escolhas temáticas dos pesquisadores, ou esses temas carecem de ser assuntos de interesse de pesquisas na educação.

A análise também aponta para a necessidade de um esforço maior em incentivar a pesquisa em temas menos abordados, que são igualmente importantes para a compreensão completa do Campo. Para isso, um elemento relevante é a identificação clara e consistente das produções como pertencentes ao Campo da Didática. Termos como “prática de ensino” ou “ensino” devem ser reconhecidos e integrados mais especificamente ao Campo por meio do uso do descritor Didática nas produções científicas, o que evita a dispersão e promove uma visão mais coesa e inclusiva das pesquisas.

A análise das produções científicas no Campo da Didática, por meio da identificação de eixos temáticos e da categorização das pesquisas, revela tanto a profundidade quanto as lacunas existentes no Campo. Abordar essas lacunas e promover uma maior integração dos diversos temas e subtemas é essencial para o avanço e o fortalecimento do Campo da Didática. A Tabela 1, a seguir, apresenta os eixos temáticos encontrados na análise do corpus da pesquisa, considerando-se os três eixos temáticos com maior número de produções científicas, que são: ensino, docência e educação.

Tabela 1 Eixos temáticos nos artigos, dissertações e teses no Campo da Didática 

Eixos temáticos Artigos Dissertações Teses N° de resumos
1. Ensino 190 267 110 567
2. Docência 97 216 100 413
3. Educação 37 105 55 197
Total 324 588 265 1.117

Fonte: Elaboração das autoras, com base em Martin-Franchi (2022).

A Tabela 1 mostra a concentração de produções tanto em relação ao tipo de produção científica quanto ao eixo temático categorizado. Quanto ao total de documentos analisados, 83,4%, ou seja, 1.177 produções científicas, foram categorizados nos três eixos temáticos: Ensino, Docência e Educação. Desse total, 567, ou 48,2%, foram categorizadas no eixo Ensino, 413 ou 35,1% no eixo Docência e 16,7% no eixo Educação. Nas três categorias temáticas, as dissertações foram as produções científicas de maior número.

Esse número indica que as produções científicas nos três eixos são predominantemente dissertações. Ao considerar a relação entre as dissertações e as teses, o número de teses que abordam os três eixos temáticos é 2,2 vezes menor do que o de dissertações. Esse dado indica que as pesquisas no Campo da Didática, nos eixos temáticos Ensino, Docência e Educação na pós-graduação, estão concentradas no mestrado. Considerando as teses como produções científicas, com o dobro do tempo do mestrado, e que requerem um aprofundamento teórico em relação às dissertações, e que nas dissertações prevalecem o tratamento e a análise dos dados como elemento central da pesquisa, podemos concluir que o aprofundamento teórico sobre os eixos temáticos relacionados ao Campo da Didática, diante do tempo escasso, pode ser menos explorado.

Os eixos temáticos no Campo da Didática foram considerados como categorias de análise do corpus da pesquisa. Pela complexidade inerente às produções no Campo da Didática, as categorias de análise apresentaram também subdivisões, refletindo a diversidade de temas abordados pelas produções científicas nesse Campo. Esta característica foi previamente indicada por Pimenta (2000), Pimenta et al. (2013), entre outros, como intrínseca ao objeto de estudo do Campo: o ensino. A complexidade do ensino demanda uma compreensão plural, multirreferencial e multidimensional, e as temáticas e subcategorias revelam a riqueza e a diversidade do Campo por meio de seu objeto de estudo.

Os eixos temáticos foram organizados com base em critérios semânticos, conforme definido por Bardin (2011), como uma estruturação da sequência em torno de um tema principal. Para tanto, apresentamos as subcategorias temáticas dos três eixos temáticos com maior número de produções científicas no Campo da Didática (Tabela 2).

Tabela 2 Eixos temáticos, categorias temáticas e subcategorias temáticas 1 

Eixo temático Categorias temáticas Subcategorias Artigos Dissertações Teses Nº de resumos
Ensino Ensino Ensino de física 70 12 8 90
Ensino de matemática 24 44 18 86
Ensino de história 15 31 22 68
Ensino de língua portuguesa 12 46 4 62
Ensino de ciências 21 21 17 59
Docência Formação inicial - 32 32 23 87
Formação docente - em exercício - 19 28 11 58
Prática docente - 4 38 13 55
Formação continuada - 8 27 7 42
Saber docente - 3 25 8 36
Professor formador - 6 4 9 19
Trabalho docente - 3 10 6 19
Educação História da educação - 3 24 12 39
Educação matemática - 3 16 13 32
EAD - 4 13 4 21
Educação infantil - 3 8 7 18
Total 230 379 182 791

Fonte: Elaboração das autoras, com base em Martin-Franchi (2022).

Ao se analisar a produção científica no Campo da Didática, observa-se que as dissertações predominam na categoria temática “Ensino de”, com 154 resumos, seguidas por 142 resumos de artigos científicos e 69 de teses. Esse padrão se aproxima de estudos integrativos anteriores, como os de Pimenta (2000), Marcondes et al. (2011) e Fernandes e Leite (2007), que também identificaram o “Ensino de Ciências” como uma categoria significativa. Marcondes et al. (2011) destacaram subcategorias como “ensino de ciências”, “física” e “matemática”, enfatizando a importância da experiên- cia do aluno e a relação professor-aluno no processo de ensino-aprendizagem. Fernandes e Leite (2007) abordaram o ensino de disciplinas específicas, mas sem categorizações temáticas detalhadas.

O estudo de André (2014) reforça que o ensino é um elemento central nas práticas pedagógicas, frequentemente abordado em pesquisas relacionadas ao ensino de disciplinas específicas, alinhado com o objeto de estudo da Didática. Assim, a subcategoria “ensino de” é recorrente nas pesquisas, especialmente em eventos relevantes da área.

Além disso, os dados mostram que o ensino é explorado em diversos contextos e componentes curriculares, como física e matemática, o que demonstra a amplitude do Campo da Didática. Esse aspecto é relevante para a definição do Campo da Didática, que, embora inclua a Didática como componente central, também engloba outras áreas do conhecimento que analisam o ensino em diferentes situações.

A análise das produções científicas no Campo da Didática revela uma diversidade temática que abrange não apenas a Didática, mas também outras disciplinas, reforçando o ensino como eixo norteador do Campo. Isso reflete a complexidade, multirreferencialidade e multidimensionalidade do Campo da Didática, o que evidencia a necessidade de políticas públicas que fortaleçam e apoiem a pesquisa em todas as regiões e áreas do conhecimento.

Essa análise comparativa entre os eixos temáticos permite uma compreensão mais ampla e detalhada das temáticas predominantes no Campo da Didática. Ao identificar os temas dominantes e suas subdivisões, pode-se observar a complexidade e a abrangência das pesquisas no Campo, bem como áreas que necessitam de maior atenção e desenvolvimento. A diversidade temática reflete a natureza interdisciplinar e multifacetada do Campo da Didática, onde a variedade de abordagens e contextos educativos influencia significativamente as escolhas temáticas dos pesquisadores.

As produções científicas no Campo da Didática frequentemente abordam a temática da docência, enfocando a formação docente inicial (em cursos de licenciatura), a formação em exercício (autoDidática), a formação continuada (por programas institucionais) e a formação pelo professor formador, que impacta a formação inicial. Pimenta (2005) destaca que a formação inicial é fundamental para o desenvolvimento de conhecimentos e habilidades necessários à prática docente, abordando desafios e necessidades do ensino como prática social. A ação docente é complexa, exigindo saberes específicos para pesquisa, ensino e extensão (Zabalza, 2004), bem como uma compreensão cultural, política e pedagógica dos objetos de ensino e dos sujeitos envolvidos (Almeida, 2012).

A importância da docência no Campo da Didática é evidente, considerando-se as diretrizes conceituais do Campo (pedagogia, componente curricular e trabalho docente) e o ensino como eixo norteador. Estudos de Pimenta (2000), André (2014) e Fernandes e Leite (2007) indi- cam a formação docente e os saberes didáticos como temas recorrentes nas produções no Campo da Didática. No entanto, é crucial manter a especificidade da Didática, diferenciando-a do Campo da formação de professores

Libâneo (2013) define o trabalho docente como uma ação pedagógica sobre a qual a Didática se debruça, tanto como Campo quanto como componente curricular. Os processos didáticos embasam o ensino e a aprendizagem na prática docente, revelando a interdependência entre formação docente e saberes didáticos. A análise mostra que, embora a formação docente seja um tema central, a Didática deve ser compreendida em seu próprio contexto, que possui temáticas relacionadas à formação de professores, porém não aborda o objeto de estudo do Campo de formação de professores. Assim, a temática docência é essencial no Campo da Didática, exigindo pesquisas orientadas na convergência entre ensino, saberes didáticos e prática docente.

A análise da educação no âmbito da Didática revela que, apesar de ser um tema presente, é frequentemente abordada de maneira indireta, principalmente em relação às práticas pedagógicas e às teorias educacionais. Libâneo (2013) define a educação como um fenômeno e processo social, destacando sua importância para além do ambiente escolar, como uma prática essencial para a formação humana e social.

A Didática, como ramo da pedagogia, relaciona-se intrinsecamente com a educação, pois ambas visam a compreender o ensino como prática social. A educação é vista tanto como uma exigência da vida em sociedade quanto como um processo que oferece aos indivíduos os meios necessários para a participação social. Libâneo (2013) explica que a educação, em sentido amplo, abrange todos os processos formativos no meio social, enquanto, em sentido estrito, refere-se à instrução e ao ensino em instituições específicas.

Os objetivos educacionais se concretizam por meio do ensino, que é um meio e um elemento da educação. A pedagogia, portanto, reflete sobre a ação educativa e orienta o processo pedagógico para o desenvolvimento das finalidades sociais específicas. O trabalho docente, enquanto modalidade do trabalho pedagógico, efetiva a tarefa de ensinar, que é o objeto central da Didática.

A Didática investiga os fundamentos, condições e modos de realização da instrução e do ensino, ligados à teoria da educação e outras áreas relacionadas. A análise das produções científicas confirma a diversidade temática e a relevância de compreender o ensino como uma prática social integralmente conectada à formação educacional e humana.

Termos didáticos e correlatos

No estudo de Martin-Franchi (2022), foram analisados os termos didáticos e correlatos identificados nos títulos, palavras-chave e resumos de artigos, dissertações e teses, bem como a discussão sobre sua relevância e relação com o Campo da Didática. A análise indica os termos mais expressivos no corpus da pesquisa, elucidando sua importância para a Didática.

O termo “Didática” é central para definir o Campo da Didática, sendo um componente curricular essencial nos cursos de graduação. Além disso, o termo também é utilizado como adjetivo, denotando qualidade positiva associada à ação de ensinar. Por exemplo, ao afirmar que um professor tem Didática, indica-se que ele possui as qualidades necessárias para ensinar de ma- neira satisfatória.

Em Martin-Franchi (2022), compreende-se que há duas interpretações sobre o uso do termo “Didática” e seus correlatos, como “didático”, “livro didático” e “material didático”. A primeira proposição sugere que, ao definir tanto o Campo quanto o componente curricular, o termo deve ser escrito com a inicial maiúscula, caracterizando-o como um nome próprio. A segunda proposição entende que, quando usado como adjetivo, o termo está geralmente associado a outro substantivo, indicando uma qualidade específica. Por exemplo, “coleção Didática” refere-se a um conjunto de livros com objetivos didáticos, organizados de maneira a facilitar o ensino e a aprendizagem. “Prática Didática” designa uma prática específica relacionada ao ensino, enquanto “se- quência Didática” assinala uma sequência organizada de objetivos e conteúdos destinada a facilitar a compreensão de um determinado conhecimento.

Os termos didáticos, quando utilizados como adjetivos, relacionam-se indiretamente ao ensino, como em “propostas Didáticas”, “estratégias Didáticas” e “recursos didáticos”. De acordo com Gatti (2011), o nítido entendimento dos termos e seu uso adequado ajudam a elucidar a área a que pertencem, tornando seus significados mais precisos e evidentes. Assim, a definição compreensível de termos contribui para a consolidação e autoafirmação do Campo da Didática, tanto em relação ao seu objeto de estudo quanto aos temas abordados.

A explicitação dos sentidos dos termos é essencial, pois, ao considerar os termos, esses significam os conceitos e os conceitos significam a si mesmos (Santos, 1966). Em outras palavras, os termos utilizados no corpus da pesquisa são específicos do Campo da Didática e possuem significados próprios e distintos. Por exemplo, “transposição Didática” é um termo com singularidade epistêmica; além de ser amplamente discutido nas obras de Chevallard e Johsua (1982), Chevallard (1991) e Almeida (2014), é um termo presente nas produções analisadas no Campo da Didática.

Santos (1966) classifica os termos em relação à forma e à definição. Os termos podem ser simples, simples-compostos ou complexo-compostos e podem ser restritos ou unívocos quanto à definição. Um termo restrito possui um significado específico e limitado, enquanto um termo unívoco tem um único conceito associado.

A análise revelou que muitos termos identificados nos títulos, palavras-chave e resumos das produções científicas são unívocos, pois indicam um único conceito. Por exemplo, “Didática”, neste estudo, é considerado um termo unívoco, representando e identificando o Campo da Didática, utilizado para coletar o corpus de pesquisa.

Os termos didáticos e correlatos foram identificados e analisados a partir de 1.411 resumos de artigos científicos, dissertações e teses. O levantamento indicou 466 termos, citados 2.433 vezes, com uma média de 1,7 termo por resumo. Termos como “sequência Didática”, “Didática”, “livro didático” e “transposição Didática” apresentaram alta frequência de citações.

Considerações finais

O Campo da Didática, com sua complexidade e multidimensionalidade, exige uma análise crítica e abrangente para se compreender plenamente o processo de ensino e aprendizagem. As pesquisas integrativas e temáticas são fundamentais para mapear as tendências e identificar lacunas, contribuindo para o avanço contínuo do Campo. Assim, a Didática se consolida como um Campo epistêmico essencial para o desenvolvimento da educação e a formação de professores.

No presente estudo, baseado em Martin-Franchi (2022), buscou-se apresentar um panorama abrangente das pesquisas no Campo da Didática, utilizando o descritor “Didática” para coletar e analisar um corpus de 1.411 resumos de artigos científicos, dissertações de mestrado e teses de doutorado. A escolha desse descritor foi motivada pela necessidade de compreender e caracterizar o Campo da Didática a partir de um termo que o define diretamente.

Os dados indicaram que grande parte da produção científica no formato de artigos foi publicada em periódicos de excelência, embora com predominância em áreas específicas como física, matemática e ciências, com pouca expressividade na educação ou Didática. A análise das dissertações e teses revelou uma prevalência de pesquisas na região Sudeste e um discreto crescimento em outras regiões, destacando-se a necessidade de políticas públicas que incentivem a pesquisa em IE federais em regiões menos representadas.

Em termos de eixos temáticos, a análise identificou uma concentração significativa em três grandes áreas: ensino, docência e educação. O ensino foi o tema mais abordado, com um foco considerável no “ensino de” relacionado às disciplinas específicas nos cursos de licenciatura. A docência, embora relacionada à formação de professores, também emergiu como um eixo importante, refletindo questões relativas ao trabalho docente dentro do Campo da Didática. Em relação à categoria educação, essa é reconhecida como um tema relevante nas produções científicas, embora frequentemente seja abordada de maneira indireta, especialmente em relação às práticas pedagógicas e teorias educacionais. A diversidade de termos didáticos usados nos resumos indicou a riqueza linguística do Campo. Termos como “sequência didática”, “Didática”, “livro didático” e “transposição Didática” foram os mais citados, sugerindo uma linguagem própria e bem definida dentro do Campo. Esses termos não apenas caracterizam o Campo, mas também indicam as principais áreas de interesse e pesquisa.

A análise dos dados apontou para a multirreferencialidade do objeto de estudo da Didática, que é inerentemente complexo e multidimensional. Essa complexidade reflete-se nas produções científicas, que abordam uma variedade de temas e metodologias, contribuindo para um entendimento mais abrangente do Campo. Apesar de algumas limitações, como a escolha de um único descritor para a coleta dos dados, que pode ter excluído estudos relevantes, a pesquisa oferece uma visão detalhada do Campo da Didática. Evidencia a importância de estudos que explorem não apenas as produções apresentadas em eventos científicos, mas também aquelas desenvolvidas em nível de mestrado e doutorado.

O termo “Didática” consiste em um eixo central que caracteriza e define o Campo da Didática, e seu uso consistente nas pesquisas é essencial para a visibilidade e consolidação do Campo. As produções científicas analisadas não só delineiam as principais áreas de interesse, mas também indicam caminhos futuros para a pesquisa, reforçando a importância de políticas que apoiem a diversidade e expansão das investigações no Campo da Didática.

Agradecimentos

Agradecemos à Capes pelo apoio financeiro concedido por meio da bolsa de estudos durante o doutorado da primeira autora, essencial para a realização desta pesquisa. Nosso sincero reconhecimento ao Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) da UFSC.

Referências

Almeida, G. P. (2014). Transposição didática: Por onde começar? (2ª ed.). Cortez. [ Links ]

Almeida, M. I. (2012). Formação do professor do ensino superior: Desafios e políticas institucionais. Cortez. [ Links ]

André, M. (2008). Tendências da pesquisa e do conhecimento didático no início dos anos 2000. In E. Eggert et al., Trajetórias e processos de ensinar e aprender: Didática e formação de professores (pp. 487-499). EDIPUCRS. [ Links ]

Aquino, O. F., Borges, M. C., Vieira, V. M. de O., & Resende, M. R. (2017). Estado da pesquisa e da produção didática em programas de pós-graduação na religião Sul. In A. M. Longarezi, & R. V. Puentes (Orgs.), A didática no âmbito da pós-graduação brasileira (pp. 167-192). Edufu. [ Links ]

Bardin, L. (2011). Análise de conteúdo. Edições 70. [ Links ]

Bourdieu, P. (1983). O campo científico. In R. Ortiz (Org.), Coleção Grandes Cientistas Sociais, n. 39. Ática. [ Links ]

Bourdieu, P. (1990). Coisas ditas. Brasiliense. [ Links ]

Candau, V. M. (Org.). (2000). Reinventar a escola. Vozes. [ Links ]

Candau, V. M. (Org.). (2005). Cultura(s) e educação: Entre o crítico e o pós-crítico. DP&A. [ Links ]

Candau, V. M. (Org.). (2008). Rumo à nova didática (18ª ed.). Vozes. [ Links ]

Candau, V. M. (Org.). (2012). Didática crítica intercultural: Aproximações (36ª ed.). Vozes. [ Links ]

Candau, V. M. (Org.). (2014). A didática em questão (36ª ed.). Vozes. [ Links ]

Candau, V. M. (Org.). (2018). Didática: Tecendo/reinventando saberes e práticas. 7 Letras [ Links ]

Candau, V. M. (2020). Didática, interculturalidade e formação de professores: Desafios atuais. Revista Cocar, (8), 28-44. https://periodicos.uepa.br/index.php/cocar/article/view/3045Links ]

Candau, V. M., & Koff, A. M. N. S. A. (2015). Didática hoje: Reinventando caminhos. Educação & Realidade, 40(2), 329-348. https://doi.org/10.1590/2175-623646058Links ]

Cellard, A. A. (2008). Análise documental. In J. Poupart et al., A pesquisa qualitativa: Enfoques epistemológicos e metodológicos (pp. 295-315, A. C. Nasser, Trad.). Vozes. [ Links ]

Chevallard, Y. (1991). La transpostion didactique: Du savoir savant au savoir enseigné. La Pensée Sauvage. [ Links ]

Chevallard, Y., & Johsua, M.-A. (1982). Um exemplo de análise da transposição didática: A noção de distância (Vol. 3.1). La Pensée Sauvage. [ Links ]

Fernandes, C. M. B., & Leite, Y. U. (2007). 30 anos de estudos didáticos: Recorrências, mudança, riquezas e problemas. Documento do Grupo de Trabalho Didática, ANPEd. https://anped.org.br/biblioteca/30-anos-de-estudos-didaticos-recorrencias-mudancas-riquezas-e-problemas/Links ]

Ferreira, N. S. de A. (2002). As pesquisas denominadas “estado da arte”. Educação & Sociedade, 23(79), 257-272. https://doi.org/10.1590/S0101-73302002000300013Links ]

Gatti, B. A. (2011). Reflexões sobre questões metodológicas e práticas em pesquisa em educação. Filosofia e Educação. Revista Digital do Paideia, 2(2). https://doi.org/10.20396/rfe.v2i2.8635491Links ]

Hegeto, L. de C. F. (2014). A Didática como disciplina escolar: Estudo a partir dos manuais de Didática Geral [Tese de doutorado em Educação, Universidade Federal do Paraná]. Repositório Digital Institucional da UFPR. https://acervodigital.ufpr.br/handle/1884/36997Links ]

Libâneo, J. C. (2002). Didática: Velhos e novos temas. Edição do Autor. [ Links ]

Libâneo, J. C. (2008). Didática (28ª Reimp). Cortez. [ Links ]

Libâneo, J. C. (2012). Didática: Objeto de estudo, conceitos fundantes e derivações para o campo investigativo e profissional. In Anais do 16. Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - Endipe. Unicamp - Campinas. Junqueira & Marin, Livro 3. [ Links ]

Libâneo, J. C. (2013). Didática (2ª ed.). Cortez. [ Links ]

Libâneo, J. C. (2014). O campo teórico e profissional da didática hoje: Entre a Ítara e o canto das sereias. In M. A. S. Franco, & S. G. Pimenta (Orgs.), Didática: Embates contemporâneos (3ª ed., pp. 43-74). Loyola. [ Links ]

Libâneo, J. C. (2015). Antinomias da formação de professores e a busca de integração entre o conhecimento pedagógico-didático e o conhecimento disciplinar. In A. J. Marin, & S. G. Pimenta (Orgs.), Didática: Teoria e pesquisa (pp. 39-65). Junqueira & Marin. [ Links ]

Libâneo, J. C., & Freitas, R. A. M. da M. (2017). Pesquisas e produção acadêmica em didática em programas de pós-graduação na região Nordeste. In A. M. Longarezi, & R. V. Puentes (Orgs.), A didática no âmbito da pós-graduação brasileira (Cap. 1, pp. 19-54). Edufu. [ Links ]

Longarezi, A. M., & Puentes, R. V. (Orgs.). (2011). Panorama da didática: Ensino, prática e pesquisa. Papirus. [ Links ]

Longarezi, A. M., & Puentes, R. V. (2017). A produção sobre didática no contexto da pós-graduação em Educação da região Centro-Oeste. In A. M. Longarezi, & R. V. Puentes (Orgs.), A didática no âmbito da pós-graduação brasileira (Cap. 3, pp. 86-116). Edufu. [ Links ]

Marcondes, M. I., Leite, M. S., & Leite, V. F. (2011). A pesquisa contemporânea em didática: Contribuições para a prática pedagógica. Educação em Revista, 27(3), 305-334. https://doi.org/10.1590/S0102-46982011000300015Links ]

Martin-Franchi, G. O. de O. (2022). O estado da arte do Campo da Didática no Brasil: O que dizem as produções científicas no período de 2008 a 2018? [Tese de doutorado, Universidade Federal de Santa Catarina]. Repositório Institucional da UFSC. https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/241099Links ]

Oliveira, M. R. N. S. (2011). A pesquisa em didática no Brasil: Da tecnologia do ensino à teoria pedagógica. In S. G. Pimenta (Org.), Didática e formação de professores: Percursos e perspectivas no Brasil e Portugal (pp. 149-177, 6ª ed.). Cortez. [ Links ]

Pimenta, L. B. M. (2012). Pesquisa e produção didática: os casos dos programas de pós-graduação em educação da UFSM, da UFSC e da UTP [Dissertação de mestrado em Educação]. Universidade de Uberaba, MG. [ Links ]

Pimenta, S. G. (1996). Educação, pedagogia e didática. In S. G. Pimenta (Org.), Pedagogia, ciência da educação? Cortez. [ Links ]

Pimenta, S. G. (2000). A pesquisa em didática - 1996 a 1999. In A. M. M. Silva et al., Didática, currículos e saberes escolares (pp. 78-106). DP&A. [ Links ]

Pimenta, S. G. (2005). Formação de professores: identidade e saberes da docência. In S. G. Pimenta (Org.), Saberes pedagógicos e atividade docente (4ª ed.). Cortez. [ Links ]

Pimenta, S. G. (2010). Epistemologia da prática ressignificando a didática. In M. A. S. Franco (Org.), Didática: Embates contemporâneos (pp. 15-41). Loyola. [ Links ]

Pimenta, S. G. (Org.). (2011). Didática e formação de professores: Percursos e perspectivas no Brasil e em Portugal. Cortez. [ Links ]

Pimenta, S. G. (2014). Epistemologia da prática: Ressignificando a didática. In M. A. S. Franco, & S. G. Pimenta (Orgs.), Didática: Embates contemporâneos (3ª ed., pp. 15-42). Loyola. [ Links ]

Pimenta, S. G. (2018). O protagonismo da didática nos cursos de licenciatura: A didática como campo disciplinar. In A. J. Marin, & S. G. Pimenta (Orgs.), Didática: Teoria e pesquisa (2ª ed., pp. 81-97). Junqueira & Marin. [ Links ]

Pimenta, S. G. et al. (2013). A construção da didática no GT didática: análise de seus referenciais. Revista Brasileira de Educação, ANPEd, 18(52), 142-162. https://doi.org/10.1590/S1413-24782013000100009Links ]

Prada, L. E. V., & Silva, J. R. da. (2017). A didática no âmbito investigativo nos programas de pós-graduação em educação na Região Norte. In A. M. Longarezi, & R. V. Puentes (Orgs.), A didática no âmbito da pós-graduação brasileira (pp. 55-85.). Edufu. [ Links ]

Puentes, R. V., & Longarezi, A. M. (2011). Didática na pós-graduação: Pesquisas e produções. Linhas Críticas, 17(34), 583-608. https://doi.org/10.26512/lc.v17i34.3831Links ]

Santos, M. F. (1966). Dicionário de filosofia e ciências culturais (4ª ed.). Matese. [ Links ]

Severino, A. J. S. (2007). Metodologia do trabalho científico (23ª ed.). Cortez. [ Links ]

Soares, M. (2000). 20 anos de Endipe: Uma tentativa de compreensão do campo. In A. M. M. Silva et al., Didática, currículo e saberes escolares (pp. 177-197). DP&A. [ Links ]

Urt, S. da C., & Morettini, M. T. (2004). Análise da produção da didática: temáticas e formas de apropriação das ideias psicológicas. In Anais do 12. Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - Endipe (pp. 3324-3336). PUC-PR. [ Links ]

Zabalza, M. A. (2004). O ensino universitário: Seu cenário e seus protagonistas. Artmed. [ Links ]

data-in-article

Disponibilidade de dadosOs dados subjacentes ao texto da pesquisa estão informados no artigo.

1Por definição teórico-metodológica em Martin-Franchi (2022), o termo Didática neste artigo é grafado com letra maiúscula, pois designa o Campo da Didática, e grafada com letra minúscula quando indica adjetivação de termos.

Como citar este artigo Martin-Franchi, G., & Hobold, M. de S. (2024). O estado da arte do Campo da Didática no Brasil: As produções científicas no período de 2008 a 2018. Cadernos de Pesquisa, 54, Artigo e11342. https://doi.org/10.1590/1980531411342

2A pesquisa foi desenvolvida anteriormente à nova adequação do Qualis Periódicos, no período de 2017-2020.

3Os eixos temáticos foram grafados com letra minúscula com base nos aspectos teóricos-metodológicos do estudo de origem (Martin-Franchi, 2022).

Recebido: 30 de Julho de 2024; Aceito: 18 de Outubro de 2024

Creative Commons License Este é um artigo publicado em acesso aberto sob uma licença Creative Commons