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Revista Educação em Questão

Print version ISSN 0102-7735On-line version ISSN 1981-1802

Rev. Educ. Questão vol.60 no.63 Natal Jan./Mar 2022  Epub Feb 22, 2023

https://doi.org/10.21680/1981-1802.2022v60n63id27188 

Artigo

Representações sociais sobre o futuro de jovens periféricos e suas contribuições às práticas socioeducativas

Social representations about the future of peripheral young people and their contributions to socio-educational practices

Las representaciones sociales sobre el futuro de los jóvenes periféricos y sus aportaciones a las prácticas socioeducativas

Natanael Reis Bomfim1 
http://orcid.org/0000-0002-5122-9820

Walter Von Czékus Garrido1 
http://orcid.org/0000-0003-0307-6708

1Universidade do Estado da Bahia (Brasil)


Resumo

Este estudo de abordagem qualitativa foi realizado no contexto do Subúrbio Ferroviário de Salvador/Bahia. O objetivo foi analisar como as representações sociais sobre o futuro de jovens periféricos contribuem com imagens que podem reforçar práticas socioeducativas. Apoiados nas ideias de Moscovici (1978) e Jodelet (2001), entendemos que os sujeitos constroem representações sociais das quais emergem imagens cognitivas traduzidas em constructos sociossimbólicos e afetivos, que devem ser valorizados como pensamentos sociais de práticas socioeducativas exercidas nos seus espaços de convivência. Utilizamos a entrevista semiestruturada e o protocolo AT-9 com os três jovens do Centro Cultural de Plataforma, e analisamos os dados pelos preceitos do Modelo da Estratégia Argumentativa. Os resultados revelaram imagens de possibilidades e expectativas de futuro em que a consciência da realidade social se faz presente nas práticas socioeducativas.

Palavras-chave: Representações sociais; Jovens periféricos; Práticas socioeducativas

Abstract

This qualitative approach study was carried out in the context of the Subúrbio Ferroviário (railway suburb) of Salvador/Bahia. The objective was to analyze how social representations about the future of young people from the periphery contribute with images that can reinforce socio-educational practices. Supported by the ideas of Moscovici (1978) and Jodelet (2001, we understand that individuals construct social representations from which cognitive images emerge translated into socio-symbolic and affective constructs, which should be valued as social thoughts of socio-educational practices exercised in their living spaces. We used the semi-structured interviews and the AT-9 protocol with the three young people from the Platform Cultural Center, and we analyzed the data according to the precepts of the Argumentative Strategy Model. The results revealed images of possibilities and expectations for the future in which the awareness of social reality is present in socio-educational practices.

Keywords: Social representations; Peripheral youth; Socio-educational practices

Resumen

Este estudio de enfoque cualitativo se realizó en el contexto del Barrio Ferroviario de Salvador/ Bahia. El objetivo fue analizar cómo las representaciones sociales sobre el futuro de los jóvenes de la periferia aportan imágenes que pueden reforzar las prácticas socioeducativas. Apoyados en las ideas de Moscovici (1978) y Jodelet (2001) entendemos que los sujetos construyen representaciones sociales de las que surgen imágenes cognitivas traducidas en construcciones sociosimbólicas y afectivas, que deben ser valoradas como pensamientos sociales de las prácticas socioeducativas ejercidas en sus espacios de convivencia. Se utilizó la entrevista semiestructurada y el protocolo AT-9 con los tres jóvenes del Centro Cultural Plataforma, y analizamos los datos según los preceptos del Modelo de Estrategia Argumentativa. Los resultados revelaron imágenes de posibilidades y expectativas de futuro, en las que la conciencia de la realidad social está presente en las prácticas socioeducativas.

Palabras clave: Representaciones sociales; Juventud periférica; Prácticas socioeducativas

Introdução

Este estudo, originado da tese de doutorado: Representações sociais sobre futuro de: tessituras do imaginário e práticas socioeducativas cotidianas, teve como objetivo analisar como as representações sociais de jovens do Subúrbio Ferroviário de Salvador/Bahia, sobre o futuro, contribuem com imagens que possam reforçar práticas socioeducativas.

Essa temática incide sobre os debates social e científico que contemplam fenômenos da educação, juventudes e políticas públicas. Por isso, os estudos brasileiros se inserem em três eixos: o primeiro que contribui para um conhecimento sociológico sobre o conceito de “juventudes” no sentido de estruturação de políticas públicas (PAIS, 2001; CASTRO 2009; CASTRO E ABRAMOVAY, 2003); o segundo nos permite refletir sobre a problemática dos jovens e sua imagem na sociedade como problema social e fase de risco (ABRAMO, 2007; NOVAES, 2003); e, finalmente, o terceiro nos leva a entender sobre o protagonismo das juventudes nos espaços vividos e um novo olhar sobre a imagem do jovem, ou seja, como sujeito social (SPOSITO, 2008; DAYRELL, 2003).

Pelo exposto, o nosso estudo se insere no terceiro eixo quando enfatiza o conceito de futuro, não como tempo do devir, pois este consiste na impossibilidade de um tempo ainda não vivido, mas sim como idealização sobre o devir; aquele que pauta a esperança na realização de desejos. Logo, pensar o “futuro” como objeto socialmente representado, implica em desvelar imagens cognitivas, construídas por jovens periféricos, capazes de reforçar suas práticas socioeducativas nos coletivos de pertencimento.

Para tal, uma breve discussão sobre jovens periféricos e práticas socioeducativas se faz necessário. Segundo D’Andréa (2020, p. 26), há uma “consciência periférica” que emerge de uma percepção do sujeito no seu espaço vivido. Significa dizer que, mesmo quando um jovem não se reconheça como “periférico”, seus laços de pertencimento estão de algum modo, atrelados a essas porções territoriais identitárias, e desta forma, identificados como jovens periféricos. Nesse sentido, eles são alvos da discriminação, pelo modo como se comportam, vestem, falam e/ou formam seus grupos.

Portanto, se por um lado, as reportagens midiáticas apresentam esses jovens como sujeitos perigosos ou mentores de crimes (ABRAMO, 2007; NOVAES, 2003). Por outro, segundo Pimentel, Bomfim e Santana (2021, p. 48), eles se organizam se estruturam e se articulam “[...] em redes sociais para promoção de suas práticas socioeducativas em espaços educativos não formais considerados espaços sociais”.

Sobre as práticas socioeducativas, esses autores as traduzem em três dimensões: socioafetiva − diferentes linguagens que são disseminadas pela música, literatura, arte, dança, geralmente, delineadas como marginais , pela maioria, por configurar-se como realidade periférica com pouca visibilidade na sociedade; funcional − quando essas práticas fornecem informações significativas para a compreensão dos valores construídos pelos jovens, por meio das representações sociais, que se dão no contexto da família, da escola, dentre outros espaços de formação. Finalmente, a atitudinal – consideradas como atos de investimentos desses jovens, traduzidas como experiências formativas em arte e educação capazes de contribuir para a quebra de estigmas, com o fortalecimento de redes colaborativas e identitárias.

Deste modo, por meio da Teoria e Método das Representações Sociais (MOSCOVICI, 1978; JODELET, 2001), buscamos valorizar o pensamento social dos jovens e suas práticas exercidas nos seus espaços sociais vividos (LEFEVBRE, 2008). Em síntese, é considerar as representações construídas, a partir de suas experiências, como importantes para o processo formativo a partir de atos educativos. Essas representações, teoricamente, são consideradas como imagens cognitivas, constructos que emergem enquanto elementos sociossimbólicos e afetivos que implicam nas práticas socioeducativas.

Revisão de literatura e formulação do problema de pesquisa

Em busca do aprofundamento dessa problemática, recorremos ao banco de dados do Google Acadêmico, para a realização da pesquisa bibliográfica, com as seguintes categorias de análise: “representações sociais”, “jovens periféricos”, “prática socioeducativas” e “espaços educativos”. O planejamento de busca seguiu as seguintes etapas e filtros: 1) artigos período de 2013 a 2020; 2) grande área de conhecimento em Ciências Humanas; 3) área de conhecimento em Educação. Assim, evidenciamos três trabalhos.

Martins (2017) investigou as experiências, relações sociais e seus significados, entre jovens que atuavam em uma ocupação urbana na cidade de Belo Horizonte e constatou, entre outros aspectos, que a militância na ocupação por meio da Frente de Juventude, constituía-se em um espaço socializador e com grande potencial formativo. Pinheiro (2020), pelas narrativas e observação de práticas culturais produzidas pelos/pelas jovens de bairros periféricos de Porto Alegre, e verificou que programas de integralização da educação, inicialmente experienciados como suportes, são convertidos em campo de ação mediante agenciamentos operados pelos/pelas jovens. E, nos coletivos investigados por Santana (2020), sobre o mapeamento dos coletivos de jovens no Subúrbio Ferroviário de Salvador/Bahia, os resultados apontam para uma teia de conexões/relações sociais intra e inter coletivos e com vários projetos socioeducativos desenvolvidos por esses sujeitos.

Para aprofundar a nossa revisão de literatura, buscamos o trabalho de Sposito, Almeida, Corrochano (2020) que analisaram textos elaborados entre 2006 e 2018, sobre jovens como atores coletivos e suas ações na esfera público-política. Assim, verificam as tendências da pesquisa que apontaram para as modalidades de prática, em três eixos: aquelas derivadas da condição estudantil; as que incidem sobre as culturas juvenis; e os movimentos de ação direta, ao lado dos associativismos de base territorial e de mobilizações a partir das identidades.

Concluimos que a maioria dos estudos, analisa e discute sobre as juventudes e suas práticas culturais, como fortalecimento de identidades ou agenciamento de políticas públicas. Mas, são raros, aqueles que articulam, de forma interdisciplinar, as representações sociais de jovens com suas práticas sociais: culturais ou educativas. Portanto, uma questão foi formulada: Como as representações sociais de jovens periféricos, sobre futuro, contribuem com imagens que possam reforçar práticas socioeducativas?

Realidade social de jovens no Subúrbio Ferroviário de Salvador/Bahia

Particularmente, na Cidade de Salvador/Bahia, o Subúrbio Ferroviário de Salvador se caracteriza, por dezoito quilômetros de praias da Baía de Todos-os-Santos que margeiam os 15 bairros (dentre eles, três ilhas). Figura 1.

Fonte: Ramos, Guimarães, Redivo e Carvalho Júnior. X Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada, 10; 2013. Adaptado. Disponível em: http://www.cibergeo.org/XSBGFA/eixo3/3.4/198/198.htm

Figura 1 Mapa de localização do Subúrbio Ferroviário de Salvador/Bahia 

Breve, o Índice de Desenvolvimento Humano de Salvador, com 0,759 e ocupando a 383º posição, nos parece que a cidade possui uma relativa estabilidade com bons avanços. Entretanto nas periferias urbanas é possível verificar indicadores que reduzem a qualidade de vida dessa população. Por exemplo, Nova Constituinte tem 94,78% de Aglomerados Subnormais, ou seja, áreas estreitas, construções precárias, terrenos irregulares, urbanização fora dos padrões legais etc. Esses dados revelam discrepâncias sociais que sinalizam para as mazelas vividas nesses territórios em que a exploração e exclusão fazem parte do cotidiano dos seus residentes.

O Relatório Final Juventude e Políticas Públicas em Salvador – Bahia (UNFPA, 2013) chama a atenção sobre os/as jovens que aí residem, pois considera que estes se encontram em situações de vulnerabilidades para além da precariedade de infraestrutura e dificuldade de acesso a bens e serviços públicos.

A população do Subúrbio Ferroviário de Salvador corresponde a aproximadamente 10% dos quase três milhões de habitantes na capital baiana. Segundo as autoridades de segurança pública, esses moradores convivem com os mais altos índices de violência e os maiores índices ocorrem nos bairros mais populosos é Paripe (55 mil), seguido de Periperi (47 mil) e Plataforma (34 mil). As localidades menos populosas na região são as ilhas dos Frades (733), de Bom Jesus dos Passos (1.465) e de Maré (4.236) - IBGE (2010).

Neste contexto é possível constatar trabalhos de jovens, na medida em que assumem papeis, no estabelecimento das relações de materialização de saberes e práticas socioeducativas (SANTOS 2017).

Trilha metodológica do estudo

O estudo de abordagem qualitativa se insere no campo da Educação em Periferia Urbana, onde optamos pelos métodos e técnicas qualitativas de apreensão de representações sociais sobre “futuro”.

a) Locus da Pesquisa

A pesquisa foi realizada no Bairro de Plataforma, pois segundo Santana (2020), aí se localiza o Centro Cultural de Plataforma que abriga a maioria dos coletivos de todo o subúrbio, em torno de 266 jovens que desenvolvem atividades de mídias, de linguagens e de culturas que representam a força de expressão da comunidade e o patrimônio cultural das periferias (SANTANA, 2020).

b) Constituição e características dos participantes

Buscamos aqueles informantes em potencial que aceitaram participar espontaneamente do estudo. Jovens que atenderam as seguintes exigências: integrante dos coletivos (líder e/ou representante); maiores de 18 anos e aceitaram as condições estabelecidas no Termo de Consentimento Livre Esclarecido. Em função da pandemia do COVID-19, utilizamos a técnica denominada de “bola de neve” (VINUTO, 2015), com entrevista via watsapp. Assim, limitamos a amostra pelos informantes em potencial, aos três membros representativos dos coletivos no Centro Cultural de Plataforma.

c) Dispositivos de colheita de informações e seus métodos e técnicas de análise

Na primeira etapa da investigação, via celular/watsapp, fizemos uso da entrevista semidirigida individual. Em seguida como dispositivo complementar, aplicamos o AT-9, via e-mail, com protocolo em quatro partes: o desenho com a narrativa do mesmo; O questionário sobre o desenho, com a análise dos nove elementos. Finalmente, o quadro-síntese, destacando o que cada imagem representa com suas funções e os simbolismos atribuídos.

Os discursos dos dispositivos foram analisados e interpretados pelos preceitos do Modelo da Estratégia Argumentativa (CASTRO E FRANT, 2011): argumentação como ponto de partida das escolhas do informante; acordo entre os interlocutores pela adaptação do seu discurso; nesse acordo o informante sustenta seu ponto de vista.

Representações sociais sobre futuro de jovens periféricos e orientação de práticas socioeducativas

Segue a análise e interpretação das entrevistas semiestruturadas que emergiram das falas dos jovens periféricos sobre o futuro.

a) Definição sobre futuro

Quando perguntamos, para você, o que é futuro? As respostas, por unanimidade, apontaram para uma concepção de “presente” nas dimensões do planejamento e do processo nas relações. Nessas falas, as palavras “objetivo”, “foco”, “construção”, “realidade” e “idealidade” aparecem de forma relevante nas sentenças. Os verbatins são ilustrativos:

É você criar hoje as condições para que o amanhã ele seja possível [...] é o que é que a gente quer para amanhã, o que a gente pensa hoje que a gente imagina que seja o amanhã... para mim seria isso o futuro (PEDRO, 2021).

[...]

É objetivo. Pra mim [...] pra você ter um futuro, objetivo [...] tem que ter aquela ideia de ser focado (JOÃO, 2021).

[...]

Eu acho que [...] futuro é aquilo tudo que a gente constrói né, é aquilo que a gente quer para mudar nossa vida. [...]. É imaginar você lá na frente com aquilo que você sonha no momento (MARIA, 2021).

Os resultados apontaram para uma definição de um futuro como um presente planejado, desejado, sonhado, apoiado no sentido de eufemização e caracterizado pela “esperança”. Quando essa definição se associa ao aspecto profissional, todos expressam suas idealizações com a arte e um com sua atuação no espaço vivido. Por exemplo:

Se for [...] eu diria que é ligado às artes [...] o futuro pra mim seria estar atuando direta mais diretamente no subúrbio, enquanto artista [...] e também falando profissionalmente, sendo professor, talvez com um foco nas artes [...] seria isso (PEDRO, 2021).

[...]

Para mim [...]. É fazer uma faculdade de direito e também fazer minha faculdade de artes (JOÃO, 2021).

[...]

[...] então eu penso no meu futuro em ser uma grande atriz (MARIA, 2021).

O argumento de Pedro traz a sua condição de jovem periférico, “suburbano”, onde existe a necessidade de atuação da sua arte. Já o discurso de João apresenta a ambivalência de suas escolhas, os cursos de Direito e de Artes. Finalmente, no argumento de Maria se insere um discurso simétrico que defende o afeto pelo amor as artes e aponta para realização futura da profissão de atriz. Em síntese, as estratégias argumentativas dos participantes, em torno da definição de futuro, sublinham a necessidade de criar condições para idealização de futuro profissional.

b) A consciência dos jovens sobre a sua realidade social face ao seu futuro

Os discursos nos permitiram entender como eles imaginam/idealizam o seu futuro. Vejamos:

[...] me imagino morando ainda no subúrbio, moro aqui por opção por escolha de fato... é me imagino [...] atuando para o festival de teatro [...] eu sempre vejo potencial naquilo que tá colocada a margem, naquilo, que aquilo ali com certeza vai ser um pontapé para outras questões. Se a gente começa a se organizar a se unir, para que isso de fato cresça, vai dar certo, é só a gente acreditar (PEDRO, 2021).

[...]

É mais difícil chegar ao meu objetivo. [...]e aqui a maioria que está no judiciário é raro, que fica perto de polícia aqui é raro. Então pra mim, ser juiz para fazer isso [...] justiça em primeiro lugar e depois as outras coisas (JOÃO, 2021).

[...]

Rapaz!! [...] o sonho da minha mãe era isso, de que quando ela tivesse uma filha, ela iria dar tudo o que ela não teve. [...] É me tornar um grande profissional e dar uma boa vida minha mãe [...]. Acho que essa estabilidade que eu quero pra minha vida e dá a minha família (MARIA, 2021).

Dois jovens (Pedro e João) mencionaram a objetividade da coisa/ espaço vivido, como base para a sua subjetividade de futuro imaginado e idealizado nas condições criadas por eles num espaço social de permanência, resistência e potencialidades, pela valorização dos direitos humanos. Já Maria contrapõe a objetividade, realidade vivida, e subjetividade, desejo de estabilidade financeira; educação e aprendizagem emergem como elementos reguladores.

A partir dessas respostas, podemos observar que a consciência dos jovens sobre a sua realidade social face ao seu futuro apresenta características marcantes de sua realidade social fundada na experiência de vivência local e de percepção de desigualdade. Os resultados apontam para uma consciência de futuro pensado como um conjunto de elementos afetivos e sociossimbólicos que revelam suas identidades, seus atos e suas conexões capazes de orientar práticas socioeducativas.

c) Caracterização da sua realidade social no subúrbio

Esses jovens (re)reconstituem a realidade, onde os elementos das representações sociais adquirem materialidade. Vejamos:

[...] orientar futuros gestores, futuros artistas, a comunidade de um modo geral, [...] a ideia era fazer uma diferença... a gente queria mostrar que tinha uma realidade, e que a gente não precisa ficar condicionado apenas aquilo que disse que a gente deveria ficar [...]se a gente começar a juntar muitas das coisas, acho que vai ser uma revolução (PEDRO, 2021).

[...]

Hoje? Não é tão difícil assim, tem gente que acha que é difícil, que acha que aqui só tem pobre, mas não é [...] mas tem vezes que é de boa entendeu, tem lugares que tem assalto [...] então a maioria é jovem, mas quem manda não é o jovem, quem manda é um adulto (JOÃO, 2021).

[...]

Minha realidade [...] não sei se é muito diferente dá dos outros jovens [...] muitos jovens aí têm a oportunidade [...] e não correm atrás [...] a gente tem vários espaços pra dançar, para teatro [...] eu ‘Maria’, sou diferente dos outros jovens, porque eu não penso como eles (MARIA, 2021).

Pedro acredita na transformação da realidade vivida, em Plataforma, pela sua atuação como orientador de futuros gestores, artistas e da comunidade como um todo. João demonstra, no seu discurso ambivalente e sobreposto, “altos e baixos”; fala do toque de recolher, das drogas, dos assaltos e violência, mas também fala que “tem vezes que é de boa” e que violência e drogas têm em outros lugares. E Maria destaca a distinção, apresentando o exemplo dela em relação a outros jovens que não fazem atividades artísticas, “que não querem saber disso” preferindo “fazer coisas diferentes”.

Os resultados perpassam pelo desejo/vontade/ideal e pelas rugosidades encontradas no real/vivido. Expressam uma realidade da periferia suburbana, sobreposta e ambivalente.

AT-9: Imagens mítico-simbólicas sobre futuro

Os protocolos do teste AT-9 preenchidos pelos participantes apresentam: Pedro, participante do Coletivo de Produtores Culturais do Subúrbio e do Coletivo de Investigação Cênica, ambos localizados em Plataforma, apresenta seu desenho (Parte 1) e sua descrição (Parte 2).

Fonte: Pedro (2021).

Desenho 1 Parte 1 

Fonte: João (2021).

Desenho 2 Parte 1 

No desenho, dos nove elementos representados e identificados:

  1. Queda, a “Bolsa de Valores” tem como função os “altos e baixos” da vida cotidiana simbolizando o “caos e o consumismo”. A queda simboliza a vertigem, representa uma “ameaça ao futuro”.

  2. Espada, localizada no meio do desenho na posição horizontal tem função de estabelecer o “equilíbrio” simbolizando a “justiça”.

  3. Refúgio simbolizado pelo prédio do Centro Cultural de Plataforma tem a função de “proteção e ordem” simbolizando “mudança/esperança”. “Pedro estaria organizando um levante para combater as mazelas ocasionadas pelo monstro da ambição”, onde o “refúgio” é o lugar do “riso”.

  4. O “Monstro do Cifrão”, no desenho figurado, tem a função da “desordem social” simbolizando a “ambição”. O “monstro” representa a morte, a noite inquietante que tudo devora, se apresenta como “caos”, “consumismo” e a “destruição” humana, que precisa ser combatido e destruído.

  5. O elemento Cíclico, representado pelas “moedas”, atrás da “espada” e acima do “refúgio”, tem por função a “troca” simbolizando “as vias” e “a injustiça”. O “Cíclico” é o que circula, gira e se reproduz estabelecendo a dinâmica e o ritmo das coisas, se encontra nos dois regimes míticos da imagem.

  6. O palhaço, elemento Personagem, definido por uma imagem menor, desprovida de corpo, sendo retratada apenas pelo rosto, tem a função de representar a “esperança” que simboliza “as artes”. O “personagem” representa o herói, mas é polimórfico e polissêmico, portanto, sua função vai depender de como está definida sua postura e seu posicionamento na imagem do desenho.

  7. Água representada pelo “rio/torneira/garrafa” como um conjunto de imagens que busca “demonstrar os caminhos do consumo” simbolizando a industrialização. A água se apresenta no desenho e representa o ciclo do consumismo a serviço do “Monstro do Cifrão”.

  8. Animal, o “porco”, definido por uma imagem menor, desprovida de corpo, sendo retratada apenas pela cabeça, tem por função “demonstrar os caminhos do consumo” simbolizando o consumo.

  9. Fogo, as “chamas queimando as matas” se apresentam, no desenho, acentuam o semantismo angustiante de destruição pelo cataclismo do incêndio para servir ao consumismo. O texto escrito por Pedro, sobre o desenho, ilumina a análise:

[...] num futuro não muito distante, quando a civilização for comandada pelo monstro do consumismo e apenas o que prevalecerá for a destruição das nossas reservas naturais em detrimento da criação de animais para mais e mais consumo, onde o nosso cotidiano é regido pela alta e pela baixa da bolsa de valores e/ou moedas e criptomoedas, a esperança ainda terá refúgio no riso provocado pelo palhaço, será nas artes a reconquista da humanidade (PEDRO, 2021).

Já na parte 3, dentre os nove elementos, o jovem escreveu “dinheiro” numa relação direta com “monstro” e o refúgio é representado por um levante para combater as mazelas ocasionadas pelo monstro da ambição.

Fonte: Maria (2021).

Desenho 3 Parte 1 

Quadro 1 Síntese do desenho 

Coluna A Coluna B Coluna C
Elemento Representado por Função/Papel Simbolizando
Queda Gráfico da Bolsa de valores O caos Consumismo
Espada Espada Equilíbrio Justiça
Refúgio Centro Cultural Plataforma Proteção e ordem Esperança, mudança
Monstro Monstro do cifrão Desordem social Ambição
Cíclico Moedas Troca As vias, a injustiça
Personagem Palhaço Esperança As artes
Água Rio/torneira/garrafa Demonstrar os caminhos do consumo Industrialização
Animal Porco Demonstrar os caminhos do consumo Consumo
Fogo Chama queimando as matas Destruição Industrialização

Fonte: Elaborado por Pedro (2021).

Pedro traz no desenho e no quadro síntese, representações que consideramos como um futuro “distópico”, definido como “uma possível esperança”, que dependeria da “consciência do papel de cada um na construção de um mundo mais justo”.

João, masculino, pardo, ensino médio incompleto, morador de Plataforma, participa do Coletivo Teatrio e Iluminação Cênica no Centro Cultural Plataforma. Segue a análise do desenho e sua história.

João expressa: 1. Queda, por “um humano caindo” tem a função de salvamento. A queda representa a vertigem de descer, cair até o fundo, designa as questões existenciais da angústia com a aproximação da morte.

2. Espada, “o gigante segurando” a mesma tem a função de “matar os humanos” simbolizando o “poder”.

3. Refúgio simboliza “O refúgio dos humanos” tem a função de proteção. O elemento “refúgio” refere-se às estruturas míticas do regime noturno, ao aconchego, ao útero, a imagem da figura materna; traz no desenho um lugar “bem longe dos gigantes e mutantes com portas escondidas.

4. Monstro, representado pela figura de “um gigante” segurando a “espada” em riste estando tem a função de “matar humano” simbolizado o “desafiar”. O “monstro” representa a morte, a noite inquietante que tudo devora. No desenho se apresenta por “um gigante” que ameaça “uma quase extinção humana”.

5. Cíclico, simbolizado pelo “equipamento” tem como função “jogar no refúgio” simbolizando a “escapatória”. O algo “Cíclico” é o que circula, gira e se reproduz estabelecendo a dinâmica e o ritmo das coisas, sendo que no desenho se apresenta como “equipamento”.

6. Personagem, “um humano” tem a função de estar “fugindo” simbolizando “um ser querendo salvação”. O “personagem” representa o herói, que está posicionado na preparação do salto no alto do prédio para cair “no equipamento”, na esperança de ser lançado por cima do “gigante” e chegar ao “refúgio dos humanos”; ambivalência na ação do percurso: medo e esperança.

7. Água, a imagem de “chuva” apresenta a função de “acalmar o fogo” simbolizando “inspiração”. A água representa um apaziguamento pelo “acalmar o fogo”, mas não o seu apagamento, trazendo o sentido “inspirador” para a mudança: a esperança do fim do conflito.

8. Animal, o “cachorro” apresenta função de animal, simbolizando a representação do “amigo”. Representa o heroico de um “animal” que se encontra junto, um “amigo”.

9. Fogo, o que “queima” tem por função “queimando as plantas” simbolizando “problemas menores”. Para João, um elemento “difícil de encaixar”, todavia, pode trazer um sentido purificador. Leiamos a história contada sobre o desenho:

[...] após uma revolução científica, criaram um remédio muito bom numa fábrica. Só que deu errado um dos sistemas, com isso houve caos no mundo todo, aparecendo mutantes e gigantes e os humanos quase ficaram extintos, e planejavam, num refúgio bem longe dos gigantes e mutantes, com pontos escondidos em prédios para novos humanos entrarem para o refúgio (JOÃO, 2021).

[...]

Lucas, o humano que ainda não achou o refúgio está a procura. Lutando fugindo dos mutantes e gigantes, até que um dia achou um prédio com equipamento que o levava ao refúgio mais próximo, mais era perigoso porque tinha um gigante e um mutante atrás dele, mesmo assim, pegou seu cachorro e pulou no equipamento e entrou no refúgio (JOÃO, 2021).

Quando questionamos sobre o desenho- história, segundo o jovem, ele queria mostrar o caos que pode acontecer com a revolução da ciência [se] der errado. Sua inspiração esteve baseada numa animação japonesa que tem muitos gigantes e mutantes.

Então, João imagina a cena final onde os humanos ganham dos gigantes e dos mutantes e ele estaria no refúgio. O quadro síntese 2 ilustra a análise.

Quadro 2 Síntese do desenho 

Coluna A Coluna B Coluna C
Elemento Representado por Função/Papel Simbolizando
Queda Um humano caindo Pra se salvar Altas e baixas
Espada O gigante segurando Matar os humanos Poder
Refúgio O refúgio dos humanos Pra se proteger Segurança
Monstro Um gigante Matar humano Desafiar
Cíclico Equipamento Jogar no refúgio Escapatória
Personagem Um humano Fugindo Um ser querendo salvação
Água Chuva Acalmar o fogo Inspiração
Animal Cachorro Animal Amigo
Fogo Queima Queimando as plantas Problemas menores

Fonte: Elaborado por João (2021).

João nos traz “o caos que pode acontecer com a revolução da ciência der errado” esse contexto estabelece o cenário de conflitos permanentes entre “gigantes e mutantes” - o que deu errado – e os “humanos” - na luta por sobrevivência.

Finalmente, o protocolo de Maria, feminino, negra, ensino médio incompleto, moradora de Plataforma, participa do Coletivo Teatrio e é Produtora do Centro Cultural Plataforma.

O desenho aponta para a seguinte análise: 1. Queda, a “Chuva” elemento cujo ato de “Molhar” simboliza a “Calmaria”.

2. Espada na mão do personagem, numa posição de neutralidade, não apresenta função, pois o “monstro” oculto não representa ameaça. Entretanto, há o risco de a espada ser um elemento que se transforme numa ameaça, sendo utilizada contra o “personagem”.

3. Refúgio, a “Vó”, dentro da imagem da casa, tem a função de “Acalentar” simbolizando “Amor/paz”. O elemento “refúgio” está ligado as estruturas míticas do regime noturno, da proteção e do aconchego, ao útero.

4. Monstro, o “Tempo” não apresenta função, mas simboliza as “Gerações” e o “monstro” representa a morte, a crueza do tempo que nos aproxima da morte. Entretanto, o desenho traz uma forte representação eufemizada, situada nas lembranças e memórias positivas da criança que brinca e do afeto recebido da “vó”.

5. Cíclico, a “bola” tem como função “brincar” simbolizando “diversão”. O arquétipo cíclico se apresenta pela esperança de perpetuar o tempo que representa o lúdico, o prazer de brincar, a diversão que se repete pelas memórias eufemizadas.

6. Personagem simbolizado pelo “garoto” não apresenta função, mas simboliza “as crianças”. O “personagem” representa o herói, polimórfico e polissêmico, permitido “brincar”. O “garoto” se apresenta como um avatar, que não deseja crescer no sentido de perpetuar o sentimento de aconchego da infância, o proteger “as crianças” do mundo adulto pautado pela realidade da crueza tempo e a proximidade com a “morte”.

7. Água, o “poço” não apresenta função, mas simboliza a “profundidade”, caracterizado pela água parada. Contudo, há sentido de preservar, vez ou outra, coletar a água do poço, que dependendo do ciclo da “chuva que cai”, renova as memorias e lembranças.

8. Animal representado pelo “gato”, não apresenta função, mas simboliza “companhia”, o não sentir-se só.

9. Fogo, “fogueira” tem por função “esquentar” que simboliza o acolher e o aconchegar. A história contada sobre o desenho nos ajuda a entender essa análise:

Meu nome é Mateus e hoje eu vou contar a vocês a minha história. Enquanto todos vivem um futuro igual e tecnológico eu prefiro viver à moda “antiga”. Eu tenho 9 anos e diferente das outras crianças eu amo brincar como criança, cair, machucar o joelho, viver aventuras. Hoje em dia as crianças deixaram de ser criança, elas não brincam, não correm, elas só brincam de jogos eletrônicos. Por isso eu amo a casa da minha vó, ela me faz me sentir criança, e eu queria que todas as crianças sentissem isso porque é a melhor sensação do mundo (MARIA, 2021).

Questionada sobre o desenho, Maria afirma que ela pretende mostrar uma ideia diferente de futuro, tendo como inspiração sua vó, pois ser criança é muito bom. Nesse sentido ela se refugia na água, e retiraria a espada, se fosse possível, pois, segundo a jovem, em um ambiente familiar esse elemento apresenta uma ambivalência: proteção e violência. Na cena final ela se imagina abraçando fortemente sua avó e estaria brincando no quintal.

O Quadro 3, resume o desenho criado por Maria e nos apresenta “uma ideia de futuro diferente”, trazendo aspectos mais afetivos das lembranças “na casa da avó” e “o quanto ser criança era bom”. Constrói um cenário humanizado de como o futuro poderia ser “brincando no quintal” e do “abraço apertado na vovó”.

Quadro 3 Síntese do desenho 

Coluna A Coluna B Coluna C
Elemento Representado por Função/Papel Simbolizando
Queda Chuva Molhar Calmaria
Espada Espada Proteção/violência
Refúgio Acalentar Amor/paz
Monstro Tempo Gerações
Cíclico Bola Brincar Diversão
Personagem Garoto As crianças
Água Poço Profundidade
Animal Gato Companhia
Fogo Fogueira Esquentar

Fonte: Elaborado por Maria (2021).

Os resultados da análise dos protocolos do AT-9 nos permitiram apreender três dimensões de “futuro”: Distópico, negacionista e possibilista. Na primeira dimensão, o futuro, diante da “ambição e consumismo” se apresenta como “uma possível esperança”, que dependeria da “consciência do papel de cada um na construção de um mundo mais justo”. Essa dimensão é corroborada com a ideia de Araújo (2015) que define futuro distópico como aquele em que os sujeitos periféricos imaginam que as elites no poder deliberadamente subvertem a justiça a seu favor ou de seus interesses.

Na segunda dimensão, o cenário de conflitos permanentes entre “gigantes e mutantes”, luta por sobrevivência; há na esperança em aprender a construir “armas”. Formas de protesto que trazem heróis que precisam sobreviver em mundos totalitários. Um futuro baseado na negação do presente.

Na terceira dimensão, o sujeito apresenta, na sua constituição social, aspectos afetivos das lembranças em família e constrói um cenário humanizado de um futuro. Essa noção se afina com as ideias de Bloch (2005) quando afirma que todo o sujeito que sonha e almeja “viver o futuro” como uma possibilidade que ganha sentido na esperança e no afeto.

Representações sociais sobre futuro e contribuições às práticas socioeducativas

As representações sociais sobre futuro destes jovens apontaram e sinalizaram para os processos de constituição da realidade socioespacial fornecendo pistas sobre a importância das artes e educação como reforços às práticas socioeducativas exercidas nas periferias urbanas. Esse resultado revela imagens de futuro dimensionadas, que segundo Bloch (2005) estão associadas à esperança e às expectativas, como um desafio ao senso comum do sujeito, que vai de encontro à concepção ingênua e fatalista da realidade.

Essa realidade vivida, representada socialmente pelo objeto futuro e implicada nas práticas socioeducativas, refletem a importância educacional, econômica e social das mesmas: no processo formativo dos jovens; b) na geração de renda e movimentação da economia local e c) na estruturação da formação de grupos que amalgamam suas formas identitárias e solidárias por meio dos seus atos de investimentos político, social e econômico.

Considerações finais

O arcabouço teórico que emergiu da realidade empírica desse estudo nos possibilitaram apresentar algumas recomendações sob os planos: científico, socioeducativo e político.

Científico: nesse plano metateórico faz-se necessário ampliar as discussões sobre o eixo pensar-sentir-agir quando, por um lado, os jovens periféricos reconstroem a sua realidade socioespacial. E, por outro lado, esses jovens, a partir de idealização humanizada sobre futuro, ancoram na esperança, a perspectiva de um mundo melhor.

Socioeducativo: diversos saberes que se revelaram nos discursos reforçam como as práticas socioeducativas, centradas nas artes: dança música, dramatizações, criação de figurinos, objetos cênicos, e outros elementos do teatro e da cultura, são importantes para a formação e a idealização de futuro dos jovens periféricos. Logo, recomendamos trabalhar essas práticas no espaço educativo não-formal e nas escolas de periferias urbanas.

Político: passa pela reflexão das reformulações de políticas publicas que valorize o pensamento e as ações dos/das jovens de periferias urbanas. Para tal, é recomendado que, nas tomadas de decisão, os pesquisadores, lideranças, educadores e professores reconheçam a necessidade de submeter à discussão sobre a realidade socioeducativa dos jovens periféricos e suas possibilidades de interação efetiva com as práticas socioeducativas na educação formal e não formal.

Nota

1São atividades que representam a força de expressão da comunidade e o patrimônio cultural das periferias por meio de suas apresentações, formação de redes e intervenções realizadas.

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Recebido: 05 de Novembro de 2021; Aceito: 20 de Dezembro de 2021

Prof. Dr. Natanael Reis Bomfim Universidade do Estado da Bahia (Brasil) Programa de Pós-Graduação em Educação e Contemporaneidade Líder do Grupo Interdisciplinar de Pesquisa em Representações, Educação e Sustentabilidade (GIPRES) Orcid Id: https://orcid.org/0000-0002-5122-9820 E-mail: nabom_reis@hotmail.com

Prof. Dr. Walter Von Czékus Garrido Universidade do Estado da Bahia (Brasil) Vice-Líder do Grupo Interdisciplinar de Pesquisa em Representações, Educação e Sustentabilidade (GIPRES) Orcid Id: https://orcid.org/0000-0003-0307-6708 E-mail: wgarrido.uneb@gmail.com

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