SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.36QUESTIONÁRIOS CONTEXTUAIS DO PISA EM PESQUISAS EDUCATIVAS: REVISÃO SISTEMÁTICASOBRE COMO MEDIR DIFERENÇAS DE RESULTADOS NO ENSINO índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Compartilhar


Estudos em Avaliação Educacional

versão impressa ISSN 0103-6831versão On-line ISSN 1984-932X

Est. Aval. Educ. vol.36  São Paulo  2025  Epub 19-Fev-2025

https://doi.org/10.18222/eae.v36.11294 

ARTIGOS

AVALIAÇÃO MEDIADA DE CRIANÇAS COM IDADE ENTRE 2 E 5 ANOS

EVALUACIÓN MEDIADA DE NIÑOS COM EDAD ENTRE 2 Y 5 AÑOS

MEDIATED ASSESSMENT OF CHILDREN AGED 2 TO 5 YEARS

NERLI NONATO RIBEIRO MORI, supervisão, design da apresentação, redação do manuscrito original, redação - revisão e edição, metodologia e investigaçãoI 
http://orcid.org/0000-0002-6798-5225

NAIRA NATIELI DE ARAÚJO NOVELLO, redação do manuscrito original, metodologia e investigaçãoII 
http://orcid.org/0009-0003-7729-6647

IUniversidade Estadual de Maringá (UEM), Maringá-PR, Brasil;

IIUniversidade Estadual de Maringá (UEM), Maringá-PR, Brasil;


RESUMO

O texto apresenta um protocolo de avaliação para crianças com idades entre 2 e 5 anos e tem como base escalas de desenvolvimento: a Base Nacional Comum Curricular e currículo para a educação infantil. A pauta para o registro dos resultados abrange as áreas a serem avaliadas e os materiais necessários, bem como um espaço para anotações. Trata-se de uma proposta de avaliação mediada, na qual o(a) avaliador(a) atenta para as estratégias da criança, interfere e medeia de forma intencional e organizada, com vistas a compreender seus conhecimentos e habilidades reais e potenciais. Os resultados das avaliações realizadas até o momento indicam a viabilidade do instrumento para aplicação e sua contribuição para o planejamento de intervenções pedagógicas na fase pré-escolar.

PALAVRAS-CHAVE EDUCAÇÃO INFANTIL; ACOMPANHAMENTO DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL; AVALIAÇÃO.

RESUMEN

El texto presenta un protocolo de evaluación para niños con edad entre 2 y 5 años y tiene como base escalas de desarrollo, la Base Nacional Común Curricular y el currículo para la educación infantil. La agenda para el registro de los resultados abarca las áreas a evaluar y los materiales necesarios, así como un espacio para anotaciones. Se trata de una propuesta de evaluación mediada, en la que el evaluador presta atención a las estrategias del niño, interfiere y media de manera intencional y organizada, con miras a comprender sus conocimientos y habilidades reales y potenciales. Los resultados de las evaluaciones realizadas hasta el momento indican la viabilidad del instrumento para su aplicación y su contribución para la planificación de intervenciones pedagógicas en la etapa preescolar.

PALABRAS CLAVE EDUCACIÓN DE LA PRIMERA INFANCIA; SEGUIMIENTO DEL DESARROLLO INFANTIL; EVALUACIÓN.

ABSTRACT

The text presents an assessment protocol for children aged 2 to 5 years, and is based on development scales: the Base Nacional Comum Curricular [National Common Curriculum Base] and the curriculum for early childhood education. The agenda for recording the results includes covers the areas to be assessed and the necessary materials, as well as a space for notes. This is a mediated assessment proposal, in which the evaluator pays attention to the child’s strategies, intentionally and systematically intervenes and mediates, with a view to understanding the child’s actual and potential knowledge and skills. The results of the assessments carried out so far indicate the feasibility of the instrument for application and its contribution to the planning of pedagogical interventions in the preschool phase.

KEYWORDS EARLY CHILDHOOD EDUCATION; CHILD DEVELOPMENT MONITORING; EVALUATION.

INTRODUÇÃO

O tema avaliação de crianças pequenas, ou educação infantil, é ainda pouco investigado no Brasil. Na revisão integrativa realizada por Souza et al. (2023), os autores afirmam que, entre 2013 e 2021, houve um aumento de publicações em periódicos científicos, impulsionado especialmente pela realização de dossiês sobre o tema. Entretanto, apesar da maior visibilidade, a maioria dos textos trata de políticas educacionais de avaliação ou foca em aspectos isolados da aprendizagem e desenvolvimento. Além disso, como verificado por Lanes e Timm (2022), é significativa a ausência de estudos voltados para processos avaliativos e abordagens específicas para a primeira infância e crianças bem pequenas.

Um protocolo de avaliação é necessário para padronizar os procedimentos avaliativos, contribuir para um diálogo comum entre profissionais e melhorar o delineamento da intervenção a ser realizada. No presente caso, é um passo inicial para a elaboração de um protocolo de coleta de dados centrado na aprendizagem e no desenvolvimento de crianças com idade entre 2 e 5 anos. Empregado inicialmente no contexto de clínica psicopedagógica, o instrumento vem sendo aplicado em crianças dos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) das redes municipais da região noroeste do Paraná.

O instrumento pode ser aplicado por profissionais da área de educação e saúde, com conhecimentos sobre aprendizagem e desenvolvimento na perspectiva da teoria histórico-cultural (THC) e de conteúdos curriculares previstos para a etapa escolar avaliada.

As informações a serem registradas no instrumento devem ser colhidas por meio de observação direta de atividades estruturadas e não estruturadas com a criança e entrevistas com os pais. A coleta e análise estão organizadas em cinco áreas: social e higiene pessoal; reconhecimento corporal e desenvolvimento motor; brincadeira; linguagem e raciocínio lógico; escuta e atenção.

Apresentamos na sequência uma discussão sobre os pressupostos teóricos do desenvolvimento e da escolarização da criança em idade pré-escolar, bem como um roteiro para verificar o conhecimento dela nesse período. Juntamente com o roteiro, são descritos os materiais e as atividades a serem usados na avaliação, os quais podem variar de acordo com as necessidades que se apresentem no contexto de aplicação.

APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO DAS CRIANÇAS EM IDADE PRÉ-ESCOLAR

O desenvolvimento da criança se movimenta segundo as mediações vivenciadas no grupo cultural no qual está inserida. Um ambiente enriquecedor e as trocas com pares diferentes propiciam um progresso contínuo de ampliação das condições biológicas, das funções psicológicas superiores (FPS) e da motricidade.

Para Vigotski (2007, 2008), os aspectos do desenvolvimento devem ser estudados em sua dinâmica histórica e cultural. Esse princípio marca a origem da THC, quando o autor, juntamente com Luria e Leontiev, iniciou a produção científica que conclamava uma psicologia comprometida com os ideais revolucionários que marcaram o período posterior à Revolução Russa de 1917 (décadas de 1920 e 1930).

O principal ponto de oposição à concepção anterior à Revolução era a dicotomia entre o idealismo e o mecanicismo. Para os autores russos, o ser humano deveria ser pensado em sua totalidade e fundamentado no materialismo dialético. Sob esse ponto de vista, o desenvolvimento é concebido como um processo de humanização, o qual é determinado pelos arcabouços biológico e social, ambos em constante transformação.

Nesse movimento transformador são formadas as FPS da percepção, memória, imaginação, pensamento verbal ou matemático, sensação, linguagem, emoção e sentimentos. Inicialmente, essas funções são elementares e, com a convivência e mediação de outras pessoas, elas se transformam em funções superiores.

O papel do meio e as interações com as pessoas são fundamentais na constituição do sistema psicológico, nos movimentos de transformação das funções psicológicas elementares em superiores. Com as vivências mediadas, as funções naturais e biológicas se combinam em redes de formação de significados, convertendo-se em sínteses complexas, conscientes e voluntárias.

O processo se realiza por meio das atividades e do uso de instrumentos para a produção da vida e comunicação no grupo cultural. Leontiev (1969, 1978) e Vigotski (2008, 2018) explicam a consciência como a função psíquica mais importante para o processo de humanização, ou seja, das características especificamente humanas. A consciência possibilita a percepção de significados e sentidos e, com isso, move o desenvolvimento para níveis mais complexos, até formar uma nova zona potencial para novas aquisições e habilidades cognitivas, motoras e emocionais.

A infância é o período de conquista da cultura historicamente elaborada pela humanidade, de modo a formar internamente na criança as características especificamente humanas. A riqueza e a diversidade de experiências vividas nesse período ampliam as potencialidades imaginativas e criadoras, por exemplo. Essas atividades tornam possível imaginar algo descrito ou narrado por alguém, ou seja, não vivenciado diretamente pela pessoa.

De modo semelhante, serão maiores as chances de fala mais elaborada em crianças inseridas em ambientes nos quais as pessoas se comunicam utilizando um rico vocabulário.

Ao discutir as leis fundamentais do desenvolvimento psíquico infantil, Mukhina (1996) destaca a importância do ensino e da atividade, as faixas etárias e principais características dos respectivos períodos do desenvolvimento. A autora explica a infância como um período de preparação para a vida, de conquista de conhecimentos, hábitos e habilidades necessários para a atividade adulta. Esse processo se realiza por fases etárias, cada uma delas com atividades definidoras das principais características psíquicas e com um papel próprio na formação para a vida.

As etapas de desenvolvimento alternam períodos mais longos - de lentas, graduais e constantes transformações - com outros mais curtos, nos quais as mudanças psíquicas se fazem aos saltos. Mukhina (1996) denomina de crises do desenvolvimento o conjunto de mudanças bruscas, quando traços psíquicos característicos desaparecem e outros se manifestam, tornando a criança quase uma estranha para aqueles que a cercam.

Em condições similares, todas as crianças apresentam as crises aproximadamente nas mesmas faixas etárias (Tabela 1): do primeiro ano (nascimento até por volta de 1 ano), da primeira infância (entre 1 e 3 anos) e da infância pré-escolar (dos 3 aos 7 anos).

TABELA 1 Períodos do desenvolvimento psíquico 

FAIXA ETÁRIA ETAPA DO DESENVOLVIMENTO ATIVIDADE PRINCIPAL
Nascimento a 1 ano Primeiro ano de vida Relação emocional com o adulto
Primeira crise
1 a 3 anos Primeira infância Atividade com objetos
Segunda crise
3 a 7 anos Infância pré-escolar O jogo
Terceira crise

Fonte: Adaptada de Mukhina (1996, pp. 58-59).

Os filhotes de animais têm, ao nascer, um conjunto de reflexos não condicionados que assegura a formação de um adulto capaz de reações e ações, como procurar e/ou caçar seu próprio alimento, defender-se, atacar e procriar, entre outras atitudes. De modo adverso, o comportamento humano precisa ser formado na criança e ela precisa aprender, na interação com outras pessoas, a ser humana.

Se por um lado isso pode ser uma desvantagem em comparação aos animais, por outro, possibilita ao recém-nascido uma ampla capacidade de assimilação de novas vivências. Em condições adequadas de satisfação das necessidades orgânicas e educacionais, a criança certamente desenvolverá os sentidos para perceber e interpretar os estímulos e impressões do ambiente no qual está inserida. Associada à complexificação do sistema nervoso e, consequentemente, do aparelho audiovisual, as impressões externas percebidas ajudam a formar os reflexos de orientação relacionados à concentração audiovisual e o alicerce para funções superiores complexas que determinam a atribuição de sentidos. Aproximar um objeto, inclinar o rosto da criança para ele e falar com ela é uma forma de o adulto mediar um comportamento de orientação e atenção ao objeto.

Na esfera emocional, o espasmo da glote que causou o primeiro choro no nascimento se transforma em formas de expressão de condições desagradáveis, como sono, fome, calor, entre outras. Depois, isso se converte em sinal de padecimento espiritual.

O sorriso, uma manifestação de emoção positiva, se manifesta ao final do primeiro mês, provocado pela atenção do bebê a um objeto ou ao adulto que diz palavras carinhosas e sorri para ele. Ao concentrar seu olhar no rosto que se inclina, o bebê, ao sorrir e movimentar braços e pernas, emite sons suaves que indicam o desejo de comunicação e se configura como a primeira necessidade social da criança. O denominado complexo de animação marca a fronteira entre o período do nascimento e o do primeiro ano de vida.

A relação da criança com o adulto é fundamental no primeiro ano; além de satisfazer suas necessidades orgânicas, ele proporciona a ela a movimentação pelo ambiente, o acesso a objetos e as principais sensações auditivas. As relações entre a criança e o adulto passam a se caracterizar como atividade conjunta, na qual o adulto dirige as ações da criança e esta, por sua vez, a ele recorre quando precisa de ajuda. (Mukhina, 1996, p. 82).

A imitação é muito importante para a atividade conjunta. Entre 7 e 9 meses, a criança acompanha com atenção o movimento e as ações do adulto e, paulatinamente, ela se torna capaz de repeti-los. Ao final do primeiro ano, a criança imita com profusão gestos e ações vivenciadas. Os olhares, sorrisos, gestos ou acenos de aprovação ou reprovação fazem com que a criança assimile costumes e formas de comportamento.

Essa forma de comunicação entre a criança e o adulto passa a ser insuficiente e a criança passa a tentar compreender a palavra humana e, na sequência, a falar. Da repetição de sons dos primeiros meses, ela passa a pronunciar sílabas, aperfeiçoando o movimento dos lábios, da língua e a respiração. Com o direcionamento dos adultos para o nome e a função dos objetos, ela se torna capaz de nomeá-los.

As conquistas mais importantes da primeira infância, são: andar ereto, desenvolvimento da atividade objetal e domínio da linguagem.

A capacidade de andar verticalmente proporciona uma visão mais ampla e um contato mais livre e independente com o mundo exterior. O desenvolvimento dessa habilidade possibilita melhor desenvolvimento da orientação no espaço. Ao aprender a andar, a criança desenvolve maior autonomia para conhecer objetos e aprender a manipulá-los.

Outra transformação importante é a manipulação complexa de objetos. Se antes a criança manipulava objetos de forma semelhante, na passagem pela primeira infância a criança passa a perceber, com a mediação do adulto, a função social do objeto.

Quanto à linguagem, o incentivo à necessidade de comunicação verbal e ao uso correto das palavras contribui para a ampliação e para o aperfeiçoamento da linguagem comunicativa.

Ao final do terceiro ano de vida, novas formas de atividade são elaboradas: são os jogos e as formas produtivas de ação, como o desenho, a modelagem e a construção.

O jogo origina mudanças qualitativas na psique infantil, criando condições necessárias para a criança se apropriar do mundo e agir de modo mais planejado, criativo e imaginativo. Consideradas como atividades principais e geradoras de desenvolvimento psíquico, o jogo e a brincadeira permitem interagir e vivenciar com o meio, a cultura, os valores, as relações e os papéis sociais. Aos poucos, explica Mello (2007), a criança é capaz de explorar os espaços, estabelecer relações, elaborar e aprimorar sua capacidade de pensar, formulando hipóteses sobre os fenômenos e fatos vivenciados.

No jogo, a criança reproduz cenas de seu cotidiano, utilizando argumentos que variam de complexidade e duração. Entre 3 e 4 anos os jogos duram de 10 a 15 minutos; entre 4 e 5 anos, de 40 a 50 minutos; entre 6 e 7 anos, podem durar horas.

De modo geral, o teor dos jogos são as relações humanas e, quanto maiores, mais apego às normas e às regras. Crianças pré-escolares mais velhas cumprem rigorosamente as regras, elas “insistem muito em fazer as coisas como elas são feitas na realidade” (Mukhina, 1996, p. 160).

Com a ampliação dos jogos conjuntos, as crianças aprendem a coordenar suas ações com as dos demais e a colaborar umas com as outras, realizando acordos e organizando brincadeiras que envolvam vários papéis. Quando não chegam a um acordo, o jogo se desfaz, embora a vontade de brincar geralmente faça com que elas voltem e façam concessões mútuas.

Como demonstrado na Tabela 1, o jogo é a principal atividade da infância pré-escolar (3 a 7 anos). Jogar contribui para desenvolver a atenção e a memória ativas, uma vez que as próprias condições do jogo obrigam a focar nos objetos e conteúdos presentes nas situações lúdicas e nos argumentos a elas relacionados.

Mukhina (1996) defende o jogo como o fator principal para a introdução da criança no mundo das ideias e para o estabelecimento da consciência sobre ação-consequência. Ele é essencial também para a formação da linguagem comunicativa, pautada em argumentos e conceitos coerentes. No processo de jogar, objetos concretos podem ser substituídos por objetos imaginários e o jogo se torna mais interiorizado e representativo de modelos de conduta.

Carbonieri et al. (2020) explicam os jogos e as brincadeiras como possibilidades de representação das relações sociais vivenciadas. Ao brincar e assumir papéis, as crianças submetem-se voluntariamente às regras do papel assumido, exercitando, assim, a imaginação, o autodomínio e a correção emocional da conduta, a memória voluntária e o início da capacidade de operar simbolicamente. Como enfatizam as autoras, essas capacidades são primordiais para o desenvolvimento do pensamento teórico. Daí a importância de “assegurar condições para que a atividade de estudo comece a ser gestada já na educação infantil, considerando as particularidades da criança na idade pré-escolar (ou seja, seus interesses, motivos e necessidades)” (Carbonieri et al., 2020, p. 7).

No período pré-escolar, portanto, a atividade-guia é a brincadeira, os jogos de papéis, pois eles possibilitam a formação de conhecimentos e habilidades fundamentais para a próxima fase.

Pode ser tentador pensar em acelerar o processo de desenvolvimento psíquico da criança. Todavia a aceleração artificial, além de ineficaz, é danosa e comprometedora. A infância é uma etapa que não pode ser abreviada ou marcada por tarefas que antecipem esteios que nela se formam.

Norteada por pressupostos aqui apresentados, a avaliação proposta parte do princípio de humanização como processo de educação e a importância de práticas pedagógicas que garantam a máxima apropriação pelas crianças pequenas, ou seja, aquelas com idade até 6 anos. A condição para que esse processo se realize é o respeito e a promoção às atividades típicas dessa fase: “O tateio, a atividade com objetos, a comunicação entre as crianças, e entre elas e os adultos, o brincar” (Mello, 2007, p. 85).

A avaliação tem um caráter instrumental e mediado, ou seja, busca conhecer os instrumentos psicológicos evidenciados pela criança, com e sem mediação do adulto, e compará-los com o realizado pela maioria das crianças em condições semelhantes de vida (Vigotski, 2019).

Mais que atentar para os marcos da aprendizagem e do desenvolvimento, é essencial considerar o papel do social e do ensino sistematizado, bem como o papel da mediação no momento de avaliar. Mediar tem o sentido vigotskiano de estabelecer um modo de interação dialógica com a pessoa avaliada, de modo que ela possa demonstrar o que já sabe, mas que o(a) avaliador(a) possa verificar também o que ela pode resolver com ajuda, ou seja, quais estratégias e conhecimentos que a criança já domina e aqueles que ela pode ampliar e enriquecer.

Sob essa perspectiva, o(a) avaliador(a) atenta para o processo de resolução das atividades propostas, interfere e medeia, de modo intencional e organizado, com vistas a compreender o desenvolvimento real e o potencial da criança em investigação. Com base nos dados colhidos na avaliação mediada de aprendizagem e desenvolvimento (Amad), é possível planejar intervenções pedagógicas que impulsionem a zona de desenvolvimento proximal (ZDP) e a transformação do potencial em real.

Passamos, na sequência, à proposta do protocolo de avaliação.

AVALIAÇÃO MEDIADA DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO

A Amad se constitui em um protocolo de avaliação psicopedagógica para crianças com idades de 2 a 5 anos e 11 meses. Para sua elaboração, foram fundamentais considerações sobre o papel da cultura e mediação no desenvolvimento, escalas e testes de desenvolvimento e documentos, como a Base Nacional Comum Curricular (Ministério da Educação [MEC], 2018) e Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil (MEC, 2010).

O conjunto de materiais para a avaliação é composto por brinquedos, objetos escolares e não escolares, fichas plastificadas e pelo livro Um dia na floresta (Mori & Novello, 2024). O instrumento pode ser aplicado por profissionais da área de educação e saúde, com conhecimentos sobre aprendizagem e desenvolvimento e de conteúdos curriculares previstos para a etapa escolar em pauta. Uma síntese das expectativas para cada idade pode ser visualizada na Tabela 2.

TABELA 2 Expectativas quanto às habilidades por faixa etária 

Áreas e habilidades
2 anos 3 anos 4 anos 5 anos
Social e higiene pessoal
• Interage com diferentes ambientes, objetos, alimentos e pessoas, demonstrando curiosidade e iniciativa exploratória.
• Reconhece e aceita regras de seu cotidiano, utilizando comunicação verbal simples ou gestual para expor suas vontades e sentimentos.
• Reconhece seus pertences e, quando solicitado, os compartilha, recolhe e guarda.
• Manifesta sentimento afetivo com pessoas e objetos. Revela desconforto na ausência de seus responsáveis e reconhece familiares próximos.
• Cumprimenta e se despede, com ou sem orientação.
• Utiliza o assento sanitário, com ou sem mediação.
• Percebe consequências de suas ações com pouca mediação, reconhece e aceita regras de seu cotidiano, assim como apresenta atitude de ajuda e de resolução de conflitos quando solicitado.
• Demonstra atitude de cuidado e afeto com outras pessoas e objetos.
• Identifica expressões faciais com orientação.
• Demonstra autonomia para buscar outras pessoas para brincar consigo.
• Compreende o conceito de aguardar a sua vez e de compartilhar seus objetos.
• Distingue o que é seu ou do colega.
• Tira seus sapatos e meias sem auxílio.
• Reconhece e realiza algumas funções de higiene pessoal, com autonomia.
• Comunica suas necessidades fisiológicas e vai sozinha ao banheiro, necessitando de pouco auxílio para se limpar ou vestir.
• Reconhece regras básicas de convívio social e sabe se desculpar quando comete algum erro de conduta.
• Usa a fala verbal para resolver conflitos, com ou sem orientação, revelando suas emoções.
• Demonstra autonomia no que já aprendeu e solicita ajuda quando necessário.
• Apresenta atitude de cooperação e participação.
• Vai ao banheiro de modo independente.
• Veste-se sozinha ou com pouco auxílio.
• Descreve sua casa e familiares, além de identificar profissionais de seu meio social.
• Interage socialmente, relatando seus desejos e frustrações.
• Reconhece e cumpre regras.
• Demonstra atitudes de cooperação, empatia e percepção de particularidades das pessoas, do meio físico e sua função social.
• Conhece regras sociais de higiene e executa, com pouco ou nenhum auxílio, atividades relativas ao autoconhecimento do funcionamento do próprio corpo e autocuidados.
• Veste-se de forma autônoma.
• Demonstra organização e responsabilidades para com os objetos.
Reconhecimento corporal e desenvolvimento motor
• Locomove-se com autonomia, podendo apresentar leve desequilíbrio.
• Apresenta movimentos como agachar, pular, chutar, sentar e subir degraus, entre outros.
• Demonstra conhecimento de gestos e movimentos de seu cotidiano em suas brincadeira e rotina.
• Compreende e realiza comandos direcionados de coordenação motora grossa e fina, mesmo que com algum desequilíbrio.
• Imita e identifica movimentos corporais com pouca mediação.
• Reconhece expressões faciais, assim como percebe particularidades físicas das pessoas e objetos.
• Reconhece e nomeia as partes do corpo em si e no outro.
• Evidencia conhecer a função social de uma tesoura.
• Registra traços em forma de cópia.
• Executa movimentos de encaixe, puxar, pegar e soltar.
• Manuseia, de diferentes formas, o papel e os instrumentos para desenhar, bem como cria formas com massinhas de modelar.
• Reconhece e realiza uso de talheres e copos, ainda que com oscilação motora.
• Locomove-se com autonomia, podendo apresentar pouco desequilíbrio.
• Apresenta coordenação motora grossa de baixa complexidade.
• Atende a solicitações orais.
• Anda de triciclo.
• Chuta, posiciona-se corporalmente, agarra e lança objetos próximo do alvo.
• Canta imitando gestos com auxílio e controle motor.
• Inicia movimento de pinça e de rotação, realizando com auxílio o movimento do alinhavo e tesoura.
• Modela figuras propostas com massinhas.
• Registra traços e círculos em forma de cópia, cria desenhos com tinta.
• Demonstra equilíbrio no uso de talheres e copos sem proteção.
• Apresenta conceitos básicos de alfabetização, com orientação.
• Reconhece particularidades de pessoas e objetos, além de distinguir quatro ou mais expressões faciais.
• Classifica e organiza sequências, com orientação inicial.
• Identifica e nomeia até duas cores.
• Reconhece particularidades físicas e expressões faciais em outras pessoas.
• Expressa corporalmente emoções.
• Utiliza seus cinco sentidos para discriminar objetos e combinar e nomear, no mínimo, quatro cores.
• Compreende e realiza comandos orais.
• Apresenta conceitos básicos da alfabetização.
• Realiza movimentos de coordenação motora grossa de complexidade média com equilíbrio, assim como agarrar e arremessar objeto em alvo próximo.
• Realiza movimento de pinça para tentativa de escrita e cópia de desenhos com traços retos.
• Usa tesoura em figuras retas, alinhada com pouco ou nenhum auxílio, e realiza o movimento de rosca com pressão.
• Tem noção de espaço.
• Usa os cincos sentidos para exploração do meio.
• Reconhece cores.
• Nomeia e reproduz formas.
• Copia desenhos e símbolos.
• Demonstra início de organização na criação de desenhos, símbolos e objetos, respeitando suas principais características, com diferentes instrumentos de registro.
• Sua coordenação motora fina abrange o movimento de pinça, o trabalho com alinhavo, uso de tesoura em linhas retas, manuseio de objetos de pressão e de rosca, apreensão, pontaria e força.
• A coordenação motora grossa de complexidades altas lhe possibilita múltiplas formas de movimentos coordenados e controlados de locomoção: pular alternando os pés, equilíbrio sobre um pé.
• Realiza movimentos, como chutar, agarrar com as mãos.
• Sobe e desce escadas.
Áreas e habilidades
2 anos 3 anos 4 anos 5 anos
Brincadeira
• Compreende e realiza comandos simples, manuseando diferentes texturas, além de esconder, localizar e interagir com instrumentos conhecidos; explora todo o ambiente, assim como os objetos presentes.
• Reconhece a função social dos objetos e cria objetivos para eles.
• Mantém o foco de concentração em atividades que gosta e o altera quando apresenta dificuldades.
• Solicita auxílio quando necessário e ajuda o outro quando solicitado.
• Envolve pessoas em suas brincadeiras.
• Repete situações de seu convívio no faz de conta.
• Retira sons de instrumentos e objetos.
• Guarda os brinquedos com o auxílio de terceiros.
• Realiza movimentos necessários para alcançar o que deseja.
• Compreende e realiza comandos mais complexos com mediação, manuseando e reconhecendo diferentes texturas e elementos naturais.
• Confecciona objetos, reconhece suas funções ou cria objetivos
para eles.
• Reconhece e organiza espaços domiciliares.
• Localiza e diferencia objetos com números e letras.
• Realiza sequência de até três elementos.
• Classifica três objetos por cor, forma, espessura e peso.
• Interage de modo autônomo com colegas de sua idade.
• Apresenta iniciativa na escolha de brincadeiras.
• Compreende e consegue aguardar a sua vez com pouco auxílio.
• Atende a solicitações que envolvem conceitos complexos.
• Executa jogos corporais e de mímicas, obedecendo as regras com moderada ou nenhuma mediação.
• Apresenta controle maior de sua respiração e organização motora.
• Realiza sequência de até quatro elementos.
• Classifica objetos por cor, forma, espessura e peso.
• Classifica objetos por suas características, formando quatro grupos diferentes.
• Identifica e diferencia letras e números em materiais e objetos.
• Confecciona brinquedos e objetos a partir de instruções.
• Apresenta criatividade, imaginação, curiosidade e iniciativa nas brincadeiras.
• Atende a solicitações que envolvem conceitos complexos.
• Realiza sequência de até cinco elementos.
• Executa jogos corporais e de mímicas.
• Classifica objetos por cor, forma, espessura e peso.
• Classifica objetos por suas características, formando cinco grupos diferentes.
• Identifica e diferencia letras e números em materiais e objetos.
• Espera a sua vez para realizar uma ação.
• Controla a respiração.
• Realiza, com harmonia, gestos e movimentos corporais em ritmos livres e predeterminados.
Linguagem e raciocínio lógico
• Compreende e realiza comandos simples, manuseando diferentes texturas, além de esconder, localizar e interagir com instrumentos conhecidos; explora todo o ambiente, assim como os objetos presentes.
• Reconhece a função social dos objetos e cria objetivos para eles.
• Mantém o foco de concentração em atividades que gosta e o altera quando apresenta dificuldades.
• Solicita auxílio quando necessário e ajuda o outro quando solicitado.
• Envolve pessoas em suas brincadeiras.
• Repete situações de seu convívio no faz de conta.
• Produz sons com instrumentos e objetos.
• Guarda os brinquedos com auxílio.
• Realiza movimentos necessários para alcançar o que deseja.
• Compreende e realiza comandos mais complexos com mediação, manuseando e reconhecendo diferentes texturas e elementos naturais.
• Confecciona objetos, reconhece suas funções ou cria objetivos para eles.
• Reconhece e organiza espaços domiciliares.
• Localiza e diferencia objetos com números e letras.
• Realiza sequência de até três elementos.
• Classifica três objetos por cor, forma, espessura e peso.
• Interage de modo autônomo com colegas de sua idade.
• Apresenta iniciativa na escolha de brincadeiras.
• Compreende e consegue aguardar a sua vez com pouco auxílio.
• Atende a solicitações que envolvem conceitos complexos.
• Executa jogos corporais e de mímicas, obedecendo às regras com moderada ou nenhuma mediação.
• Apresenta controle maior de sua respiração e organização motora.
• Realiza sequência de até quatro elementos.
• Classifica objetos por cor, forma, espessura e peso.
• Classifica objetos por suas características, formando quatro grupos diferentes.
• Identifica e diferencia letras e números em materiais e objetos.
• Confecciona brinquedos e objetos a partir de instruções.
• Apresenta criatividade, imaginação, curiosidade e iniciativa nas brincadeiras.
• Atende a solicitações que envolvem conceitos complexos.
• Realiza sequência de até cinco elementos.
• Executa jogos corporais e de mímicas.
• Classifica objetos por cor, forma, espessura e peso.
• Classifica objetos por suas características, formando cinco grupos diferentes.
• Identifica e diferencia letras e números em materiais e objetos.
• Espera a sua vez para realizar uma ação.
• Controla a respiração.
• Realiza, com harmonia, gestos e movimentos corporais em ritmos livres e predeterminados.
Escuta e atenção
• Reconhece e atende quando seu nome é chamado.
• Demonstra atenção e interesse ao ouvir histórias ou músicas.
• Reconhece sons da natureza, de animais e do seu dia a dia.
• Reproduz sequências de sons ouvidos.
• Constrói, com auxílio, instrumentos musicais simples.
• Reconhece e reproduz sons e ritmos apresentados de forma conjunta e solo, fazendo uso de objetos e de seu próprio corpo.
• Distingue altura, intensidade e duração com pouco ou nenhum auxílio.
• Identifica sua voz e de seus responsáveis em uma gravação.
• Apresenta interesse ao ouvir uma música e história, recontando e identificando os elementos da história com o auxílio do livro.
• Reconhece e diferencia distintos sons (de animais).
• Reproduz sequência de sons.
• Demonstra atenção e foco ao ouvir uma leitura e música.
• Evidencia memória auditiva, recontando uma história ouvida.
• Organiza sequência de imagens de história.
• Cria histórias com base em imagens.
• Reconhece e diferencia distintos sons (de animais e de fenômenos da natureza).
• Reproduz sequência de sons.
• Distingue altura, intensidade e duração de sons.
• Demonstra atenção e foco ao ouvir uma leitura e música.
• Interpreta história, tomando o livro como apoio.
• Reconta duas histórias ouvidas.
• Organiza sequência de imagens de histórias.
• Cria histórias com base em imagens.

Fonte: Elaborada pelas autoras com dados da pesquisa.

Para verificar as habilidades reais e potenciais, são realizadas atividades estruturadas e não estruturadas com a criança e colhidas informações por meio dos cuidadores. As atividades e os materiais são pensados conforme o embasamento teórico e os documentos norteadores da educação infantil, dentre os quais há a Base Nacional Comum Curricular (MEC, 2018), as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (MEC, 2010), bem como algumas escalas de aprendizagem e desenvolvimento propostas em manuais (Figueiras et al., 2005; Sabatés, 2017). Os materiais e atividades a serem utilizados estão especificados na Tabela 3.

TABELA 3 Lista de materiais 

Número Material Número Material
1 Massinha de modelar 34 Ficha plastificada com fotos de profissionais
2 Folhas de sulfite 35 Quatro fichas plastificadas de ambiente rural e urbano
3 Lápis jumbo de escrever 36 Figuras plastificadas de semáforo, placa de “pare”, faixa de pedestre
4 Borracha 37 Figuras plastificadas de pessoas com diferenças faciais contrastantes
5 Giz de cera 38 Ficha plastificada de diferentes expressões faciais (triste, feliz, assustado, bravo)
6 Lápis de cor 39 Figuras plastificadas das fases de vida (bebê,
criança, adulta e jovem - masculino e feminino)
7 Apontador 40 Figuras plastificadas de animais e alimentos
8 Canetinhas coloridas 41 Figuras plastificadas de fogueira, gelo, Sol e Lua com estrelas
9 Tinta guache 42 Fichas plastificadas de palavras escritas e iniciadas com vogais (aranha, árvore, urso, uva, estrela, elefante, ilha, índio, ovo, olho)
10 Pincéis (grossos e finos) 43 Figuras plastificadas de um dia de chuva, de frio, de calor e de ventania
11 Cola 44 Figuras plastificadas de vestimenta para dias de chuva, de frio e de calor
12 Tesoura sem ponta 45 Fichas plastificadas com números, quantidade e escrita
13 Papel crepom 46 Sequência de figuras do livro Um dia na floresta (Mori & Novello, 2024)
14 Literatura infantil (Um dia na floresta, de Mori & Novello, 2024) 47 Imagens destacáveis do livro Um dia na floresta (Mori & Novello, 2024)
15 Pente 48 Imagem plastificada de gráfico com pesos e medidas
16 Colher de aço inox 49 Uma bola macia para chutar
17 Prato de plástico 50 Uma boneca e animais (gato, cachorro, boi, pato, cobra) em tamanho médio
18 Copo de plástico transparente 51 Bonecos femininos e masculinos
19 Sucata. Sugestão: garrafas pets pequenas, tampinhas coloridas de garrafa, canudinhos, rolos de papelão, palitos, potes plásticos, revistas 52 Dez cubos de madeira coloridos (três vermelhos, três amarelos, dois azuis e dois verdes)
20 Garrafa pet pequena e grãos crus (para confecção de chocalho) 53 Blocos de plástico para montagem (tipo Lego - peças grandes)
21 Chocalho de garrafa pet 54 Corda de pular
22 Embalagem de plástico com tampa de puxar 55 Mordedor de plástico
23 Embalagem de plástico com tampa de rosca com dois brinquedos pequenos dentro 56 Formas geométricas em madeira, com cores, espessuras e tamanhos variados
24 Barbante colorido ou cadarço 57 Frasco com mistura e artefato para fazer bolinha de sabão
25 Miçangas grandes ou superfície perfurada para alinhavo 58 Telefone de brinquedo com números
26 Quatro frascos para tato (slime, pedra, arroz, areia) 59 Calculadora
27 Quatro frascos para olfato (pó de café, cravo, chocolate, flor) 60 Calendário
28 Quatro frascos para audição (arroz, pedra, água, areia) 61 Miniaturas de veículos (carros, aviões, motos)
29 Quatro frascos para paladar (morango, café, pipoca, maçã) 62 Alimentos de plástico (frutas, doces e massas)
30 Folha de lixa 63 Alfabeto móvel
31 Algodão 64 Números móveis
32 Bacia pequena e funda 65 Instrumentos musicais de brinquedo (piano, flauta, chocalho)
33 Fita adesiva branca 66 Casinha de bonecas

Fonte: Elaboração das autoras.

Como se pode observar, a Tabela 3 contém o conjunto de materiais sugeridos para as atividades. Cada material é marcado por um número, o qual se repete na pauta para registro do desempenho da criança. Para facilitar a aplicação, é interessante colocar o número nos materiais, os quais podem ser organizados em uma mesa auxiliar, de modo que o(a) avaliador(a) possa alcançá-los e usar quando for oportuno.

As atividades devem ser realizadas conforme a idade da criança; caso ela apresente muitas dificuldades, o indicado é realizar também aquelas indicadas para a faixa etária anterior. De modo semelhante, se a criança atender a mais de 75% do solicitado para sua idade, é interessante avançar para a próxima faixa.

A sequência das atividades, o número do material indicado na Tabela 3 e a descrição dos materiais estão disponibilizados na Tabela 4, em que serão registrados os dados observados nas atividades ou questionados por meio dos cuidadores.

TABELA 4 Pauta com materiais e procedimentos para a Amad 

Avaliação mediada de aprendizagem e desenvolvimento
2 a 5 anos e 11 meses
Frequentemente Sempre Nunca
Nome: ___________________________________________________
Data de nascimento: ___ / ___ / _____
Período da avaliação: ___ / ___ / _____ a ___ / ___ / _____
Materiais e recursos* Áreas Frequência
I. Social e higiene pessoal
2 anos
Olha para o rosto do(a) profissional.
Inclui o(a) profissional nos jogos ou atividades.
Experimenta diversos alimentos (frutas, verduras, legumes, carnes).
Relaciona-se com diferentes pessoas do meio social.
Explora ou tem contato com os elementos da natureza (areia, terra, água, lama, plantas, pedras).
Interage com outras crianças da mesma idade.
Interage com pessoas de maior e menor idade.
Demonstra progressiva independência no cuidado com seu corpo.
Utiliza o assento sanitário, com ou sem auxílio.
Reconhece e aceita as regras do seu cotidiano (comer, tomar banho, brincar) e do meio social de modo gradativo e com orientação.
Reconhece seus familiares.
Comunica-se utilizando diferentes meios de linguagem.
2 anos
Apresenta desconforto na ausência de seus pais ou responsáveis.
Recolhe os objetos após a brincadeira, com ou sem mediação.
Expressa suas emoções e sentimentos de modo que os outros a compreendam.
Dialoga com outras pessoas, expressando seus desejos e necessidades, sentimentos e opiniões (só palavras simples).
Demonstra afeto com pessoas e objetos.
Compartilha os objetos com outros sujeitos.
Interage com os objetos, demonstrando curiosidade e interesse.
Explora o ambiente, interagindo com seus diferentes espaços.
Identifica seus pertences.
Demonstra suas emoções quando seus pedidos são atendidos ou negados.
Cumprimenta e se despede no momento apropriado, com ou sem orientação.
Utiliza seus cincos sentidos na interação com os objetos.
3 anos
Percebe as consequências de suas ações com pouca mediação.
Identifica e aceita regras do seu cotidiano (comer, tomar banho, brincar).
Vai sozinha ao banheiro e com auxílio para se limpar.
Apresenta atitudes de cuidado com outras crianças e adultos.
Auxilia com os braços quando vai colocar ou retirar a roupa.
Reconhece seus pertences e os diferencia dos que são dos colegas.
Compreende o conceito de aguardar a sua vez.
Demonstra confiança em si e na sua capacidade, realizando atividades de modo adequado e com autonomia.
Retira sozinho os sapatos e as meias.
Comunica suas necessidades fisiológicas.
Ajuda nas atividades, quando solicitada.
Compartilha seus brinquedos e objetos.
Apresenta afeto com objetos e pessoas que gosta.
Busca pessoas para brincar.
Resolve conflitos nas interações e nas brincadeiras com mediação.
15 e 17 Penteia-se e lava as mãos com independência.
37 Identifica expressões faciais quando orientado.
4 anos
Veste-se sozinha, porém não é esperado abotoar ou dar laços.
Vai sozinha ao banheiro, com pouco ou nenhum auxílio.
Sabe se desculpar quando comete alguma conduta inapropriada.
Descreve características de sua casa e de seus familiares.
Respeita regras básicas de convívio social.
Organiza-se para poder interagir com os objetos.
Solicita ajuda quando não consegue fazer algo sozinha.
Utiliza a fala para resolver conflitos, com ou sem mediação.
Confia em sua capacidade de fazer as coisas.
Apresenta atitude de participação e cooperação.
Demonstra suas emoções.
Resolve conflitos de partilha de objetos e na interação das brincadeiras com pouca ou nenhuma mediação.
34 Reconhece e identifica profissionais que fazem parte de sua comunidade.
5 anos
Veste-se sozinha, abotoando e puxando o zíper.
Após ir no banheiro, limpa-se e lava as mãos, com autonomia.
Escova os dentes sem auxílio.
Escolhe os amigos.
Está em processo de autonomia para se socializar.
Tem preferência por brinquedos específicos.
Manifesta empatia pelos outros, percebendo seus sentimentos.
Manifesta-se em situações de injustiça.
Compartilha suas ideias e sentimentos com outras pessoas.
Reconhece suas limitações solicitando ajuda em coisas que não consegue realizar após tentativas frustradas.
Guarda os objetos quando termina de utilizá-los.
Participa de brincadeiras coletivas, assumindo papéis e criando enredo.
35 Reconhece as características de um espaço urbano e rural.
36 Identifica os sinais de trânsito mais comuns (cores do semáforo, placa de “pare”, faixa de pedestre).
2 a 8 Representa, por meio de desenho, expressões faciais realizadas pelo(a) avaliador(a).
II. Reconhecimento corporal e desenvolvimento motor
2 anos
Locomove-se de forma harmônica.
Senta e levanta com certa dificuldade.
Agacha e levanta do chão sem cair.
Pega os objetos do chão e se levanta sem deixar o objeto.
Traz e leva objetos solicitados.
18 Bebe água em um copo, molhando-se um pouco.
16 e 17 Consegue segurar uma colher e levar à boca.
Reproduz gestos e movimentos de sua cultura no cuidado de si e nas brincadeiras.
33 Percorre trajetos inventados com obstáculos (subir, descer, andar sobre a fita, pular dentro do círculo, agachar), com orientação visual.
Corre com pouca ou nenhuma queda.
Sobe escadas segurando o corrimão com certo desequilíbrio.
Sobe escadas de joelhos (engatinhando).
Desce escadas de joelhos (engatinhando).
Salta de degraus ou cadeiras.
Pula de pés juntos.
Locomove-se de diferentes formas (de costa, de lado, engatinhando, pulando, rolando), com ou sem mediação.
Identifica o modo como o outro se locomoveu (andar igual cachorrinho), com mediação.
Realiza o movimento de dança em modo de imitação orientada.
Identifica partes básicas de seu corpo.
Sabe nomear as partes de seu corpo no reflexo do espelho ou em fotografias.
Imita gestos e movimentos realizado por outros (crianças, adultos, animais).
Consegue imitar um círculo com o corpo (rodar ou andar no formato).
1 Manipula massinhas de modelar, criando formas.
2 Explora o papel de diferentes formas (rasgar, fazer bolinha, amassar).
22 Consegue destampar e tampar a embalagem (movimento de puxar e empurrar).
22 Compreende e realiza os comandos - dentro, fora, atrás, na frente, em cima, embaixo, junto e separado -, com orientação.
49 Realiza o movimento de chute, com desequilíbrio.
2 anos
51 Percebe as diferenças físicas das pessoas.
50 e 51 Detecta as partes básicas corporais em bonecas e animais quando solicitado.
37 Distingue expressões faciais (triste, feliz, assustado).
52 Constrói torres de seis cubos.
53 Realiza o movimento de encaixe.
2 a 8 Traça, com cópia, linhas na horizontal.
14 Vira as páginas do livro com crescente habilidade.
49 Arremessa objetos no lugar apontado ou próximo.
2 a 10 Manuseia diferentes tipos e suportes para desenhos.
2 e 12 Reconhece o uso da tesoura e tenta manuseá-la.
3 anos
Consegue abrir a porta, torcendo a maçaneta.
Anda de triciclo.
Senta-se e levanta-se com autonomia e equilíbrio.
Canta canções imitando gestos, com auxílio.
Percorre trajetos inventados com obstáculos (subir, descer, andar em cima da fita, pular dentro do círculo, agachar), com orientação oral.
Equilibra-se com os olhos fechados.
Anda de costas.
Sobe e desce escadas de modo ereto, com ou sem apoio no corrimão.
Corre com aceleração e desaceleração.
Consegue se equilibrar em um pé por alguns segundos.
Curva-se sem dificuldades ou com pouco auxílio.
50, 51, 52 ou 53 Classifica objetos de uma forma.
51, 52 ou 53 Tem o conceito de sequenciação.
1 a 14 Demonstra habilidades motoras (pintar, rasgar, folhear).
49 Realiza movimento de chute com desequilíbrio.
49 Agarra a bola arremessada.
2, 9 e 10 Desenha com tinta e pincel.
22 Compreende e realiza os comandos (dentro, fora, atrás, na frente, em cima, embaixo, junto e separado).
3 anos
37 Distingue expressões faciais (triste, feliz, assustado, sério).
38 Reconhece diferenças entre pessoas, comparando cabelos, olhos, peso, altura e idade.
52 Constrói torres com nove cubos.
2 e 3 Copia um círculo.
14 e 52 Identifica duas cores.
2 a 8 Apresenta iniciação do movimento de pinça.
2 e 12 Usa a tesoura tentando seguir os limites (linhas retas).
24 e 25 Realiza alinhavo com auxílio.
1 Modela figuras propostas com massinhas.
2, 11, 12 e 13 Realiza o movimento de colar com linhas, grãos ou papel crepom com traçados propostos.
24 Enrola barbante no carretel ou similar.
22 Consegue destampar e tampar a embalagem (movimento de puxar e empurrar).
22 Compreende e realiza os comandos - dentro, fora, atrás, na frente, em cima, embaixo, junto e separado - com pouca ou nenhuma orientação.
4 anos
37 Percebe os sentimentos dos outros por expressão corporal e facial.
38 Reconhece suas diferenças físicas e percebe as dos outros.
23 Consegue destampar e tampar a embalagem em movimento de rosca.
23 Compreende e realiza os comandos (dentro, fora, atrás, na frente, em cima, embaixo, junto e separado).
49 Realiza o movimento de chute com equilíbrio.
2 a 8 Apresenta o movimento de pinça na tentativa de escrita.
Equilibra-se em um pé só.
Salta em um pé só.
Sobe e desce escadas alternadamente.
Corre com nenhuma queda.
49 Agarra a bola com as mãos.
54 Consegue pular corda.
24 Caminha sobre uma linha.
52 Constrói escadas de seis cubos.
4 anos
2 a 8 Copia o desenho de uma cruz.
14 e 56 Combina e nomeia quatro cores básicas.
49 Arremessa bola, com exatidão, no alvo.
2 e 12 Usa a tesoura respeitando limites com pouca desordem motor (figuras retas).
24 e 25 Realiza alinhavo com pouco ou nenhum auxílio.
26 a 29 Discrimina objetos e figuras relativos aos cincos sentidos.
5 anos
Balança-se, com ou sem auxílio.
Fica em um pé só por 3 a 5 segundos, com os braços cruzados.
Escala com autonomia e equilíbrio.
Consegue elaborar estratégias para pegar mais objetos ao mesmo tempo.
Salta de um pé só ou alternando.
Sobe escadas correndo.
Manipula, recebe e atira objetos com intencionalidade direcionada.
Conta os cinco dedos de uma mão.
24 e 25 Realiza o alinhavo com pouca dificuldade.
3 e 7 Aponta lápis.
2, 8 e 9 Organiza-se na pintura com pincéis e tintas.
52 Constrói quatro degraus, com dez cubos.
2 e 12 Usa a tesoura, conseguindo seguir os limites impostos (figuras retas e curvas).
2 a 8 e 56 Reproduz o desenho das formas geométricas planas: quadrado e triângulo.
2 a 8 Consegue realizar o grafismo simbólico.
2 a 8 Desenha uma casa e um corpo.
2 a 13 Realiza colagem, dobradura e pintura, criando produções bidimensionais ou tridimensionais.
39 Reconhece as etapas da vida humana (bebê, criança, jovem, adulto, idoso).
2 a 8 Copia frases com números e letras.
III. Brincadeira
2 anos
Esconde e acha o brinquedo quando solicitado.
Repete situações de seu convívio (faz de conta).
Interage com todos ou a maioria dos objetos.
Solicita ajuda quando necessário e ajuda o próximo quando pedido.
Mantém a concentração em uma atividade que gosta.
Ocupa todo o espaço disponível.
Utiliza a força para alcançar o objetivo.
Desiste do que não consegue.
Cria outra finalidade singular para objetos com objetivos específicos.
Envolve outras pessoas em suas brincadeiras.
Guarda, com auxílio, os brinquedos após o uso em seus devidos lugares.
19 e 65 Cria sons com objetos, materiais e instrumentos musicais.
19, 26,30, 31 e 56 Explora cores, manuseia materiais variados em texturas e formas.
26, 30, 31 e 32 Reconhece as texturas: áspera, lisa, macia e dura.
Tenta descobrir a função social dos objetos.
55 Executa comandos usando um brinquedo macio (aperta, morde, sopra, joga, pega), com mediação.
3 anos
26, 30, 31 e 56 Reconhece e/ou explora as características físicas de diferentes materiais (textura, peso, tamanho).
52 e 56 Classifica objetos em três formas.
53 Cria formas e objetos com peças que se encaixam.
Casinha de bonecas Organiza o espaço domiciliar, reconhecendo cada item em seus respectivos cômodos.
52 ou 56 Realiza sequência de até três elementos.
18 e 32 Realiza comandos com uma bacia de água e um copo (afunda, flutua, enche, esvazia), com mediação.
19 Confecciona brinquedos de sucata, com mediação.
58, 59 e 60 Localiza brinquedos e objetos que têm números (relógio, celular, calculadora, calendário), com mediação.
55 Executa comandos usando um brinquedo macio (aperta, morde, sopra, joga, pega).
4 anos
40, 52 ou 56 Relaciona-se, com autonomia, com crianças de sua idade.
Realiza o proposto em jogos de mímica.
Compreende e consegue aguardar sua vez em algo que lhe interessa.
Manifesta iniciativa na escolha de brincadeiras.
52 e 56 Classifica objetos por cor, forma, espessura e peso.
Realiza brincadeiras e jogos corporais (amarelinha, boliche, por exemplo), com pouca ou nenhuma mediação.
57 Faz bolinha de sabão.
40, 52 ou 56 Realiza sequência de até quatro elementos.
18 e 32 Realiza ações solicitadas envolvendo conceitos complexos com uma bacia de água e um copo (afunda, flutua, enche, esvazia).
19 Confecciona brinquedos de sucata, com pouca mediação.
58, 59 e 60 Localiza brinquedos e objetos que têm números (relógio, celular, calculadora, calendário).
5 anos
Compreende as regras dos jogos.
Dança e gesticula com músicas e cantigas.
40 Classifica figuras por semelhanças.
Canta e se move em ritmos combinados, como no jogo Escravos de Jó.
40, 52 ou 56 Realiza sequência até cinco elementos.
IV. Linguagem e raciocínio lógico
2 anos
Apresenta vocabulário de, pelo menos, 250 palavras.
Comunica-se com poucas palavras.
Fala sozinho enquanto brinca.
Reproduz com sua voz as palavras que escutou.
Compreende mais palavras do que reproduz.
Fala seu primeiro nome.
Junta duas ou mais palavras para compor frases.
Demonstra sua idade com seus dedos.
41 Apresenta o conceito de quente e frio; pesado e leve; grande e pequeno; dia e noite, com orientação.
2 anos
61 Reconhece as características e funções básicas de diferentes meios de transportes (carro, avião, moto).
14 e 50 Identifica animais por nomes ou sons (cachorro, gato, pato).
14 Repete parte de histórias ouvidas.
Conta oralmente objetos e pessoas.
Nomeia objetos.
3 anos
Apresenta desconforto quando não compreendido.
Utiliza o pronome eu.
Comunica-se expressando seus sentimentos.
Relata experiências e fatos acontecidos, reais ou imaginários.
Realiza imitação (faz de conta) de pessoas do seu convívio.
Fala seu nome completo e seu sexo.
Apresenta o vocabulário de mil palavras.
Utiliza conceitos básicos de tempo (antes, agora, depois, manhã, tarde, depressa), com auxílio.
Consegue dar recados e atender a pedidos.
Brinca de faz de conta, narrando suas ações e personagens.
Formula respostas sobre fatos apresentados em uma narrativa ou identifica alguns personagens e acontecimentos.
31, 41 e 56 Reconhece conceitos, como quente e frio, pesado e leve, grande e pequeno, dia e noite, com pouca mediação.
63 Reconhece a nomenclatura e forma da primeira letra do seu nome.
63 Forma seu nome com as letras que o compõem e lhe são disponibilizadas.
43 Distingue características climáticas (chuva, frio, calor, vento), com pouca mediação.
2 a 8 Realiza desenhos sobre história ouvida.
14 Reconhece, pela gravura, a história do livro conhecido.
2 a 8 Realiza garatujas como forma de comunicação escrita.
63 Usa letras de forma aleatória.
52 Conta objetos e divide, com mediação.
64 Identifica alguns números.
Nomeia três partes do corpo.
4 anos
Comunica-se com diversas pessoas e grupos, expondo suas ideias.
Tem linguagem compreensível.
Verbaliza frases completas para expressar suas vontades.
14 Reconta histórias conhecidas durante a brincadeira.
Cria suas próprias histórias orais.
Utiliza conceitos básicos de tempo (antes, agora, depois, manhã, tarde, depressa), sem auxílio.
14 Formula respostas e perguntas sobre fatos apresentados em uma narrativa e identifica os personagens principais de acontecimentos.
14 Reconta história com base nas ilustrações.
14 Simula a leitura, manuseando o livro de modo correto.
47 Relaciona animais a suas moradias.
44 Reconhece características climáticas (chuva, frio, calor) e roupas próprias a cada estação.
52 Conta objetos e divide, com mediação.
45 e 64 Identifica os números de um a cinco, em sequência.
45 Agrupa elementos com a mesma quantidade e natureza.
40 Identifica e classifica frutas e doces.
2 a 8 Familiariza-se com a escrita de seu próprio nome e de seus familiares (pai, mãe, irmãos, colegas).
2 a 8 Cria histórias e as representa por meio de desenhos.
22, 24 e 56 Identifica características opostas em figuras e objetos (curto e comprido, grande e pequeno, todo e parte, aberto e fechado, dentro e fora).
56 Reconhece e nomeia formas geométricas (retângulo, triângulo, quadrado
e círculo).
56 Identifica formas geométricas sólidas.
45 Relaciona o número à sua quantidade, estabelecendo sequência (de um
a cinco).
40 ou 56 Agrupa até cinco elementos.
5 anos
Sabe o nome completo, idade, endereço e data de nascimento (dia e mês em que nasceu).
Relata fatos vivenciados e sobre sua família.
Vocabulário fluente e com poucos erros.
5 anos
Conta oralmente até dez.
50, 56 ou 64 Realiza cálculo mental simples de subtração e soma, com auxílio oral e apoio em materiais concretos.
46 Organiza histórias conhecidas em sequências de gravuras.
14 Manuseia livros tentando identificar palavras e ilustrações.
2 a 8 Escreve seu nome.
2 a 8 e 63 Identifica e escreve letras do alfabeto.
2 a 8 Cria suas próprias histórias por desenhos ou tentativas de escrita.
2 a 8 Desenha o espaço que está representando as características principais.
2 a 8 Levanta hipótese de escrita de palavras.
14 Identifica partes de um livro (a capa, o nome do autor e o título).
14 e 52 Compara as quantidades representadas, identificando as semelhanças (mais, menos ou igual).
48 Interpreta gráficos simples.
63 e 64 Diferencia letras de números.
45 ou 64 Relaciona o número à sua quantidade.
45 Corresponde a escrita do número com sua representação numérica.
2 a 8 e 48 Tem conceito de medidas e peso, podendo construir gráficos básicos, com mediação.
40 Distingue frutas, doces e massas.
Reconta uma história ouvida.
42 Associa o nome de figuras iniciadas com vogais à sua escrita (aranha, árvore, urso, uva, estrela, elefante, ilha, índio, ovo, olho).
45 Relaciona o número à sua quantidade, estabelecendo sequência (de um
a nove).
45 ou 64 Identifica e coloca, na sequência, os números de um a nove.
64 Reconhece numerais de maior e menor valor (dois e quatro, um e seis, três e sete).
64 Reconhece o conceito de sucessor e antecessor numérico (o que vem antes e depois).
14 e 52 Nomeia quatro cores.
Nomeia quatro partes do seu corpo.
V. Escuta e atenção
2 anos
Identifica e recria sons ouvidos.
Reconhece quando é chamado por seu nome.
Foca e mantém a atenção quando o outro fala.
Reconhece sons da natureza (chuva, pássaros, vento).
Completa músicas conhecidas com palavras, figuras ou outros sons.
14 Demonstra interesse ao ouvir uma leitura, ver ilustrações e ouvir cantigas.
14 Participa de momentos de leitura com apresentação de imagem.
58 e 65 Reconhece sons de seu meio social (buzinas, toque de celular, brinquedos de seu uso).
Apresenta ritmo diante de um som ou de uma música apresentada.
20 Participa da construção de instrumento musical (chocalho), com mediação.
3 anos
Demonstra interesse em ouvir uma música ou história.
Realiza sons com seu próprio corpo.
14 Reconta, por meio de suas próprias palavras, a história, manuseando o livro.
14 ou 46 ou 47 Consegue identificar os elementos da história contada.
19 ou
65
Repete o percurso sonoro junto com o(a) psicopedagogo(a), interrompendo e prosseguindo juntos.
65 Reconhece sons agudos e graves, fortes e fracos, longos e curtos, com pouca ou nenhuma mediação.
Identifica sua voz e a de seus pais em uma gravação.
65 Reconhece e reproduz sons da natureza (chuva, trovão, vento, animais).
Distingue sons de instrumentos musicais expostos (flauta, chocalho, piano de brinquedo, tambor).
4 anos
Reconhece sons de animais.
65 e 58 Relaciona sons a objetos.
14 Demonstra interesse e atenção ao ouvir uma leitura, ilustrações e cantigas apresentadas.
19, 58 e 65 Cria sons com objetos diversos.
Escuta música e relata a letra.
Dá sequência a uma música conhecida, quando esta é interrompida.
5 anos
65 Reconhece altura, intensidade e duração de sons apresentados.
14 Manuseia um livro e reconta a história representada.
Após ouvir duas histórias distintas, consegue recontá-las.
14 e 46 Organiza a sequência de imagens relativas à história apresentada.
46 ou 47 Cria uma história com base na imagem apresentada.
46 ou 47 Relaciona imagens à história que já ouviu.
Observações

Fonte: Elaboração das autoras.

Nota:

* Conforme números indicados para os materiais descritos na Tabela 3.

A pauta apresentada na Tabela 4 indica os materiais, as atividades a serem desenvolvidas e o espaço para marcar a frequência de apresentação da habilidade requerida: frequentemente, ocasionalmente e nunca. A expectativa é que, ao final da avaliação, o profissional forme um mapa das áreas social e higiene pessoal, reconhecimento corporal e desenvolvimento motor, brincadeira, linguagem e raciocínio lógico, escuta e atenção. Para tanto, é preciso consultar a Tabela 2, na qual estão indicadas as habilidades esperadas para cada faixa etária.

Enfatizamos a importância da mediação, do acolhimento e da ludicidade na coleta dos dados.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apresentamos neste texto uma proposta de avaliação de crianças pequenas, a ser realizada de forma mediada, acolhedora e lúdica. A Amad está ancorada em estudos sobre expectativas e habilidades reais e potenciais no período compreendido entre 2 e 5 anos e pode ser utilizada no contexto clínico e de sala de aula.

Até o momento, foram feitas aplicações no contexto clínico e em uma turma de educação infantil de um município da região noroeste do Paraná. Os resultados alcançados confirmam a importância de se avaliar a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças em idade pré-escolar e evidenciam o instrumento em discussão como uma possibilidade para realizar esse intento.

Na continuidade dos trabalhos, buscar-se-á o tratamento quantitativo e a padronização dos dados. Além disso, serão pensadas formas de disponibilizar o instrumento para redes municipais e privadas de educação interessadas.

COMO CITAR:

Mori, N. N. R., & Novello, N. N. de A. (2025). Avaliação mediada de crianças com idade entre 2 e 5 anos. Estudos em Avaliação Educacional, 36, Artigo e11294. https://doi.org/10.18222/eae.v36.11294

REFERÊNCIAS

Carbonieri, J., Eidt, N. M., & Magalhães, C. (2020). A transição da educação infantil para o ensino fundamental: A gestação da atividade de estudo. Psicologia Escolar e Educacional, 24, Artigo e215280. http://dx.doi.org/10.1590/2175-35392020215280Links ]

Figueiras, A. C., Souza, I. C. N. de, Rios, V. G., & Benguigui, Y. (2005). Manual para vigilância do desenvolvimento infantil no contexto da AIDPI. Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/1711.pdfLinks ]

Lanes, E. H., & Timm, J. W. (2022). Produções sobre avaliação da aprendizagem e desenvolvimento na educação infantil. Estudos em Avaliação Educacional, 33, Artigo e08769. https://publicacoes.fcc.org.br/eae/article/view/8769Links ]

Leontiev, A. N. (1969). Desarrollo de la psiquis: La conciencia humana. In A. A. Smirnov, A. N. Leontiev, S. L. Rubinstein, & B. M. Tieplov (Eds.), Psicología (pp. 45-56). Grijalbo. [ Links ]

Leontiev, A. N. (1978). O desenvolvimento do psiquismo. Livros Horizonte. [ Links ]

Mello, S. A. (2007). Infância e humanização: Algumas considerações na perspectiva histórico- -cultural. Perspectiva, 25(1), 83-104. https://periodicos.ufsc.br/index.php/perspectiva/article/view/1630Links ]

Ministério da Educação (MEC). (2010). Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. MEC, SEB. http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/diretrizescurriculares_2012.pdfLinks ]

Ministério da Educação (MEC). (2018). Base Nacional Comum Curricular. Educação é a Base. MEC. https://www.gov.br/mec/pt-br/escola-em-tempo-integral/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal.pdfLinks ]

Mori, N. N. R, & Novello, N. N. A. (2024). Um dia na floresta. Massoni. [ Links ]

Mukhina, V. (1996). Psicologia da idade pré-escolar. Martins Fontes. [ Links ]

Sabatés, A. L. (2017). Denver II: Teste de triagem do desenvolvimento. Hogrefe. [ Links ]

Souza, D. T. M. de S., Martins, R. L. D. R., Calheiros, V. C., & Barcelos, M. (2023). Revisão integrativa sobre avaliação para educação infantil (2001-2021). Revista Estudos Aplicados em Educação, 8, Artigo e20239234. https://doi.org/10.13037/rea-e.vol8.9234Links ]

Vigotski, L. S. (2007). A formação social da mente. Martins Fontes. [ Links ]

Vigotski, L. S. (2008). Pensamento e linguagem. Martins Fontes. [ Links ]

Vigotski, L. S. (2018). Imaginação e criação na infância (Z. Prestes & E. Tunes, Trad.). Expressão Popular. [ Links ]

Vigotski, L. S. (2019). Teoria e método em Psicologia. Martins Fontes. [ Links ]

Recebido: 03 de Julho de 2024; Aceito: 05 de Setembro de 2024

Creative Commons License Este é um artigo publicado em acesso aberto sob uma licença Creative Commons.