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Educação e Pesquisa

versão impressa ISSN 1517-9702versão On-line ISSN 1678-4634

Educ. Pesqui. vol.48  São Paulo  2022  Epub 14-Set-2022

https://doi.org/10.1590/s1678-4634202248243385por 

Artigos

Estudantes universitários brasileiros na Espanha: motivações e fatores de decisão1

Brazilian university students in Spain: motivations and decision factors

2- Universidade Politécnica de Catalunha, Barcelona, Espanha. Contatos: luciano.kingeski@upc.edu; jorge.olivella@upc.edu


Resumo

A mobilidade internacional de estudantes é um fenômeno de crescente importância no cenário da educação superior. Nota-se nos últimos anos um crescimento de estudos na literatura e investigações acerca deste tema. Este artigo apresenta os resultados de um estudo exploratório, cujo objetivo foi analisar as motivações e fatores de decisão no processo de mobilidade dos estudantes universitários brasileiros que elegeram a Espanha para seus estudos superiores. A metodologia utilizada foi a pesquisa quantitativa, escala de Likert de 3 pontos, com 216 estudantes membros da comunidade estudantil brasileira na Espanha, distribuídos nos cursos de graduação, mestrado e doutorado, e o uso de fontes de dados estatísticos. A comparação entre os estudos anteriores da literatura e os resultados deste estudo demonstraram que os fatores nível acadêmico do centro e prestígio e perspectivas de futuro são coincidentes em ambos. De fato, esses fatores estão entre os mais significativos em quase todos os estudos de mobilidade internacional e também foram destacados pelos pesquisadores, confirmando a importância desses fatores na decisão de estudar no exterior. Por outro lado, entre os fatores que se apresentaram como mais relevantes no fluxo de estudantes brasileiros à Espanha, destacaram-se a experiência internacional, as bolsas de estudos, a imagem e cultura do país, o prestígio e as perspectivas futuras e o idioma espanhol.

Palavras-Chave: Mobilidade internacional; Motivações; Fatores de decisão; Brasil; Espanha

Abstract

International mobility of students is a phenomenon of increasing importance in the higher education scenario. Over the last years, an increase of studies and investigations around this topic has been observed. This article presents the results of an exploratory study whose purpose was to analyze the motivations and decision factors in the process of mobility of Brazilian university students who chose Spain for their higher education. The methodology utilized was quantitative research, a 3-point Likert scale, with 216 students from the Brazilian academic community in Spain, spread across undergraduate, master, and doctoral courses, and the use of statistical data sources. Comparing previous studies in the relevant literature and the results of this study has demonstrated that factors as the institution´s academic level and prestige and forward-looking perspectives are coincidental in both. In fact, these factors are included among the most significant ones in almost all studies on international mobility and have also been highlighted by researchers, confirming the importance of these factors when making the decision of studying abroad. On the other hand, among the factors that come forward as the most relevant in the flow of Brazilian students towards Spain, standing out are the international experience, scholarships, the country´s image and culture, prestige and forward-looking perspectives, and the Spanish language.

Key words: International mobility; Motivations; Decision factors; Brazil; Spain

Introdução

A mobilidade internacional de estudantes é um fenômeno de crescente importância no cenário da educação superior. Diante disso, a experiência internacional durante a formação universitária torna-se cada vez mais importante, visto que esses estudantes vão desenvolver a sua atividade profissional num mundo interconectado. Para as instituições de ensino, por sua vez, a presença de estudantes internacionais tem um impacto de primeira ordem. Na verdade, o próprio ambiente dos centros é influenciado favoravelmente pela presença de estudantes de outros países e culturas. Além disso, a presença de estudantes de outros países pode supor um influxo complementar de atividade e renda. No caso das universidades espanholas, a presença de estudantes internacionais aumentou notavelmente nos últimos anos. Para muitos estudantes, a Espanha é atraente. Isso vale tanto para estudantes de outros países europeus como para estudantes latino-americanos e, em menor medida, do resto do mundo. Entre os países que emitem estudantes, o caso do Brasil merece uma consideração especial.

A importância do Brasil e de suas relações com a Espanha, bem como a especificidade do fenômeno, tornam as motivações dos estudantes brasileiros na Espanha dignas de um estudo detalhado. Dessa forma, este artigo busca analisar as motivações e fatores de decisão no processo de mobilidade dos estudantes universitários brasileiros que elegeram a Espanha para seus estudos superiores. A metodologia utilizada foi a pesquisa quantitativa e o uso de fontes de dados estatísticos. Os resultados deste estudo demonstraram fatores que são coincidentes com a literatura e outros mais relevantes nesse fluxo em concreto. Este artigo está organizado em cinco seções a partir da introdução. Na segunda seção, é apresentada a revisão da literatura; na terceira, são descritos a metodologia e os objetivos de pesquisa estabelecidos para o estudo; na quarta, são apresentados os resultados obtidos; por fim, a quinta compreende as discussões e conclusões.

Mobilidade internacional de estudantes

Diferentes termos são usados para caracterizar os estudantes que fazem intercâmbio de estudos para outros países. Os termos estudantes estrangeiros e estudantes internacionais, em particular, são amplamente utilizados. A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) usa o termo “mobilidade internacional de estudantes” para se referir ao fenômeno da mobilidade (UNESCO, 2006). A partir desse termo, emerge a expressão estudantes móveis internacionais. A própria Unesco os define como aqueles estudantes que cruzaram uma fronteira nacional para estudar ou estão matriculados em um programa de educação a distância no exterior. Nesse contexto, os estudantes móveis internacionais devem se diferenciar dos estudantes estrangeiros. Os estudantes estrangeiros também incluem aqueles que já residiam regularmente no país antes de iniciar seus estudos e que, portanto, não se mudaram para esse fim. Por outro lado, os nacionais que moravam no exterior podem ser considerados estudantes internacionais, embora, em termos gerais, esse seja um fenômeno sem importância. Por esse motivo, o número de estudantes estrangeiros, em todo o mundo, tende a ser maior que o número de estudantes móveis internacionais (UNESCO, 2014). Neste artigo, por simplicidade, nos referiremos a eles como estudantes internacionais.

O grupo de estudantes internacionais pode ser classificado em diferentes grupos, de acordo com os motivos que os levaram a estudar no exterior. Especificamente, Marchetto (2003) estabelece as seguintes categorias: (1) os chamados freemovers, que financiam seus estudos com recursos próprios; (2) alunos que recebem apoio financeiro de um tipo ou de outro; (3) estudantes refugiados; e (4) estudantes que emigram por razões econômicas.

Portanto, a mobilidade internacional de estudantes é uma das formas mais importantes de internacionalização e uma das dimensões mais visíveis. Isso adquire um significado especial no contexto de uma economia mundial interdependente, para a qual o conhecimento é um elemento-chave da força produtiva. Isso levou governos e instituições a promover e implementar programas de mobilidade estudantil para expandir sua educação e enriquecer suas maneiras de pensar e trabalhar através do contato com outras culturas (PARRA SANDOVAL, 2014).

Especificamente no caso do Brasil, Lima e Contel consideram quatro estágios na evolução das trocas de universidades brasileiras no exterior:

a) o primeiro período inaugural (entre 1930 e 1950) é marcado pela presença de professores visitantes da Europa nas jovens universidades brasileiras; b) No segundo período, reformista (entre 1960 e 1970), os programas enfatizaram a presença de consultores americanos e a concessão de bolsas de estudos para estudos de mestrado e doutorado no exterior; c) O terceiro período de consolidação (entre 1980 e 1990) tem ênfase nos aspectos acadêmicos e de marketing, uma vez que a internacionalização busca expandir e consolidar rigorosos programas de pós-graduação no país; d) O quarto período de diversificação (a partir de 2000) reflete o amadurecimento da internacionalização gerenciada e financiada por agências governamentais e também os primeiros passos da internacionalização gerenciada por empresas privadas. (LIMA; CONTEL, 2011 apudOLIVEIRA; FREITAS, 2016, p. 222).

Sobre essa relação de cooperação entre universidades, o pesquisador Luchilo (2006) descreve a mobilidade internacional de estudantes como instrumento de cooperação como a abordagem mais tradicional, presidida por considerações político-culturais, da promoção do intercâmbio acadêmico e da ajuda ao desenvolvimento. Nessa perspectiva, a mobilidade estudantil é considerada um meio de conhecimento mútuo entre diferentes países e culturas. Finalmente, de uma perspectiva mais geral, a mobilidade internacional de estudantes faz parte de tendências culturais mais amplas. A disseminação de uma “cultura juvenil de mobilidade é menos motivada pelos fatores econômicos tradicionais da migração (renda, emprego, etc.) e mais pelos fatores de educação, lazer e aquisição de experiência” (HIGHER EDUCATION FUNDING COUNCIL FOR ENGLAND, 2004).

Motivações para estudos no exterior

As motivações para estudos no exterior podem ser distinguidas em vários fatores. Do ponto de vista individual, por exemplo, estudar no exterior auxilia a lidar com as demandas do mercado de trabalho com mais sucesso, aumenta a dimensão internacional no trabalho e melhora sua carreira em geral (TEICHLER, 2011). Nessa mesma linha de pensamento, Li e Bray (2007) apontam que estudar em uma instituição de alta qualidade, embora economicamente caro, aumenta as chances de um emprego desejável e permite melhores perspectivas de carreira no mundo de hoje, caracterizado pela interdependência econômica, política, cultural, ambiental e tecnológica.

Para saber quais são as razões para realizar estudos superiores no exterior, vários autores adotaram a chamada teoria push-pull. Essa teoria advém do campo de estudos das migrações e é considerada uma evolução das teorias de Ravenstein, desenvolvidas na Inglaterra no século XIX (WANG, 2010). Essa abordagem consiste em considerar como fatores push os motivos pelos quais uma pessoa deixa seu país e como fatores pull os motivos de mudar para um determinado país. Altbach (1998) classifica os fatores que levam os estudantes a realizar um curso superior no exterior com base na abordagem push-pull. Nessa área, os fatores push são aquelas situações do país de origem que levam ao estudo em outro país, e os fatores pull são as características do país de destino que o motivam a estudar nele. A Tabela 1 apresenta um exemplo de fatores push-pull correspondentes a estudantes do chamado terceiro mundo.

Tabela 1 Fatores que influenciam a decisão de estudar no exterior de estudantes do terceiro mundo 

Fatores do país de origem – push Fatores do país de destino – pull
1. Disponibilidade de bolsas para estudar no exterior. 1. Disponibilidade de bolsas de estudo para estudantes internacionais.
2. Instituições educacionais de baixo nível. 2. Instalações educacionais de boa qualidade.
3. Falta de instalações de pesquisa. 3. Disponibilidade de instalações para pesquisa avançada.
4. Falta de instituições educacionais apropriadas ou dificuldade em acessá-las. 4. Existência de instituições educacionais apropriadas com possibilidade de admissão.
5. Situação política desconfortável. 5. Situação política confortável.
6. Maior valorização de um diploma estrangeiro. 6. Ambiente socioeconômico e político confortável.
7. Discriminação contra minorias. 7. Possibilidades de ter uma experiência internacional.

Fonte: Altbach (1998).

O modelo push-pull foi originalmente desenvolvido para explicar os fatores que influenciam as pessoas a migrar para um país específico, mas desde então tem sido usado por pesquisadores educacionais para ajudar a explicar as motivações e decisões de estudantes internacionais. Mazzarol e Soutar (2002) distinguem três estágios como os mais comuns no processo de decisão dos estudantes internacionais: a decisão de estudar no exterior, a escolha do país e a escolha da universidade. O primeiro estágio corresponde aos fatores push, enquanto o segundo e o terceiro constituem a atração dos fatores de destino ou pull.

As vantagens de um estudante que viaja ao exterior para realizar seus estudos são diversas, desde aprender um novo idioma, ter contato com outras culturas, ganhar uma nova perspectiva de seu próprio país, até expandir seu currículo. Em razão disso, atualmente, muitos estudantes procuram estudar em um país estrangeiro. Na revisão da literatura, foi possível encontrar alguns estudos que foram realizados para entender os benefícios e impactos de uma experiência no exterior. Para uma melhor compreensão, esta seção está dividida em três tipos de estudos: (a) estudos destinados aos países com maior tradição na área de mobilidade acadêmica internacional e suas principais motivações identificadas pelos estudantes que escolhem esses países (Tabela 2); (b) estudos de países que começam a se destacar no cenário do ensino superior como novos destinos para estudos no exterior, como no caso da Ásia e do Oriente Médio (Tabela 3); e (c) estudos relacionados ao Brasil e à Espanha. Em particular, os estudos são muito limitados, portanto existem poucos casos na literatura (Tabela 4).

Tabela 2 Fatores de decisão para destinos tradicionais 

Países de origem e destino Alojamento Bolsas de estudos Influência (família/amigos) Custo da mobilidade Distância geográfica Economia do país Experiência internacional Escassez de vagas Idioma Imagem, cultura do país Interesse em emigrar Nível acadêmico do centro Nível acadêmico do país Prestígio e perspectivas Processo de seleção Segurança do país Visto de estudos
Vários à Austrália1                      
Vários ao Reino Unido2                  
Tailândia à Austrália3                              
Vários à Austrália4                        
Taiwan a Vários5                          
África ao Reino Unido6                            
China a Austrália7                      
Vários ao Canadá8                        
Vários à Austrália9                        
Vários ao Reino Unido10                          
Índia à Europa11                    
Vários ao Canadá12                          
China à Reino Unido13                            

Fonte: Elaboração própria.

1Mazzarol e Soutar (2002), 2Binsardi e Ekwulugo (2003), 3Pimpa (2005),4 Shanka, Quintal e Taylor (2005), 5Gatfield e Chen (2006), 6Maringe e Carter (2007), 7Yang (2007),8Chen (2008), 9 Abubakar, Shanka e Muuka (2010), 10 Wilkins e Huisman (2011), 11Mukherjee e Chanda (2012), 12James-Maceachern e Yun (2017), 13 Cebolla-Boado, Hu e Soysal (2018)

Tabela 3 Fatores de decisão para novos destinos 

Países de origem e destino Alojamento Bolsas de estudos Influência (família/amigos) Custo da mobilidade Distância geográfica Economia do país Experiência internacional Escassez de vagas Idioma Imagem, cultura do país Interesse em emigrar Nível acadêmico do centro Nível acadêmico do país Prestígio e perspectivas Processo de seleção Segurança do país Visto de estudos
Indonésia a Vários1                          
China a Hong Kong, Macao2                          
Vários à Malásia3                      
Vários à Tailândia4                          
Vários à China5                      
Iraque a Vários6                          
África aos Emirados Árabes7                            
Vários à China8                      

Fonte: Elaboração própria.

1Joseph e Joseph (2000), 2Li e Bray (2007), 3 Padlee, Kamaruddin e Baharun (2010), 4Jianvittayakit e Dimanche (2010), 5 Cao, Zhu e Meng (2016), 6 Ahmad, Hassan e Al-Ahmedi (2017), 7Ahmad e Hussain (2017), 8Ahmad e Shah (2018)

Tabela 4 Fatores de decisão com origem Brasil ou destino Espanha 

  Alojamento Bolsas de estudos Influência (família/amigos) Custo da mobilidade Distância geográfica Economia do país Experiência internacional Escassez de vagas Idioma Imagem, cultura do país Interesse em emigrar Nível acadêmico do centro Nível acadêmico do país Prestígio e perspectivas Processo de seleção Segurança do país Visto de estudos
Países de origem e destino
Brasil ao Reino Unido1                          
Brasil e outros a Vários2                    
Brasil à Portugal3                    
México à Espanha4                        
Brasil à Espanha5                        

Fonte: Elaboração própria.

1Foster (2014), 2Oliveira e Freitas (2016), 3Iorio e Fonseca (2018), 4Trejo Peña e Suárez Bequir (2018), 5Kingeski e Olivella Nadal (2020)

Como são poucos os estudos na literatura relacionados ao Brasil e à Espanha, acredita-se que seja necessário detalhar algumas particularidades desses casos mencionados na Tabela 4. O estudo de Foster (2014), além de apresentar os fatores de decisão para estudos no Reino Unido, apresenta as principais barreiras para os estudantes brasileiros que buscam estudos nesse país. Destacam-se, em ordem decrescente, o custo da mobilidade, a distância do país de origem, a dificuldade de obter uma bolsa de estudos, a dificuldade com o idioma, o clima do país e, finalmente, a alimentação. No entanto, o estudo de Oliveira e Freitas (2016), além de analisar as motivações de estudantes brasileiros e internacionais, também analisa as motivações dos professores, categoria que não foi levada em consideração para este estudo em particular. Já no estudo de Iorio e Lucinda (2018), é possível verificar muitas semelhanças entre Portugal e Espanha, o conjunto de fatores analisados pelas autoras também destaca a experiência internacional, as perspectivas futuras, o nível acadêmico dos centros, a importância do idioma português, a cultura e o custo da mobilidade, também considerados importantes e críticos para os estudantes que optaram pela Espanha. Trejo Peña e Suárez Bequir (2018) relatam um fator motivador muito importante para a mobilidade internacional dos estudantes mexicanos que escolheram a Espanha para estudos superiores: a insatisfação com o trabalho em seu país de origem, visto que eles estão muitas vezes vinculados a empregos precários e com baixos salários, um fator que não é tão evidente em outros estudos. Finalmente, Kingeski e Olivella Nadal (2020) analisaram as motivações dos estudantes brasileiros que realizaram seus estudos superiores na Espanha. Como esperado, o país ou países de origem e o país ou países de destino determinam amplamente quais fatores são mais relevantes. Por esse motivo, são necessários estudos específicos sobre os diferentes fluxos de estudantes ao estrangeiro.

Metodologia

A metodologia aplicada ocorreu por meio de um estudo exploratório, e, através de uma pesquisa quantitativa, realizou-se um questionário online com membros da comunidade de estudantes brasileiros na Espanha, distribuídos nos cursos de graduação, mestrado e doutorado, e fontes de dados estatísticos.

Fontes de dados estatísticos

Foram utilizados os dados das séries históricas de entradas (inbound) e saídas (outbound) fornecidos pelo Instituto de Estatística da Unesco (UIS), no período de 2000 a 2017 (anos selecionados), e os dados dos Programas de bolsas de estudos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) do Brasil a partir de 1998 (dados disponíveis).

Questionário da pesquisa

Na primeira etapa do estudo, optou-se por utilizar técnicas qualitativas de coleta de dados, realizando-se entrevistas individuais em profundidade com 28 estudantes brasileiros. As entrevistas foram desenvolvidas através de um questionário semiestruturado, com base na literatura anterior (KINGESKI; OLIVELLA NADAL, 2018). Com os resultados obtidos nesta etapa, elaborou-se o questionário de perguntas fechadas. Os principais tópicos estão na Tabela 5. Entre os fatores a se considerar, fez-se uso dos mais comuns na literatura, de modo geral, que também foram considerados na análise da literatura apresentada na segunda seção. As seções do questionário distinguem entre: (a) o fato de a Espanha ter sido a primeira opção de estudos no exterior; (b) as motivações para estudar no exterior em geral; e (c) as motivações intrínsecas da Espanha. Nestes dois últimos blocos, uma lista de fatores possíveis foi considerada (escala de Likert de 3 pontos), e aos respondentes foi perguntado: (a) se cada um desses fatores foi levado em consideração no momento da escolha; (b) se havia sido um fator crítico; ou (c) se não teve influência na decisão de estudar na Espanha.

Tabela 5 Questionário 

Assunto Perguntas Sim / Não
Primeira escolha Espanha foi minha primeira opção de país para estudar no exterior? Não levou em consideração / levou em consideração / foi um fator crítico
Motivações para estudar no exterior
  • Experiência internacional

  • Prestígio e perspectivas

  • Interesse em emigrar

  • Bolsa para estudos no exterior

  • Falta de vagas

Motivações da eleição da Espanha
  • Custo da mobilidade

  • Visto de estudos

  • Imagem/cultura do país

  • Idioma

  • Bolsas de estudos para estudar na Espanha

  • Nível acadêmico do país

  • Nível acadêmico do centro

  • Posição no ranking

  • Economia da Espanha

  • Experiência anterior

  • Influência (família/amigos)

Fonte: Elaboração própria.

Amostra e desenvolvimento do estudo

O período de aplicação do questionário foi de janeiro a março de 2019 (KINGESKI; OLIVELLA NADAL, 2020). O número de respostas obtidas foi de 216 estudantes brasileiros que realizaram um curso superior na Espanha: graduação (total ou parcial), mestrado e doutorado stricto sensu (total ou parcial), no período de 2015 a 2020. O questionário foi aplicado pela primeira vez em um pré-teste com dez estudantes, em seguida foi ajustado de acordo com os resultados obtidos nos primeiros testes e, por fim, replicado para os estudantes brasileiros. A técnica de amostragem conhecida como bola de neve também foi usada para obter o maior número de respostas. Geralmente, essa técnica é escolhida por proporcionar formas de contato com populações ou grupos caracterizados como de difícil acesso, muito comuns a este tipo de estudo. A amostra obtida para este estudo é definida como não probabilística, sendo relativamente homogênea. Para contatar os respondentes, foi enviado um convite por e-mail a todos os estudantes brasileiros registrados na base de dados do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Programa Ciência sem Fronteiras (CsF), banco de currículos de pesquisadores cadastrados na plataforma Lattes/CNPq, por meio de contatos individuais e comunidades brasileiras na Espanha, via Facebook, LinkedIn, Embaixada do Brasil em Madri, Associação de Pesquisadores Brasileiros na Catalunha (APEC), Universidade de Salamanca (Centro de Estudos Brasileiros - CEB), Universidade de Valladolid (Centro Tordesillas de Relaciones con Iberoamérica) e indicações de outros estudantes. Com eles, a confidencialidade das avaliações e os comentários dos respondentes foram garantidos.

Resultados do estudo

Dados estatísticos

De acordo com os dados da Unesco (2019), no período de 1975 a 2017, o número de estudantes que migraram para outros países, com a finalidade de estudar aumentou de aproximadamente 800.000 para mais de cinco milhões (Tabela 6). Desde então, os principais destinos continuam a ser liderados pelas mesmas potências (Estados Unidos e Europa, principalmente Reino Unido).

Tabela 6 Saídas e entradas de estudantes no exterior por regiões – 2000 a 2017 

Regiões Saídas (outbound) Entradas (inbound)
2016-2017 2000-2017 2016-2017 2000-2017
Ásia Oriental e Pacífico 1.442.162 17.069.554 1.084.896 11.814.660
América do Norte/Europa Ocidental 745.722 10.349.422 2.765.854 35.943.160
Europa Central e Oriental 453.646 6.216.948 661.383 6.123.189
Ásia Meridional e Ocidental 617.025 5.919.174 68.799 54.337
Estados Árabes 486.752 5.254.543 331.144 3.705.196
África Subsaariana 383.559 5.165.206 137.613 1.951.348
América Latina e Caribe 342.791 4.104.962 209.676 2.231.984
Ásia Central 267.654 2.450.685 49.874 715.848
Pequenos estados insulares 105.125 676.303 109.850 1.527.575
Total mundo 5.309.240 63.516.777 5.309.240 63.516.777

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da Unesco (2019).

Ao analisar as entradas de estudantes internacionais na Europa, observa-se que, ao longo dos anos, o Reino Unido é o destino mais procurado dos estudantes internacionais: a taxa de participação no ano de 2017 foi de 17,92%; e a tradição das universidades inglesas, a qualidade do ensino e a língua inglesa são fatores proeminentes no contexto da educação superior no país. Nesse contexto, a Espanha se encontra atrás dos principais destinos da Europa; nesse mesmo ano a sua taxa de participação foi de 3,23%, enquanto a de Portugal foi de 6,40%, Alemanha 8,37%, França 10,20%, Áustria 17,19% e Suíça 17,75% (UNESCO, 2019). Em relação aos estudantes da região da América Latina e Caribe, nota-se que o Brasil se destaca como o país com o maior número de saídas de estudantes para o exterior (Tabela 7).

Tabela 7 Entradas de estudantes de América Latina e Caribe no exterior – 2000-2017 

Países 2016-2017 2000-2017
Brasil 58.841 592.438
Colômbia 44.423 471.382
México 34.900 466.884
Peru 32.508 373.963
Venezuela 20.724 260.405
Bolívia 20.233 221.232
Equador 22.309 193.439
Chile 15.982 185.315
Argentina 9.021 150.206
Paraguai 13.913 130.509
Uruguai 5.142 61.390
Outros países 29.976 367.234
Total aproximado 307.972 3.474.397

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da Unesco (2019).

Conforme apresentado anteriormente, pode-se verificar que houve mudanças significativas nos últimos anos na distribuição de estudantes internacionais em todo o mundo, e a Espanha se apresenta como uma opção para os estudantes brasileiros na Europa tanto para cursos de graduação como de pós-graduação. Historicamente, para os estudantes brasileiros, os Estados Unidos sempre foram a primeira opção de escolha de país para estudos no exterior, entretanto, em 2017, a Argentina foi o destino mais procurado (Tabela 8). Os autores acreditam que esse resultado se deve a diversos fatores, entre eles, a economia atual dos dois países, os custos de mobilidade e a proximidade entre eles. O caso de Portugal é um ponto importante a considerar na série histórica em relação aos países de destino dos estudantes brasileiros. Este país se apresenta como segunda opção de destino. O estudo de Iorio e Lucinda (2018) apontam que os principais fatores para escolha deste país são: os baixos custos quando comparados a outros países, o idioma português como um fator facilitador no processo de mobilidade ao exterior, a experiência internacional, a imagem e a cultura, o nível acadêmico e a segurança do país.

Tabela 8 Destinos de estudantes brasileiros 

País de destino Estudantes 2016-2017 Ranking Estudantes 2000-2017 Ranking
Argentina 12.789 1 22.214 5
Estados Unidos 12.357 2 167.633 1
Portugal 7.764 3 57.449 2
Austrália 5.551 4 17.391 7
França 4.171 5 52.513 3
Canadá 2.979 6 14.679 10
Alemanha 2.575 7 15.802 8
Reino Unido 1.730 8 25.718 4
Espanha 1.402 9 20.044 6
Itália 1.237 10 14.732 9

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da Unesco (2019).

A flutuação desses números tem muito a ver com programas de bolsas de estudos. Destaque-se, por exemplo, o Programa Ciência sem Fronteiras (CsF), criado no ano de 2014 com o objetivo de promover a expansão, a internacionalização e a competitividade brasileira por meio do intercâmbio e da mobilidade internacional (CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS, 2014). Os números deste programa estão mais bem detalhados na Tabela 11.

No caso concreto da Espanha como destino dos estudantes internacionais, ao longo dos anos, o maior fluxo de estudantes internacionais procede da região da América Latina e Caribe, seguido do fluxo das regiões da América do Norte e da Europa Ocidental (Tabela 9). Em ordem decrescente, no período 2007-2017 os países com maior fluxo de estudantes dessa região para a Espanha foram: Colômbia com 42.642, Equador com 29.435, Peru com 26.579, México com 23.937, Argentina com 16.603 e o Brasil com 13.452. Ressalta-se que nesses números os dados referentes aos anos de 2014 e 2015 não foram reportados por não estarem disponíveis (UNESCO, 2019). Devido ao fator linguístico, a presença de estudantes brasileiros na Espanha não atinge a proporção dos demais países dessa região. O baixo fluxo de emigração entre o Brasil e a Espanha também é um fator a considerar ao se estudar o fluxo de estudantes em relação a outros países. Apesar disso, o fluxo de estudantes universitários do Brasil para a Espanha e, em termos gerais, o relacionamento entre as universidades brasileiras e espanholas são de crescente importância.

Tabela 9 Entrada de estudantes internacionais por regiões na Espanha – 2000 a 2017 

  2016-2017 2000-2017
América Latina e Caribe 30.057 289.262
América do Norte e Europa Ocidental 23.067 248.527
Europa Central e Oriental 3.968 49.811
Estados Árabes 2.743 48.819
Pequenos estados insulares 45 17.901
Ásia Oriental e Pacífico 2.899 16.460
África Subsaariana 844 15.867
Ásia Meridional e Ocidental 1.099 5.813
Ásia Central 205 1.665
Estimativa total 64.927 694.125

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da Unesco (2019).

A seguir, a Tabela 10 apresenta os dados sobre a taxa de participação (%) de estudantes internacionais na Espanha, representando as séries históricas dos últimos anos de estudantes internacionais e de brasileiros na Espanha.

Tabela 10 Entrada de estudantes internacionais e brasileiros na Espanha 

Anos (%) Internacionais na Espanha Internacionais na Espanha Brasileiros na Espanha
2007 1,82 32.281 737
2008 2,12 37.726 1.337
2009 2,69 49.517 1.859
2010 2,98 56.018 1.969
2011 3,21 62.636 2.071
2012 2,84 55.759 1.541
2013 2,86 56.361 1.346
2016 2,53 49.837 1.190
2017 3,23 64.927 1.402

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da Unesco (2019).

Quanto às políticas de internacionalização, em especial, a Espanha demonstra um interesse crescente em atrair estudantes internacionais. A Estratégia para a Internacionalização das Universidades Espanholas 2015-2020, do Ministério da Educação, Cultura e Esportes da Espanha, enfatiza a importância da mobilidade internacional de estudantes e o interesse do governo em promovê-la. Nesse sentido, o Decreto Real 412/2014 elimina a prova de acesso a cursos de graduação para estrangeiros. Além do impulso do governo, outras iniciativas importantes para o recrutamento de estudantes estrangeiros em várias comunidades autônomas são detectadas. Em alguns casos, mudanças nos regulamentos de acesso e no ensino de idiomas estão sendo promovidas para aumentar sua presença. Alguns centros também se concentram principalmente na atenção de estudantes estrangeiros (OLIVELLA NADAL, 2016). No Brasil, os programas desenvolvidos através do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e através da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) oferecem bolsas de estudos stricto sensu (mestrado e doutorado) e para estudantes de graduação no Brasil e no exterior. A Tabela 11 apresenta os números gerais desses programas e, em particular, o número de bolsas de estudos na Espanha.

Tabela 11 Número de bolsas de estudos no exterior e Espanha por programas 

Programa Período Exterior Espanha
CNPq 1980-2014 26.732 1.937
CsF 2011-2016 93.247 5.066
CAPES 1998-2018 205.245 8.506
Total   325.224 15.509

Fonte: Elaboração própria com base nos dados dos Programas de bolsas do CNPq, CsF e CAPES (2020).

Em relação à distribuição das bolsas do programa CNPq, os principais destinos foram os países com tradição de mobilidade estudantil no cenário mundial. Em ordem decrescente estão: Inglaterra com 5.393 estudantes, Canadá com 5.078, Austrália com 3.327 e Escócia com 3.218. Excepcionalmente, nesse programa, a Espanha aparece na 5ª posição de destino, com 1.937 estudantes, à frente dos Estados Unidos, que ocupa a 6ª posição de destino, com 1.501 estudantes (CNPQ, 2015). Ao analisar o histórico de bolsas do CNPq por ano, especificamente para o caso da Espanha, nota-se um aumento considerável, principalmente a partir de 2012 com o aumento de novos investimentos nos programas de bolsas de estudantes brasileiros, isto considera bolsas financiadas por fundos setoriais e não inclui bolsas de curta duração (fluxo contínuo). A distribuição de becas desse programa na Espanha nos últimos anos contemplou: 30 estudantes em 2011, 373 em 2012, 795 em 2013 e 430 em 2014, com maior número nas modalidades de doutorado pleno e graduação sanduíche (CNPQ, 2015).

Já no programa CsF, os principais destinos foram os Estados Unidos e o Reino Unido, especificamente, nas áreas de engenharia e demais áreas tecnológicas, com maior número de bolsistas, cerca de 45 mil estudantes. Em relação à Espanha, das 5.066 bolsas concedidas nesse país, 952 foram bolsas de doutorado sanduíche (o estudante realiza parte do seu curso de doutorado em outra instituição brasileira ou internacional), 220 bolsas de doutorado integral, 3.519 bolsas de graduação sanduíche (o estudante tem a possibilidade de passar um tempo estudando em uma instituição de ensino estrangeira durante o seu curso de graduação e 375 bolsas de pós-doutorado (CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS, 2020). O Programa CsF encerrou suas atividades em 2016, o que justifica a queda do número de estudantes brasileiros no exterior nos últimos anos, principalmente os estudantes de graduação, os quais representaram o maior número nesse programa, como apresentado anteriormente. De acordo com os dados disponíveis no site do programa, a meta até 2015 era de 101 mil bolsas; ao todo foram implantadas 93.247 bolsas no Brasil e no exterior.

Finalmente, no programa Capes, as bolsas de doutorado sanduíche se destacaram das demais modalidades: foram beneficiados um total de 1.322 estudantes internacionais de doutorado, sendo que 67 deles realizaram seus estudos na Espanha. A distribuição de bolsas desse programa no país nos últimos anos contemplou: 996 estudantes em 2015, 484 em 2016, 711 em 2017 e 521 estudantes em 2018 (CAPES, 2020). Nota-se que, no conjunto, ao longo dos anos, o número de bolsas de estudos dos programas brasileiros na Espanha ainda representa uma dimensão relativamente pequena, porém significativa. Cabe ressaltar que, nesse caso concreto, foram identificados estudantes que realizaram suas estâncias com bolsas de estudos concedidas também por programas espanhóis, em particular, patrocinados pelo Banco Santander.

Resultados da pesquisa

Dados sociodemográficos

A Tabela 12 apresenta o tamanho e distribuição da amostra, o curso realizado na Espanha e o gênero. Esses dados informam apenas a condição dos respondentes deste estudo, mas não podem ser considerados como um indicador das tendências da população de estudantes brasileiros que viajam para a Espanha.

Tabela 12 Tamanho e gênero da amostra 

Cursos realizados na Espanha Mulheres Homens Total
Doutorado 72 47 119
Mestrado 25 9 34
Graduação 42 21 63
Total 139 77 216

Fonte: Elaboração própria.

Nesta amostra, foi identificado um maior número de estudantes que obtiveram o grau de estudos na Espanha, aproximadamente 56,94%. A seguir, demonstra-se a distribuição dos estudantes pelos cursos realizados na Espanha em relação ao local onde o grau de estudos foi obtido (Tabela 13).

Tabela 13 Local para obtenção do grau de estudos 

Cursos realizados na Espanha Local onde se obteve o grau de estudos Total
Brasil Espanha Ambos
Doutorado 21 84 14 119
Mestrado 1 31 2 34
Graduação 50 8 5 63
Total 72 123 21 216

Fonte: Elaboração própria.

Com relação à idade dos estudantes, houve ampla distribuição, com jovens a partir dos 18 anos, com pouca experiência acadêmica, profissional e com fortes laços familiares, até estudantes com mais de 50 anos que já tinham uma ampla experiência profissional. A distribuição por idade foi: de 18 a 20 (1 estudante); de 21 a 25 (22 estudantes); de 26 a 30 (85 estudantes); de 31 a 35 (40 estudantes); de 36 a 40 (33 estudantes); de 41 a 45 (21 estudantes) e de 46 a 50 (23 estudantes). Quanto à procedência dos estudantes, dos 26 estados do Brasil, foram obtidas respostas de 21 deles, o que representa aproximadamente 77,78% do total. Os cinco principais estados em ordem decrescente de estudantes foram: São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Rio de Janeiro. Quanto às cidades, os estudantes eram originalmente de 112 cidades diferentes. Já as comunidades autônomas de destino, das 17 comunidades da Espanha, foram recebidas respostas de 15 delas. As províncias das Ilhas Canárias e Navarra foram os únicos destinos dos quais não se obteve respostas. Finalmente, no que diz respeito às cidades de destino, também foi apresentado um amplo resultado, com respostas de 39 cidades. As principais cidades escolhidas pelos estudantes brasileiros foram, em ordem decrescente: Madri, Barcelona, Salamanca, Valência, Jaén, Sevilha, Valladolid, Granada, Alicante e Leão (Tabela 14).

Tabela 14 Comunidades autônomas de destino por grupo de estudantes 

Comunidades autônomas de destino Doutorado Mestrado Graduação Total
Madri 29 3 31 63
Catalunha 25 6 6 37
Andaluzia 15 8 9 32
Castela e Leão 18 6 6 30
Valência 15 5 3 23
Outras comunidades 17 6 8 31
Total 119 34 63 216

Fonte: Elaboração própria.

Com relação aos centros de estudos, foram recebidas respostas de 63 centros. As dez universidades mais buscadas pelos estudantes brasileiros, em ordem decrescente, foram: a Universidade Autônoma de Madri (38), Universidade de Salamanca (24), Universidade de Barcelona (10), Universidade de Jaén (10), Universidade de Sevilha (9), Universidade Politécnica da Catalunha (9), Universidade Autônoma de Barcelona (8), Universidade Politécnica de Valência (7), Universidade de Valladolid (6) e Universidade de Valência (5). Quanto às áreas de conhecimento, houve maior representação de estudantes de mestrado e doutorado nas áreas de ciências sociais e humanas. Por outro lado, os estudantes de graduação inclinaram-se às áreas de engenharia, arquitetura e ciências afins e matemática e ciências naturais (Tabela 15).

Tabela 15 Áreas de conhecimento de estudantes brasileiros 

Áreas de conhecimento Doutorado Mestrado Graduação Total
Ciências sociais e humanas 36 16 9 61
Matemática e Ciências Naturais 23 1 15 39
Engenharia, Arquitetura e afins 18 3 19 40
Ciências da Saúde 19 0 11 30
Economia, Administração e afins 5 7 4 16
Agronomia, Veterinária e afins 10 2 2 14
Ciências da Educação 5 2 2 9
Belas Artes 3 3 1 7
Total 119 34 63 216

Fonte: Elaboração própria.

A seguir, na Tabela 16, apresenta-se a distribuição de bolsas de estudos por cursos na Espanha.

Tabela 16 Distribuição das bolsas 

Cursos na Espanha Com bolsas % Sem bolsas % Total
Doutorado 97 81,51% 22 18,49% 119
Mestrado 20 58,82% 14 41,18% 34
Graduação 54 85,71% 9 14,29% 63
Total 171 79,16% 45 20,84% 216

Fonte: Elaboração própria.

Ao analisar o tempo de estudos que os estudantes brasileiros passaram na Espanha, é possível observar que as estadias mais longas são realizadas em sua maioria para fins de investigação, principalmente em cursos de doutorado pleno no exterior e com poucas exceções de estudantes de graduação (Tabela 17).

Tabela 17 Tempo de estudo na Espanha 

Período de estudos Doutorado Mestrado Graduação Total
Menos de 1 ano 9 1 15 25
1 ano 16 21 43 80
2 anos 10 10 0 0 20
3 anos 19 1 1 21
4 anos 39. 0 4 43
5 anos ou mais 26 1 0 0 26
Total 119 34 63 216

Fonte: Elaboração própria.

Motivações para estudar no exterior

Neste bloco foram analisados cinco fatores: a experiência internacional, o prestígio e as perspectivas, o interesse em emigrar, a disponibilidade de bolsas de estudos e a escassez de vagas nos cursos do Brasil. A seguir, a Tabela 18 apresenta os resultados por grupos de estudantes e por cursos na Espanha.

Tabela 18 Motivações para estudar no exterior por grupos de estudantes 

Fatores de decisão Doutorado (119) Mestrado (34) Graduação (63)
LC FC LC FC LC FC
Experiência internacional 33,61% 65,55% 32,35% 67,65% 17,46% 82,54%
Prestígio e perspectivas 44,54% 42,02% 44,12% 52,94% 36,51% 57,14%
Interesse em emigrar 12,61% 4,20% 26,47% 2,94% 20,63% 12,70%
Bolsas de estudos – exterior 24,37% 31,93% 26,47% 38,24% 31,75% 58,73%
Escassez de vagas – Brasil 14,29% 9,24% 32,35% 5,88% 3,17% 1,59%

Fonte: Elaboração própria.

Legenda: LC – Levou em consideração; FC – Foi um fator crítico.

Os fatores “experiência internacional e prestígio e perspectivas de futuro” foram os fatores mais importantes, acima de todos os outros. Como foi apresentado anteriormente, a disponibilidade de bolsas de estudos foi um fator determinante para grande parte dos estudantes realizarem os estudos. Quanto ao interesse dos estudantes em emigrar para a Espanha após o término dos estudos, esse fator é apresentado como sem importância; como foi apresentado anteriormente, a maior parte dos estudantes (79,16%) identificados por esta amostra realizaram suas estâncias com bolsas de estudos concedidas por programas brasileiros, de modo que estes estudantes, uma vez que terminam seus estudos no exterior, devem passar por um período de permanência obrigatória no Brasil, o chamado período interstício. A escassez de vagas nas universidades brasileiras, principalmente nos programas de pós-graduação, não aparece como um problema nesta amostra. Uma representação maior nesse caso foi manifestada pelos estudantes de mestrado. Enquanto isso, segundo os resultados identificados na etapa anterior (qualitativa) em relação a esse fator, 22 dos 28 estudantes expuseram as dificuldades de acesso aos programas de pós-graduação stricto sensu no Brasil devido à escassez de vagas e as dificuldades de acesso.

Motivações para estudar na Espanha

Escolheram a Espanha como a primeira opção para estudos no exterior 62,50% dos estudantes, enquanto 37,50% procuraram outros países; porém, por diferentes razões, foram para a Espanha. O Reino Unido e os Estados Unidos foram os principais destinos procurados, em seguida, Alemanha, Portugal e Itália. Conforme demonstrado na Tabela 19, foram analisados cinco fatores relacionados à dificuldade de acesso: bolsas de estudos para Espanha, idioma, cultura do país, visto de estudos e custo da mobilidade.

Tabela 19 Fatores relacionados à dificuldade de acesso 

Fatores de decisão Doutorado (119) Mestrado (34) Graduação (63)
LC FC LC FC LC FC
Bolsas de estudos – Espanha 18,49% 21,01% 23,53 29,41% 42,86% 41,27%
Idioma 52,10% 28,57% 50% 41,18% 42,86% 55,56%
Cultura do país 56,30% 36,13% 47,06% 44,12% 49,21% 47,62%
Visto de estudos 23,53% 5,04% 17,65% 8,82% 22,22% 6,35%
Custo da mobilidade 36,13% 7,56% 35,29% 8,82% 26,98% 9,52%

Fonte: Elaboração própria.

Legenda: LC – Levou em consideração; FC – Foi um fator crítico.

O idioma espanhol significa para muitos estudantes brasileiros uma possibilidade mais acessível de aceder a estudos no exterior do que um país em que prevaleça o idioma inglês, por exemplo. Todos os grupos de estudantes declararam mais de 50% o idioma como um fator importante ou crítico. A cultura geral da Espanha é um fator que os estudantes brasileiros levaram em consideração. Em muitos casos, demonstra-se que no processo de mobilidade, muitos estudantes buscam semelhanças com seu país de origem para que a adaptação seja o mais natural possível. No que diz respeito à obtenção de visto de estudos, isso geralmente não é um problema; não é o caso em alguns países, onde esse fator pode ser uma barreira. Todos os grupos de estudantes declararam acima de 70% o visto de estudos como um fator sem importância. Em relação aos custos da mobilidade, pode-se dizer que a Espanha está abaixo quando comparada aos principais países de destino; todos os grupos demonstraram preocupação com esse fator.

Em seguida, foram analisados seis fatores de decisão relacionados à atração pelo país de destino: o nível acadêmico da Espanha, o nível acadêmico do centro, a posição dos rankings, a economia da Espanha, a experiência anterior no exterior e a influência do entorno (família e amigos). A seguir, são apresentados os resultados por grupos de estudantes (Tabela 20).

Tabela 20 Fatores de atração do destino 

Fatores de decisão Doutorado (119) Mestrado (34) Graduação (63)
LC FC LC FC LC FC
Nível acadêmico da Espanha 53,78% 24,37% 61,76% 14,71% 63,49% 12,70%
Nível acadêmico do centro 47,06% 39,50% 58,82% 23,53% 49,21% 36,51%
Posição no ranking 37,82% 19,33% 44,12% 5,88% 47,62% 15,87%
Economia da Espanha 34,45% 8,40% 38,24% 5,88% 42,86% 1,59%
Experiência anterior 13,45% 14,29% 23,53% 23,53% 7,94% 11,11%
Influência (família/amigos) 31,93% 17,65% 44,12% 5,88% 28,57% 17,46%

Fonte: Elaboração própria.

Legenda: LC – Levou em consideração; FC – Foi um fator crítico.

O nível acadêmico do centro foi o fator mais relevante nesse bloco de fatores, seguido pelo nível acadêmico da Espanha. A posição no ranking das universidades, a economia da Espanha, a experiência anterior e a influência do entorno (família/amigos) encontram-se bem abaixo dos dois fatores anteriores. Nesta amostra, foram identificados somente quatro casos de estudantes que haviam passado por uma experiência anterior de intercâmbio na Espanha ou em outro país estrangeiro antes de iniciar os estudos superiores na Espanha.

Discussões e conclusões

Os dados estatísticos demonstram um aumento considerável do número de estudantes internacionais em todo o mundo, em particular, a participação dos estudantes brasileiros no contexto da mobilidade acadêmica internacional, sobretudo na Espanha. Nos últimos anos, não se nota um aumento significativo, o que pode ser justificado pela redução dos investimentos dos programas de bolsas de estudos internacionais, por exemplo, e pela extinção de certos programas, como foi explicado anteriormente.

Quanto aos fatores de decisão, para comparar esses resultados com os da literatura anterior, estes foram resumidos (Tabela 21). Nota-se que os resultados dos estudos anteriores são muito diversos, portanto, não se confirmam resultados claramente estabelecidos, mas da coincidência ou não com as linhas gerais dos resultados anteriores. Finalmente, os resultados da pesquisa são indicados para cada fator.

Tabela 21 Fatores de decisão em diferentes tipos de estudos e resultados da pesquisa 

Fatores de decisão DT ND OB DE OB-DE R (%)
Alojamento 1 0 0 0 0 (*)
Bolsas de estudos 1 3 0 0 1 96,30%
Influência (família/amigos) 4 1 1 0 0 48,60%
Custo da mobilidade 7 5 1 1 0 41,60%
Distância geográfica 2 0 1 1 0 (*)
Economia do país 0 1 1 0 0 43,50%
Experiência internacional 0 3 3 0 1 99,50%
Escassez de vagas 1 0 0 0 0 20,40%
Idioma 3 4 3 1 1 87,50%
Imagem, cultura do país 6 4 2 0 1 93,50%
Interesse em emigrar 2 0 0 0 0 23,60%
Nível acadêmico do centro 11 6 3 1 0 85,60%
Nível acadêmico do país 4 2 1 0 0 77,30%
Prestígio e perspectivas 9 6 3 1 1 90,30%
Processo de seleção 4 0 0 0 0 (*)
Segurança do país 6 2 1 0 0 (*)
Visto de estudos 1 0 0 0 0 28,20%
Total de estudos 13 8 3 1 1 26

Fonte: Elaboração própria.

Legenda: DT – Destinos tradicionais; ND – Novos destinos; OB – Origem Brasil; DE – Destino Espanha; OB-DE – Origem Brasil-Destino Espanha; R – Resultado da pesquisa.

(*) Não considerados na pesquisa.

A comparação entre a literatura existente e os resultados do estudo concreto demonstra que os fatores nível acadêmico do centro e prestígio e perspectivas são coincidentes. De fato, esses fatores estão entre os mais significativos em quase todos os estudos e também foram destacados pelos respondentes, confirmando a importância desses fatores na decisão de estudar no exterior. Por outro lado, os demais fatores que aparecem como mais relevantes são específicos do fluxo de estudantes analisados e o caracterizam. Trata-se, em particular, de fatores como experiência internacional, prestígio e perspectivas futuras, que foram destacados como relevantes ou críticos por quase todos os entrevistados. Esse resultado é consistente com os estudos disponíveis sobre motivações de estudantes brasileiros para estudar no exterior, de modo que marca uma característica peculiar das motivações dos estudantes deste país.

As bolsas de estudos são muito importantes entre os estudantes pesquisados, pois refletem os dados sobre o número de estudantes que as receberam e as respostas do estudo sobre motivações. Esse fato é particular do fluxo de estudantes brasileiros para a Espanha, enquanto esse fator tem uma presença menor nos estudos da literatura referentes a outros fluxos. Os dados estatísticos dos programas de bolsas brasileiros confirmam essa importância.

Fatores como “imagem, cultura do país e idioma” refletem a proximidade cultural entre os dois países, e sua importância não é surpreendente, uma vez que a proximidade do Brasil com a Espanha é claramente superior à existente entre o Brasil e outros destinos típicos da Europa ou América do Norte.

Os resultados deste estudo representam uma contribuição à literatura, uma vez que o fluxo de estudantes brasileiros para a Espanha é muito pouco explorado. Apesar da especificidade desse fluxo, e mesmo que a Espanha não esteja entre os principais destinos dos estudantes brasileiros no exterior, suas características particulares justificam o desenvolvimento de um estudo específico, como demonstram os resultados. De fato, as motivações e fatores desses estudantes não se refletem nos fatores identificados em outros estudos referentes a diferentes fluxos. Este estudo faz parte da possível análise das relações entre as universidades do Brasil e da Espanha, que os autores consideram de grande interesse e planejam abordar no futuro. Outra linha de análise possível seria o estudo de outros fluxos, como os de estudantes brasileiros para países terceiros e também de outros países para a Espanha, nos quais provavelmente também se identifiquem características de cada caso. Finalmente, neste artigo, os fatores relacionados às cidades de destino no processo de mobilidade não foram levados em consideração. No entanto, cabe ressaltar que para, alguns estudantes, a escolha da cidade pode ter precedência sobre o centro de estudos ou universidade de interesse.

Agradecimentos

1- Agradecemos à embaixada do Brasil em Madri, Associação de Brasileiros na Catalunha (APEC), à Universidade de Salamanca (Centro de Estudos Brasileiros, CEB) e à Universidade de Valladolid (Centro Tordesillas de Relaciones con Iberoamérica).

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1- Agradecemos à embaixada do Brasil em Madri, Associação de Brasileiros na Catalunha (APEC), à Universidade de Salamanca (Centro de Estudos Brasileiros, CEB) e à Universidade de Valladolid (Centro Tordesillas de Relaciones con Iberoamérica).

Recebido: 09 de Setembro de 2020; Revisado: 09 de Dezembro de 2020; Aceito: 20 de Janeiro de 2021

Luciano Kingeski é professor associado e doutor em administração de empresas, do Departamento de Organização de Empresas da Universidade Politécnica de Catalunha (UPC).

Jordi Olivella Nadal é doutor em administração de empresas, professor titular do Departamento de Organização de Empresas e membro do Instituto de Organização e Controle (IOC), ambos da UPC.

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