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ETD Educação Temática Digital

versión On-line ISSN 1676-2592

ETD - Educ. Temat. Digit. vol.21 no.4 Campinas oct./dic 2019  Epub 29-Abr-2021

https://doi.org/10.20396/etd.v21i4.8656885 

Editorial

DES-CRI(A)ÇÕES E EDUCAÇÕES: E(M) QUASE(S)

Gabriela Fiorin Rigotti1 

Wencesláo Machado de Oliveira Júnior2 

1Editora Acadêmica. Doutora em Educação, Conhecimento, Linguagem e Arte pela Faculdade de Educação (Unicamp). Coordenadora de Pós-Graduação pelas Faculdades Maria Imaculada e Docente pelo Centro Universitário Padre Anchieta. E-mail: gabi.frigotti@gmail.com

2Editor Acadêmico. Professor Livre Docente no Departamento de Educação, Conhecimento, Linguagem e Arte e pesquisador do Laboratório de Estudos Audiovisuais OLHO, ambos da Faculdade de Educação (Unicamp). E-mail: wenceslao.oliveira@gmail.com


Ações. (Des)Criar ações. Agir ( e não agir ( no plural dos tempos e espaços. Tomar a criar-atividade não como trabalho sobre trama lisa, passada e engomada, mas como re-união de retalhos, costurando, esgarçando, remendando e puindo sentidos. Aparas.

(Des/Re)Criar ações em educações. Fazer emergir educações também múltiplas, plurais em finas destinos e singulares em (entre)meios trajetos. Que plainam, mergulham, (se) encharcam, chacoalham e espirram. Voos.

(Des/Re)Criar ações e(m) quase educações. Derramar educações que resistem à forma, à fôrma, e, amalgamadas às variadas artes e culturas, escorrem pelas quinas da educação formal, formalizada e formalizante, sem preenchê-las, derretendo as superfícies das certezas, veiando-se às experiências do vivido, escorrendo, contaminando, colorindo. Vazantes.

Neste número, a Revista ETD traz o Dossiê Des-cri(a)cões e(m) quase-educações, proposto pelas professoras Elenise Cristina Pires de Andrade e Daniela Franco Carvalho. Reunindo 6 artigos, o dossiê se propõe a desacormodar o conceito de educação e transformá-lo em múltiplo, transpassando-o por sociologias, artes, educações ambientais e discursos dos mais diversos. Em uma forma potente de (des)entender a educação a partir das artes e das culturas, estes textos nos trazem a perspectiva das educações não como escada, mas como malha de trilhas e picadas des-hierarquizantes, confusa, entremeada e viva.

Em um movimento (poético) de despertencer aos limites da área científica, o coletivo de textos apresentados neste dossiê move-se em piruetas, como um bocó truão3. Atrapalhando as fronteiras entre os campos que se avizinham à educação e borrando as bordas demarcadas do academicismo de forma irreverente e brincalhona, resistente e combativa às rigidezes da utilidade dos saberes e das palavras. Lembrando Manoel de Barros em sua “Arte de Encantar Formigas”

As coisas tinham para nós uma desutilidade poética.

Nos fundos do quintal era muito riquíssimo o nosso dessaber.

A gente inventou um truque pra fabricar brinquedos com palavras.

O truque era só virar bocó4.

Com a publicação deste Dossiê e dos demais textos constantes nesta edição, a Revista ETD se presta a cometer uma meninice, um aproveitar(-se) por entre jardins, por quases quintais, por jardins de misturas: evocando Picarelli (2007), um gracejo daqueles que “lidam deliberadamente com a mistura, que aceitam a mistura - sem deixar de escolher” (p. 28)5. Em QuaseS plurais ( que não se resolvem pela ordem do comparativo a diminuir, mas que chegam perto e encostam (e alastram, e entranham!) ( esperamos que os escritos presentes neste número afetem, de forma tão bonita e fresca quanto visceral, como a flor do mato. Que nunca se arranque!

Agradecemos às organizadoras do dossiê e aos demais autores pela participação e desejamos boa leitura!

3O Bobo como compreendido por M. Bakhtin a partir de seus estudos sobre as manifestações de cultura popular em “A Cultura Popular na Idade Média e no Renascimento”. São Paulo: Edit. Hucitec, 1987.

4“A Arte de Encantar Formigas”, por Manoel de Barros. Do “Livro sobre nada”, em ‘Poesia completa: Manoel de Barros’. São Paulo: Editora Leya, 2010.

5Em referência à dissertação de mestrado intitulada “Jardins de Mistura”, defendida por Adriano Picarelli, sob orientação do Prof. Dr. Wencesláo Machado de Oliveira Júnior, pelo Laboratório de Estudos Audiovisuais OLHO da Faculdade de Educação (Unicamp) no ano de 2007.

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