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Revista Estudos Feministas

versión impresa ISSN 0104-026Xversión On-line ISSN 1806-9584

Rev. Estud. Fem. vol.31 no.2 Florianópolis  2023  Epub 10-Ago-2023

https://doi.org/10.1590/1806-9584-2023v31n295785 

Editorial

Mais uma feminista na ABL: Letras, Literatura e áreas afins na REF

Another feminist at ABL: Language, Literature and related areas at REF

Otra feminista en ABL: Letras, Literatura y áreas afines en REF

Tânia Regina Oliveira Ramos1 
http://orcid.org/0000-0002-2477-0419

Mara Coelho de Souza Lago1 
http://orcid.org/0000-0001-5111-8699

Luzinete Simões Minella1 
http://orcid.org/0000-0001-7953-7385

Cristina Scheibe Wolff1 
http://orcid.org/0000-0002-7315-1112

1Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil. 88040-900


Heloisa Buarque de Hollanda1, escritora feminista brasileira, participante do grupo de mulheres que criou a Revista Estudos Feministas (REF), integrante da Comissão Executiva do projeto editorial desse periódico acadêmico (Lena LAVINAS, 1992; Albertina COSTA, 2004) e de seu Comitê Editorial, projetou-se em 2023 como duplamente acadêmica, ao ser eleita para a cadeira n. 30 da Academia Brasileira de Letras (ABL), posição que se somou a suas atividades como destacada professora de letras no ensino superior do país. Escritora com extensa obra publicada, da qual destacamos, pela conveniência do momento e do tema, a oportuna escrita e organização de abrangente panorama sobre os feminismos, em imprescindível coleção de coletâneas (HOLLANDA, 2018; 2019a; 2019b; 2020a; 2020b).

Vamos partir da premissa de que escutar a polifonia de vozes de mulheres na Revista Estudos Feministas a partir de artigos, dossiês, seções temáticas, debates, entrevistas, ensaios, resenhas, é mais do que uma formalidade editorial, mas uma urgência acadêmica, onde todo e qualquer esforço que fazemos é para entender historicamente os mo(vi)mentos teórico, cultural, político, em textualidades de gênero cujo objetivo é sempre abalar certezas cristalizadas nos discursos de representações. A literatura, a comunicação, as expressões artísticas têm ocupado um expressivo espaço nas páginas da REF. Novos nomes e outras falas permitem uma linhagem de significativos prefixos desconstrutores: descontinuidade, desmembramento, deslizamento, o que vai nos levar, neste número, a recuperar uma história política escrita pelo feminino na tradicional ABL. Além de buscar a coerência conquistada nesse espaço, lugar institucional estratificado, cedemos lugar ao contemporâneo desejo de colocar a mulher como sujeito, na potência da sua escrita e de sua obra.

Como registrar nossa luta para ocupar um espaço na ABL? Sabemos que, durante as oito primeiras décadas de sua existência, nenhuma mulher fez parte da instituição. O Estatuto previa que apenas brasileiros, assim no masculino, que tenham publicado obras de qualquer gênero textual de reconhecido mérito, poderiam concorrer a uma de suas cadeiras. Este substantivo masculino tinha tal força que, em 1930, quando Amélia Beviláqua se candidatou, foi rejeitada com o argumento de que a expressão brasileiros restringiria as vagas da ABL apenas ao sexo masculino. Quando, na década de 50 do século passado, questionamentos começaram a ser feitos, os acadêmicos radicalizaram na inelegibilidade feminina e alteraram o artigo para “os membros efetivos serão eleitos dentre os brasileiros do sexo masculino”. A segunda mulher a tentar participar da ABL foi Dinah Silveira Queiroz, cuja candidatura também foi rejeitada. Apenas em 1977, a instituição discutiu novamente a questão da mulher na Academia, para dar parecer favorável à Rachel de Queiroz, que estrategicamente surpreende em seu discurso de posse ao dizer: “Não entrei por ser mulher. Entrei porque, independentemente disso, tenho uma obra”. A partir dela, outras escritoras e intelectuais conquistaram seu lugar, em disputas muitas vezes acirradas, nesta sequência: Dinah Silveira de Queiroz (1980), Lygia Fagundes Telles (1985), Nelida Piñon (1996), Ana Maria Machado (2003), Cleonice Berardinelli (2009), Rosiska Darcy de Oliveira (2012), Fernanda Montenegro (2022) e, recentemente, em 20 de abril de 2023, um nome que, para a REF, tem um significado muito relevante, Heloisa Buarque de Hollanda, uma das principais vozes do feminismo brasileiro, formada em letras Clássicas, coordenadora, entre tantas atividades, do Fórum M, espaço aberto para o debate sobre a questão da mulher na Universidade.

Antes de dar ainda maior destaque à conquista recente de Heloisa, queremos registrar que, em 2018, a escritora negra Conceição Evaristo, então com 71 anos, decidiu desafiar a instituição e lançou o que ela chamou de anticandidatura, ao dispensar a bajulação habitual para ganhar os votos dos imortais reconhecidos como “clube de amigos”. Entrou na disputa para expor a falta de representatividade negra e feminina e recebeu apenas um voto. Os acadêmicos elegeram o cineasta Cacá Diegues com 22 votos e destinaram 11 votos a Pedro Correa Lago, neto de Oswaldo Aranha. Seria uma vitória para nós, feministas, ver na ABL uma das mais reconhecidas autoras brasileiras, nascida numa favela de Belo Horizonte, empregada doméstica até mudar para o Rio de Janeiro, aos 25 anos, onde ingressou, por concurso público, na carreira do magistério após cursar Letras na Pontifícia Universidade Católica Rio (PUC/RJ), com posterior mestrado também nesta instituição e doutorado em Literatura Comparada na Universidade Federal Fluminense (UFF). Importante darmos o destaque de que a indicação de Conceição Evaristo à ABL partiu de uma petição de 20 mil assinaturas, entregue por ela, sozinha e sem claque, pelos degraus do Petit Trianon, prédio em que está localizada a Academia, no Centro do Rio. Na carta que acompanhava a petição, ela escreveu: “Assinalo o meu desejo e minha disposição de diálogo e espero esta oportunidade”. Conceição Evaristo seria a primeira escritora negra a ocupar espaço na ABL. Ocuparia a cadeira 7, cujo patrono é o poeta e abolicionista negro Castro Alves, fato que teria um inegável significado histórico.

A perfeita análise da ABL na dificultosa trajetória das escritoras mulheres2 para adentrarem ao círculo de escritores imortalizados pela participação na instituição fundada por Machado de Assis no século XIX, criada por homens e para homens aos moldes da Academie Française, foi dada a público no destacado número zero da Estudos Feministas, em artigo de Heloisa Buarque de Hollanda (1992), com o instigante título “A roupa da Rachel”.

Após relatar o início da carreira de Rachel de Queiroz com o sucesso de seu primeiro romance e a repercussão de O Quinze para além das fronteiras do Ceará, Heloisa deu destaque à suspeita de muitos escritores importantes, de que o nome da autora fosse o pseudônimo de um escritor. Não podiam crer que o livro tivesse sido escrito por uma mulher, e jovem mulher! Heloisa cita as falas de dois reconhecidos escritores: Augusto Frederico Schmidt “...nada que lembre nem de longe, o pernosticismo, a futilidade, a falsidade de nossa literatura feminina” e Graciliano Ramos: “O Quinze caiu de repente ali por meados de 30 e fez nos espíritos estragos maiores que o romance de José Américo, por ser livro de mulher e, o que realmente causava assombro, de mulher nova. Seria realmente de mulher? Não acreditei” (HOLLANDA, 1992, p. 75). Estas falas trazidas por Heloisa no artigo da REF - então nascente - dizem da posição das mulheres na primeira metade do século passado, época em que o feminismo de primeira onda se expressava com força no Brasil, tendo como figura principal Bertha Lutz que, com intensa atuação política na defesa dos direitos civis das mulheres à educação e ao voto, fundara, em 1922, a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino. O voto feminino no Brasil só foi obtido em 1932, o que revela a exacerbação dos conflitos sociais no contexto patriarcal de então pelas reivindicações das feministas sufragistas, com forte reverberação na ABL.

Na continuidade, relatando as primeiras tentativas frustradas de entrada de mulheres na ABL, Heloisa se detém, com fina ironia, na discussão, pelos acadêmicos, do significado da palavra brasileiros, em que as mulheres do país estariam tradicionalmente subsumidas, como estavam ainda todas as mulheres, englobadas (e secundarizadas!) no termo homens como representantes da humanidade.

Tendo ressaltado a singularidade da carreira profissional de Rachel de Queiroz, que nunca aderiu ao feminismo, dizendo-se comunista-anarquista, e com uma escrita caracterizada na época como “escrita de homem”, a autora argumenta,

Entre os vários campos de observação que nos oferece o enigmático cruzamento da singularidade da carreira de Rachel de Queiroz e dos históricos obstáculos ao reconhecimento profissional das mulheres (...), escolho sua vitória contra o artigo 2 dos Estatutos da Academia Brasileira de Letras que, ao ser fundada, estabeleceu que “só poderão ser membros da ABL os brasileiros natos”, sentença cuja interpretação ortodoxa por parte dos acadêmicos desafiou as regras mais elementares da concordância gramatical, ao definir que a flexão masculino plural da palavra “brasileiros” não incluía o conjunto feminino (brasileiras) + masculino (brasileiros) (HOLLANDA, 1992, p. 76).

No relato do primeiro encontro com a escritora, Heloisa fala de seu grande interesse pelas personagens femininas de Rachel. Diferenciadas das matriarcas descritas por romancistas brasileiros, na narrativa da escritora, “... brilhavam os feitos, as audácias e o cotidiano das senhoras do sertão (...) Sua narrativa trazia, para o presente, sobretudo a memória das várias formas de poder feminino esquecidas e/ou destruídas ao longo da história” (HOLLANDA, 1992, p. 93). Assim, a autora caracteriza Rachel de Queiroz como “uma feminista a seu modo”, cujo fascínio revela “... não apenas a fragilidade da ideia de espaço privado na formação da sociedade brasileira mas, sobretudo, a evidência da elasticidade do poder privado e da sua instrumentalização, no caso de Rachel, potencializado de forma estratégica exemplar” (Idem, p. 93).

A parte interessante e irônica do texto é aquela em que Heloisa Buarque de Hollanda, referindo-se aos rituais de escolha, entrada e pertença à ABL, enfatiza o grande problema que tomou conta dos acadêmicos no chá das cinco, ressoado na sociedade e em grande parte da mídia brasileira, concernente à Roupa de Rachel. Como uma mulher vestiria o fardão dos Acadêmicos, com a espada e os galardões que simbolizavam o herói guerreiro masculino? Com a intensa polêmica sobre o tema, o Petit Trianon se transformou por alguns meses em “uma arena da moda”. No dia de sua posse na ABL, Rachel “vestiu um fardão verde, longo, com decote em V e bordados dourados e franqueou às mulheres as portas do reconhecimento literário oficial” (HOLLANDA, 1992, p. 96). Sem a espada!

O artigo de Heloisa Buarque de Hollanda (1992) fez parte do Encarte, com tradução para o inglês, dos textos mais relevantes de cada número da Revista, segundo a concepção de suas idealizadoras, com o objetivo de divulgar a produção brasileira sobre relações de gênero a nível internacional e promover o intercâmbio entre pesquisadoras/es nacionais e estrangeiras/os (LAVINAS, 1992). A retomada da leitura deste primeiro número da REF pode nos impressionar pela atualidade dos temas ali discutidos nas perspectivas feministas e de gênero: religião, ciência, política e trabalho, mulher e literatura, a questão da divisão sexual do trabalho no pensamento sociológico de companheira feminista que recém nos deixara, os 10 anos de luta feminista pela descriminalização do aborto no Brasil (há 31 anos atrás!, no outro artigo do encarte do número zero). A seção dossiê inaugurada nesse número versou sobre meio ambiente. A seção resenhas, que hoje fecha os três números de cada volume anual da REF, trouxe a análise sucinta de 10 livros.

A Estudos Feministas foi criada no campo das humanidades, como revista interdisciplinar. “A revista buscou pautar-se por uma grande abertura de temas, áreas disciplinares e autoras/es...” (COSTA, 2004, p. 209). Na abundante produção de estudos publicados sobre a REF, temos artigos que trazem análises sobre a diversidade disciplinar de autoras/es presentes em seus inúmeros volumes (Débora DINIZ; Paula FOLTRAN, 2004; Mara LAGO; Anna Paula UZIEL, 2014). Hoje o campo disciplinar pensado é o de Letras, que esteve presente desde seu número zero, elaborado como projeto de publicação apresentado à Fundação Ford em solicitação de apoio financeiro, segundo relato de Albertina Costa. Tendo ainda pouca expressão nos 10 primeiros anos da revista em relação às áreas das ciências sociais (62%) e história (15%), a área de letras e literatura teve um percentual de 11% de autoras, conforme a citada pesquisa de Diniz e Foltran (1992-2003). Na pesquisa de Lago e Uziel (2003-2014), a área de letras e literatura, somada a formações afins de autoras/es em linguística, comunicação, jornalismo, artes, já atingia um percentual mais expressivo de participação na REF, tendência que vem se mantendo na próxima década (LAGO, 2018).

Vale ressaltar que a presença do campo da literatura e áreas afins, sem dúvida, se fortaleceu com a participação de duas célebres ativistas, representantes das lutas pelos direitos civis no XVIII Congresso Internacional da Associação Brasileira de Literatura Comparada (ABRALIC), realizado entre os dias 10 e 14 de julho de 2023 na Universidade Federal da Bahia (UFBA): a filósofa feminista Angela Davis - que atualmente ocupa a Cátedra Presidencial da Universidade da Califórnia, no Departamento de Estudos Afro-americanos, comprometida com movimentos pela justiça social desde os anos 1960 - e Gina Dent, também professora da Universidade da Califórnia, que tem pesquisado sobre estudos feministas, estudos culturais, literatura afrodiaspórica, teoria crítica e pós-colonial. No dia 11 de julho, ambas participaram da mesa-redonda intitulada “Abolicionismo. Feminismo. Já.”, no Auditório da Faculdade de Direito da UFBA. O título da mesa é o mesmo do livro que lançaram durante o evento, em coautoria com duas feministas, abolicionistas (Angela Yvonne DAVIS; Gina DENT; Erica R. MEINERS e Beth E. RICHIE 2023). Davis e Dent debateram com Denise Carrascosa, advogada e professora de Literatura da UFBA, autora do prefácio do mencionado livro, com mediação de Feibriss Cassilhas, professora da área de Letras Inglês da UFBA. Durante o debate, exploraram temas como racismo, feminismo, encarceramento, abolicionismo e capitalismo. Entre outros nomes relevantes, estiveram presentes no evento Conceição Evaristo, Ailton Krenak e Anielle Franco (ABRALIC, 2023).

A trajetória de Angela Davis, sempre marcada pelas lutas por direitos humanos e pelos direitos feministas, está revelada em seus escritos, alguns deles em coautoria com Gina Dent, como é o caso do diálogo ocorrido entre elas em 2000, em Oakland, Califórnia, publicado pela revista Signs (DAVIS; DENT, 2001), cuja tradução foi disponibilizada ao público da REF no início dos anos 2000 (DAVIS; DENT, 2003). Já tendo vindo ao Brasil para participar de muitos eventos, a maioria deles na Bahia, em outubro de 2019, Angela Davis (2018) esteve em São Paulo, para o lançamento de sua autobiografia A liberdade é uma luta constante, publicada pela Boitempo, editora que começara a trazer ao público brasileiro a tradução de seus livros (com décadas de atraso).

Os lugares ocupados neste momento por Heloisa Buarque de Hollanda e por Angela Davis, que procuramos mostrar, ampliam o imaginário estético e político que o campo literário e áreas afins, como prática de representações, têm ocupado nas páginas da revista. Assim, as questões ligadas às interações entre gênero e raça/etnia, com frequência debatidas nos diversos números da REF, continuam presentes, desta vez nos dois artigos a seguir. No primeiro, “Ciência, gênero e raça nas conversações públicas sobre Estrelas Além do Tempo”, as autoras se dedicam a analisar percepções sobre mulheres negras na ciência, tomando como ponto de partida os diálogos sobre o filme citado no título. Nele são abordadas as trajetórias de três cientistas negras que atuaram na National Aeronautics and Space Administration (NASA), durante os anos 1960, período marcado pela segregação racial e tensões raciais nos Estados Unidos. O artigo reflete sobre os comentários divulgados na rede social Letterboxd, buscando identificar percepções e sentidos atribuídos pelas/os espectadoras/es, suas oscilações entre o reconhecimento do protagonismo dessas mulheres e a persistência de estereótipos conservadores.

O artigo intitulado “Pardismo, Colorismo e a ‘Mulher Brasileira’: produção da identidade racial de mulheres negras de pele clara” reúne reflexões preliminares, resultantes de uma pesquisa sobre a população parda e o “pardismo” no Brasil. A discussão ressalta os impactos da ambiguidade de traços fenotípicos nos processos de invisibilização da negritude, destacando a violência simbólica implícita na negação da identidade racial, em suas interações com as opressões de gênero, seus efeitos sobre a subjetivação das mulheres identificadas como “pardas”, problematizando o uso do conceito “colorismo” à realidade brasileira.

“Histórias de vida de mulheres Sem Terra: divisão sexual do trabalho na agroecologia” traz pesquisa que analisa relatos de mulheres de assentamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra em práticas agroecológicas, nos quais se identificam, ainda, persistências patriarcais na divisão sexual do trabalho entre homens e mulheres. No entanto, as autoras ressaltam ganhos significativos no aumento da autonomia e agência das mulheres, com redução das desigualdades em função de questões geracionais, de escolaridade, investimento na formação em gênero e do trânsito campo-cidade.

Em “Mulheres, trabalho e lazer no Brasil: entre tempos, gostos e a fruição de um direito”, as autoras e autores refletem sobre a questão do lazer e do trabalho para as mulheres no Brasil, a partir de uma pesquisa quanti-qualitativa que relaciona gênero, classe e raça com o direito ao lazer. Os resultados apontam para as dificuldades das mulheres em acessar este direito, principalmente por conta das tarefas de cuidado e, em seguida, pelas dificuldades financeiras. Um tema muito importante para a reflexão sobre como o gênero marca as vidas das pessoas no Brasil, e para pensar políticas públicas na área cultural, de lazer e de cuidados, que propiciem às mulheres esse direito fundamental.

Os autores do texto “Percepciones de violência de género en Instituciones de Educación Superior em Chile” trazem à tona uma questão muito premente nas universidades latino-americanas da atualidade, qual seja, as situações de assédio sexual, e outras violências de gênero nestas instituições. O recente caso envolvendo um proeminente intelectual português e várias mulheres de diversas nacionalidades somente acentuou a necessidade de investigações como a realizada por estes autores, nas universidades do Chile. A partir de uma perspectiva quantitativa, em quatro regiões do país, a pesquisa demonstrou altas taxas de situações de assédio, tratamento diferenciado, reprodução de piadas degradantes para as mulheres e outras violências, cotidianamente, nas várias instituições.

Em “Recalque espacial: violência contra a mulher em São Paulo”, a autora realiza uma pesquisa bastante inovadora sobre esse tema tão premente. A partir das ocorrências de violência registradas em bases de dados estaduais e municipais, ela realizou uma espacialização da violência, que demonstra a concentração de casos em diversas áreas periféricas e semiperiféricas, porém a maior concentração está em áreas centrais. Isso permite a reflexão sobre a cidade e como ela é ocupada pelas mulheres, ao mesmo tempo que permite pensar sobre políticas públicas que auxiliem no combate à violência, a partir de ferramentas da espacialização.

A questão do tráfico sexual de pessoas é bastante polêmica, e tem sido alvo, na Europa, de diversas políticas estatais. O artigo “Asistencia a mujeres tratadas en España. Otras víctimas y formas de violencia” mostra, a partir da análise de uma série de documentos e de uma pesquisa que entrevistou assistentes sociais e educadoras, que existem relações fortes entre uma moral conservadora e os enfoques neoliberais empregados na assistência às mulheres consideradas “vítimas de tráfico sexual” na Espanha. Elas refletem que é necessário encontrar outras formas de assistência, que respeitem as vontades das pessoas e evitem reproduzir mecanismos de controle e violência sobre elas.

Questões geracionais também são discutidas em dois artigos. Em “Vivencias sobre cuidado en la vejez, analisis desde la gerontología crítica feminista”, são analisadas as experiências sobre cuidado na velhice num grupo formado por homens e mulheres no México, a partir de uma abordagem fundamentada na gerontologia crítica feminista. Através da realização de entrevistas em profundidade, foram identificadas diferenças de gênero entre as percepções e estratégias relativas ao cuidado prevalecendo, no caso delas, o envolvimento com a família e a comunidade. Em contraposição, nos relatos dos homens, prevaleceu a perspectiva do cuidado sustentada pelo mercado. O tema do artigo “Narrativas de adolescentes sobre morte de meninas nas dinâmicas da violência no Ceará” destaca o aumento das violências cometidas contra adolescentes e jovens mulheres naquele estado, focalizando suas especificidades. Participaram da pesquisa adolescentes em privação de liberdade que atuavam no tráfico de drogas. Seus relatos ressaltaram a situação de alta vulnerabilidade na qual se encontram e que as expõe com frequência a torturas e assassinatos.

A direção de uma série de artigos que se voltam para a literatura, para a dramaturgia, para o romance e para a narrativa fílmica nos permite perceber como o apelo ao ficcional que atua com procedimentos que formalizam os textos os moldam segundo princípios da arte da escrita a favor de uma perspectiva feminista. Em “A vida após a morte de Sylvia Plath, ou: Quando a mutilação de uma obra é a censura de uma vida”, são apresentados os destinos que os nomes e as imagens de Sylvia Plath tomaram após a sua morte e, para este objetivo, foram analisadas especialmente as censuras impostas a Ariel, Letters home by Sylvia Plath e The journals of Sylvia Plath. O artigo retoma a bibliografia crítica mais representativa para mostrar o papel do público na recepção das primeiras críticas e de como mesmo o uso dos dados biográficos impossibilita capturar a autora em uma identidade rígida.

O artigo “Conceição em O Quinze: uma abordagem feminista e decolonial” analisa a personagem do livro de Rachel de Queiroz publicado em 1930. Utilizando como método a Análise do Discurso francesa, o ecofeminismo e a ecocrítica, que permitem revelar as relações das pessoas com o ambiente sociocultural em que vivem, autora e autor do texto indicam a decolonialidade e a abordagem feminista presentes nos discursos de Conceição. Discursos que, na representação das lutas das mulheres por autonomia e espaço na sociedade, contrastam com as falas colonialistas de outras personagens femininas do romance de Queiroz e, como ressaltou Hollanda (1992), contrastam com representações recorrentes em escritores da época sobre as mulheres nordestinas.

“Papéis sociais das mulheres em memórias de Ruth Escobar e Leonor Xavier” é um artigo voltado para demonstrar como o debate de gênero consta na vida das duas atrizes portuguesas. Uma análise de conteúdo de suas autobiografias permite que se lance novos olhares a papéis sociais de mulheres. Ao tratar da trajetória intelectual e adesão ao feminismo de relevantes intelectuais luso-brasileiras, é notada a importância da imigração de ambas para a ruptura com um legado masculino e conservador, e inserção na reflexão sobre gênero.

Mulheres lésbicas ressaltam como opressores os discursos normatizantes que legitimam a heterossexualidade como fundamento da organização social, mantendo as existências lésbicas invisibilizadas ou desqualificadas. Autora e autor de “Sutilezas do relacionamento afetivo entre mulheres em Retrato de uma Jovem em Chamas”, com análises baseadas na observação de cenas e diálogos cinematográficos, ressaltam a criatividade e a potência subversiva das protagonistas da obra que, inspiradas na arte, no vínculo amoroso, na sororidade, viabilizam a superação das normatividades que se antepõem à plena vivência de sua relação amorosa.

O artigo “Deconstruir estereotipos de género y visibilizar la dominación gracias a la traducción literária” se dedica a apresentar, crítica e politicamente, como, na sociedade atual, a mulher ainda suporta o abuso da dominação masculina. Este desequilíbrio só se neutralizaria pela educação dos jovens baseada na igualdade e respeito. A análise se respalda nas representações e traduções dos micromachismos na novela Des poupées et des anges (2004), de Nora Hamdi, onde os exemplos comprovam como a linguagem participa de atitudes excludentes.

A partir da identificação dos níveis de leitura incitados pela obra de Margaret Atwood (1996), “A Ironia e a Crítica Feminista de The Handmaid’s Tale” propõe explorar como a estratégia retórica é fértil a uma perspectiva feminista e como o olhar às investidas irônicas do romance permite a formação de uma comunidade de leitoras. O trabalho crítico de Wayne Booth (1974; 1983) é utilizado como aparato teórico central em direção a uma leitura feminista que, a partir da ironia, acolhe a história da protagonista em harmonia com as intenções da autora implícita.

A autora do ensaio “El género como dispositivo de poder: más allá de la divisória entre hombres y mujeres” propõe a análise do alcance de três ordens patriarcais na vida de homens e mulheres: apresenta um relato etnográfico com trabalhadoras e trabalhadores da educação básica que trazem o gênero como elemento fundamental do crime organizado em Michoacán, México; discute o surgimento do capitalismo na Europa; analisa a intromissão do mundo colonial-moderno no mundo-aldeia contemporâneo da América Latina. O argumento central da autora, cuja argumentação retoma concepções de Silvia Federici, Maria Mies e Rita Segato sobre as reconfigurações do patriarcado frente às conformações atuais do capitalismo, é o de que as dívidas históricas do patriarcado com as mulheres, ainda que com alcances distintos, são dívidas com toda a humanidade.

A Seção Temática “Feminismos: atuação em rede, crise democrática e possibilidades futuras” publicada neste número da REF foi organizada e composta por mulheres, a maioria delas com formação em humanidades e ciência política, que criaram e participam da Rede de Pesquisas em Feminismos e Política, uma organização coletiva que se propõe a produzir e dar visibilidade a pesquisas com abordagens e temas nas áreas de feminismos, gênero e política. Nesta publicação coletiva, as autoras apresentam uma variada gama de estudos, com ênfase em análises sobre participações de mulheres nas políticas parlamentares, nas lutas por políticas públicas, por políticas atentas às questões colocadas por mulheres indígenas, por mulheres negras, e as reverberações de suas atuações nas mídias. Apresentam também estudos empíricos e teóricos sobre políticas de saúde, a precarização da vida pelas políticas capitalistas neoliberais de assalto ao Estado, com a consequente responsabilização das mulheres pelos cuidados. Tratam ainda de legislações e diretrizes referentes ao Sistema Único de Saúde, ao Sistema Único de Assistência Social e ao familismo presente nestas regulamentações. Finalizam a Seção Temática com artigo que analisa a descriminalização do aborto na Argentina, tema caro aos movimentos e organizações feministas, como nos mostra o retorno ao número zero da REF.

Esquecer e lembrar são atos da memória. Guardar para lembrar tem sido a função de nossa sessão de resenhas a partir de performances de leituras, de escolhas e seleções sem hierarquias. Neste número da revista, as questões de gênero atravessam mundos possíveis, entre eles, o feminicídio na pesquisa e na imprensa brasileira, a potência da ficção como armas de guerra, os feminismos descoloniais e as práticas discursivas do queer. Mais uma vez, as leituras dos livros aqui resenhados socializam reflexões teóricas que circulam e se disseminam em múltiplos espaços da crítica feminista nas instituições acadêmicas

REFERÊNCIAS

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1Segundo o grupo de notícia Itatiaia de 18 de julho de 2023, a escritora está em processo de mudança de nome. O motivo é que ela não quer ser mais reconhecida pelo sobrenome do marido falecido, Luiz Buarque de Hollanda. Heloisa irá adotar, ao tomar posse na ABL o sobrenome materno, Heloisa Teixeira. Sua intenção é homenagear sua mãe, uma mulher que, segundo ela, teve “a potência feminina oprimida” pelo patriarcado.

2Mulheres brancas. O episódio da rejeição recente da candidatura de Conceição Evaristo fala por si só (a despeito do atravessamento racial de proeminentes acadêmicos, como Machado de Assis e Castro Alves, dentre outros).

3Como citar este artigo de acordo com as normas da revista: RAMOS, Tânia Regina Oliveira; LAGO, Mara Coelho de Souza; MINELLA, Luzinete Simões; WOLFF, Cristina Scheibe. “Mais uma feminista na ABL: Letras, Literatura e áreas afins na REF”. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 31, n. 2, e95785, 2023

4Financiamento: Não se aplica

5Consentimento de uso de imagem: Não se aplica

6Aprovação de comitê de ética em pesquisa: Não se aplica

Recebido: 03 de Agosto de 2023; Aceito: 04 de Agosto de 2023

taniareginaoliveiraramos@gmail.com

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simoesluzinete@gmail.com

cristiwolff@gmail.com

Tânia Regina Oliveira Ramos (taniareginaoliveiraramos@gmail.com) é doutora em Literaturas de Língua Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Possui Graduação em Letras pela Universidade Federal de Santa Catarina, Mestrado e Doutorado em Literaturas de Língua Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Atualmente, é Professora Titular e coordena o núcleo Literatura e Memória da UFSC, núcleo com projetos aprovados pela FAPESC e CNPq. Faz parte da Coordenação Geral da Revista Estudos Feministas e do Conselho Editorial das revistas UniLetras, Mafuá Ciências e Letras, Literatura Hoje, Signótica e Anuário de Literatura. É professora de Literatura Brasileira e Estudos Literários nos Cursos de Graduação e Pós-Graduação em Letras e Literatura na UFSC. Atua, pesquisa e publica nas linhas de pesquisa História e Memória, escritas de si e gênero

Mara Coelho de Souza Lago (maralago7@gmail.com) é doutora em Psicologia da Educação pela Universidade Estadual de Campinas e Professora Emérita da Universidade Federal de Santa Catarina. Possui Graduação em Pedagogia pela Universidade do Estado de Santa Catarina (1967) e Mestrado em Antropologia Social pela Universidade Federal de Santa Catarina (1983). Atualmente, é Professora Titular aposentada da Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC, atuando como docente voluntária no Programa de Pós-Graduação em Psicologia/PPGP e no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas/PPGICH. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Psicologia Social, atuando principalmente nos temas gênero, gerações, subjetividades, modos de vida, com enfoque interdisciplinar. Participa do Instituto de Estudos de Gênero (IEG/UFSC) e da coordenação editorial da Revista Estudos Feministas

Luzinete Simões Minella (simoesluzinete@gmail.com) é graduada (1972) e mestre em Ciências Sociais pela UFBA (1977), doutora em Sociologia pela Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM,1989). Realizou estágio de pós-doutorado no Núcleo de Estudos de População da Universidade Estadual de Campinas (NEPO/Unicamp,1998). Fez parte do quadro de docentes do Departamento de Sociologia da UFBA entre 1975 e 1991. Vinculou-se ao Departamento de Sociologia e Ciência Política da UFSC, de 1991 até 2002, e ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política entre 1991 e 2005. É Professora Adjunta iv aposentada da UFSC, atuou como professora voluntária no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas entre 2003 e 2020, tendo coordenado por vários anos a Área de Concentração em Estudos de Gênero. Integra a equipe do Instituto de Estudos de Gênero (IEG), participou de vários dos seus projetos (eventos, publicações, cursos etc.). Entre os projetos destaca a coordenação editorial da Revista Estudos Feministas entre 2001 e 2004 e entre 2007 e 2008, quando passou a fazer parte da editoria de artigos. Voltou a fazer parte desta coordenação a partir de dezembro de 2016. É membro da Rede Brasileira de Ciência, Tecnologia e Gênero. Tem realizado pesquisas principalmente nas seguintes áreas: participação das mulheres nas ciências (na interface com a crítica feminista à ciência, os estudos sociais da ciência e a história da ciência); gênero e saúde reprodutiva; gênero e infância; saúde mental. Orientou inúmeros trabalhos de conclusão de curso, dissertações e teses, principalmente nessas áreas. Publicou vários artigos em periódicos de ampla circulação e livros, além de trabalhos completos em anais de eventos etc

Cristina Scheibe Wolff (cristiwolff@gmail.com) é doutora em História Social pela Universidade de São Paulo (1998). Possui Graduação em História pela Universidade Federal de Santa Catarina (1988), Mestrado em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1991). Em 2004/2005 realizou Pós-Doutorado na Université Rennes 2, na França, e entre 2010 e 2011, no Latin American Studies Center da University of Maryland, em College Park, Estados Unidos da América. Ocupou a Cátedra Fulbright de Estudos Brasileiros na University of Massachusetts em Amherst (set.-dez. 2017) e foi pesquisadora convidada no Laboratoire Arenes - Université Rennes 2 (jan.-jul. 2018). Atualmente, é Professora Titular do Departamento de História da Universidade Federal de Santa Catarina. É integrante do Laboratório de Estudos de Gênero e História (LEGH) e do Instituto de Estudos de Gênero da UFSC e uma das coordenadoras editoriais da Revista Estudos Feministas (2006-2009 e 2011-atual). Foi coordenadora do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Santa Catarina. Atua ainda no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas e no Mestrado Profissional de Ensino de História. Foi a coordenadora geral do Fazendo Gênero 11 e 13º Women’s Worlds Congress, realizado na UFSC em 2017. Tem experiência na área de História, com ênfase em História das Mulheres e do Gênero, atuando principalmente nos seguintes temas: gênero, memória, guerrilha, resistência às ditaduras no Cone Sul

Contribuição de autoria: As autoras contribuíram igualitariamente

Conflito de interesses: Não se aplica

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