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Educar em Revista

versão impressa ISSN 0104-4060versão On-line ISSN 1984-0411

Educ. Rev. vol.40  Curitiba  2024  Epub 31-Out-2024

https://doi.org/10.1590/1984-0411.88141 

Artigos

Formação inicial de professores para a docência com bebês: as perspectivas de docentes, discentes e egressos do curso de pedagogia da Universidade Federal do Ceará, Brasil

Ana Paula Cordeiro Marques Rodriguesa 

Doutoranda em Educação Brasileira, Universidade Federal do Ceará (FACED/UFC); Fortaleza, Ceará, Brasil; Professora, Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza, Ceará, Brasil.

, Concepção e desenho da pesquisa, construção e processamento dos dados, análise e interpretação dos dados, elaboração do presente texto final

Silvia Helena Vieira Cruzb 

Doutorado em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano, Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, São Paulo, Brasil; Professora Titular, Universidade Federal do Ceará (FACED-UFC), Fortaleza, Ceará, Brasil.

, Concepção e desenho da pesquisa, orientação no processamento, análise e interpretação dos dados, elaboração do presente texto final

aUniversidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza, Ceará, Brasil. anapaulamarques@ufc.br; silviavc@uol.com.br


RESUMO

O presente artigo apresenta os resultados de uma pesquisa que teve como principal objetivo analisar as contribuições do curso de Pedagogia presencial oferecido pela Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará para a formação inicial de professores visando a docência com bebês, a partir das perspectivas de docentes, discentes e egressos do curso. A pesquisa foi fundamentada nos conhecimentos sobre a formação de professores para a Educação Infantil e sobre a educação de bebês (Barbosa, 2010; Barbosa; Fochi, 2015; Kishimoto, 2005; Oliveira-Formosinho, 2001), seguindo os pressupostos da abordagem qualitativa de pesquisa. O estudo de caso desenvolvido revelou que a formação inicial oferecida no referido curso de Pedagogia não contemplava efetivamente a complexidade e as peculiaridades da prática docente com os bebês; oferecia poucas oportunidades curriculares e extracurriculares que possibilitassem aos estudantes de Pedagogia a apropriação de temas importantes relacionados aos bebês e aos seus processos educativos e apresentava uma série de fragilidades que limitam a qualidade da formação inicial visando à docência com bebês. A pesquisa oferece elementos para enriquecer os debates sobre a elaboração ou reformulação de currículos para o curso de Pedagogia e, no caso do curso enfocado, indicou a urgência de mudanças em seu currículo a fim de que os futuros pedagogos formados nessa Faculdade tenham os necessários subsídios teóricos e práticos para desenvolver uma docência de qualidade voltada para bebês.

Palavras-chave: Formação Inicial de Professores; Curso de Pedagogia; Docência com Bebês; Educação Infantil

ABSTRACT

This article presents the findings of a study that aimed to analyze the contributions of the in-person Pedagogy course offered by the Faculty of Education at the Federal University of Ceará to the initial training of teachers for infant education. The study, conducted on the insights from faculty, students, and graduates of the course, was underpinned by a deep understanding of teacher training for Early Childhood Education and infant education, drawing upon seminal works in the field (Barbosa, 2010; Barbosa; Fochi, 2015; Kishimoto, 2005; Oliveira-Formosinho, 2001), and employing a qualitative research methodology. The case study conducted revealed significant gaps and shortcomings in the initial training provided by the Pedagogy program, particularly concerning its inability to adequately address the complexity and nuances of teaching practices with infants. It was evident that the course offered limited opportunities, both within the formal curriculum and extracurricular activities, for Pedagogy students to delve deeply into crucial topics related to infant education and their development. Moreover, the study identified various weaknesses that undermine the quality of initial training for teaching with infants. These findings underscore the pressing need for curriculum reform and enhancement within the Pedagogy course. In the case of the focused course, the research indicated an urgent call for substantive changes to ensure that future educators graduating from this institution possess the requisite theoretical acumen and practical skills to deliver exemplary teaching to infants.

Palavras-chave: Initial Teacher Training; Pedagogy Course; Teaching With Infants; Early Childhood Education

Introdução

A formação de professores é um tema amplamente discutido no Brasil e em muitos outros países, tendo em vista o reconhecimento do seu papel fundamental na garantia da qualidade da educação. Apesar de a formação para uma profissão tão complexa e dinâmica exigir a sua continuidade, especialmente nos contextos de trabalho,

[...] a formação inicial de professores tem importância ímpar, uma vez que cria as bases sobre as quais esse profissional vem a ter condições de exercer a atividade educativa na escola com as crianças e os jovens que aí adentram, como também, as bases de sua profissionalidade e da constituição de sua profissionalização (Gatti; Barreto; André, 2011, p. 89).

Na área da Educação Infantil, a acumulação teórica sobre o tema cresceu nas últimas décadas, especialmente a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDBEN, Lei nº 9.394/96 (Brasil, 1996), que reconheceu a Educação Infantil como primeira etapa da educação básica e determinou, em seu Artigo 62, que a formação para a atuação docente com crianças de zero a cinco anos deve ser realizada no nível superior, em curso de licenciatura plena, embora continuasse a ser também admitida como formação mínima a de nível médio, na modalidade normal (Brasil, 1996). Apenas dez anos depois as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de graduação em Pedagogia (Brasil, 2006, p.2) explicitaram que o curso de Licenciatura em Pedagogia deveria oferecer a “formação de professores para exercer funções de magistério na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental”. No entanto, o fato de a LDBEN recomendar a formação em nível superior como preferencial foi comemorado, especialmente pela possibilidade de maior aprofundamento teórico e maior valorização profissional dos docentes que atuam nessa etapa da educação.

A acumulação teórica anteriormente mencionada corresponde aos esforços dos pesquisadores da área para compreender as especificidades da ação docente em creches e pré-escolas e, consequentemente, as suas implicações na formação inicial e continuada de professores para essa etapa da educação básica (por exemplo, Barbosa, 2010; Barbosa; Fochi, 2015; Kishimoto, 2005; Oliveira-Formosinho, 2001). Trata-se de um grande desafio, pois, ao mesmo tempo em que é preciso garantir espaço nesse mundo acadêmico para tratar de temas necessários à docência na Educação Infantil, há sempre o perigo, como alerta Formosinho (2008), de que a formação de profissionais de desenvolvimento humano, na qual deveria ser central a promoção de competências interpessoais, seja subjugada à cultura predominante da instituição de ensino superior, que é baseada na produção de conhecimentos abstratos.

Já estão disponíveis bons estudos (por exemplo, Azevedo; Schnetzler, 2001; Bacelar, 2012; Drumond, 2014; Febronio, 2010; Micarello, 2003) acerca da formação inicial de professores para a Educação Infantil. No entanto, ao se tratar especificamente da formação inicial de professores para a docência com bebês, isto é, crianças de zero a 18 meses (Brasil, 2009), um levantamento das produções acadêmicas (Rodrigues; Cruz, 2017; Rodrigues, 2018) evidenciou o reduzido espaço ocupado pelo tema nas pesquisas Brasileiras:

No levantamento realizado no site da ANPED, levando em consideração os grupos de trabalho sobre a Educação de Crianças de 0 a 6 anos e o de Formação de Professores (GT 07 e GT 08), foi possível encontrar o total de dezesseis artigos sobre a formação inicial de professores para a Educação Infantil, sendo que destes apenas três tinham como foco a formação inicial de professores de bebês ou de creche, e vinte e um artigos sobre docência em creche, dos quais dez artigos focavam a docência com bebês.

Já no levantamento realizado na plataforma da BDTD [...] foi possível encontrar o total de quarenta e seis produções sobre a formação inicial de professores para a Educação Infantil, das quais sete publicações tinham como foco a formação inicial de professores de bebês ou de creche, e vinte e quatro produções sobre a docência em creche, das quais quinze tinham como foco a docência com bebês (Rodrigues, 2018, p. 25).

Levando em conta essas informações e compreendendo a necessidade de ampliar o debate sobre esse tema e de contribuir para o desenvolvimento de novos estudos, foi elaborada a dissertação intitulada “Formação inicial de professores para a docência com bebês: o caso do curso de Pedagogia da FACED-UFC”, no contexto da Linha de Pesquisa Desenvolvimento, Linguagem e Educação da Criança, do Programa de Pós-graduação em Educação Brasileira da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará (FACED/UFC). Conforme o seu título já anuncia, o objetivo principal foi analisar as contribuições do curso de Pedagogia presencial oferecido pela FACED/UFC para a formação inicial de professores visando a docência com bebês, o que foi realizado a partir das perspectivas de docentes, discentes e egressos do curso. O presente trabalho sintetiza os principais achados da referida pesquisa.

Um dos conceitos fundantes nesse trabalho é a concepção de bebês, vistos como sujeitos sociais, ativos e de direitos (Barbosa, 2010); como pessoas capazes de se relacionar com outras pessoas e com o ambiente em que vivem, construindo e modificando os espaços e a cultura em que estão inseridos, possuidoras de características aparentemente contraditórias, como a potência e a impotência:

[...] são simultaneamente potentes - “pois têm um corpo capaz de sentir, pensar, emocionar-se, imaginar, transformar, inventar, criar, dialogar” (BRASIL, 2009, p. 23) - e impotentes - “necessitam de atenção, proteção, alimentação, brincadeiras, higiene, escuta, afeto” (ibidem) - por isso a possibilidade de se tornarem sujeitos acontece nas interações com outras pessoas, crianças e adultos, na interação entre estrutura biológica e a participação em uma dada cultura, em um tempo determinado (Barbosa; Fochi, 2015, p. 60).

A partir dessa concepção de bebês, também é assumida a ideia de que a educação desses sujeitos se constitui uma complexa prática social, que envolve diferentes atores responsáveis por lhes garantir oportunidades de se desenvolverem integralmente a partir do atendimento de suas necessidades nos mais variados aspectos, entre os quais se destacam as professoras ou professores. É evidente que um contexto tão singular e cheio de especificidades, como o da educação de bebês, requer o trabalho de profissionais cuja formação seja adequada às funções e à complexidade desse fazer. Como no Brasil o curso de Pedagogia é o espaço preferencial de formação inicial dos professores de Educação Infantil, logo, da formação dos professores de bebês, ele deve garantir os saberes, habilidades e valores necessários ao exercício docente com crianças de zero a dezoito meses, que inclui, de forma imbricada, sua educação e cuidado.

Alguns estudos já focaram a formação oferecida pelos cursos de Pedagogia Brasileiros, procurando avaliar a sua qualidade para a preparação dos professores que irão assumir a Educação Básica (Gatti; Barreto, 2009), do professor polivalente, que atua na Educação Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental (Pimenta et al., 2017) e, especificamente, para a docência na Educação Infantil (Cruz; Martins; Ribeiro, 2023). Tais estudos concluíram que o amplo leque de possibilidades de atuação profissional que os cursos pretendem abraçar termina por fragilizar a formação para a docência nos anos iniciais do ensino fundamental e, especialmente, na Educação Infantil.

O presente estudo foca um desses cursos de Pedagogia Brasileiro, tratando, especificamente, da formação para a docência com bebês.

O estudo de caso do curso de Pedagogia da FACED/UFC

O desenvolvimento da pesquisa se deu segundo os pressupostos da abordagem qualitativa, que se preocupa em responder a questões particulares sobre um objeto, realidade ou fenômenos que não podem ser quantificados (Minayo, 2009; Pradanov; Freitas, 2013). Levando em consideração os vários tipos de pesquisas que podem ser utilizados nesta abordagem, optou-se pela realização de um estudo de caso que, na perspectiva de Bogdan e Biklen (1994), tem como característica o estudo detalhado de um contexto.

O curso de Licenciatura Plena em Pedagogia, na modalidade presencial, da Faculdade de Educação da UFC, enfocado na presente pesquisa, foi escolhido pelos seguintes critérios: ser ofertado por instituição pública de ensino superior, devido à função sócio-política das IES públicas na democratização do ensino e no acesso aos bens culturais; possuir no currículo disciplinas obrigatórias na área da Educação Infantil; ter turmas de egressos, uma vez que era intenção apreender o ponto de vista dos ex-alunos, e ter uma localização viável para a realização da pesquisa de campo.

Esse curso, em funcionamento desde o ano de 1963, passou por diferentes reformas curriculares ao longo dos anos: as primeiras, fortemente influenciadas pelo contexto de ditadura militar, eram centradas no ideal de formar especialistas em Educação e, por essa razão, seus currículos foram construídos para uma formação orientada pela racionalidade, neutralidade científica e competência técnica. Segundo Gatti, Barreto e André (2011), essa ênfase na formação do especialista expressa o modelo educacional tecnicista hegemônico no período. Posteriormente, a partir da abertura política do país, na década de 1980, as reformas do currículo tiveram como objetivo a superação da compartimentalização do saber e da formação com base em especializações ou habilitações e passaram a buscar uma formação docente orientada pela pluralidade, criticidade e competência técnico-política (Fernandes, 2014).

Como em outras instituições de formação, também na FACED/UFC repercutiu a compreensão que vinha sendo gestada de que a docência deve ser a base da identidade profissional do pedagogo, como é mencionado por Cruz (2002, p. 225):

No curso de Pedagogia, o entendimento é que a docência é a base da identidade profissional de todo educador: somos (ou devermos ser) professores, antes de sermos técnicos ou especialistas. Essa opção se concretizou, após um longo processo de discussão, em 1987, quando foi implantado o novo currículo da graduação, sendo extintas as clássicas habilitações (orientação educacional, supervisão e administração escolar).

Esse entendimento deu origem à criação de áreas de aprofundamento, entre as quais estava a formação para a docência na Educação Infantil. Embora fossem optativas, todas as disciplinas e o estágio nessa área sempre tiveram grande demanda por parte dos estudantes, o que indica que eram vistas como importantes para a formação.

No período em que foi realizada a presente pesquisa - entre os anos de 2017 e 2018 - dois projetos pedagógicos dos cursos de Pedagogia diurno e noturno da FACED/UFC estavam em exercício: um, implantado em 2007, que continuava em vigor para atender os estudantes remanescentes deste projeto; outro, mais atual, aprovado em 2013 e implantado em 2014. É importante ressaltar que no Projeto Político Pedagógico (PPP) de 2007, pela primeira vez, as disciplinas e a atividade de estágio da área da Educação Infantil tornaram-se obrigatórias; porém, isso acontecia apenas no currículo do curso diurno, permanecendo optativas no currículo do curso noturno, que tinha a ênfase no Ensino Fundamental para Jovens e Adultos e na Gestão de Sistemas Escolares. Já o PPP aprovado em 2013, em decorrência das Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação em Pedagogia, Resolução CNE/CP Nº 1 (Brasil, 2006), deliberou integralizações curriculares equivalentes para os cursos diurno e noturno, determinando para eles duas disciplinas: “Educação Infantil” e “Propostas Pedagógicas e Práticas de Educação Infantil” e uma atividade de estágio supervisionado como componentes obrigatórios.

Tendo em vista que os dados sobre o objeto de estudo da pesquisa só poderiam ser construídos por meio da contribuição e do diálogo com os sujeitos vinculados ao curso de Pedagogia presencial da FACED/UFC - docentes, discentes e egressos - e levando em consideração a vigência das organizações curriculares implantadas em 2007 e 2014 para os cursos de Pedagogia presenciais diurno e noturno, foram estabelecidos os seguintes critérios para a composição dos grupos de sujeitos do estudo de caso:

  1. Ser docente da área da Educação Infantil;

  2. Ser discente que ingressou no curso na vigência dos currículos de 2007 (diurno) ou de 2014 (diurno ou noturno), que já tivesse concluído as duas disciplinas obrigatórias da área da Educação Infantil e que estivesse cursando ou concluído a atividade de estágio supervisionado;

  3. Ser egresso do curso de Pedagogia presencial diurno da FACED/UFC, tendo cursado a integralização curricular de 2007 e ter exercido ou estar em exercício da docência com crianças de zero a dezoito meses de idade.

A participação desses três grupos de sujeitos foi considerada extremamente importante para o alcance dos objetivos propostos na pesquisa, pois permitiria o diálogo entre diferentes perspectivas. Desse modo, procurou-se dar relevância às informações fornecidas por cada um deles, a partir da compreensão de que elas, embora sempre singulares, são marcadas por experiências e expectativas próprias a cada grupo, decorrentes dos diferentes papéis que exercem. Ao mesmo tempo, foi considerado importante apreender a diversidade de experiências dos estudantes decorrentes das duas diferentes organizações curriculares do curso.

A fim de atender aos critérios mencionados, foi desenvolvida a primeira etapa da pesquisa, que consistiu na aplicação de um questionário direcionado aos discentes do curso de Pedagogia, cujo objetivo era identificar aqueles que já haviam concluído todas as disciplinas obrigatórias da área de Educação Infantil do curso de Pedagogia, que estivessem cursando o estágio obrigatório nessa área ou o concluído e que tivessem disponibilidade para concederem uma entrevista sobre essa experiência. A aplicação desse instrumento se deu a partir de visitas às salas de aula da FACED/UFC, com a permissão dos respectivos professores, realizadas nos dois turnos, diurno e noturno, no mês de outubro de 2017. Foram visitadas doze turmas que cursavam disciplinas ou atividades dos semestres finais do curso de Pedagogia e responderam ao questionário quarenta e oito estudantes, dos quais vinte e seis se disponibilizaram a participar da etapa posterior da pesquisa. Desses que aceitaram inicialmente continuar participando do estudo, dezenove confirmaram e participaram efetivamente da etapa seguinte, que correspondeu às entrevistas semiestruturadas individuais, realizadas na própria Faculdade de Educação. Eram estudantes que, em geral, cursavam do sexto ao oitavo semestre e tinham entre 21 e 28 anos.

Além desses estudantes, participaram da etapa de entrevistas seis egressos do curso de Pedagogia da FACED/UFC que correspondiam aos critérios anteriormente mencionados. A busca pelos egressos se deu por meio de três estratégias: 1) contato por meio de endereços de e-mail disponibilizados pela coordenação do curso de Pedagogia, mediante apresentação dos termos de compromisso e de privacidade dos dados da pesquisa; 2) divulgação do convite para a pesquisa em grupos de professores na rede social Facebook; e 3) contatos telefônicos com instituições de Educação Infantil da cidade de Fortaleza que possuíam turmas de bebês, para identificação de potenciais sujeitos da pesquisa. O grupo terminou composto por seis professores entre 25 e 30 anos e com tempo de experiência como docentes de turmas de bebês de um a dois anos. As entrevistas com integrantes desse grupo aconteceram em diversos locais e horários indicados por eles.

Por último, também foi convidado para as entrevistas dessa segunda etapa da pesquisa o grupo de docentes responsáveis pela área de Educação Infantil do referido curso, composto por cinco professoras, todas com Doutorado e pelo menos quatro anos de docência na área. Como uma delas era orientadora da dissertação, apenas as demais foram solicitadas a concederem uma entrevista acerca de suas concepções relacionadas à formação para a docência com bebês. Destas, três efetivamente participaram das entrevistas, que aconteceram na própria Faculdade, em dias e horários previamente acordados. Esse recorte do universo de professores do curso de Pedagogia levou em consideração o fato de que esse conjunto de docentes assumia um papel de destaque na formação inicial de professores para a docência com bebês, visto que o principal foco das disciplinas por elas ministradas era exatamente a aprendizagem e o aprofundamento dos conhecimentos sobre a Educação Infantil e sobre a ação docente nessa etapa da educação básica.

Todas as entrevistas aconteceram com base em roteiros previamente elaborados contendo algumas perguntas comuns e outras específicas para cada grupo de sujeitos.

Tendo como base as informações possibilitadas por essa metodologia, a seguir são destacados os principais resultados do estudo de caso realizado.

A formação para a docência com bebês no curso de Pedagogia da FACED/UFC de acordo com docentes, discentes e egressos

As informações aqui apresentadas sintetizam, como já referido, os dados construídos na pesquisa de campo, a partir dos quais é possível identificar as fragilidades, os avanços e as demandas da formação inicial de professores para a docência com bebês do curso de Pedagogia presencial da FACED/UFC.

A abordagem generalizada dos conteúdos nas disciplinas do curso de Pedagogia

Nas perspectivas dos diferentes grupos de sujeitos, ficou evidenciado que o curso de Pedagogia presencial da FACED/UFC oferecia uma boa formação inicial na área da Educação Infantil, sobretudo, no que dizia respeito ao embasamento teórico para essa área de atuação. Por outro lado, ao analisarem a formação tendo como foco específico a educação de bebês, os sujeitos apontaram, de forma unânime, que o curso não contemplava suficientemente a formação inicial para a docência com esses sujeitos.

O grupo de docentes destacou o fato de que a abordagem dos conteúdos das disciplinas da área de Educação Infantil acontecia de forma generalizada, abrangendo a faixa etária atendida nessa etapa, ou seja, sem se deter nas peculiaridades da docência com bebês. Para as docentes, um dos fatores que impediam que esses conteúdos fossem melhor explorados, resultando nessa abordagem generalizada, era a pequena quantidade de disciplinas e a reduzida carga horária reservada para elas e para a atividade de estágio obrigatório da área. As docentes explicaram que precisavam contemplar uma grande quantidade de assuntos praticamente nas duas disciplinas obrigatórias da área, tendo em vista que na atividade de estágio a relação teoria-prática é realizada a partir das experiências vividas no contexto da creche e/ou pré-escola, muitas vezes não diretamente relacionadas à prática pedagógica com bebês. Assim, as reais oportunidades oferecidas acabam não viabilizando a realização de estudos mais específicos sobre esse tema.

O grupo de discentes, por sua vez, considerou que a formação inicial de professores para a docência com bebês no referido curso acontecia de modo superficial/sem aprofundamento porque não contemplava as especificidades das crianças de zero a dezoito meses e nem as particularidades de sua educação. Para eles, a educação de bebês foi tratada em raras exceções dentro do curso, via de regra, abordada em poucas aulas, a partir de alguns textos, vídeos ou em discussões sobre a creche.

Os discentes ponderaram que, a partir das leituras gerais da área de Educação Infantil, até era possível estabelecer associações com as especificidades da docência com bebês, como acontecia em relação a alguns conteúdos trabalhados em outras disciplinas do curso, que não fazem parte da área de Educação Infantil. Porém, conforme as próprias palavras de uma das discentes, essas associações sempre aconteciam numa perspectiva “do macro pro micro”, ou seja, de relacionar os conteúdos amplos às particularidades da atuação docente com bebês - o que demandava um esforço individual por parte dos estudantes. Essa situação apontada pelos discentes foi associada principalmente à pouca oportunidade de discussão sobre os assuntos relacionados à educação de bebês e à primazia do estudo das crianças maiores nas diversas disciplinas do curso.

O grupo de egressos também destacou a formação ampla oferecida pelo curso de Pedagogia no que se refere à Educação Infantil. Segundo os integrantes desse grupo, em suas experiências, os conhecimentos trabalhados no curso e, mais especificamente, nas disciplinas da área, eram genéricos para toda a etapa da Educação Infantil, ou seja, contemplavam as crianças de zero a cinco anos, sem distinção das especificidades dos diferentes grupos etários que compõem essa etapa da educação básica: bebês, crianças bem pequenas e crianças pequenas.

Os egressos também consideraram que os bebês foram contemplados em raras discussões e que os temas relacionados à docência com bebês eram “sempre optativos”, não estando incorporados aos programas das disciplinas e muito menos ao currículo do curso de Pedagogia. Eles afirmaram ainda que, mesmo nas disciplinas da área de Educação Infantil, esse debate era muito escasso, indicando uma invisibilidade dos bebês no curso de Pedagogia da FACED/UFC.

O ciclo de invisibilidade dos bebês

Algo que ficou muito evidente na fala dos discentes e egressos do curso foi o sentimento de despreparo expresso por eles ao conjecturarem assumir a atuação docente com bebês.

Segundo os discentes, a formação vivenciada por eles nas disciplinas e na atividade curricular de estágio supervisionado do curso de Pedagogia da FACED/UFC não foi capaz de lhes oferecer segurança para a atuação com bebês e crianças bem pequenas, na verdade, sequer para dar início a essa experiência docente. Alguns discentes chegaram a afirmar que, por se sentirem inseguros, já evitaram a atuação junto aos bebês em seu estágio supervisionado, ainda que neles pudessem contar com a orientação de uma professora formadora.

Essa indisposição para atuar com os bebês ainda no estágio supervisionado do curso de Pedagogia também se relaciona ao fato de que, segundo eles, aqueles que, nesse estágio, atuavam com bebês precisavam pesquisar e estudar mais - em comparação com os colegas que atuavam com as crianças das demais faixas etárias atendidas na Educação Infantil - para conseguir aprender sobre as rotinas de cuidado-educação dos bebês e desenvolver práticas pedagógicas interessantes e adequadas. Nesse contexto, consideram que esse esforço complementar acontecia muito mais devido à necessidade de compensar as lacunas da formação relativa à educação de bebês do que propriamente na perspectiva de aprofundamento do que já era conhecido, o que entendem como o tipo de estudo apropriado para uma atividade de estágio supervisionado.

De forma similar, os egressos do curso de Pedagogia da FACED/UFC destacaram que tanto a ausência de estudos teóricos sobre a docência com bebês quanto a ausência de experiências práticas em turmas de crianças de zero a dezoito meses corroboram para uma quase aversão ao contato com os bebês e crianças bem pequenas por parte deles.

Vale registrar que, embora pareça contraditório, essa resistência em relação ao trabalho pedagógico com bebês provavelmente tem influência da formação recebida, a qual foi capaz de dar ao estudante a consciência da importância da qualidade da Educação Infantil e do papel do/a educador/a para garantir essa qualidade, direito de todas as crianças. A falta de tal consciência poderia levar os estudantes ou egressos a assumirem a docência com bebês sem muitas preocupações, mesmo despreparados para isso, o que não acontece.

Tendo como base essas informações, foi possível compreender e sistematizar o processo denominado nesta pesquisa como ciclo de invisibilidade dos bebês no currículo do curso de Pedagogia:

Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 1 Ciclo de invisibilidade dos bebês no currículo do curso de Pedagogia 

A consequência desse constante ciclo de invisibilidade é que a cada semestre são diplomados diversos Pedagogos que, em seus percursos formativos, não discutiram ou vivenciaram a prática docente com crianças de zero a dezoito meses. Desta forma, passam a ter posse de um diploma que lhes habilita para a atuação docente com bebês, ainda que não tenham tido uma formação que lhes qualifica para esse exercício.

Um ponto que merece ser destacado é que os três grupos de sujeitos avaliaram que a inclusão de novas disciplinas da área da Educação Infantil no currículo do curso de Pedagogia muitas vezes é dificultada pelas fortes disputas entre os departamentos da FACED/UFC. Para os sujeitos, essas disputas são prejudiciais à formação do discente exatamente por inviabilizarem a reformulação do currículo e as tentativas de que ele atenda as reais necessidades formativas dos estudantes, como no caso dos estudos sobre os bebês e sua educação.

A reformulação do currículo do curso de Pedagogia foi elencada pelos três grupos de sujeitos como uma das alternativas para a superação de fragilidades na formação inicial de professores visando à docência com bebês, constituindo-se, segundo eles, como uma demanda urgente. Vale registrar que tal necessidade de reformulação do curso de Pedagogia não se restringe ao da FACED/UFC: recente pesquisa enfocando a formação inicial para a docência na Educação Infantil constatou que, entre os cursos de Pedagogia públicos Brasileiros (federais, estaduais e municipais), as disciplinas específicas para a docência com bebês não chegam a 1% do total das demais disciplinas dos cursos (Cruz; Martins; Ribeiro, 2023), o que é muito preocupante.

Os avanços e as necessidades para a superação de fragilidades na formação inicial de professores de bebês

Apesar das fragilidades anteriormente apontadas, os sujeitos da pesquisa reconheceram que o curso de Pedagogia da FACED/UFC consegue oferecer algumas contribuições para a formação inicial de professores visando à docência com bebês, principalmente no que se refere a alguns conhecimentos teóricos. Essas contribuições foram destacadas em menor grau pelos egressos, tendo em vista as raras experiências que lhes foram possibilitadas durante a formação que tiveram e, em maior grau, pelos grupos de docentes e discentes, devido a algumas iniciativas mais recentes adotadas na perspectiva de dar visibilidade à educação de bebês no curso de Pedagogia.

As iniciativas bem sucedidas no curso, validadas pelas docentes e pelos discentes como melhorias para a formação inicial de professores visando a docência com bebês, foram:

  • 1) A inclusão do tópico de discussão “Educação de bebês” e do seminário “O trabalho com bebês em creches” no programa da disciplina Propostas Pedagógicas e práticas de Educação Infantil;

  • 2) A priorização de instituições que possuam turmas de creche para a realização do estágio obrigatório para que seja oportunizado o contato com crianças de um ano durante a atividade de Estágio: Educação Infantil;

  • 3) A criação da Brinquedoteca da FACED/UFC;

  • 4) A formação de grupos de estudos específicos sobre a educação de bebês;

  • 5) A aprovação da disciplina optativa “Propostas pedagógicas e práticas para a educação de bebês e crianças bem pequenas”.

É importante ressaltar que tais mudanças, efetivadas na perspectiva de contemplar um pouco mais a educação de bebês no curso, foram valorizadas pelas docentes e pelos discentes, mas não foram consideradas suficientes para superar todas as fragilidades denunciadas. Da mesma forma, as contribuições oferecidas pelo curso foram consideradas importantes pelos sujeitos da pesquisa, mas em nenhum momento foram julgadas suficientes.

A escuta dos participantes da pesquisa também possibilitou destacar alguns elementos que podem contribuir para o avanço do debate sobre a superação do quadro insatisfatório relacionado à formação inicial de professores para a docência com bebês, não apenas no lócus da pesquisa, a comunidade da FACED/UFC, mas também em outras instituições que oferecem o curso de Pedagogia. Assim, tais elementos podem ser úteis para discutir as mudanças necessárias e possíveis, a saber:

  • Articular um trabalho interdisciplinar, que favoreça o debate sobre a educação de bebês integrando diferentes disciplinas do curso de Pedagogia;

  • Favorecer a relação teórico-prática desde os semestres iniciais do curso por meio de, por exemplo, observações em turmas de bebês, em creches; do desenvolvimento de pequenos projetos de pesquisa e de intervenção nas disciplinas, a partir das perguntas e questionamentos levantados nas observações realizadas; de oportunidades, nas disciplinas, de conversas com professores de bebês sobre sua experiência, suas dificuldades, conquistas etc.; da realização de atividades práticas e discussão sobre elas, utilizando equipamentos da universidade, como brinquedoteca, fraldário e escola de aplicação.

  • Incluir no currículo do curso de Pedagogia pelo menos uma disciplina obrigatória focada nos processos de desenvolvimento e aprendizagem dos bebês e nas práticas educativas relativas a esses sujeitos;

  • Ofertar disciplinas optativas que contemplem temáticas relacionadas à educação de bebês, como a relação creche-família;

  • Garantir a possibilidade de experiências práticas junto às crianças de zero a dezoito meses através do estágio supervisionado;

  • Realizar projetos de extensão em contextos de creche que fomentem a participação de estudantes do curso;

  • Ampliar as possibilidades de estudo sobre a educação de bebês mediante a criação/fortalecimento de grupos de estudos e de pesquisas;

  • Estimular a participação dos docentes e dos discentes em eventos da área da Educação Infantil, em especial, aqueles cujo foco específico seja a educação de bebês;

  • Organizar e promover eventos científicos com foco na educação de bebês no próprio contexto da instituição formadora (palestras, seminários, minicursos etc.);

  • Contratar novos(as) docentes da área da Educação Infantil para viabilizar a ampliação da oferta de disciplinas;

  • Criar uma escola de aplicação vinculada ao curso de Pedagogia.

Os elementos listados trazem necessidades pontuais e contínuas, centrais e secundárias que podem possibilitar aos futuros pedagogos mais subsídios teóricos e práticos para a realização de um bom trabalho pedagógico com as crianças de zero a dezoito meses, de modo que a prática docente desenvolvida por eles tenha a qualidade necessária, correspondendo ao que se espera de um pedagogo e se diferenciando da prática de um profissional sem formação específica. Trata-se, portanto, de uma formação que deve favorecer a profissionalização dos docentes que trabalham com bebês, isto é, a maior qualidade da função docente e sua consequente valorização social.

Considerações finais

O artigo buscou contribuir com o debate acerca da formação dos professores de bebês, um tema de estudo que se justifica pela sua relevância e atualidade. Por um lado, a educação de bebês é uma demanda social contemporânea que tem se fortalecido nas últimas décadas; por outro, cresce a consciência da importância dos anos iniciais da vida para o desenvolvimento integral da pessoa e do papel que a formação de professores tem para propiciar a qualidade do trabalho pedagógico. Portanto, pensar a formação inicial dos professores que irão atuar junto às crianças de zero a dezoito meses torna-se profundamente necessário.

Levando em consideração as perspectivas dos diferentes grupos ouvidos nesse trabalho, é necessário esclarecer que, ao mencionarem a necessidade de preparação do pedagogo para a atuação docente com bebês, eles não apresentaram a compreensão de que a formação inicial por si só tem a possibilidade de dar conta deste preparo profissional. Na verdade, o que explicitaram é que não é aceitável que, ao término do curso de Pedagogia, o estudante não tenha construído um conjunto necessário de conhecimentos, habilidades e valores que orientem as suas primeiras ações junto aos bebês em uma instituição de Educação Infantil e que subsidiem o seu futuro desenvolvimento profissional.

A ideia que foi fortalecida pelos sujeitos que participaram da pesquisa ao longo de toda a sua realização é que, se o curso de Pedagogia se propõe a formar professores de Educação Infantil e nesta formação também está compreendida a formação de professores de bebês, então, por obrigação, o curso deve promover a apropriação de uma base consistente de conhecimentos teóricos e práticos relacionados à educação das crianças de zero a dezoito meses. Além disso, vale sempre lembrar, conforme Formosinho (2009, p. 91), que

A docência é, ao mesmo tempo, uma atividade intelectual e uma atividade técnica; uma atividade moral e uma atividade relacional. Sendo a docência, também, uma profissão de serviço, ela é, simultaneamente, uma ação de ensino e uma ação de cuidados; tem, na ação quotidiana, dimensões técnicas, mas também dimensões artesanais, dimensões intelectuais, mas também dimensões artísticas.

Tudo isso contribui inegavelmente para que a formação de professores num curso de nível superior seja uma tarefa muito desafiante, pois trata-se se promover a formação de profissionais do desenvolvimento humano, integrando as dimensões éticas e técnicas da sua missão, em meio a uma cultura que é baseada na produção de conhecimentos abstratos e na especialização disciplinar estrita (Formosinho, 2008).

Ao longo de toda esta pesquisa foi explicitada a compreensão de que a docência com bebês se constitui uma complexa prática social, que envolve diferentes atores - bebês, famílias, professores, gestores, por exemplo - e que é fortemente marcada pelas especificidades das crianças de zero a dezoito meses, como a “fala” expressa por suas múltiplas linguagens: o movimento, o choro, o riso, o balbucio etc. Isso que gera a necessidade de o professor de bebês desenvolver uma observação e uma escuta de forma ainda mais apurada. Considerando essa questão, defendemos a ideia de que o trabalho docente junto aos bebês exige uma sólida formação universitária, pois a qualidade dessa formação repercute diretamente na qualidade da educação oferecida a essas crianças. Ao mesmo tempo acreditamos ser necessária forte atenção para não cair no que Formosinho (2008) denominou “academização” da formação acadêmica, que consiste em afastar-se dos componentes mais profissionalizantes da formação, estabelecendo pouco diálogo com a comunidade de profissionais, pouco incorporando o estudo dos problemas a serem enfrentados na futura prática profissional dos estudantes e em enfatizar excessivamente as teorias, o que “acaba repercutindo nas possibilidades de construir novos conhecimentos que constituam aportes reais para a melhoria da atuação docente” (Cunha, 2004, p. 71).

Por fim, é preciso reforçar a ideia de que os professores têm direito a uma formação que lhes permita acesso aos bens educacionais e culturais e que lhes ofereça segurança para sua atuação docente, e a criança tem direito de ter um profissional capacitado para melhor atendê-la em suas necessidades (Silva; Rossetti, 2000). Tendo isso em vista, o curso de Pedagogia, como um espaço privilegiado para a formação inicial de professores de bebês, não pode se eximir do seu compromisso na garantia dos direitos desses diferentes sujeitos, logo, não pode desprezar ou secundarizar o estudo sobre a docência com bebês em sua proposta de formação.

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APOIO/FINANCIAMENTO Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES (bolsa de Mestrado).

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COMO CITAR ESTE ARTIGO RODRIGUES, Ana Paula Cordeiro Marques; CRUZ, Silvia Helena Vieira. Formação inicial de professores para a docência com bebês: as perspectivas de docentes, discentes e egressos do curso de pedagogia da Universidade Federal do Ceará, Brasil. Educar em Revista, v. 40, e88141, 2024. https://doi.org/10.1590/1984-0411.88141

Recebido: 26 de Outubro de 2022; Aceito: 07 de Maio de 2024

O presente artigo foi revisado por Janayna de Sousa Maciel Moraes. Após ter sido diagramado foi submetido para validação do(s) autor(es) antes da publicação.

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