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Estudos em Avaliação Educacional

versão impressa ISSN 0103-6831versão On-line ISSN 1984-932X

Est. Aval. Educ. vol.34  São Paulo  2023  Epub 24-Abr-2023

https://doi.org/10.18222/eae.v34.9351 

Artigos

DOCÊNCIA E COVID-19: PERCEPÇÕES DE EDUCADORES DA REDE PAULISTA DE ENSINO

DOCENCIA Y COVID-19: PERCEPCIONES DE EDUCADORES DE LA RED DE EDUCACIÓN DE SÃO PAULO

TEACHING AND COVID-19: PERCEPTIONS OF EDUCATORS OF THE PAULISTA EDUCATION NETWORK

IUniversidade de São Paulo (USP), São Paulo-SP, Brasil; edsongrandisoli@gmail.com

IIUniversidade de São Paulo (USP), São Paulo-SP, Brasil; prjacobi@gmail.com

IIIUniversidade de São Paulo (USP), São Paulo-SP, Brasil;

Universidade de Oxford, Oxford, Reino Unido; silvio.marchini@usp.br


RESUMO

O questionário “Educação, docência e a covid-19” foi criado e disponibilizado aos professores da rede paulista com o objetivo de investigar indicadores de ordem afetiva, de saúde mental e pedagógicos durante a pandemia. Participaram voluntariamente 19.221 professores. Os resultados apontam o medo da pandemia e professores inseguros sobre a tecnologia. Apesar disso, declaram-se engajados em aprender e com boa saúde mental. Ponto sensível é a percepção de que a aprendizagem é menor no formato remoto, ligada a questões de desigualdades de acesso. Conclui-se que os impactos na educação paulista foram relevantes e reforça-se a importância de mais avaliações sobre os processos de ensino e aprendizagem durante a pandemia abordando-se o conceito de sindemia.

PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO BÁSICA; PANDEMIA; COVID-19; EDUCADORES

RESUMEN

El cuestionario “Educación, docencia y Covid-19” ha sido creado y aplicado a los profesores de la red de São Paulo con el objetivo de investigar indicadores afectivos, de salud mental y pedagógicos durante la pandemia. 19.221 docentes participaron voluntariamente. Los resultados señalan el miedo de la pandemia y la inseguridad docente sobre la tecnología. Sin embargo, ellos afirman su compromiso con el aprendizaje y que disponen de buena salud mental. Um punto sensible es la percepción de que el aprendizaje es menor en el formato remoto, vinculado a cuestiones de desigualdades de acceso. Concluímos que los impactos en la educación en São Paulo fueron relevantes y refuerzan la importancia de nuevas evaluaciones sobre el aprendizaje durante la pandemia, destacando el concepto de sindemia.

PALABRAS CLAVE: EDUCACIÓN BÁSICA; PANDEMIA; COVID-19; EDUCADORES

ABSTRACT

The questionnaire “Education, teaching and Covid-19” was developed and made available to teachers in the São Paulo school network to investigate affective, mental health and pedagogical indicators during the pandemic. A total of 19,221 teachers participated voluntarily. The results point to fear of the pandemic and teacher insecurity regarding technology. Despite this, they say they are engaged in learning and in good mental health. A sensitive point is the perception that there is less learning in the virtual format, which is linked to issues of inequalities of access. We concluded that the impacts on education in São Paulo were relevant and the importance of further evaluations of the teaching and learning processes during the pandemic is reinforced, addressing the concept of syndemics.

KEYWORDS: BASIC EDUCATION; PANDEMIC; COVID-19; TEACHERS

INTRODUÇÃO

A pandemia de covid-19 afetou mais de 1,5 bilhões de estudantes e jovens (United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization [Unesco], 2022), acentuando as disparidades e desigualdades pré-existentes graças à redução de oportunidades para as populações em situação de maior vulnerabilidade (United Nations, 2020). No Brasil, redes públicas e privadas de ensino seguiram o mesmo caminho, e como resposta ao momento, muitas têm transferido suas atividades para formatos a distância. As redes estaduais avançaram rapidamente nesse sentido (Centro de Inovação para a Educação Brasileira, 2020).

No estado de São Paulo, o dia 13 de março de 2020 foi marcado pela publicação do Decreto n. 64.862, que anunciou a interrupção gradual das aulas na rede estadual de ensino como medida sanitária fundamental para o enfrentamento da pandemia e, no dia 22 abril de 2020, foi determinado que as aulas ocorreriam somente a distância, prática denominada educação mediada por tecnologia. Ou seja, a adoção do modelo remoto - incluindo atividades para estudantes e formações para os professores - ocorreu em tempo pouco superior a um mês.

A partir dessa decisão, a integração para o trabalho remoto traz consigo grandes desafios de mudanças na rotina profissional e demandas de adaptações à vida de professores, gestores e famílias, o que afetou a atuação docente e a qualidade de vida de todos em diferentes níveis e intensidades (Lima & Pereira, 2021, p. 68804).

As decisões educacionais, administrativas e políticas tomadas nesse período têm consequências de longo prazo na educação e nos processos de ensino e aprendizagem e deveriam, portanto, ser baseadas em evidências científicas, bem como em uma visão humanística de educação, desenvolvimento e direitos humanos (Unesco, 2020).

Diferentes pesquisas foram desenvolvidas e aplicadas a educadores e gestores, em especial, ao longo do primeiro semestre de 2020, fase que exigiu rápidas e abruptas adaptações em relação aos processos de ensino em todo o mundo. Elas avaliaram, entre outros indicadores relevantes ao momento pandêmico e à prática docente, aspectos relacionados à percepção do papel dos educadores diante da crise, da saúde física e mental e de rotinas e hábitos docentes (Instituto Península, 2020); expe- riências com o trabalho remoto, atividades e materiais trabalhados a distância, saúde mental docente em comparação ao período pré-pandemia, status das aulas, oferta de formação para apoiar os novos desafios dos educadores, participação das famílias e perspectivas para o retorno às atividades presenciais (Nova Escola, 2020); apoio formativo aos educadores e participação da família (Novaes et al., 2020); impactos da pandemia sobre a aprendizagem dos estudantes e como avaliá-los (Organisation for Economic Cooperation and Development [OECD], 2020); e tópicos relacionados ao bem-estar do corpo docente, acesso à tecnologia e equidade e impactos sobre a aprendizagem (The Alberta Teacher’s Association, 2020).

Vale destacar que, graças à urgência da elaboração e aplicação das pesquisas, não existe uma padronização do uso de diferentes indicadores e de como são avaliados entre as diferentes iniciativas, o que torna mais difícil a comparação dos resultados. Apesar disso, cada estudo, de forma individual, contribui para a compreensão de um cenário regional complexo e que depende de rápidos ajustes de curso.

Dessa forma, considerando-se essas e outras iniciativas de pesquisa, bem como a necessidade urgente de avaliar o cenário educacional paulista de forma ampla e os principais desafios enfrentados pelos docentes na pandemia, desenvolveu-se a pesquisa “Educação, docência e a covid-19”, aplicada entre maio e junho de 2020, a fim de dar voz e conhecer a realidade dos milhares de professores e professoras da Rede Estadual de Educação de São Paulo nesse período de mudanças e necessidade de rápidas adaptações nos processos de ensino.

Por meio dela, investigou-se, de forma predominantemente quantitativa, aspectos relacionados às percepções sobre as práticas docentes e aprendizagem dos estudantes através da educação mediada por tecnologia, sentimentos associados à pandemia, saúde mental e o futuro do trabalho pós-pandemia.

O mapeamento e a compreensão desses aspectos em um momento tão crítico são de vital importância, tanto para subsidiar ações imediatas e pós-pandêmicas quanto para criar novas políticas públicas relacionadas a uma nova educação após a pandemia e em eventuais novos momentos de crise.

MÉTODOS

A pesquisa on-line intitulada “Educação, docência e a covid-19” foi aplicada aos professores da Rede Estadual de Educação de São Paulo entre os dias 19 de maio e 7 de junho de 2020, seguindo todas as recomendações e os protocolos de ética em pesquisa em educação. Considera-se esse período como um dos diferenciais investigativos dessa pesquisa, uma vez que os educadores já se encontravam em distanciamento social, realizando todas as atividades via educação mediada por tecnologia e recebendo formações por meio do Centro de Mídias da Educação de São Paulo.

A pesquisa, elaborada na plataforma on-line ®Google Forms, contou com apoio de Professores Coordenadores de Núcleo Pedagógico (PCNPs) de diferentes disciplinas e passou por uma etapa piloto com a participação de 35 professores aleatoriamente escolhidos. A distribuição do instrumento foi realizada pela própria Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. Na versão final, o questionário foi composto por 26 questões, sendo 16 delas fechadas e 10 abertas. Mais especificamente, as questões abordaram:

  1. Características gerais da amostra;

  2. Sentimentos sobre a pandemia e vulnerabilidade;

  3. Autoavaliação da saúde mental durante o afastamento social;

  4. Sentimentos sobre a educação mediada por tecnologia;

  5. Percepções sobre aprendizagem dos estudantes;

  6. Percepção sobre o trabalho docente e educação pós-pandemia.

A participação na pesquisa foi voluntária e anônima por meio do aceite (resposta “sim”) de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A maior parte das questões não foi apresentada como obrigatória. A análise foi, predominantemente, realizada tendo por base a estatística descritiva e, circunstancialmente, a inferencial por meio do uso da calculadora on-line Social Science Statistics1 para o teste Qui-quadrado (α = 0,05).

RESULTADOS

Os principais resultados da pesquisa estão agrupados por temáticas, de acordo com os aspectos descritos no item anterior.

Característica da amostra

A pesquisa “Educação, docência e a covid-19” envolveu, no total, 19.221 educadores, sendo que desses 18.884 (98,2%) acessaram o instrumento e optaram por participar. Professores de 544 municípios-sede paulistas (84% dos municípios do estado) colaboraram com pelo menos um respondente, sendo que São Paulo (3.339), Carapicuíba (699) e São Vicente (499) foram os municípios com maior número de respondentes. Quanto ao gênero (n = 18.547), 76% dos respondentes se identificaram com o feminino, 23,7% com o masculino e 0,3% preferiram não informar. Com relação às etapas de ensino (Figura 1), os participantes atuam de maneira mais marcada (cerca de 60%) nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio.

Fonte: Elaboração própria.

FIGURA 1 Etapas de ensino em que atuam os professores respondentes (n = 18.547) 

Sobre a idade dos respondentes (Figura 2), nota-se que a maioria (68,8%) é de 36 a 55 anos. A média de idade dos respondentes é de 45,5 anos.

Fonte: Elaboração própria.

FIGURA 2 Faixa etária dos respondentes (n = 18.838) 

Sentimentos sobre a pandemia e vulnerabilidade

Os principais sentimentos citados associados à pandemia de covid-19 expressam negatividade. Medo, tristeza, insegurança, ansiedade, angústia e incerteza somaram 48,2% das respostas. Apesar disso, alguns sentimentos são considerados positivos (9,4%), como esperança, solidariedade, desafio, empatia, aprendizado e resiliência (Figura 3).

Fonte: Elaboração própria.

FIGURA 3 Principais sentimentos associados à pandemia de covid-19 (n = 18.579) 

Vale destacar que, em uma escala de 0 a 10, cerca de 53% dos respondentes (n = 18.128) se sentiam muito ou totalmente vulneráveis (escala de 6 a 10) sobre contrair o vírus causador da covid-19, e cerca de 19% expressaram se sentir nada ou pouco vulneráveis (escala de 0 a 4). A percepção de vulnerabilidade ao risco de infecção pelo vírus Sars-CoV-2, quando relacionada aos sentimentos mais citados pelos participantes da pesquisa, tem o medo como sentimento mais presente (62,8%) no grupo que se considera muito ou totalmente vulnerável. Já a tristeza está mais presente (37,1%) no grupo que se qualifica como nada ou pouco vulnerável. E a insegurança, que é o sentimento menos citado entre os três, tem presença semelhante (cerca de 14%) nos dois grupos (Tabela 1).

TABELA 1 Percepção de vulnerabilidade e os sentimentos mais citados em relação à covid-19 

PERCEPÇÃO DE VULNERABILIDADE SENTIMENTOS MAIS CITADOS
MEDO TRISTEZA INSEGURANÇA TOTAL
Nada ou pouco
3.481 (19,2%)
469
(49,0%)
355
(37,1%)
134
(14,0%)
958
(27,5%)
Muito ou totalmente
9.644 (53,2%)
2.332
(62,8%)
874
(23,6%)
505
(13,6%)
3.711
(38,5%)

Fonte: Elaboração própria.

X2= 77,3036, p< 0.00001.

O teste de Qui-quadrado (α = 0,05) aplicado indica diferença estatisticamente significante entre os grupos em relação aos sentimentos mais citados.

Autoavaliação da saúde mental durante o afastamento social

Cerca de 63% dos respondentes (n = 18.454) declararam que o afastamento social não afetou sua saúde mental e, ao mesmo tempo, outros 27,5% declararam que o afastamento tem comprometido a sua saúde mental (Figura 4).

Fonte: Elaboração própria.

FIGURA 4 Saúde mental dos professores durante o afastamento social (n = 18.454) 

Por outro lado, sobre a busca de apoio especializado à saúde mental durante o afastamento social, 72% dos respondentes (n = 18.398) afirmaram não sentir que precisam de apoio especializado e cerca de 17% afirmaram que, embora necessitassem, não procuraram atendimento nesse sentido.

Os próximos resultados estão diretamente relacionados à atuação docente via educação mediada por tecnologia durante o período de afastamento social.

Sentimentos sobre a educação mediada por tecnologia

Como um todo (n = 17.608), as respostas analisadas revelam que cerca de 62% dos sentimentos citados sobre a educação mediada por tecnologia sinalizam positividade, enquanto 38% deles sinalizam negatividade ou neutralidade (Figura 5). Os três sentimentos mais citados podem ser considerados positivos (cerca de 30%).

Fonte: Elaboração própria.

FIGURA 5 Sentimentos declarados sobre a educação mediada por tecnologia (n = 17.608) 

Educação mediada por tecnologia e apoio formativo

A maioria dos respondentes (50,8%) se sentia insegura ou muito insegura em relação às mudanças para uma educação mediada por tecnologia. Cerca de 32% se declararam nem seguros, nem inseguros (Figura 6).

Fonte: Elaboração própria.

FIGURA 6 Nível de segurança para atuar via educação mediada por tecnologia (n = 17.973) 

Apesar da insegurança sobre o novo modelo, 70% dos respondentes, em uma escala de 0 a 10, declararam se sentirem muito ou totalmente aptos a desempenharem seu papel via educação mediada por tecnologia (escala de 6 a 10) e 10,4% declararam se sentir nada ou pouco aptos (escala de 0 a 4). As médias aritmética e ponderada apresentam valores muito próximos a 6,6 (Figura 7).

Fonte: Elaboração própria.

FIGURA 7 Níveis de aptidão para atuar via educação mediada por tecnologia (n = 18.042) 

O apoio formativo para a realização das atividades remotas foi avaliado pelos professores como predominantemente positivo. Cerca de 68% dos respondentes afirmaram que se sentiam muito ou totalmente apoiados nesse período, enquanto 14,2% se sentiam nada ou pouco apoiados (Figura 8).

Fonte: Elaboração própria.

FIGURA 8 Apoio formativo oferecido aos educadores para a realização das atividades via educação mediada por tecnologia (n = 18.018) 

Percepções sobre aprendizagem dos estudantes

Cerca de 85% dos respondentes acreditam que os estudantes aprendem um pouco menos ou muito menos por meio da educação mediada por tecnologia (chamado de grupo 1). Apenas 5,2% dos respondentes afirmam que os estudantes podem estar aprendendo mais ou muito mais (chamado de grupo 2) (Figura 9). Ainda que o grupo 2 apresente idade média (47,9 anos) numericamente superior à do grupo 1 (45,1 anos) e divergência na percepção sobre a aprendizagem dos alunos mediada pela tecnologia, não há diferença estatística significante entre os dois grupos quanto às etapas de ensino em que atuam (X 2 = 2,101, p = 0,7172).

Fonte: Elaboração própria.

FIGURA 9 Percepção dos respondentes sobre aprendizagem dos estudantes via educação mediada por tecnologia (n = 17.977) 

Percepção sobre as mudanças no trabalho docente e educação pós-pandemia

A maioria acredita que o trabalho docente e a educação de forma mais ampla vão mudar para melhor (79,1 e 68,0%, respectivamente) (Figura 10). Cerca de 10% acreditam que nada vai mudar ou que pode mudar para pior no que se refere ao trabalho docente, e 14,5% pensam o mesmo no que diz respeito à educação de forma mais ampla.

Fonte: Elaboração própria.

FIGURA 10 Percepções sobre mudanças pós-pandemia no trabalho docente e educação (n = 18.030 e 18.016, respectivamente) 

DISCUSSÃO

A considerável participação docente (n = 18.884) indicou a necessidade, importância e carência de canais de escuta ativa diante de todas as transformações trazidas pela pandemia. Dessa forma, a presente pesquisa foi capaz de mapear pontos fundamentais do dia a dia do educador diante da pandemia e também sobre os desafios e possibilidades do novo formato da prática docente, pois fornecem subsídios importantes para gestores na criação de estratégias e políticas públicas para períodos de exceção, ou não. A seguir, apresenta-se uma discussão mais ampla sobre os diferentes indicadores considerados.

Características da amostra

A predominância de professoras e a reduzida participação de professores jovens (entre 18 e 35 anos) (Figura 2) são padrões que refletem o real quadro da rede estadual de São Paulo como um todo. A médio e longo prazos, esse déficit que tem sido acumulado historicamente tende a comprometer a substituição dos docentes que têm previsão de se aposentar ou que não permanecerão em sala de aula. Segundo levantamento da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo (publicado no DOU de 28 de abril de 2018), o déficit de educadores é de 80 mil profissionais, o que representa cerca de 34% do quadro docente. Nota-se também o possível quadro de sobrecarga dos professores em relação à jornada de trabalho indicado pela atuação em mais de uma etapa de ensino (Figura 1). Cerca de 52% (n = 9.724) dos educadores declaram trabalhar em, pelo menos, duas ou mais etapas de ensino. De acordo com Hypolito (1999), o incentivo e a profissionalização do docente tem sido discurso frequente nas agendas de governo, o que não obrigatoriamente tem levado à valorização da carreira.

Sentimentos e vulnerabilidades docentes sobre a pandemia

Dentro do contexto desta pesquisa, consideramos que sentimentos são um dos componentes da emoção, inserindo-se como experiência subjetiva (Scherer, 2005; Reeve, 2006), ou seja, sentimentos podem ser considerados emoções conscientes e o processo de conscientização da emoção é a condição que distingue o sentimento (LeDoux, 2007). Sendo assim, pode-se afirmar que os sentimentos têm caráter cogni- tivo, sendo possível reconhecê-los e nomeá-los.

Considerando-se que a pesquisa foi realizada em um período no qual o número de casos e óbitos pela covid-19 crescia de maneira significativa (cerca de 30 mil óbitos acumulados no período da pesquisa), é previsível que a maior parte dos sentimentos citados seja negativo, que a percepção de vulnerabilidade seja elevada e que haja uma diferença significativa entre grupos com percepções distintas. Ao mesmo tempo, é interessante notar que a idade média dos professores de ambos os grupos não ter diferença significativa (45,6 anos). Ou seja, a idade não é um fator que responde pelas diferenças de percepção. Vale também ressaltar que cerca de 28% dos educadores se posicionaram no ponto central da escala (5), o que pode sinalizar tratar-se de indivíduos que conhecem muito ou muito pouco sobre as possibilidades de prevenção e/ou contaminação pelo vírus.

Segundo Novaes et al. (2020), entre as reações mais frequentes relacionadas à pandemia de covid-19 estão os sentimentos de impotência, irritabilidade, angústia e tristeza, os quais dialogam com alguns dos sentimentos mais citados nesta pesquisa.

Apesar dos sentimentos e percepções predominantemente negativos, é importante notar que a pandemia, para alguns educadores, também apresenta aspectos positivos. Esperança e solidariedade foram citados como sentimentos por cerca de 930 educadores (~5%), demonstrando que mesmo diante da todos os desafios e preo- cupações, existem lições aprendidas.

Na mesma direção, o Instituto Península (2020), nos meses de abril e maio (denominado estágio intermediário da pandemia, n = 7.773), realizou uma pesquisa com profissionais de educação de todo o Brasil, que indicou que 67% se sentiam ansiosos, 38% cansados e 35% sobrecarregados. Sentimentos positivos também foram citados: 23% se declararam calmos e 9% alegres.

Saúde mental na pandemia

Apesar dos grandes desafios enfrentados pelo corpo docente no período de afastamento social e realização de atividades via educação mediada por tecnologia, um expressivo número de educadores (~63%) declarou gozar de boa saúde mental e, em consonância, a maioria também afirmou não sentir a necessidade de apoio especializado naquele momento (~73%). Tais resultados dialogam de forma coerente com aqueles levantados pelas questões relativas ao trabalho docente durante a pandemia, uma vez que um expressivo número de professores declara sentimentos positivos sobre essa forma de trabalho remoto e afirma estar apto a desempenhá-lo.

O Instituto Península (2020) investigou, em pesquisa realizada em abril e maio (n = 7.773), a questão da saúde mental dos professores. Foi utilizada uma escala de quatro pontos, nas quais 48,8% dos respondentes se declararam muito ou totalmente preocupados com a saúde mental, o que difere, de certa forma, do perfil traçado neste estudo. Entretanto, o uso de abordagens diferentes para essa temática dificulta a comparação dos resultados.

Nos meses de junho e julho, a Nova Escola (2020) também realizou pesquisa em escala nacional (n ≅ 5.000), na qual avaliou a saúde emocional dos educadores. O quadro apresentado pela pesquisa aponta que 28% dos educadores se sentiam péssimos ou ruins em relação à sua saúde emocional, 35% se sentiam bons ou excelentes e 30% declararam se sentir razoáveis.

Considera-se que saúde mental é um estado de bem-estar no qual um indivíduo realiza suas próprias habilidades, pode lidar com as tensões normais da vida, pode trabalhar de forma produtiva e é capaz de fazer contribuições à sua comunidade (World Health Organization, 2014). A saúde emocional, por sua vez, refere-se a um estado de bem-estar, no qual os indivíduos são capazes de gerenciar suas próprias emoções, lida de forma saudável com os fatores estressantes do dia a dia e é capaz de viver de forma produtiva, contribuindo com a sociedade (Almeida et al., 2018, p. 4). Além disso, as escalas utilizadas em ambas as pesquisas diferem em sua estrutura, o que limita sua comparação.

Como destacam Schmidt et al. (2020), pesquisas sobre as consequências na saúde mental em face à pandemia de covid-19 ainda são escassas, mas já indicam implicações negativas importantes. Dessa forma, faz-se fundamental dar continuidade a médio e longo prazos para compreender de forma mais aprofundada e precisa os reais impactos da pandemia e das mudanças nas rotinas profissionais e familiares na saúde mental, emocional e no bem-estar psicológico dos educadores (Ornell et al., 2020).

Olhares para a educação mediada por tecnologia

A maioria dos respondentes (~51%), apesar de se declarar insegura ou muito insegura sobre o trabalho via educação mediada por tecnologia, expressa sentimentos positivos (62%) e se sente apta (70%) para atuar nessa nova modalidade de ensino. Esses resultados podem parecer contraditórios, mas, considerando o período de realização desta pesquisa (final de maio, início de junho de 2020) é possível argumentar que muitos já estavam desempenhando suas funções de forma remota, mas que ainda vivenciavam uma fase de aprendizagem e de resolução de desafios associados a esse momento. Esse aspecto dialoga diretamente com a avaliação positiva sobre o apoio formativo realizado por meio do Centro de Mídias da Educação de São Paulo.

Vale reiterar que os três sentimentos mais enfatizados - desafio, aprendizado e inovação - (Figura 5) denotam uma atitude positiva em relação à educação mediada por tecnologia. Isso pode indicar que os professores estavam motivados a desenvolver suas atividades, mesmo em um contexto marcado por dificuldades profissionais e pessoais impostas pela pandemia, o que se concretiza de alguma forma nos sentimentos negativos mais citados (dificuldade e insegurança).

Com relação ao apoio da escola, a pesquisa nacional da Fundação Carlos Chagas (Novaes et al., 2020) (n = 14.285) realizada em abril-maio indicou que a maior parte dos professores de todas as redes considerou ter apoio da escola nas atividades com os alunos. Os professores da rede municipal indicaram que se sentiram menos apoiados (63%), enquanto 72% dos professores da rede estadual se sentiram sempre apoiados pela escola, indo ao encontro da percepção de apoio declarada na presente pesquisa. O Instituto Península (2020) destaca que 88% dos professores nunca haviam dado aulas a distância de forma remota e, em sua pesquisa com mais de 7 mil educadores, aponta que cerca de 85% dos respondentes se declaram nada ou pouco preparados para atuar via educação mediada por tecnologia. Vale ressaltar que essa pesquisa foi disponibilizada em âmbito nacional para todas as redes de ensino, o que pode indicar diferenças entre a rede paulista e o restante do Brasil, mesmo considerando que essa rede participou da pesquisa do instituto.

Diferindo dos dados mencionados anteriormente e, ao mesmo tempo, dialogando de forma direta com esta pesquisa, a Nova Escola (2020) apontou que 32% dos professores entrevistados avaliam como boa ou excelente suas experiências com o novo modelo de ensino remoto, e 33% declaram que são apenas razoáveis.

Ponto fundamental desse momento de adaptação e transição é que os professores entendam como integrar suas metodologias de ensino à nova realidade pandêmica e pós-pandêmica (Silva et al., 2015, p. 8).

O número de pesquisas de larga escala realizadas com os professores no Brasil durante a pandemia pode ser considerado baixo. Além desse fator, escopo, formato das questões, abrangência e número de participantes também são fatores a serem ponderados no momento, os quais limitam as comparações da rede paulista com o restante do Brasil. “É preciso ampliar os estudos e compartilhar os saberes, a fim de garantir uma educação de qualidade para todos, a principal finalidade do processo educativo” (Barros & Vieira, 2021, p. 826).

A percepção dos professores sobre aprendizagem

Apesar do cenário aparentemente positivo trazido pelas respostas associadas à educação mediada por tecnologia, parece fundamental considerar que o processo de ensino e aprendizagem depende, de maneira simplificada, do papel de, pelo menos, três atores centrais nesse momento de exceção: professores, estudantes e familiares.

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Covid (Pnad covid-19) e o site Datafolha, cerca de 92% das crianças do ensino fundamental e 90% das do ensino médio, na região Sul, tiveram acesso a atividades educacionais remotamente no mês. Na região Sudeste, cerca de 87% dos estudantes receberam atividades para fazer em casa durante os meses de isolamento.

Apesar desses números, os educadores da rede paulista consideraram que 85% dos estudantes aprendem menos ou muito menos pelo modelo remoto. Os professores, por meio de questão aberta, citam com frequência fatores como desigualdade de acesso, dificuldades no uso da tecnologia e interesse pelas aulas, que refletem em altos índices de abstenção nas atividades:

A acessibilidade à tecnologia ainda não é possível a todos. (Anônimo 1, 2020).

Os alunos não possuem acesso, o que os deixa em desigualdade de condições. (Anônimo 2, 2020).

A desigualdade social é muito mais presente nesse momento. Muitos alunos não têm o que comer, se alimentavam da merenda, vêm de famílias desestruturadas, com um único celular para toda a família. (Anônimo 3, 2020).

Na mesma direção, mas com menor intensidade, Novaes et al. (2020) apontaram que, nas primeiras semanas de atividade escolar remota, 51% dos professores da rede pública reportaram uma diminuição da capacidade de aprendizagem dos alunos e um aumento da ansiedade.

Em pesquisa realizada com professores da província canadense de Alberta (n = 1.846), também se verificou que as maiores preocupações dos educadores dizem respeito à desigualdade de acesso às informações e à alfabetização digital (64,7%), seguida pela falta de apoio familiar (62,3%), apesar das características educacionais desse país serem marcadamente distintas das brasileiras (The Alberta Tescher’s Association, 2020).

Na mesma direção, e segundo a nota técnica publicada:

Para enfrentar o risco da ampliação de desigualdades, ao lançar mão de estratégias de ensino a distância, é preciso entender que a disposição de recursos tecnológicos é heterogênea entre os alunos e que aqueles que já têm desempenho acadêmico melhor tendem a se beneficiar mais das soluções tecnológicas. (Todos pela Educação, 2020, p. 5).

Considerando-se o contexto educativo na pandemia, espera-se uma perda de aprendizagem a ser verificada a longo prazo, a qual se relaciona, de maneira abrangente, a variados cenários que dificultam ou impedem o real engajamento dos estudantes nas atividades, mesmo que essas atividades tenham sido disponibilizadas, segundo a Seduc, de forma impressa e remota.

Novamente, vale destacar que o diverso e desafiador quadro socioeconômico paulista (e brasileiro) envolve não somente o desenvolvimento e a oferta de aulas remotas, mas se torna necessário que as políticas públicas garantam acesso universal à internet. Segundo a pesquisa nacional da Fundação Carlos Chagas (Novaes et al., 2020), os professores indicaram um aumento, tanto da relação escola-família (45,6%), quanto do vínculo do aluno com a família (47,2%). Apesar disso, cabe compreender qual a qualidade desses vínculos criados, uma vez que, sem as condições estruturais e ambientes adequados, o processo de ensino-aprendizagem é prejudicado e potencializa o agravamento das desigualdades preexistentes.

Ainda de acordo com Novaes et al. (2020), os docentes das redes públicas estaduais declararam contar com um maior apoio da família nas atividades remotas (72%), comparado às redes municipais (62%). Dessa forma, conclui-se que a busca por uma “situação ótima” de aprendizagem depende da oferta de atividades e seu potencial de engajamento dos estudantes. Ou seja, a educação mediada por tecnologia (ou a distância, remota, etc.) não pode se configurar como a única solução possível. Se a visão for baseada unicamente no investimento em tecnologias digitais, haverá piora na aprendizagem e aumento das desigualdades (Souza et al., 2016).

Para além dos desafios de acesso e estrutura/ambiente/apoio familiar, deve-se atentar também para a qualidade das atividades ofertadas, uma vez que elas não podem se resumir unicamente na exposição de conteúdo, representada pela reprodução de uma aula tradicional gravada. As atividades devem valorizar e propiciar o ensino e o desenvolvimento de competências e habilidades previstas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para todas as etapas de ensino, fortalecendo o papel do estudante como protagonista da construção de um conhecimento significativo e contextualizado. A busca por um processo de aprendizagem mais significativo já é um grande desafio mesmo durante as aulas presenciais, e as barreiras se manifestam e se acentuam em um cotidiano escolar marcado pelo distanciamento social.

Por fim, poderia se esperar que a idade dos professores ou a etapa de ensino em que atuam estaria relacionada com a percepção de menor ou maior aprendizagem, o que não foi confirmado pelos testes estatísticos realizados. Não existem até o momento processos efetivos de avaliação do nível de aprendizagem dos estudantes via educação mediada por tecnologia durante a pandemia. Somente esses instrumentos avaliativos podem corroborar ou refutar a percepção de aprendizagem reduzida, como os que estão sendo atualmente desenvolvidos pela rede municipal de São Paulo, entre outras.

Docência e educação pós-pandemia

Apesar da insegurança e das dificuldades impostas pelo momento, a maior parte dos respondentes acredita que o trabalho docente e a educação vão melhorar, mostrando otimismo, esperança e proatividade para o pós-pandemia. Vale ressaltar que ambas as questões apresentavam questões abertas associadas, o que permitirá, em uma análise futura, compreender mais profundamente essa percepção do grupo de respondentes. De maneira geral, o olhar dos educadores para sua atuação pós-pandemia está voltado para a abertura de novas possibilidades oriundas dos novos aprendizados adquiridos e novas habilidades desenvolvidas via educação mediada por tecnologia. A perspectiva de um modelo de ensino mais híbrido é colocada como positiva e capaz de colaborar com seu trabalho e um aprendizado mais significativo por parte dos estudantes. Na voz de alguns educadores:

Estarei mais apta a usar o ensino híbrido de qualidade e continuarei utilizando as tecnologias para complementar as atividades com tarefas para casa. (Anônimo 4, 2020).

Acredito que o aprendizado de utilização intensa da tecnologia para o ensino pode ajudar na metodologia, uma vez que pode ser posto em prática com maior experiência o ensino híbrido e a sala de aula invertida. (Anônimo 5, 2020).

Quanto à educação de forma mais ampla, a visão dos educadores se volta para as questões de valorização da escola, das aulas presenciais e do trabalho docente. As palavras das profissionais do ensino fundamental dos anos finais e do ensino médio, respectivamente, concretizam um pouco essa visão de futuro:

Novas perspectivas e valorização do trabalho e da escola, rumo ao protagonismo educando e educador, melhor qualidade e unificação de ensino por meio de ferramentas tecnológicas, maior abertura e interação ao convívio social e universal, mais engajamento e conhecimento a estudos e pesquisas referentes ao mercado de trabalho. Maior valorização eu/você. (Anônimo 6, 2020).

Espero, ansiosamente, que a valorização dos profissionais da educação ocorra social e financeiramente. (Anônimo 7, 2020).

Portanto, é preciso acompanhar como a pandemia pode ou não acelerar as melhorias tão necessárias a garantir condições efetivas de trabalho e consequentes avanços no processo de ensino e de aprendizagem.

Para isso, e nesse momento de retorno às atividades presenciais, faz-se urgente a compreensão de como e o quanto as defasagens de estudantes e professores se acentuaram, uma vez que já existiam na pré-pandemia, e isso demanda criar estratégias para superá-las de forma mais assertiva, inclusiva e solidária. Torna-se relevante conceber mudanças conceituais e curriculares, além de envolver gestores e professores de forma participativa e dialógica na incorporação de um ensino mais híbrido, como forma de ampliar e diversificar possibilidades nas relações de ensino e aprendizagem.

Considerar os aspectos educacionais positivos e as muitas aprendizagens na pandemia é possível e necessário. O olhar otimista dos professores da rede estadual paulista sobre o futuro das suas práticas e da educação aponta nessa direção. Para isso, a construção de políticas públicas que garantam acesso, tecnologia e formação para todos é ação fundamental para reduzir as desigualdades que claramente se acentuaram na pandemia.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Um dos destaques da pesquisa “Educação, docência e a covid-19” foi o grande envolvimento dos professores da rede estadual de ensino paulista (n = 18.884). Com isso, a pesquisa contribui com um quadro bastante amplo, pelo olhar dos educadores quanto à complexidade e os múltiplos fatores que têm afetado a qualidade da educação durante a pandemia.

Importante ressaltar, entretanto, que muitos desses fatores já se encontravam historicamente presentes na educação brasileira e mundial, e os quadros persistentes de desigualdade e fragilidade institucional e estrutural ganharam novas dimensões e, certamente, se ampliaram e agravaram nacionalmente. Nessa direção, deixa-se de tratar somente da pandemia como questão de saúde, e passa-se a tratá-la como questão social dentro de um novo enfoque denominado sindemia (Singer, 2009), que se caracteriza pela análise e prevenção de doenças por meio da compreensão das interações complexas entre múltiplos fatores mutuamente agravantes relacionados à saúde e os contextos socioeconômicos e ambientais de diferentes comunidades. Essa perspectiva complementa estratégias isoladas de prevenção, que podem ser efetivas para alguns casos, mas que frequentemente não protegem o público em geral de forma mais abrangente.

Dessa forma, além dos fatores socioeconômicos e ambientais, torna-se importante considerar que as defasagens educacionais também são fatores que se somam e colaboram negativamente para o surgimento e disseminação de diferentes tipos de doenças, uma vez que uma boa formação básica deveria ser capaz de formar cidadãos que reconhecem a importância da ciência, do autocuidado e da boa informação, bem como seu papel individual e coletivo relacionado a medidas de prevenção e precaução.

O professor é peça fundamental nesse processo, mas ele não está sozinho. A pandemia também demonstrou e reforçou, de fato, a importância do envolvimento das famílias no processo educativo e de formação. Parece importante buscar caminhos que estendam a participação dos pais de casa para dentro da escola, garantindo pertencimento, envolvimento e, dessa forma, corresponsabilização e senso de comunidade, ressignificando a escola como uma das instituições centrais de todas as comunidades. Todos os aprendizados, desafios e dilemas devem ser incluídos e considerados dentro de uma perspectiva da renovação da escola, tornando-a mais desafiadora, contextualizada, resiliente e que efetivamente cumpra um papel que transcenda o formativo e fortaleça seu compromisso com um ethos preventivo e transformador das realidades coletivas.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao Programa Cidades Globais (Instituto de Estudos Avan- çados - USP), aos professores doutores Marcos Buckeridge e Arlindo Phillip Jr. Aos amigos e amigas da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo e aos milhares de professores e professoras participantes da pesquisa.

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Recebido: 18 de Fevereiro de 2022; Aceito: 03 de Janeiro de 2023

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