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Educação e Pesquisa

versión impresa ISSN 1517-9702versión On-line ISSN 1678-4634

Educ. Pesqui. vol.49  São Paulo  2023  Epub 30-Nov-2023

https://doi.org/10.1590/s1517-970220234901001 

Editorial

Mudanças, permanências e ponderações sobre o trabalho de editoria de um periódico

Lúcia Helena Sasseron1 
http://orcid.org/0000-0001-5657-9590

Marcos Sidnei Pagotto-Euzebio2 
http://orcid.org/0000-0003-4166-9942

Leandro R. Pinheiro3 
http://orcid.org/0000-0001-5041-4939

Emerson de Pietri4 
http://orcid.org/0000-0001-5060-9891

Rosana Passos5 
http://orcid.org/0000-0002-4420-5126

1 -Editora Chefe de Educação e Pesquisa. Universidade de São Paulo, SP, Brasil

2 -Editor Chefe de Educação e Pesquisa.Universidade de São Paulo, SP, Brasil

3 -Universidade Federal do Rio Grande de Sul – Porto Alegre – RS, Brasil

4 -Universidade de São Paulo, SP, Brasil

5 -Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil


A redação do editorial da revista Educação e Pesquisa ocorre ao término de um extenso ano de dedicação, durante o qual enfrentamos diversas mudanças. Indubitavelmente, a mais sentida foi o precoce falecimento de nossa estimada colega editora, Shirley Silva.

Shirley, professora e pesquisadora dedicada às políticas públicas para pessoas com deficiência, desempenhou o papel de editora assistente na Educação e Pesquisa entre junho de 2019 e agosto de 2022. Os últimos manuscritos que recebemos e que foram cuidadosamente tratados por Shirley foram publicados ao longo deste ano de 2023. Alguns foram lançados após o seu falecimento, o que provocou um misto de emoções em toda a equipe, marcada pela saudade e pela lembrança da nossa colega. Queremos expressar aqui o nosso sincero reconhecimento e gratidão pelo seu incansável trabalho e pela sua presença inspiradora.

Neste mesmo ano, as professoras Cássia Sofiato e Cláudia Galian concluíram seus mandatos como editoras-chefe da revista. O compromisso sério, a responsabilidade e a serenidade com que ambas desempenharam suas funções garantiram que a Educação e Pesquisa continuasse a publicar trabalhos de relevância e excelência na pesquisa em Educação. A ambas, estendemos os nossos mais profundos agradecimentos.

Com a conclusão dos mandatos das editoras-chefe, nós, Lúcia Helena Sasseron e Marcos Sidnei Pagotto-Euzebio, assumimos as responsabilidades desta função, com o objetivo de manter as práticas que ao longo dos anos têm contribuído para o reconhecimento da revista Educação e Pesquisa, tanto por parte dos colegas pesquisadores do Brasil quanto do exterior. Para alcançar tal propósito, contamos com a valiosa colaboração dos editores assistentes. Muitos deles têm sido parte integrante de nossa equipe há vários anos, enquanto outros se uniram a nós em 2023. Valorizamos a diversidade de experiências e perspectivas na pesquisa e na educação, pois elas enriquecem nossa visão da revista e aprimoram os processos de avaliação e publicação.

Além disso, é importante destacar o papel crucial desempenhado por nossa secretaria em todos esses processos. Desde o início da submissão até a publicação final, sua atenção cuidadosa assegura que os textos sejam apresentados com qualidade gráfica e alcancem visibilidade na comunidade de pesquisadores.

Em 2023, também introduzimos uma mudança significativa: a implementação de mandatos para os membros do Conselho Editorial. Anteriormente, o regulamento não abordava essa questão, mas, após análises da comissão editorial, concluímos que estabelecer mandatos permitirá uma constante renovação do Conselho, possibilitando que diferentes colegas tragam suas contribuições em momentos distintos para enriquecer a revista Educação e Pesquisa.

Na realidade nacional, o ano de 2023 tem marcado um período de relativa revitalização das políticas públicas destinadas a impulsionar a ciência. Com a chegada de um novo governo e as mudanças nos líderes do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, do CNPq e da Capes, testemunhamos uma série de ações voltadas para o aumento do apoio financeiro às bolsas de graduação e pós-graduação, promoção de chamadas para a organização de conferências científicas e o relançamento de editais de pesquisa. No entanto, até o momento em que escrevemos este texto, não foi publicado um edital de financiamento voltado especificamente para iniciativas editoriais. Esperamos que isso não tarde a acontecer.

O editorial da Educação e Pesquisa em 2021 já havia destacado dilemas significativos em nosso trabalho, especialmente no que diz respeito à contraposição entre os editais das agências de fomento, que incentivam a manutenção das políticas de avaliação em duplo-cego, e as plataformas de submissão, que promovem ações como a publicação em preprints, manifestando claramente um apoio aos princípios da ciência aberta ( GALIAN; PIETRI, 2021). À medida que 2023 chega ao fim, ainda não temos uma perspectiva clara de como serão financiadas, nos próximos anos, as atividades essenciais da revista, e de que maneira serão conciliadas as justas demandas pela democratização do acesso ao conhecimento veiculado pelos periódicos científicos, e a necessária, a nosso ver, instância de anonimato nos processos de avaliação, capazes de, se não evitar, ao menos atenuar ímpetos personalistas no decurso da análise das submissões recebidas.

O último ponto exige mais esclarecimentos. O documento “ Critérios, política e procedimentos para a admissão e a permanência de periódicos na Coleção SciELO, ”, de maio de 2020, Brasil”, sugere a implantação das seguintes práticas de abertura:

[...] incluir no artigo aprovado o nome do editor responsável pela avaliação do manuscrito; [...] oferecer aos pareceristas e autor correspondente a abertura das respectivas identidades em prol de comunicação direta entre eles a qual deve seguir um protocolo preestabelecido” e “oferecer aos pareceristas a opção de publicar no periódico o parecer como uma comunicação identificada com DOI e passível de ser indexada e citada com ou sem a identificação do parecerista como autor.” ( GALIAN; PIETRI, 2021, p. 15–16).

Das sugestões oferecidas, a Educação e Pesquisa integrou a primeira em seus procedimentos editoriais a partir deste ano. Quanto às outras duas, encaminhamos um debate, no interior da Comissão Editorial, que continua até o momento. Na verdade, tal debate é bastante disseminado, não se ocupando, por óbvio, de questionar a importância da divulgação científica da forma mais ampla possível, mas procurando compreender o sentido e as consequências, na área de Ciências Humanas, e em Educação, especialmente, da abertura dos sistemas de avaliação científica.

Essa mudança se insere no contexto de exaustão dos procedimentos de avaliação por pares, marcadamente pelo incremento na demanda por publicação de artigos. Na Web of Science, por exemplo, segundo os dados mais atualizados que conseguimos, o número de artigos indexados subiu de um milhão, em 2009, para três milhões em 2016. (DANCE, p. 581-583, 2023a).

Neste mesmo artigo da Nature lemos sobre uma situação mais que conhecida atualmente por qualquer editor de periódico científico:

Em novembro de 2022, o economista da saúde Chris Sampson se viu em desesperada necessidade de um herói. Como editor associado da revista Frontiers in Health Services, estava tentando obter parecer para um artigo desde abril. Ele enviou cerca de 150 convites para potenciais revisores e recebeu quatro pareceres, mas apenas um deles tinha qualidade suficiente para ser útil. Sampson, que trabalha no Office of Health Economics, uma empresa de pesquisa e consultoria sediada em Londres, precisava de mais duas boas revisões, então twittou: ‘Preciso de um #heroiderevisaoporpares... Heróis, me enviem uma DM.’

(DANCE, p. 581-583, 2023b).

A chamada “fadiga de pareceristas”, em que aproximadamente 10% dos revisores se encarregam de 50% dos pareceres ( GLOBAL..., 2018), é uma realidade que só deve ter aumentado de 2018, data da publicação da pesquisa, até os dias de hoje. De fato, com a alta demanda por pareceres, tem se tornado uma questão muito relevante o valor que a leitura, a análise e a avaliação de artigos assume para o pesquisador que se ocupa dela, demandando um tempo que poderia estar sendo usado na produção de sua própria pesquisa, ou em qualquer outra atividade capaz de lhe oferecer mais vantagens. Obviamente, o processo de revisão por pares é de grande importância na garantia da qualidade e da validade do que se publica, e também na constituição e reformulação das áreas científicas, que se remodelam no tempo a partir do que se estabelece como relevante e indicado, temática e metodologicamente. No entanto, a partir do momento em que quantificamos o valor de tal trabalho e o tempo nele despendido, deixa de ser natural compreender a produção de pareceres como parte integrada ao trabalho do pesquisador acadêmico.

Segundo o estudo A billion-dollar donation: estimating the cost of researchers’ time spent on peer review, de Aczel, et al., o número de horas empregado para realizar avaliação por pares em todo o mundo, em uma amostra de 87.000 periódicos, resultou na cifra de 15.000 anos em 2020. O valor em dinheiro dessas horas de trabalho, com base no salário médio destes profissionais em seus países, foi de US$ 1,5 bilhão nos EUA, US$ 600 milhões na China, e US$ 400 milhões no Reino Unido. ( apudNASSI-CALÒ, 2023).

Assim, compreende-se a dificuldade, cada vez maior, de se obter (bons) pareceres em tempo hábil para o funcionamento adequado dos periódicos, e a evidente necessidade de valorizarmos o trabalho de revisão. Neste cenário, a ideia de se conceder créditos aos pareceristas, ou seja, a criação de “uma nova vertente na bibliometria para avaliar a atividade dos peer reviewers”, ( SPINAK, 2019) parece não somente adequada, mas bem-vinda. Para isso, tornar públicos os pareceres produzidos é inevitável, o que, obrigatoriamente, terminaria com o caráter anônimo da avaliação duplo-cego. Sem dúvida haverá áreas que ganharão com a Revisão Aberta pelo Pares (RAP) - em inglês, Open Peer Review (OPR), e com a discussão e comentários que possam ser trocados entre autor do artigo e revisor. No entanto, se a proposta da Ciência Aberta conta com o apoio praticamente irrestrito de todos periódicos, ao menos aqueles indexados na Scielo Brasil, que exige tal enquadramento, não nos parece serem evidentes, ao menos em nossa área, as vantagens do abandono do formato duplo-cego.

O que as Humanidades, e nossa área em particular, poderia ganhar com esse movimento de abertura no processo de avaliação? Ainda mais considerando ser de conhecimento do público acadêmico que os próprios protocolos de Ciência Aberta para os periódicos partem de áreas das ciências duras, que funcionam com maior rapidez na divulgação e na contestação de seus resultados, e cujo espaço de debate está longe de ocorrer igualmente em livros.

( SLEMIAN; COUTO; VIEIRA, 2022).

As observações acima vêm da área de História, mas não são diferentes na área de Educação. Certamente, a proposta de RAP tem muitos méritos, mas não consideramos um deles tornar pareceres interessantes para serem tornados públicos, seja “3) a revelação mútua dos/as autores/as e avaliadores/as, e mesmo a permissão de uma comunicação direta entre ambos na plataforma do periódico, até 4) a publicação dos pareceres conjuntamente ao artigo [...]” ( SLEMIAN; COUTO; VIEIRA, 2022).

Ao nosso ver, um parecer é um documento íntimo (por mais que tal afirmação pareça ir na contramão do que hoje se considera), e só poderia perder tal caráter com a anuência das duas partes. Jamais, portanto, a revisão aberta entre pares deve se tornar uma exigência prévia. A ideia de que a ciência é um campo de discussão em que não participam os afetos e as intenções persuasivas é uma ilusão - saber o nome do parecerista, antes mesmo do parecer, pode determinar os rumos dos ajustes ao contar antes com a autoridade do revisor do que com a qualidade do parecer. Também a ideia de favorecer o contato ativo entre autor e revisor, por meio de conversas acerca do texto submetido, parece sobrecarregar ainda mais o parecerista, exigindo dele um tempo que, muitas vezes, é raro de ser encontrado. Da mesma forma, não são evidentes para nós as vantagens de se ultrapassar a argumentação na forma da escrita pela oralidade de uma conversa. Para que mantivéssemos na mesma “ordem do ser” as sugestões do revisor e as teses do autor, nos parece necessário que lidemos, sempre, com os argumentos que se plasmam na palavra escrita.

Em acréscimo, se existem pareceristas que produzem pareceres lacônicos ou evidentemente ruins, é tarefa do editor-chefe e dos editores-assistentes pontuar essa fragilidade, que não parece chegar a ser equacionada pelo sistema RAP. Também o argumento “para que ao menos algum nível de abertura seja adotado está no fato de que, diante de um universo pequeno de pesquisadores especializados e, sobretudo, com o acesso à internet, a garantia do anonimato já não pode ser, hoje, totalmente assegurada”.( SLEMIAN; COUTO; VIEIRA, 2022).

Não nos parece bom, porque considera o vazamento da identidade dos pareceristas motivo suficiente para abolir o caráter anônimo de seu trabalho. Não é preciso ir muito longe para perceber o que tal critério, levado a cabo em outros campos e situações, provocaria.

Em suma, nossa revista não se opõe, de maneira alguma, aos princípios do Programa Ciência Aberta, ao contrário, dedica-se a favorecê-los em nossas práticas editoriais, com o senão já apontado, ou seja, de que a Revisão por Pares Aberta ainda não nos convenceu de seu caráter virtuoso, ao falarmos de periódicos da área de Ciências Humanas e, em especial, de Educação.

Considerando todo este processo cuidadoso e responsável de avaliação de artigos, ao longo do ano de 2023 continuamos a publicar artigos que estavam vinculados à seção temática Educação em contexto de crise sanitária causada pela Covid-19, coordenada pela professora Lia Machado Fiuza Fialho e pelo professor Hugo Heredia Ponce. Os dezesseis textos publicados em 2023 finalizam a seção que teve outros 12 artigos divulgados no ano anterior. A atualidade do tema, a diversidade dos estudos e a relevância das propostas atestam a importância da seção e podem contribuir para as discussões sobre as questões educacionais vivenciadas e impactadas por momento tão singular em nossa história recente.

Outra seção temática com artigos publicados em 2023 foi a intitulada Juventudes, itinerários e reflexividades, que está aberta neste momento, sob organização dos professores Leandro R. Pinheiro (UFRGS), Célia E. Caregnato (UFRGS) e Sueli Salva (UFSM), e que busca traçar contribuições epistemológicas e teórico-metodológicas às pesquisas sobre a condição juvenil contemporânea. Em vista disto, reúne, neste volume, oito artigos que abordam ou aludem os itinerários dos jovens em diferentes domínios de ação social, com destaque àqueles constituídos em espaços educativos, para recolocar perguntas sobre os modus vivendi aspirados e a participação das experiências da educação neste sentido. Então, ao trazer a noção de reflexividades, cujas acepções e abordagens nas ciências sociais são tão notórias quanto diversas, almeja-se suscitar debates sobre as agências e dinâmicas reflexivas contextualmente produzidas, de modo a estimular, enfim, que os distintos processos recursivos de inflexão sobre si sejam questionados na produção das práticas educativas, uma vez que a realidade social tem interpelado os atores à individualização e à responsabilização na mesma medida em que interpõe crises de ordem econômica, político-institucional e ética.

Além dos textos vinculados às seções temáticas, a Educação e Pesquisa ainda publicou, em 2023, 112 outros artigos que discorrem sobre fenômenos educacionais. Dentre estes textos, encontram-se estudos que escrutinizam a realidade escolar, discorrendo e analisando situações que circundam e influenciam os processos de ensino e de aprendizagem e as relações diversas ocorridas nas instituições de ensino, bem como políticas e ações que geram impactos e trazem consequências para a educação.

Não menos importante é a entrevista com a professora Myriam Krasilchik, publicada neste número e realizada pelas professoras Katiene Nogueira e Juliana de Souza Silva. A conversa, estabelecida no âmbito das comemorações de 50 anos da Escola de Aplicação e 40 anos da Faculdade de Educação da USP, traz a construção de cenário da própria universidade na relação com a constituição da unidade e na consolidação das pesquisas para o ensino de ciências.

Para 2024 há duas novas seções temáticas em curso, com publicação de artigos prevista para o Volume 50. A seção temática Discussões sobre alfabetização e letramento: homenagem à Professora Magda Soares é organizada por dois professores que já foram editores da Educação e Pesquisa, Fernando Rodrigues de Oliveira (Unifesp) e Emerson de Pietri (USP). O tema surge pelo reconhecimento do papel decisivo de Magda Soares nos momentos de redefinição dos rumos para onde seguiram as pesquisas e as práticas de alfabetização e de letramento no país, principalmente no que se refere a seus efeitos sobre as políticas públicas de educação. Importante destacar que a produção de conhecimentos sobre alfabetização e letramento se desenvolve historicamente, no Brasil, em resposta aos desafios pedagógicos que se encontram nas escolas de educação básica, seja na modalidade regular, seja na Educação de Jovens e Adultos, em seus objetivos de formar para a leitura e para a escrita. Trata-se de um movimento histórico que se estende desde as disputas entre os atualmente denominados métodos tradicionais de alfabetização, com a sucessão de proposições que se buscavam mais eficientes que as concorrentes, aos movimentos de renovação conceitual e suas perspectivas antimetodológicas, fundadas nas contribuições que as pesquisas de base epigenética, principalmente, vieram trazer. Esta seção temática é tanto homenagem como um gesto de agradecimento e reconhecimento pela inestimável contribuição da professora Magda Soares ao desenvolvimento dos conhecimentos teóricos e práticos sobre o ensino de língua portuguesa no Brasil, principalmente para as fases iniciais da escolarização.

A segunda seção temática em desenvolvimento é intitulada “ Práticas educacionais inclusivas no ensino superior: dilemas atuais” e está sendo organizada pelas professoras Rosana Passos (UFMG) e Sandra Eli Sartoreto de Oliveira Martins (Unesp - Marília). A temática surge do reconhecimento de que o ensino superior tem experienciado variados desafios quanto à inclusão e acessibilidade dos estudantes. Sustenta esta afirmação o aumento, em universidades públicas, de estudantes advindos de escolas públicas e/ou autodeclarados pretos, pardos e indígenas, e estudantes em situação de deficiência. Este aumento ocorre, principalmente, após regulamentação da reserva de vagas nas Universidades Federais por meio da Lei nº 12.711/12, que foi alterada pela Lei nº 13.409/16, que além da escola pública, acresceu-se os estudantes autodeclarados pretos, pardos e indígenas. Em 2017, tal legislação sofre mais uma modificação pela Portaria Normativa do MEC nº 9, de 05/05/17, que ampliou e acrescentou a reserva de vagas às pessoas com deficiência e de baixa renda. Diante dos desafios vividos por estudantes em situação de deficiência, docentes, servidores públicos (técnicos administrativos em educação) nas Universidades públicas, essa seção temática visa apresentar estudos e pesquisas sobre as práticas educacionais inclusivas que retratam o acolhimento, a inclusão e acessibilidade no ensino superior. Além disso, com os textos que devem ser publicados, pretende-se difundir estudos sobre a estrutura, o funcionamento, as ações e os serviços dos Núcleos de Acessibilidade, em diferentes contextos universitários do Brasil e fora dele; apresentar reflexões sobre diferentes espaços de escuta desses estudantes em suas atividades acadêmicas no cotidiano universitário; promover o debate em torno do modelo social da deficiência em uma perspectiva interseccional e transversalizada em diálogo com as políticas afirmativas universitárias; e ampliar os espaços de participação de pesquisadores em situação ou não de deficiência, que têm rica experiência nessa temática, em instituições de ensino superior, destacando a importância da participação dos pesquisadores na condição mencionada.

Finalizamos 2023 com a nítida sensação de que a consolidação de um periódico perpassa e demanda o compartilhamento de percepções sobre qualidade editorial entre autores, pareceristas e editores. Este trabalho implica não apenas considerar as demandas urgentes e atuais, mas também vislumbrar consequências no futuro, conhecendo e recorrendo ao passado. Por isso, concluímos reforçando o objetivo principal da Educação e Pesquisa, publicado no primeiro editorial da revista: “a divulgação de artigos originais, pertinentes ao espectro de temáticas ligadas à educação, e que representem efetiva contribuição ao avanço dos conhecimentos na área”.

Referências

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