SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.31 número65CULTURA DIGITAL, EDUCACIÓN REMOTA DE EMERGENCIA Y EDUCACIÓN CONTÍNUA DE PROFESORES DE LA EDUCACIÓN BÁSICA: LAS LECCIONES DE LA PANDEMIA DE COVID-19 índice de autoresíndice de materiabúsqueda de artículos
Home Pagelista alfabética de revistas  

Servicios Personalizados

Revista

Articulo

Compartir


Revista da FAEEBA: Educação e Contemporaneidade

versión impresa ISSN 0104-7043versión On-line ISSN 2358-0194

Revista da FAEEBA: Educação e Contemporaneidade vol.31 no.65 Salvador ene./mar 2022  Epub 25-Oct-2022

https://doi.org/10.21879/faeeba2358-0194.2022.v31.n65.p13-18 

EDUCAÇÃO, ENSINO REMOTO EMERGENCIAL E TECNOLOGIAS

APRESENTAÇÃO1

Emanuel do Rosário Santos Nonato*  Universidade do Estado da Bahia
http://orcid.org/0000-0002-2490-1730

Ruth Sofia Contreras-Espinosa**  Universidad de Vic / Universidad Central de Cataluña
http://orcid.org/0000-0002-9699-9087

*Doutor em Difusão do Conhecimento pela Universidade Federal da Bahia, Professor Titular do Departamento de Educação I da Universidade do Estado da Bahia. Vice-líder do grupo de pesquisa ForTEC, Salvador, Bahia, Brasil. E-mail: enonato@uneb.br

**Doctora en Ingeniería Multimedia. Universitat de Vic-Universitat Central de Catalunya, Vic, España. Barcelona, Cataluña, España. E-mail: ruth.contreras@uvic.cat


Educação, Ensino Remoto Emergencial e Tecnologias

A emergência das Tecnologias da Informa- ção e Comunicação e sua inserção em prati- camente todas as dimensões da vida humana, notadamente em sua expressão mais atual no formato de tecnologias digitais conectadas e em rede, colocaram um desafio à Educação que está no centro do campo de estudos Educação e Tecnologias há cerca de trinta anos: como melhor articular as tecnologias e os processos educativos de modo a otimizá-los - tecnologias a serviço da Educação - e a preparar os educandos para um mundo cres- centemente digital e conectado - Educação a serviço do melhor uso das tecnologias - nesta quadra histórica?

Uma grande comunidade científica formou- se em torno do binômio Educação e Tecnolo- gias e produziu um aparato teórico robusto. Todavia, no Brasil, não obstante a qualidade dos pesquisadores e das pesquisas produzi- das, não houve uma plena apropriação dessa produção científica pelos profissionais da Educação - sejam eles docentes stricto sensu ou gestores - das redes escolares públicas e privadas, da Educação Básica e da Educação Superior - o chão da escola - que preparasse as instituições educacionais para o que estava por vir. Assim, as abruptas restrições às práti- cas educativas presenciais em março de 2020 em virtude da crise sanitária global provocada pela pandemia da COVID-19 surpreenderam as instituições educacionais no sentido de encontrá-las, em sua grande maioria, despre- paradas para a utilização massiva de práticas pedagógicas não presenciais, seja do ponto de vista da infraestrutura tecnológica necessária - hardware, software e conectividade -, seja do ponto de vista da formação e da experiência necessárias.

A dura realidade que se impôs à Educação Brasileira a partir de março de 2020, realidade compartilhada com todos os sistemas educa- cionais dos demais países do globo em maior ou menor escala, por mais ou menos tempo, com maiores ou menores dificuldades estrutu- rais, impôs um reposicionamento da discussão sobre tecnologias digitais na Educação: por um lado, o negacionismo - para usar um ter- mo muito em voga - tecnológico na Educação cobrou seu alto preço com o despreparo de muitas instituições educacionais e de muitos profissionais da Educação para o uso de tec- nologias na Educação, tanto pior em escala antes inimaginável; por outro lado, a realidade inelutável de que não se poderia continuar a negar a importância das tecnologias digitais para a Educação criou um ambiente único para a experimentação, a pesquisa e o desenvolvi- mento de práticas pedagógicas mediadas por tecnologias, malgrado os muitos equívocos cometidos nesse processo.

Não obstante o recrudescimento da pan- demia no Brasil neste início de 2022, este ano letivo começou com o retorno quase total das atividades presenciais na Educação Básica e Educação Superior, processo que já tinha co- meçado antes, com numerosas e penosas idas e vindas ao longo de 2020 e 2021. Anuncia- se, portanto, o fim da era do Ensino Remoto Emergencial, categoria com a qual o consenso da maioria dos pesquisadores tipifica o modo de fazer Educação durante a fase mais aguda da pandemia da COVID-19 com o fechamento total dos espaços físicos das instituições edu- cacionais e a construção de alternativas peda- gógicas não presenciais em todos os níveis e modalidades de Educação.

De pronto, há de se dizer que nem todo Ensino Remoto Emergencial foi mediado por tecnologias digitais e que essa categoria comporta uma análise mais complexa que sua redução a uma forma de uso de tecnologias digitais na Educação. Contudo, a centralidade das tecnologias digitais conectadas e em rede no Ensino Remoto Emergencial torna-o um campo irrecusável de pesquisa para os pesqui- sadores dedicados à investigação do campo de Tecnologias e Educação.

Independente dos desafios que a COVID-19 ainda possa apresentar para a Educação, a apropriação crítica de tudo quanto foi expe- rimentado por docentes e discentes durante o Ensino Remoto Emergencial anuncia-se como um largo campo de trabalho no qual os pesquisadores em Educação têm uma grande contribuição a dar. Por apropriação crítica, entendemos a investigação criteriosa das vá- rias experiências vivenciadas por docentes e discentes em todos os níveis e modalidades de Educação durante o Ensino Remoto Emer- gencial para mapeá-las e identificar: 1. aquelas experiências que, embora surgidas no contexto adverso da pandemia, representam verdadeira contribuição apta a ser incorporada e repro- posta como alternativa metodológica para a Educação presencial, para Educação a Distância ou para modelos híbridos; 2. aquelas experiências cujos resultados foram insuficientes no contexto pandêmico, todavia têm um potencial de sucesso em condições menos desfavoráveis ou corrigidas questões estruturais da própria proposta; 3. aquelas experiências que, embora válidas no contexto sui generis da pandemia como únicas alternativas possíveis nas condi- ções dadas, não podem ser consideradas como alternativas válidas no pós-pandemia.

Os muitos estudos sobre o Ensino Remoto Emergencial surgidos nos últimos dois anos testemunham a profunda consciência da comu- nidade científica a respeito da necessidade de construção um aparato crítico sobre o Ensino Remoto Emergencial: não se pode desprezar o riquíssimo arcabouço de experiências vivi- das nos últimos dois anos no Ensino Remoto Emergencial, ao mesmo tempo em que não se pode assumir esse acervo sem uma análise crítica e densa dessas experiências. Este Dos- siê - Educação, Ensino Remoto Emergen- cial e Tecnologias, que compõe a primeira seção deste fascículo da Revista da FAEEBA - Educação e Contemporaneidade, propõe- se justamente a contribuir para esse esforço de apropriação crítica das experiências com tecnologias digitais na Educação no contexto do Ensino Remoto Emergencial durante a fase mais aguda da pandemia da COVID-19.

Somos muito gratos aos vários pesquisado- res que enviaram os textos que compõem este dossiê temático. Cada um, a partir de sua infle- xão teórica e do seu recorte metodológico, deu uma contribuição singular para a construção de um documento acadêmico que ajudará não poucos educadores a avaliar sua própria prá- tica no Ensino Remoto Emergencial e elaborar formas de repensar sua prática pedagógica no pós-pandemia.

Isto posto, este dossiê temático apresenta doze textos, sendo dois artigos de pesquisas desenvolvidas na Argentina e na Espanha, e dez textos das mais diversas regiões do Bra- sil. Os artigos aqui apresentados lançam um olhar sobre as implicações do Ensino Remoto Emergencial para o processo de inculturação digital que se tornou ainda mais urgente diante das dificuldades desnudadas pela pandemia da COVID-19. Aspectos como a formação de professores para o uso de tecnologias digitais e as implicações do Ensino Remoto Emergencial para determinados contextos educacionais fo- ram destacados nos artigos a seguir, bem como a funcionalidade de determinadas tecnologias no contexto da pandemia. Não faltou, porém, uma reflexão sobre as graves dificuldades acarretadas pelo Ensino Remoto Emergencial e seus reflexos nos contextos educacionais mais fragilizados.

Abrindo o dossiê temático, o artigo “Cultura Digital, Ensino Remoto Emergencial e Forma- ção Continuada de Professores da Educação Básica: as lições da pandemia da COVID-19” tensiona o legado do Ensino Remoto Emergen- cial para a Educação a partir da reflexão sobre a necessidade de formação de professores para uma efetiva inculturação digital na Educação. Em seu artigo, com base em um Survey conduzi- do com docentes da Educação Básica, Emanuel do Rosário Santos Nonato e Társio Ribeiro Ca- valcante discutem quais lições as dificuldades enfrentadas pelos professores para implemen- tação do Ensino Remoto Emergencial deixam para a construção de uma política consistente de formação continuada de professores para a inculturação digital na escola.

A seguir, Débora Vieira e Magda Pischetola apresentam o artigo “A relação crítica entre a inovação pedagógica e o ensino remoto emer- gencial”. O olhar crítico das autoras é lançado sobre a realidade da transposição de práticas pedagógicas presenciais para o ambiente on-line no Ensino Remoto Emergencial. A partir do conceito de inovação, as autoras problema- tizam o Ensino Remoto Emergencial e sinali- zam os limites desse fazer pedagógico no que concerne ao modo como as tecnologias digitais foram apropriadas no contexto da pandemia da COVID-19.

Raiza Fernandes Bessa de Oliveira e Aline Sommerhalder trazem à baila o problema da Educação Infantil durante a égide do Ensino Remoto Emergencial. No artigo “Educação In- fantil diante dos riscos da COVID-19: dilemas e desafios educacionais para bebês e crianças pequenas”, as autoras se debruçam sobre um caso dado para lançar luz sobre os desafios, os dilemas e as possibilidades do trabalho pe- dagógico na Educação Infantil no contexto da pandemia da COVID-19. Entre tantos graves problemas gerados pela emergência sanitária para a Educação, o tema deste texto trata de um dos problemas mais delicados desse período e se constitui em uma contribuição inestimável para análise crítica desse período singular da história da Educação.

María Rosa Chachagua brinda-nos com uma análise densa dos impactos do Ensino Remoto Emergencial no artigo “Desigualdades, cambios y continuidades en las trayectorias educativas en Salta (Argentina) en el contexto de pandemia de COVID-19”. Ao apresentar os dados de Salta na Argentina, María Rosa Chachagua fornece poderosas pistas para uma reflexão crítica sobre a experiência do Ensino Remoto Emer- gencial em contextos de graves desigualdades socioeconômicas. Além de desvelar essa faceta da complexa realidade argentina, a pesquisa- dora nos oferece a chance de estreitar os laços entre nossos povos pela compreensão de sua realidade e identificação de seus desafios que também são nossos.

O olhar voltado para o modo como o Ensino Remoto Emergencial impactou comunidades já marcadas por graves assimetrias socioeco- nômicas, já manifestado pelo artigo de María Rosa Chachagua de modo contundente, conti- nua agudo neste dossiê temático, desta vez no contexto brasileiro por meio do artigo “Ensino Remoto para quem? Os camponeses no (des) contexto das políticas de inclusão digital”, de autoria de Maria do Socorro Pereira da Silva e Adriana Lima Monteiro Cunha. Nesse texto, as autoras trazem à luz o acesso às tecnologias digitais como fator determinante para ques- tionar o Ensino Remoto Emergencial como forma possível de concretização da Educação no/do campo. O recorte da Educação do campo permite uma reflexão contextualizada sobre os impactos da pandemia na Educação e sinaliza para os desafios dessa modalidade de Educação na contemporaneidade.

Na perspectiva do uso didático de tecnolo- gias digitais durante a pandemia, Ruth Sofia Contreras-Espinosa e Jose Luis Eguia-Gomez apresentam o artigo “Discord como herramien- ta de enseñanza en línea durante la pandemia de COVID-19”. Nesse texto, os autores trazem a experiência de docência on-line de professores da Educação Superior na Espanha no início da pandemia, utilizando a plataforma Discord. O artigo ajudará os leitores interessados nessa plataforma a elaborar suas próprias propostas pedagógicas a partir da experiência dos sujei- tos de pesquisa e da análise crítica e sugestões dos autores.

O artigo “Ensino de História em tempos de Ensino Remoto Emergencial: metodologia, avaliação e reflexão”, de Thiago da Silva Nobre, lança o olhar sobre as adaptações necessárias às metodologias de ensino de História no contexto do Ensino Remoto Emergencial. A partir de um recorte sobre a prática docente dos sujeitos da pesquisa, o autor propõe uma reflexão a respeito do modo como o ato de ensinar História se reposicionou no Ensino Remoto Emergencial.

Como uma abordagem teórica e uma visada mais ampla dos processos educativos, Eliane Schlemmer e José António Marques Moreira, em “Do Ensino Remoto Emergencial ao Hyflex: um possível caminho para a Educação OnLife?”, tensionam a antinomia on-line e off-line com o intuito de reposicionar as tecnologias como ambiências nas quais a vida se dá e, portanto, também a Educação, na contemporaneidade. Refletindo sobre alternativas pedagógicas para o processo ensino-aprendizagem durante a pandemia, os autores abrem preciosas trilhas reflexivas que contribuirão significativamente para a Educação no período pós-pandêmico.

O artigo “Coreografias de aprendizagem no Ensino Remoto Emergencial: formação de professores para a Educação Profissional e Tecnológica”, de Maria Adélia da Costa, analisa a emergência de coreografias de aprendizagem inovadoras no contexto da formação de pro- fessores para o Ensino Remoto Emergencial. O contexto da Educação Profissional e Tec- nológica que dá forma ao recorte da pesquisa comunicada por este artigo a enriquece signi- ficativamente, dadas as singularidades dessa modalidade educacional.

Darianny Araújo dos Reis e Felipe da Costa Negrão são os autores do artigo “O uso peda- gógico das tecnologias digitais: do currículo à formação de professores em tempos de pande- mia”. Nesse texto, eles utilizam o contexto do Ensino Remoto Emergencial para, tensionando o binômio currículo e prática pedagógica, apon- tar a necessidade de apropriação pedagógica das tecnologias digitais. Tendo como horizonte o processo ensino-aprendizagem, os autores desvelam como a formação de professores é fundamental para garantir que a mediação tecnológica produza práticas curriculares efetivas, como o contexto do Ensino Remoto Emergencial deixou patente.

O texto “Ensino Remoto Emergencial, Ju- ventude e BNCC: processo de ensino-apren- dizagem no Ensino Médio”, de Ana Lara Casagrande e Katia Morosov Alonso, articula a discussão da Base Nacional Comum Curri- cular com o Ensino Remoto Emergencial e as implicações da cultura digital para os jovens estudantes do Ensino Médio. Mediante uma pesquisa documental, as autoras discutem a realidade do Estado do Mato Grosso e lançam um olhar crítico sobre a forma como os modos de ser e de aprender dos jovens são apropria- dos nos documentos normativos da Educação nacional que balizam as práticas pedagógicas na Educação Básica.

Por fim, pensando em iniciativas pedagógi- cas que dialogassem com o contexto da pande- mia, mas não se limitassem a ele, Daniel Mill, Achilles Alves de Oliveira e Marcello Ferreira propõem o texto “Jornadas formativas media- das por tecnologias digitais no Ensino Superior: aportes para pensar atividades assíncronas”. A partir do enfoque nas atividades pedagógicas assíncronas, o artigo permite uma reflexão sobre a mediação pedagógica na cultura digi- tal que toca em cheio os desafios enfrentados durante a pandemia da COVID-19, mas articula possibilidades pedagógicas que ultrapassam os limites do contexto emergencial e contri- buem para a Educação que se quer construir no pós-pandemia.

O dossiê temático Educação, Ensino Re- moto Emergencial e Tecnologias se cons- titui em um documento acadêmico denso e rico em possibilidades de contribuição para a pesquisa em Educação. A leitura do presente dossiê permitirá aos pesquisadores e demais educadores o acesso a um rico acervo de re- flexões e achados científicos que, por certo, ajudará os leitores no processo de apropriação crítica do Ensino Remoto Emergencial que se nos apresenta como uma urgência acadêmi- ca, como um desafio científico e como uma exigência ética.

* * *

Além do dossiê temático, a Revista da FAEE- BA - Educação e Contemporaneidade v. 31 n. 65 apresenta a Seção Estudos que publica artigos de fluxo contínuo da revista. Nessa seção, apresentamos oito textos que enrique- cem o acervo de nosso periódico científico e contribuem para o crescimento do conheci- mento científico nos campos da formação de professores, ensino de literatura e tecnologias educacionais.

O primeiro artigo dessa seção é “Tecnolo- gias e Educação: contribuições para o debate na obra de Paulo Freire”, de Telmo Adams, que resgata o pensamento desse grande educador brasileiro para lastrear a discussão sobre o bi- nômio Educação e Tecnologias na pesquisa em Educação. A partir de uma pesquisa bibliográfi- ca de 15 obras freireanas, recupera a crítica ao tecnicismo, à ideologização e ao pragmatismo neoliberal como eixos para a vigilância ética que perpassa a abordagem humanista de Paulo Freire sobre as tecnologias na Educação.

Ercilia Maria Angeli Teixeira de Paula e Augusto Cesar Rios Leiro apresentam o artigo “Educação e Tecnologias contemporâneas: narrativas digitais de jovens em vídeo-cartas”. Apontando para uma tecnologia pouco explo- rada no Brasil, os autores lançam o olhar sobre as narrativas digitais de jovens contidas em quatro projetos de vídeo-cartas, permitindo uma reflexão sobre o modo como os jovens se apropriam dessa tecnologia e seu potencial para a produção de sentidos encarnados na cultura digital tal qual apropriada pelos jovens que as produzem.

Em seguida, Nataniel Mendes e Elizabeth Corrêa da Silva apresentam o artigo “Cultura Digital e Ensino de Literatura: potências e ponderações”, com o qual os autores articu- lam as interseções entre a Cultura Digital e o ensino de Literatura na Educação Básica em perspectiva netnográfica. O texto busca ilu- minar o diálogo entre as formas de produção cultural contemporâneas e a tarefa da escola de ensinar literatura, apontando para a neces- sidade de articular um diálogo profícuo entre os textos canônicos e a produção que emerge da cultura digital.

Afunilando a discussão que articula tec- nologias digitais e literatura, Rafaela Vilela e Patrícia Corsino nos brindam com o artigo “Li- teratura Infantil Digital: da produção brasileira à leitura de crianças” que lança luzes sobre um campo ainda pouco explorado, mas que apre- senta um grande potencial de crescimento e de contribuição para a formação literária de discentes e docentes da Educação Infantil.

A temática da formação de professores é aberta na Seção Estudos do v. 31, n. 65 da Re- vista da FAEEBA - Educação e Contempora- neidade pelo artigo “Relação entre formação docente e tecnologias digitais: um estudo na Educação Básica Portuguesa”, de Sara Dias- Trindade e António Gomes Ferreira. A partir de uma pesquisa quantitativa, os autores apresentam dados da realidade portuguesa sobre as competências digitais de professores e chamam a atenção para a necessidade de formação como uma variante determinante para a integração bem sucedida de tecnologias digitais nas práticas pedagógicas.

Úrsula Cunha Anecleto, Obdália Santana Ferraz Silva e Ediluzia Pastor da Silva nos convidam a mergulhar na formação inicial de professores com o texto “Diário virtual como espaço (ciber)formativo e movimento de práxis no curso de Pedagogia da UNEB”. A partir dos pressupostos da cibercultura e da Educação On-line, as autoras utilizam a pesquisa-forma- ção para destacar a importância da inserção da formação para o uso de tecnologias na for- mação inicial de professores, notadamente na Licenciatura em Pedagogia.

O artigo “Analítica da aprendizagem aplicada à formação do pedagogo a distância na área da Gestão Escolar”, de Marluce Torquato Lima Gonçalves e João Batista Carvalho Nunes, reme- te-nos a um campo ainda pouco explorado da pesquisa em Educação no Brasil. Ao estabelecer um modelo preditivo para auxiliar o acompa- nhamento discente no contexto pesquisado, os autores oferecem à comunidade científica tanto um instrumento que pode iluminar, mutatis mutandis, contextos semelhantes quanto uma perspectiva de abordagem do fenômeno da aprendizagem por meio de uma metodologia quantitativa que muito pode contribuir para a promoção da qualidade da Educação.

Por fim, Carina Alexandra Rondini e Nielsen Pereira redirecionam o olhar dos leitores para o contexto externo com o artigo “(In)Formação de professores americanos sobre estudan- tes com altas habilidades/superdotação”. Os sujeitos entrevistados fornecem um quadro informativo sobre a abordagem desses profis- sionais em relação aos estudantes com altas habilidades/superdotação nos Estados Unidos, permitindo aos autores sinalizar pontos impor- tantes de reflexão sobre o modelo brasileiro vis-à-vis o modelo americano desvelado pela pesquisa. Trata-se de um artigo que contribui significativamente para o aprofundamento dos estudos em uma dimensão destacada da Educação Especial no Brasil.

Assim, ao apresentarmos a Revista da FAEEBA - Educação e Contemporaneidade, v. 31 n. 65, à comunidade acadêmica, estamos certos de que os leitores encontrarão aqui um aparato teórico consistente e rigoroso, fruto do laborioso trabalho de numerosos autores e avaliadores altamente qualificados, que se constitui em sólido fundamento para todos aqueles que desejem aprofundar seus estudos sobre o binômio tecnologias e Educação no contexto do Ensino Remoto Emergencial.

Boa leitura!

1Texto revisado por Mônica Gama.

Creative Commons License Este é um artigo publicado em acesso aberto sob uma licença Creative Commons