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Educação e Pesquisa

Print version ISSN 1517-9702On-line version ISSN 1678-4634

Educ. Pesqui. vol.49  São Paulo  2023  Epub Jan 06, 2023

https://doi.org/10.1590/s1678-4634202349249711por 

Artigos

Automutilação na adolescência e vivência escolar: uma revisão integrativa da literatura

Self-mutilation in adolescence and school life: an integrative literature review

1- Universidade de Santa Cruz do Sul, Santa Cruz do Sul, Brasil. Contato: gianna@mx2.unisc.br

2- Universidade de Santa Cruz do Sul, Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil. eduardo@unisc.br

3- Universidade de Santa Cruz do Sul, Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil. daniellicossul@mx2.unisc.br


Resumo

O objetivo deste estudo consiste em revisar as produções acadêmicas publicadas nos últimos dez anos, sobre a automutilação na adolescência e suas repercussões na vivência escolar. A metodologia utilizada foi a revisão integrativa da literatura a partir das bases de dados Scielo e Scopus. Como resultados, destaca-se a identificação de 13 artigos, os quais foram analisados através das categorias: i) perspectiva do professor, tendo como base os desafios enfrentados e as contribuições do contexto escolar em casos de automutilação; e ii) fatores desencadeantes relacionados à automutilação. Conclui-se que para os adolescentes o ato de automutilar-se é uma forma de comunicação consigo mesmos e com os outros, sendo um movimento solitário e ao mesmo tempo sinalizador do sofrimento psíquico que estão vivenciando, o qual pode ser observado e experienciado de diversas formas. A palavra, o gesto, a vivência e as atitudes como um todo, individuais e coletivas, são consideradas como fatores geradores tanto da aceitação de suas questões psíquicas, como ocasionadores do ato de auto mutilar-se. Nesse sentido, a percepção da família e do professor tornou-se um movimento importante, na visão dos adolescentes, pois ambos têm condições de ajudá-los, oferecendo suporte, apoio, acolhimento e escuta, essenciais para enfrentarem o período conturbado que estão vivendo.

Palavras-Chave: Automutilação; Escola; Professor

Abstract

The aim of this study consists of revising academic productions published over the last ten years regarding self-mutilation in adolescence and its repercussions for school life. The methodology employed was the integrative literature review, gathering papers from Scielo and Scopus database. As a result, 13 papers were highlighted, which were analyzed through the following categories: i) the teacher’s perspective, based on the challenges faced and the contributions from the school environment in self-injury cases; and ii) triggering factors related to self-injury. It can be concluded that for the teenagers the act of self-injuring is a way of communicating with themselves and with others, being at once a lonely move but also a sign of the psychological suffering they are experiencing, which can be observed and lived in a variety of ways. The words, gestures, experiences and actions in a whole, individual or collective, are considered as factors that can either promote acceptance of their psychological issues or can lead them to injure themselves. Regarding this, the teacher and family’s perception has become an important movement, in the teenagers’ perspective, because both possess conditions to help the teenagers in this issue, offering support, assistance, care and listening, essential so that they could face the troubled period they are going through.

Key words: Self-mutilation; School; Teacher

Introdução

No cenário escolar é comum a presença de situações caracterizadas por sofrimento psíquico em alunos, as quais, por vezes, são associadas à automutilação. A palavra mutilação tem origem etimológica no idioma latino, a partir das terminologias mutilatio, mutilatum, mutilo , cujo sentido básico transmite a ideia de “cortar um membro” ( FARIA, 1956 ; TORRINHA, 1942 ).

De acordo com Reis (2018) , o objeto que recebe o corte, partindo de uma perspectiva psicológica que denomina o fenômeno como automutilação, é o próprio corpo do sujeito e este corpo é “constituído e atravessado pela linguagem” ( CUKIERT, 2004 , p. 233). A adolescência, por exemplo, é um período do desenvolvimento marcado por diversas modificações biológicas, psicológicas e sociais ( MOREIRA; BASTOS, 2013 ). Essas mudanças, geralmente, são acompanhadas de conflitos e angústias. Um jovem que está marcado por uma vivência de sofrimento, pensa, faz ameaças, tenta ou consuma o ato suicida ou a mutilação, pois experiencia um desequilíbrio intenso em seus mecanismos adaptativos, visando, desta forma, alcançar o alívio ( BORGES; WERLANG, 2006 ).

Na contemporaneidade pesquisadores pontuam que os adolescentes são suscetíveis à depressão, pois, de acordo com Hermeto e Martins (2012) , há uma “curva de desesperança” que inicia-se aos onze anos, atingindo seu pico aos quinze, e a partir daí começa a decair de modo regular até os 23 anos. Nessa faixa etária os fatores relacionados com a depressão são: suspeita de rejeição, falhas de caráter aparentemente insuperáveis e fantasia com um amor inatingível. A respeito de suas expectativas, jovens destacam seus desejos, suas esperanças em relação ao futuro como intuito de serem saudáveis e felizes (ARAÚJO, L.; VIEIRA; COUTINHO, 2010).

Diante do exposto, o objetivo do estudo consiste em revisar as produções literárias sobre a automutilação em adolescentes no contexto escolar. Nessa perspectiva, definiu-se como perguntas norteadoras: quais são os fatores e/ou agravantes relacionados a casos de automutilação em adolescentes? Qual a atuação do professor frente a casos de automutilação? Para realizar essa investigação, utilizou-se como método a revisão integrativa da literatura, a partir da busca em artigos nas bases de dados Scielo e Scopus.

Metodologia

Trata-se de uma Revisão Integrativa da Literatura, um método científico minucioso de análise, que procura avaliar a seleção de pesquisa bibliográfica frente à validade desejada e à relevância (SILVA, A.; BOTTI, 2017). Além disso, segundo os autores, consiste numa abordagem metodológica ampla, referente às revisões bibliográficas, uma vez que permite a inclusão de estudos quantitativos e qualitativos aliados aos dados da literatura teórica e empírica para uma compreensão ampla e completa do fenômeno analisado.

De forma geral, as revisões de literatura podem proporcionar diretrizes clínicas úteis para as deliberações na área da saúde, sendo importantes para gestores e profissionais, além de contribuir para o planejamento de futuras pesquisas ( ARCOVERDE; SOARES, 2012 ). Portanto, a metodologia de revisão integrativa foi escolhida por ser caracterizada como a melhor opção para adquirir conhecimento científico para a prática diária, por meio de uma síntese das pesquisas disponíveis sobre o tema adotado (SOUZA; SILVA; CARVALHO, 2010).

Seleção do material

A amostra geral que integra este estudo tem como critérios: a) base de dados Scopus, e Scielo, a partir do acesso ao Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES; b) tipo de documento: artigos; c) idioma: publicações em inglês ou português; d) período: últimos dez anos; e) área de estudo: psicologia.

As perguntas norteadoras “quais são os fatores e/ou agravantes relacionados a casos de automutilação em adolescentes? Qual a relação do professor frente a casos de automutilação?” serviram como base para o estabelecimento de critérios de exclusão dos materiais rastreados. Os critérios de exclusão são, respectivamente: artigos pagos e aqueles que não apresentavam relação com o tema automutilação em adolescentes no contexto escolar.

Coleta de dados

Esta etapa compreende a busca realizada nas bases de dados selecionadas. Os descritores utilizados foram: “automutilação”; “automutilation”; “escola”; “school”; “professor”; “teacher”, os quais foram localizados a partir do título, resumo e palavras-chave. Os termos de busca foram aplicados nas duas bases de dados. O detalhamento quantitativo do rastreio é apresentado na Tabela 1 .

Tabela 1 Detalhamento quantitativo da busca de artigos 

Scielo Automutilação Escola Professor
Automutilação 9 2 0
Escola - 6.859 355
Professor - - 1.691
Scopus Automutilation School Teacher
Automutilation 1.657 231 16
School - 51.065 11.058
Teacher - - 15.736

Fonte: dos autores (2020). Realizado em novembro de 2020.

Destaca-se que os artigos utilizados nesta “revisão integrativa da literatura” surgem a partir da busca “automutilation” AND “school” AND “teacher”, feita na Scopus; e “automutilação” AND “escola” feita na Scielo. Este conjunto de documentos foi avaliado na íntegra. Os artigos excluídos contemplam, por exemplo, os temas: crianças e adolescentes com ou em risco de dificuldades intelectuais; inflexibilidade comportamental no espectro do autismo; déficit de atenção / hiperatividade (TDAH) e suicídio.

Análise dos artigos

Após seleção do material, os estudos passaram por leitura completa e análise de conteúdo, com o intuito de identificar as informações principais, de acordo com o tema em questão nesta pesquisa. Para a leitura completa dos estudos internacionais, fez-se uso do instrumento Google Tradutor para auxílio na tradução. As análises dos artigos ocorreram a partir de duas categorias: 1) artigos que apresentam perspectiva do professor acerca de casos de automutilação; e 2) artigos que apresentam causas relacionadas com a automutilação.

Resultados

Nesta seção são apresentados os achados deste estudo. A Tabela 1 refere-se ao detalhamento quantitativo da busca de artigos nas bases de dados Scopus e Scielo.

O detalhamento da busca permite observar que a base de dados Scopus apresenta um banco de dados com 1.657 publicações sobre “automutilação”. É um número expressivo, especialmente quando comparado ao da base de dados Scielo, que localizou apenas nove artigos. À medida que a busca é direcionada de acordo com o interesse desta pesquisa, os resultados diminuem. No total, 16 artigos são localizados com a estratégia “automutilation” AND “school” AND “teacher”. Outro aspecto relevante para este estudo é a identificação de dois artigos a partir da estratégia “automutilação” AND “escola”. No total, 18 artigos preliminares são avaliados, destes, cinco são avaliados como fora da temática. A Tabela 2 , intitulada “Perspectiva do professor”, e a Tabela 3 , intitulada “Causas relacionadas com a automutilação”, apresentam dados acerca dos 13 artigos utilizados nesta Revisão Integrativa da Literatura.

Tabela 2 Perspectiva do professor 

Autor (ano) País Desafios Contribuições
Brito et al., (2020) Brasil Identificação e associação dos sinais de alerta relacionados a comportamento suicida. Além disso, há dificuldade na abordagem com o aluno que está em crise, o que remete à ausência de equipe de saúde mental nas escolas e de temas transversais nos currículos escolares. Professores auxiliam no apontamento de necessidades de prevenção por meio da identificação do aluno em risco, da observação, do diálogo, do monitoramento e utilização de redes de apoio.
Groschwitz et al., (2017) Alemanha Os funcionários da escola são frequentemente os primeiros adultos a serem confrontados com esses comportamentos. Workshop para discussão de casos é avaliado satisfatoriamente, isto porque demonstrou mudanças no tratamento de situações envolvendo jovens com automutilação.
Berger; Hasking; Martin (2013) Austrália Ajudar durante a identificação e possíveis encaminhamentos de adolescentes que sofrem com automutilação para a área de saúde. Os adolescentes acreditam que os pais e professores podem ajudar os jovens que se automutilam.
Forster et al., (2020) California Documentar experiências adversas na infância, aumentam o risco de autolesão não suicida e comportamentos suicidas entre adolescentes. Sugere que o apoio social de colegas e professores pode promover resultados positivos.

Fonte: dos autores (2020)

Tabela 3 Causas relacionadas com a automutilação 

Autor (ano) País Objetivo do artigo Amostra Fatores relacionados
Brito et al., (2020) Brasil Analisar conhecimentos sobre comportamento suicida e estratégias de prevenção adotadas por professores do ensino fundamental. Nove professores de ensino fundamental. O conhecimento acerca do comportamento suicida envolveu identificação dos sinais de alerta, tendo a automutilação como atitude suicida mais recorrente.
Souza et al., (2019) Brasil Caracterizar o comportamento suicida em crianças com diagnóstico de episódio depressivo. Quinze participantes, com idades entre 5 e 12 anos. As vulnerabilidades relacionadas às crianças foram: automutilação, agressão, perda de figura familiar importante, abuso sexual, distúrbios da sexualidade, uso de álcool ou outras drogas e maus-tratos.
Mignot e et al., (2018) França Observar as consequências sobre o bem-estar do aluno, bem-estar geral e comportamento de risco. 1719 adolescentes de 15 anos, matriculados em 192 escolas. Dificuldades de relacionamento com colegas e professores, tentativas autolíticas, automutilação, baixa autoestima, vício, corpo pobre imagem, violência física e psicológica, baixa qualidade do sono.
Groschwitz et al., (2017) Alemanha Avaliar um workshop sobre suicídio na adolescência, destinado para professores, assistentes sociais e psicólogos escolares. 267 funcionários de uma escola. Estudos mostram uma falta de conhecimento e confiança profissional para lidar com comportamentos que causam danos a si mesmos.
Kidger et al., (2015) Reino Unido Avaliar os aspectos da vida escolar que estão associados ao aumento do risco de automutilação na adolescência. Alunos de 14-16 anos que praticam automutilação. A automutilação aos 16 anos foi associada a percepções anteriores da escola, relacionada a sentimentos de rejeição no contexto escolar.
Berger; Hasking; Martin (2013) Austrália Analisar o impacto de pais e professores, que não julgam e que possuam boas relações pais-filhos, em casos de autolesão na adolescência. 2637 alunos com idades entre 12-18 anos Falta de encaminhamento para profissionais, escolas que pressionam e a educação dos alunos.
Timson; Priest; Clark-Carter (2012) Reino Unido Investigar as atitudes e o conhecimento da equipe profissional frente a adolescentes que se automutilam. 120 profissionais da área da saúde. Falta de conhecimentos e despreparo, o que remete à necessidade de realização de treinamentos especializados.
Kelada; Hasking; Melvin (2017) Austrália Compreender como profissionais de saúde mental escolar e pais de alunos do ensino médio veem a autolesão não suicida. 19 funcionários de saúde mental escolar e 10 pais de adolescentes. Identificou-se que a política voltada para autolesão não suicida, em todo o setor e a educação, para professores e diretores os ajudariam alunos e familiares a sentirem-se mais apoiados.
Santiago et al., (2016) Nova York Analisar os comportamentos precedidos por funções tradicionais os quais têm mostrado a eficácia no tratamento e comportamento problemático grave associado ao autismo. Aplicado por um professor e provedor domiciliar na sala de aula e na casa de duas crianças com autismo. Os tratamentos baseados em função resultaram em reduções socialmente validadas em problemas graves de comportamento (automutilação, agressão, destruição de propriedade).
Ruddick et al., (2015) Reino Unido Descrever os comportamentos autolesivos, agressivos e destrutivos e necessidades de apoio subsequentes de crianças com deficiência intelectual grave Professores e cuidadores, familiares primários de crianças com deficiência intelectual grave. Os cuidadores primários identificaram mais crianças com dificuldades comportamentais significativas e necessidades de apoio dos professores.
Davies; Oliver (2016)   Estabelecer a incidência cumulativa e persistência de autolesão, agressão e destruição e a relação entre esses comportamentos. 417 crianças com deficiência intelectual grave em duas ocasiões separadas por 15 – 18 meses. Fornecer evidências de que comportamentos repetitivos e restritos e interesses e hiperatividade / impulsividade são marcadores de risco para o início da autolesão, agressão e destruição dentro do grupo já de alto risco de crianças com graves deficiência intelectual.
Winsper et al., (2012) Reino Unido Estudar a ligação prospectiva entre o envolvimento em bullying (agressor, vítima), e subsequente ideação suicida e comportamento suicida/autolesivo, em filhos pré-adolescentes. 6.043 crianças entre 4 e 10 anos. Crianças envolvidas em bullying, em qualquer função, e especialmente agressores/vítimas e vítimas crônicas, estão em maior risco de ideação suicida e comportamento suicida/autolesivo na pré-adolescência.

Fonte: Os autores (2020).

Discussões

A realização desta Revisão Integrativa da Literatura permite observar a importância do tema automutilação, pois há um número expressivo de artigos publicados, totalizando 1.666. Por outro lado, pesquisas que relacionam especificamente “automutilação”, “escola” e “professor” são incipientes, pois a busca nas bases de dados alcançou somente 16 documentos, dos quais 13 foram avaliados como de acordo com a temática. Esses dados revelam a necessidade de pesquisas que relacionem automutilação na adolescência, o contexto escolar e a preparação dos professores para abordar tais situações.

Segundo Araújo, J. et al. (2016), automutilação é um comportamento no qual as pessoas machucam o próprio corpo de formas diversas, por meio de cortes, queimaduras, auto espancamento, entre outros. Para Favazza (1987/1996),

A automutilação superficial/moderada apresenta três subtipos: compulsivo, episódico e repetitivo. Cortar-se, queimar-se e quebrar os próprios ossos podem ser tanto episódicos quanto repetitivos. A diferença está na frequência e na importância que esses atos assumem na vida do sujeito. Automutilação compulsiva refere-se a um comportamento que é automático, sem que a pessoa pense muito antes de agir, geralmente ocorre em resposta a uma ânsia repentina de se machucar e promove um alívio da ansiedade. (FAVAZZA, 1987/1996 apud ARAÚJO, J. et al., 2016, p. 504).

A auto agressividade presente no corte envolve o corpo em sofrimento, expressando-se em um local que, geralmente, é pouco monitorado pelos pais ( FORTES; MACEDO, 2017 ). Esses autores pontuam que, diante da dor, a mutilação surge como um recurso desesperado para arrefecer a angústia. Com isso, é possível observar que o silêncio prevalece na experiência desses jovens. O alarme é acionado somente quando um adulto descobre o fato ( FORTES; MACEDO, 2017 ). Outro elemento importante, refere-se à automutilação como aquilo que precede o ato de se matar, evidenciando que quadros clínicos como esse podem evoluir até ideação e/ou o ato suicida (ARAÚJO, L.; VIEIRA; COUTINHO, 2010; BRITO et al ., 2020; CLAUMANN et al ., 2018).

O impacto automutilador pode surgir a partir de uma perturbação crônica que gera um desejo de se punir (VIEIRA; PIRES; PIRES, 2016). Esse desejo pode ser inconsciente e não verbalizado. A nível subjetivo, dentre os fatores desencadeantes da automutilação encontram-se: traumas familiares, angústia, tristeza, alegria e satisfação plena de prazer, insônia, ansiedade, medo, frustração, sensação de culpa, confusão mental, alucinações, entre outros. A estratégia da automutilação pode ser variada: 1) leves: arranhar a pele com as unhas ou se queimar com pontas de cigarros; 2) moderadas: cortes superficiais nos braços ou atingir formas mais graves como a auto enucleação dos olhos e a autocastração; 3) graves: introdução de corpos estranhos no organismo, como agulhas e a amputação dos lobos das orelhas.

A fim de compreender os processos subjetivos relacionados aos quadros clínicos de automutilação, Hermeto e Martins (2012) pontuam:

As pulsões orientam o comportamento e nos direcionam para as opções que prometem satisfazer nossas necessidades básicas. Elas garantem nossa sobrevivência: a necessidade de comida e água e a de encontrar calor, abrigo e companhia; e desejo sexual para garantir a continuação da espécie. Freud afirmou que o inconsciente também abriga uma pulsão contraditória, a pulsão da morte, que está presente desde o nascimento. Essa pulsão é autodestrutiva e nos move para a frente, ainda que, ao fazê-lo, estejamos cada vez mais próximos da morte. O id (constituído pelos impulsos primitivos) obedece ao princípio do prazer, segundo o qual todo desejo deve ser imediatamente satisfatório: o id quer tudo agora. Contudo, outra parte da estrutura mental, o ego, atua sob o comando do princípio da realidade, segundo o qual não podemos ter tudo o que desejamos, mas devemos considerar o mundo em que vivemos. O ego negocia com o id, buscando encontrar maneiras sensatas de ajudá-lo a obter aquilo que deseja, sem causar danos ou outras consequências terríveis. ( HERMETO; MARTINS, 2012 , p. 96-97).

Seguindo nessa mesma linha, devem ser consideradas, também, a intensidade de memórias e as emoções recalcadas ( HERMETO; MARTINS, 2012 ). Com isso, entende-se que a pulsão está presente nos atos, sendo que os adolescentes se sentem impedidos de lutar contra seus próprios sentimentos internos, os quais mostram-se tortuosos naquele instante em que vivenciam os referidos traumas. Para o sujeito, a automutilação torna-se menos dolorosa quando comparada com a possibilidade de vivenciar o sofrimento psíquico que foi causado por diversas situações pessoais, familiares e escolares.

A palavra, o gesto, a vivência e as atitudes como um todo, tanto individualmente como coletivamente, surgem nesse contexto como fatores geradores tanto da aceitação de suas questões psíquicas, como ocasionadores do ato de automutilar-se, pois naquele instante qualquer ação é menos dolorosa do que a dor interna que os perturba e angustia. A força ou mesmo a coragem para enfrentar tais situações está nas relações humanas. A família, a escola e a sociedade são pontos de referência para a maturidade e aceitação do seu eu, para assim não mais existir apenas a pulsão da morte e sim ser gerador da pulsão da vida.

Entendemos que questões singulares e, ao mesmo tempo, perturbadoras, integram a vida de adolescentes. Os achados desta pesquisa qualitativa apontam que a automutilação é um sinal de alerta para o suicídio, sendo o primeiro considerado como um sintoma multideterminado (BRITO et al ., 2020; SOUZA et al ., 2019). Nesse contexto, o sujeito que se autolesiona provoca esse comportamento quando não encontra palavras para expressar o sofrimento ( AGUIAR, 2020 ). O jovem que experiencia uma angústia que não cabe em si, pratica o corte como uma forma de reduzi-la. Esses aspectos evidenciam a importância de espaços de escuta individuais e grupais, para elaboração de conflitos internos ( AGUIAR, 2020 ).

A incidência de casos de automutilação relaciona-se com a vivência de jovens em diferentes situações de vulnerabilidade. O estudo de Souza et al . (2019) identificou perda de figura familiar, abuso sexual, maus tratos, baixa autoestima, dificuldade de relacionamento, rejeição e histórico de comportamento suicida na família e pais usuários de álcool e outras drogas, como fatores condicionantes para a reprodução de comportamentos autodestrutivos.

O contato prematuro com a bebida alcoólica favorece a incidência de comportamento de risco (MELO; SIEBRA; MOREIRA, 2017). O rendimento escolar pode ser comprometido quando há o consumo significativo dessa substância, além disso, aumenta a probabilidade de tentativas de automutilação e/ou suicídio ( BOSSARTE; SWAHN, 2011 ). O principal fator associado a esse consumo são problemas emocionais enfrentados pelo jovem e o desejo pelo alívio do sofrimento ( TEIXEIRA et al., 2011 ). A transição da fase infantil para a adolescência é um marco no desenvolvimento humano que merece atenção especial da família, escola e dos profissionais da saúde, tendo em vista que corpo do jovem é inventado a partir das fantasias do outro ( FORTES; MACEDO, 2017 ).

O corpo que é socialmente construído é forçado a abdicar dos seus próprios desejos, ideais e narrativas criados durante o período da infância. Desta forma, a adolescência é considerada um período vulnerável por si só, pois ocorrem alterações psíquicas, físicas e sociais que geram uma desorganização ( AGUIAR, 2020 ). Esses traços de desordem relacionam-se com “o sentimento de estranheza em relação ao seu corpo” ( AGUIAR, 2020 , p. 258). Situações em que o sujeito não consegue atribuir um significado às mudanças vivenciadas, podem evoluir para crises de identidade, depressão, ansiedade, sintomas psicóticos, preocupações com a orientação sexual e aparência física (SILVA, A.; BOTTI, 2017).

No decorrer das leituras percebe-se a incidência de aspectos presentes no ambiente escolar que contribuem para a presença da automutilação na vida dos adolescentes. Nesse contexto, bullying , amigos com história de automutilação (SILVA, A.; BOTTI, 2017; WINSPER et al ., 2012), deficiência intelectual, baixa escolaridade e rejeição no contexto escolar (RUDDICK et al ., 2015; DAVIES; OLIVER, 2016 ) são considerados como fatores de risco para decorrente autoagressão. A partir disso, entende-se que a escola pode ser lugar de produção de sofrimento, mas com potencial significativo para promover acolhimento, escuta e fortalecimento da autoestima, autovalorização do adolescente.

Nesse sentido, a aproximação com a literatura impulsiona a possibilidade de realizar movimentos conscientizadores voltados para “o que é a automutilação”, bem como auxiliar adolescentes durante a superação de incertezas, medos e angústias. A prática psicológica contribui nesse processo, pontuando a importância da identificação de sinais e sintomas, da observação, da prática do diálogo e monitoramento (BRITO et al. , 2020). Seguindo nesta direção, a visão do professor é fundamental pelo fato dele estar diariamente com os adolescentes (BERGER; HASKING; MARTIN, 2013; GROSCHWITZ et al ., 2017). Essa consideração corrobora os apontamentos de Araújo, L., Vieira e Coutinho (2010), pois pontuam a necessidade de estabelecer atenção a estudantes jovens por meio de serviços psicológicos na formação escolar.

Através da observação, o professor identifica comportamentos autodestrutivos relacionados com: tristeza, isolamento, problemas familiares que ficam evidentes devido a mudanças repentinas em sala de aula (BRITO et al ., 2020). Estes autores pontuam redes de apoio, tais como vínculos de amizade, acompanhamento profissional, acolhimento e a importância da família e, em especial dos pais, como principais aspectos para sua prevenção. Por outro lado, a falta de comunicação e relações parentais dissociadas, abuso e violência doméstica são fatores de risco.

Desta forma, o estabelecimento de conexões multidisciplinares entre os campos familiar, escolar e psicológico é essencial para resgatar o bem-estar e funcionamento saudável na vida dos jovens (BRITO et al ., 2020). Segundo Forster et al . (2020), a exposição prolongada a estressores traumáticos durante as fases críticas de desenvolvimento descreve efeitos multiplicativos da adversidade familiar e identifica fatores de proteção que podem atrapalhar a progressão de graves transtornos internalizantes, em que o apoio de colegas e professores reduz as chances de comportamentos suicidas e destaca a importância das conexões sociais em desenvolvimento e resiliência do adolescente.

Levando em conta que os programas de prevenção baseados na escola podem substancialmente reduzir o risco de suicídio, o trabalho de avaliação deve considerar se esses programas podem ser fortalecidos e incorporados na formação de professores para reconhecer e compreender os efeitos de curto e longo prazo dos sintomas de trauma. Segundo Kelada, Hasking e Melvin (2017), os pais desejam que a escola os apoie, assim como aos seus filhos, elencando essa questão à política da organização pedagógica.

A escola e professores precisam estar atentos aos sinais da automutilação, tais como uso de blusas de frio em altas temperaturas, isolamento, sintomas de baixa autoestima, sendo que, se identificado um caso com uma dessas descrições, é preciso chamar alunos e responsáveis para conversar. No momento de diálogo com o estudante que se automutila é necessário que os profissionais da escola tenham uma atitude acolhedora, sem fazer julgamentos, mostrando-se dispostos a ouvir e tentar entender o que está acontecendo com esse adolescente. Muitas vezes o sofrimento poderá estar associado a uma dificuldade na escola, como, por exemplo, não conseguir atingir a média no desempenho e, com isso, correr o risco de não passar de ano. A conversa sincera e acolhedora pode diminuir a tensão pela qual ele está passando. É possível, também, que a escola encaminhe para um especialista psicólogo, psiquiatra ou mesmo para um CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), onde poderá ser analisado o caso e, se for necessário, iniciar um tratamento até que o quadro seja estabilizado.

Nesse sentido, destaca-se que é fundamental o trabalho da escola, em parceria com os professores, sobre o tema da automutilação, mesmo que não se tenha identificado nenhum caso ocorrido com os alunos da mesma, pois tornou-se essencial trazer o assunto antes mesmo do seu surgimento. Isso é possível através de um trabalho preventivo e de atividades que melhorem a autoestima, desenvolvendo as habilidades para expor ideias e lidar com as adversidades. As atividades melhoram a capacidade de expressão dos estudantes, isto é, o sentimento vivenciado. O objetivo é que o aluno se sinta acolhido e ouvido, e que se criem diferentes canais para ele se expressar, seja por meio de atendimentos psicológicos, psiquiátricos, palestras, peças de teatro, música, filmes, conversas individuais ou mesmo momentos de troca em rodas de conversa.

Educação e saúde andam lado a lado. A escola é um espaço em potencial que contribui em processos de intervenção precoce que garantam qualidade de vida aos adolescentes sem chegarem ao extremo da automutilação. É comum ouvirmos que “tudo estoura e acontece na escola”, nesse sentido, é possível visualizar o anseio dos educadores para estarem mais preparados para lidar com essas situações, sem deixar de cumprir sua função pedagógica. A automutilação e o suicídio são dois temas tidos como tabus na sociedade e, geralmente, são entendidos pelo senso comum como meios para chamar a atenção. Tais fatos remetem à importância de ações construídas pelas escolas que envolvam professores, famílias e alunos, voltadas para o reconhecimento e acolhimento.

Considerações finais

Estudos que abordam a incidência e prevalência da automutilação no cenário brasileiro são poucos ( AGUIAR, 2020 ; BARBOSA et al ., 2019), no entanto, compreendemos que os achados desta pesquisa, embora sejam em sua maioria internacionais, podem ser considerados como parâmetros para apoio a jovens que vivenciam sofrimento psíquico. Isto porque são evidenciadas vulnerabilidades e principais fatores de risco associados aos comportamentos auto agressivos em adolescentes.

Nesse sentido, através deste estudo é possível destacar que a automutilação em adolescentes envolve vulnerabilidades intrapessoais, sociais e dificuldades emocionais. Além disso, o desenvolvimento desta pesquisa colabora para a visibilidade do estado da arte atual sobre o tema automutilação na adolescência e vivência escolar. Em contrapartida, destaca-se que somente é possível avançar na condução da prevenção e tratamento dos indivíduos que apresentam esse comportamento, a partir da compreensão dos mecanismos envolvidos nesse processo de adoecimento. Casos de automutilação demandam preocupação devido às consequências físicas, psicológicas e sociais que podem ocorrer. Estes comportamentos possuem múltiplos significados na adolescência, tornando fundamental a avaliação dos fatores de risco que podem desencadeá-los, com objetivo de preveni-los.

Entende-se que professores podem ajudar a superar e lidar com as dificuldades expressas pelos seus alunos, à medida que transitam da infância para a adolescência. No entanto, com base nos achados desta pesquisa, a rede educacional no Brasil não apresenta consistência em termos voltados para saúde mental. O tema automutilação vem sendo apropriado predominantemente na área da saúde mental e pelos profissionais da saúde. No entanto, o que percebemos é que discussões de saúde precisam estar mais próximas do campo da educação. Quais habilidades e competências podem ser desenvolvidas nos professores para lidarem com situações de sofrimento extremo? A instituição escolar é um local onde a vida está presente, logo, é fundamental que se perceba como uma instituição habitada por vidas, seus dilemas e problemas.

Destaca-se, portanto, o necessário diálogo entre o campo psicológico e o campo educacional (principalmente o escolar) como um meio para desenvolver ações de apoio e orientação aos professores, alunos e familiares. Com base nos achados desta pesquisa, a preparação dos professores pode ocorrer através de palestras, workshops, materiais educativos, contato direto com profissionais da psicologia, disponibilização de materiais que direcionam a escola aos locais que podem buscar ajuda, como os Centros de Atenção Psicossocial, por exemplo, sobre os quais, o município, o Estado e a União devam promover essas oportunidades em suas formações. Desta forma, é possível a criação de uma rede de apoio baseada no vínculo, na comunicação direta entre professores, psicólogos e alunos, que torne, assim, os adolescentes conscientes de si, de seus atos e do mundo em que estão inseridos.

Referências

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Recebido: 11 de Março de 2021; Revisado: 01 de Junho de 2021; Aceito: 02 de Agosto de 2021

Editora responsável: Profa. Dra. Carlota Boto.

Gianna de Lara é psicóloga, pós-graduanda em psicologia escolar e educacional pela Faculdade Dom Alberto. Realizou curso de capacitação e aperfeiçoamento em terapia cognitivo comportamental, estimulação e avaliação (2020). Foi bolsista de ensino PROBAE (2019).

Eduardo Steindorf Saraiva é psicólogo, psicanalista, doutor em ciências humanas, pós-doutor em psicologia social. É professor do departamento de ciências da saúde e do Programa de Pós-Graduação Mestrado Profissional em Psicologia da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC).

Danielli Cossul é graduanda em psicologia pela Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). É estagiária no Laboratório de Práticas Sociais (LAPS). Atuou como bolsista de iniciação científica na UNISC (2015-2016), Probiti/FAPERGS (2016-2020) e Pibiti/CNPq (2020-2021).

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