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Revista Estudos Feministas

versión impresa ISSN 0104-026Xversión On-line ISSN 1806-9584

Rev. Estud. Fem. vol.28 no.1 Florianópolis  2020  Epub 01-Ene-2020

https://doi.org/10.1590/1806-9584-2020v28n166322 

Resenhas

A odisseia mensal do sangue: a poesia artivista/feminista em Sangria, de Luiza Romão

The Monthly Blood Odyssey: The Feminist/Artivist Poetry in Sangria, by Luiza Romão

1Universidade Federal de Goiás, Unidade Acadêmica Especial de Letras e Linguística, Catalão, Goiás, Brasil. 75701-070 - cac.letras@gmail.com

ROMÃO, Luiza Sousa. Sangria=Sangría. São Paulo: Edição do Autor: Selo do Burro, 2017.


A Poesia. As Mulheres. O Sangue. A terra brasilis. O feminismo. Entrar em contato o fluxo - sanguíneo, discursivo, poético - de Sangria, livro de poemas de Luiza Romão, inclui pensar as relações entre uma escrita poética da história e uma poética da história das mulheres. Sangria/ Sangría, em edição bilíngue em português e espanhol (tradução de Martina Altalef), ao se propor a contar a história do Brasil na perspectiva de um útero e suas simbologias de vida e morte, apresenta projeto estético que enfoca os modos como o corpo feminino, sua anatomia e fisiologia se entrecruzam a um devir-mulher, com as marcas das relações coloniais e patriarcais conservadas na constituição dos processos políticos e ciclos econômicos do país.

Esse retrato, do país e de suas mulheres, da nação e de seus constituintes ambíguos e paradoxais, é feito ao longo de vinte e oito dias de ciclo, por meio de vinte e oito poemas que, somando seis capítulos, textualizam essa pequena odisseia do útero, indicando sua potência de rebelião e transformação. O projeto gráfico apresenta diagramação do texto com a lombada invertida, ao modo dos formatos de calendário para ser pendurado e é ilustrado com fotografias do corpo da própria poeta (fotos de Sérgio Silva) sobrepostas com trabalho em bordado/costura de linha e metal e novamente fotografadas. O livro em seu todo não é paginado, reforçando a ideia de que a localização dos textos em seu interior deve ser feita pela numeração referente aos dias do ciclo menstrual.

As imagens foram, segundo a autora, o ponto de partida para uma segunda proposição, a partir do momento em que Luiza convidou 28 artistas mulheres para performar, com diversas linguagens artísticas, os poemas do livro, o que resultou em um longa-metragem1 já premiado em diversos festivais de cinema e performance no Brasil e outros países da América Latina2 e transformou Sangria em um projeto audiovisual e performático, recém disponibilizado completo para acesso gratuito em uma plataforma digital (ROMÃO, 2019 [2017]). Os poemas numerados de 1 a 28, ao cartografar as passagens dos dias também cartografam as fases do desenvolvimento do corpo das mulheres, de sua socialização e de sua sexualidade em um mundo engendrado por homens. A relação entre o momento do ciclo e o acontecimento ou processo histórico se dá pela numeração dos poemas (a posição do mesmo no calendário que estampa cada página) e o conteúdo referencial que ele aciona, por meio da escolha de signos do corpo e nomes de projeção na história do país.

Ao expandir essa representação dos vinte e oito dias para várias fases da história política do Brasil, em torno dos golpes e reveses que constituem a nação desde o ser um território dominado e colonizado pelos europeus até os transes políticos mais recentes de nossa história, como o Impeachment da ex-Presidenta Dilma Rousseff (já nomeado de Golpe de 2016), os sucessivos caso de corrupção e outros fatos contemporâneos, o poema nos apresenta um possível “modo fêmeo” de pensar a cronologia, não como uma sucessividade de dias, mas como um círculo entre expurgação e renovação, regidos pelo feminino. A escolha do adjetivo fêmeo se faz para buscar certo distanciamento das estereotipias mais constantes quando se fala em feminilidade e escrita de mulheres, sendo que a feminilidade, contaminada por seus modos usuais de interpretação derrogatória no Ocidente, sempre necessitou que os sujeitos que a representam, as mulheres, lutassem para se salvaguardar desse lugar de Outro, conforme pensamento fundador de Simone de Beauvoir (1980). O elemento fundador escolhido pela poeta para construir esse percurso será o órgão talvez mais “feminino” e anatomicamente denunciador dessa feminilidade castrada: o útero e seus principais processos fisiológicos, ovulação, menstruação, gestação.

O sangue menstrual é historicamente objeto de tabus em quase todos os ambientes culturais, não apenas no Ocidente. Esse sangue que não se verte por ferida, nem por corte, nem por morte, mas que surge como um fenômeno que os homens - os usuais “explicadores da realidade” - sempre tiveram dificuldade em compreender, uma vez que o sangue que conhecem é sempre oriundo da violência e das violações corporais diversas. O sangue da menstruação foi declarado impuro tanto em escrituras consideradas sagradas, como a Bíblia cristã, quanto em textos pseudocientíficos que o referendaram como pernicioso pelos chamados padres da igreja, a exemplo do verbete “Menstrua”, constante das Etymologiae, de santo Isidoro de Sevilha, datadas do século VII:

Menstrua es la sangre superflua de las mujeres. Se la denomina menstrua por el ciclo lunar, tiempo que suele mediar en la repetición del flujo; pues en griego “luna” se dice mêne. Se conoce tambien com el nombre de muliebria, pues la mujer es lo único ser viviente que tiene menstruación. Al contacto com esta sangre, los frutos no germinam; se agotam las hierbas; los árboles pierdem su fruta; el hierro se ve corroido por el orin; los bronces se vuelven negros. Si los perros comieram algo que ha estado en contato com ello, se vuelven rabiosos. Y el betún asfaltico, que no se disuelve ni com hierro ni com agua, se desmorona al punto cuando es salpicado por esta sangre. (ISIDORO DE SEVILLA, 1986, p. 37)3

As Etimologias são parte de um conjunto de ideias nas quais se reverberam ideias da fisiologia de Aristóteles, presentes, por exemplo, nas formulações do texto De Generatione Alimalium (Sobre a geração dos animais), nas quais Aristóteles apresenta a compreensão do corpo feminino como incompleto e incapaz de gerar a vida (ARISTOTLE apud BLAMIRES, 1992).

e outros pensadores, como Soranos, para quem o útero (hystera) era o órgão governante do organismo das mulheres, podendo inclusive se deslocar para outras partes do corpo, causando doenças psíquicas e físicas. Robert Davis (1997), no texto Aristotle, ginecology, and the body sick with desire, apresenta algumas reflexões sobre Soranos e suas observações ginecológicas sobre o corpo das mulheres, como a referida crença no “útero móvel”.

Nesses textos, fica evidente a não separação observada entre o teológico e o ginecológico e a motivação referencial a partir de uma compreensão aristotélica que delegava às mulheres o lugar do corpóreo, do irracional e da incompletude e, consequentemente, na apropriação executada do período medieval, do demonológico e teratológico. Propor uma realocação simbólica desse sangue, de seu fluxo e de tudo que ele representa em nossa cultura, constitui um processo de revisão pela poesia, pela construção de uma potência de voz e grito, nessa irmandade de mulheres.

A poeta e sua poesia, gestada no ambiente dos slams e batalhas de versos dos coletivos de periferia na cidade de São Paulo4, de certo modo repercute também sua formação em teatro, uma vez que esta compõe uma poesia em que a oralidade e a vocalização são partes constitutivas do texto escrito (Cf. Mayara PAIXÃO, 2019). Tal configuração formal realinha a origem da leitura vocalizada na voz poética escrita com a força das que gritam por novos modos de representação nos quais confluem projeto estético (imagens do ciclo, dias, fatos históricos) e projeto político (uma revisão em perspectiva feminista da história do Brasil recente). Ao mesmo tempo o livro pode modificar a ideia de fazer poético como algo asséptico e elevado, distante das demandas políticas ou da reivindicação de direitos que estariam fora das pautas tradicionais da poesia. A poesia é algo que fala diretamente a esse leitor e leitora do país atual que, como herdeiros dos modos como este se forjara, também sente no corpo o torpor dos acontecimentos, ou mesmo a anestesia da não-compreensão. A poesia é, portanto, um chamado a sair dessa anestesia, é um chamado à luta e à resistência. Como diria Luiza, o livro é uma técnica ou um processo de guerrilha (Helô D’ANGELO, 2017).

Pelo prisma de um projeto de resistência por meio da poesia, conforme aponta Pilar Lago e Lousa (2017), os versos de Sangria podem ser lidos como uma poesia em que feminismo e arte se aliam, na qual as pautas reivindicativas apresentadas pelas mulheres ao longo de gerações, tendo em vista as investiduras de gênero no ambiente ocidental, percorrem um amplo arco desde a socialização das meninas até as expectativas que se estabelecem sobre as mulheres como sujeitos atuantes na vida política, econômica, intelectual e literária. Nesse sentido, o livro pode ser lido como uma manifestação do que tem sido recentemente denominado artivismo na literatura, ou seja, obras em que a arte se alia a uma pauta a ser colocada em relevância, sem que o trabalho estético necessário à produção artística seja perdido de vista. Nos dizeres de Duda Kuhnert (2018, p. 78) “são infinitas as nuances entre arte e feminismo. Devemos, portanto, tentar enfrentar a questão, quase histórica, da criação estética compromissada com causas políticas - nesse caso, a causa dos direitos das mulheres - e a variedade de combinações possíveis entre arte e ativismo”. A denúncia ao patriarcalismo que rege as relações de gênero é feita, portanto, no livro de Luiza Romão, do primeiro ao vigésimo oitavo poema.

O “Capítulo 1: Genealogia”, é o conjunto de oito poemas que percorrem referências à formação inicial do Brasil, bem como suas estruturas elementares de solidificação social como a chegada dos colonizadores, as relações entre senhores e escravos, os sucessivos governantes, tudo que impede a voz lírica de enunciar o nome do país como um nome próprio. Por exemplo, em “Dia 1: Nome completo”, lê-se:

olho para a caneta e tenho certeza

não escreverei mais o nome desse país

enquanto estupro for prática cotidiana

e o modelo de mulher

a mãe gentil. (ROMÃO, 2017, n. p.)

Essa caneta “em legítima revolta” reconhece os processos falogocêntricos que constituem a nação e as relações de poder embasadas em uma economia perversa da sexualidade. Ao afirmar a “colonização começou pelo útero” e “a colonização foi um estupro”, esse Dia 1. nos reenvia aos topoi mais frequentes nas alegorias dos descobrimentos, dos quais a imagem de Jan van der Straet, mais conhecido como Stradanus, pode ser considerada a mais icônica. Datada em 1587, o desenho amplamente conhecido retrata a América como uma indígena seminua deitada em uma rede. A este desenho, posteriormente, em 1630, Theodor de Galle acrescentaria a seguinte inscrição: Americen Americus retexit, & Semel vocavit inde semper excitam (“Américo redescobre a América, ele a chamou uma vez e desde então ela permanece acordada”). Américo Vespuccio é retratado completamente vestido, em postura ereta, portando todos os símbolos de civilidade da época, ao passo que do lado da indígena temos as referências à selvageria e virgindade da terra recém descoberta, incluindo uma cena de canibalismo ao fundo. A iconografia presente na imagem é muito sugestiva do que seria o processo colonizador, ao promover a equalização das populações autóctones à terra conquistada, a conquista se baseou em sujeição e violação, especialmente das mulheres. A reprodução dessa imagem, acompanhada da legenda com o texto em latim, pode ser encontrada em vários sítios na internet e como no texto de Raphael Fonseca (2013), no qual o autor apresenta interpretação similar a esta. Mulheres como terra a ser conquistada, como povo a ser domesticado, nas relações coloniais de escravidão que terminam por espoliar até o nome do local.

O capítulo seguinte “Capítulo 2: Descobrimento” continua o jogo de termos e ideias em torno da terra e da mulher, ao compor poemas que representam várias “primeiras vezes” para as mulheres, primeira menstruação, primeira masturbação, primeira culpa, primeira paixão, primeira transa, primeiro assédio, primeira eucaristia, primeiro estupro. O “Capítulo 3: Tensão pré-menstrual” acompanha o clima de animosidade que antecedeu às manifestações de 2013 e as movimentações pré-impeachment de Dilma Rousseff no Congresso Nacional. O “Dia 21. Vertigem”, é uma imagem bela-trágica do que se confirmaria em 2016:

do planalto

Ariadne observa

os labirintos

minotauros

se perde

uma linha reta vira novelo

a tragédia-novela. (ROMÃO, 2017, n. p.)

Esse poema prepara o “Capítulo 4: Corte”, que, a partir da metáfora da pílula do dia seguinte, invoca aqueles momentos da história brasileira em que algo poderia ter se modificado, mas que usualmente permanece como sempre, costumeiro e repetitivo, como no fragmento da “Pílula 1”:

golpe é nossa marca de nascença

cordialidade é folclore

nossa tradição sempre foi de violência

e revide

à-mão-armada-insurgência

que paz não traz justiça

quando a toga cheira a carniça. (ROMÃO, 2017, n. p.)

A essa pílula se seguem duas outras, que tematizam a deposição oficial da presidenta e a morte de Dona Marisa Letícia, esposa do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. No périplo entre a retratação dos modos como o Brasil se constitui como sociedade e como organicidade, os métodos do patriarcalismo ficam demarcados no corpo dessas duas mulheres, que de modo diverso, sangram a garantia da manutenção do poder a uma elite econômica constituída desde os primórdios da colonização. No prefácio do livro, Heloísa Buarque de Hollanda (2017, n. p.) demarca as três principais linhas de força do projeto: “a história/política; o corpo/organismo germinando e a teia de violências operantes na formação das subjetividades femininas”. A violência que se abate sobre o corpo dessas duas mulheres é a que se abate sobre as outras mulheres, sobre a coletividade e sobre a Democracia.

“Capítulo 5: Ovulação” e “Capítulo 6: Menstruação” vêm reiniciar o ciclo com a fase de preparação para o recomeço. Poemas “26”, “27” e “29”, respectivamente “Período fértil”, “Sangria” e “Lútea” apresentam esse sangue aos borbotões: ao mesmo tempo encerramento e recomeço. Reordenar a potência em meio ao caos instalado para, em fase lútea, preparar o renascimento, ainda que pela resistência mais radical, como em “Sangria”:

sou a terra que absorve a seiva

a barragem prestes a explodir

SEI SANGRAR POR MIM MESMA

meu útero é uma bomba

e não precisa de fósforo

para explodir. (ROMÃO, 2017, n. p.)

Se, por um lado, os poemas de Sangria são esse instantâneo de um país atualmente colapsado, e recompõem o itinerário dos sucessivos colapsos que compõem a história do Brasil, desde os primórdios da colonização, bem como de seu propalado “Descobrimento”. Por outro lado, esse útero colapsado, que em sangria se desfaz para começar um novo ciclo, é mais ainda essa promessa e mudança, de um novo dia, de um novo mês de uma nova história. Lútea é esse limítrofe entre os devires, entre o vir a ser de uma sociedade em contínua exigência de organização e manutenção de sua Democracia tão incipiente. Ainda que demarcada pela morte e pelo sangue, anuncia a possibilidade de uma geração de vida, essa preparação da mudança, que só se faz pela resistência e pelas sucessivas lutas/lúteas:

paredes se desfazem mês a mês

a hemorragia se torna alívio

e bandeira. (ROMÃO, 2017, n. p.)

Referências

ARISTOTLE. Selections from Generation of Animals. In: BLAMlRES, Alcuin. Woman defamed and woman defended: an anthology of medieval texts. New York: Oxford University Press, 1992. p. 39-41. [ Links ]

BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980. v. 1. [ Links ]

DAVIS, Robert Con. “Aristotle, ginecology, and the body sick with desire”. In: LEFKOVITZ, Lori Hope. (Ed). Textual bodies: changing boundaries of literary representation. New York: State University of New York Press, 1997. p. 35-57. [ Links ]

D’ANGELO, Helô. “Do ponto de vista de um útero, poeta recria a história do Brasil”. Revista Cult. 19/12/2017. Disponível em: Disponível em: https://revistacult.uol.com.br/home/livro-sangria-poemas-luiza-romao/ . Acesso em: 30/05/2019. [ Links ]

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KUHNERT, Duda. “Nas artes”. In: HOLLANDA, Heloísa B. Explosão feminista: arte, cultura, política e universidade. São Paulo: Companhia das Letras, 2018. p. 75-104. [ Links ]

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ROMÃO, Luiza Sousa. Sangria=Sangría. São Paulo: Edição do Autor: Selo do Burro, 2017. [ Links ]

ROMÃO, Luiza Sousa. “Sangria: filme completo”. YouTube. Direção: Luiza Romão, 2019 [2017]. Disponível em: Disponível em: https://youtu.be/OzfcxgQ-Hy4 . Acesso em: 21/06/2019 [ Links ]

1Ver Programa da Rede TVT: Sangria, A Voz do Útero no qual se apresenta “um complexo trabalho de literatura, vídeo, artes plásticas, música, fotografia e performances”. REDE TVT. “Olhar TVT: Sangria - A Voz do Útero”. Youtube, 02/11/2017, Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=rvAVYVlI7oY. Acesso em: 05/12/2019.

2Prêmios e seleções internacionais recebidos por Sangria, o filme (2019): Melhor Longa-metragem Experimental no Ciudad de Mexico International Film Festival (2018) e no FICMARC - Caribbean Sea International Film Festival (2019); Mención Especial no Festival Internacional de Cine Político - Argentina (2018) e participou da Official Selection do Festival Internacional de Cine de Bayamón - Porto Rico (2018).

3Menstrua é o sangue supérfluo das mulheres. É denominado menstrua pelo ciclo lunar, tempo que que se costuma medir na repetição do fluxo; pois em grego “lua” se diz mêne. É conhecido também com o nome de muliebria, pois a mulher é o único ser vivo que tem menstruação. Ao contato com este sangue, os frutos não germinam; as ervas se esgotam; as árvores perdem suas frutas; o ferro se vê corroído pela urina; os bronzes se tornam negros. Se os cachorros comerem algo que tenha estado em contato com o sangue, tornam-se raivosos. E o betume asfáltico, que não se dissolve nem com ferro nem água, se desfaz no momento em que é atingido por este sangue (tradução nossa).

4Luiza Romão, formada em teatro, compõe uma poesia em que a oralidade e a vocalização são partes constitutivas do texto escrito. Cf. Mayara PAIXÃO, 2019.

Como citar esse artigo de acordo com as normas da revista: BORGES, Luciana. “A odisseia mensal do sangue: a poesia artivista/feminista em Sangria, de Luiza Romão”. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 28, n. 1, e66322, 2020

Financiamento: O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001, em Cooperação com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás - FAPEG

Consentimento de uso de imagem: Não se aplica

10Aprovação de comitê de ética em pesquisa: Não se aplica

Recebido: 18 de Julho de 2019; Aceito: 01 de Dezembro de 2019

borgeslucianab@gmail.com

Luciana Borges (borgeslucianab@gmail.com) é doutora em Letras - Estudos Literários pela Universidade Federal de Goiás e Professora na UFG - Regional Catalão, realizando Estágio Pós-Doutoral na UFSC, com supervisão da Profa. Dra. Tânia Ramos. Pesquisa Literatura de Autoria Feminina com ênfase em estudos de gênero, erotismo e pornografia. É autora do livro O erotismo como ruptura na ficção brasileira de autoria feminina (2013). Organizou A mulher na escrita e no pensamento (2013); O corpo na literatura e na arte (2013); Problemas de gênero (2016), dentre outros. É vinculada ao grupo Dialogus (CNPq), ao GT Anpoll - A mulher na literatura.

Contribuição de autoria:

Não se aplica

Conflito de interesses: Não se aplica

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