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ETD Educação Temática Digital

versión On-line ISSN 1676-2592

ETD - Educ. Temat. Digit. vol.24 no.1 Campinas ene./apr 2022

https://doi.org/10.20396/etd.v24i1.8663575 

Relato de Experiência

UM PROJETO EDUCATIVO EM (DEZ)ENCONTROS INTERDISCIPLINARES: RESSIGNIFICANDO OS SENTIDOS DO SER, PENSAR E AGIR COM ESTUDANTES EM ISOLAMENTO SOCIAL

AN EDUCATIONAL PROJECT IN (TEN) INTERDISCIPLINARY MEETINGS: RE-MEANING THE MEANINGS OF BEING, THINKING AND ACTING WITH STUDENTS IN SOCIAL ISOLATION

UN PROYECTO EDUCATIVO EN (DIEZ) ENCUENTROS INTERDISCIPLINARIOS: RE-SIGNIFICADO LOS SIGNIFICADOS DE SER, PENSAR Y ACTUAR CON ESTUDIANTES EN AISLAMIENTO SOCIAL

Catarina Barbosa Torres Gomes1 

Milene Bianchi dos Santos2 

Alessandra de Moraes Silva3 

Gabriel Fagundes Camargo4 

1Doutora em Educação - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Belo Horizonte, MG - Brasil. Professora titular - Centro Federal de Ciência e Tecnologia de Minas Gerais (CEFET-MG). Araxá, MG - Brasil. E-mail: catbtorres@hotmail.com

2Doutora em Recursos Florestais - Universidade de São Paulo (USP). São Paulo, SP - Brasil. Professora de Biologia e Meio Ambiente no Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG). Araxá, MG - Brasil. E-mail: milenebianchi@gmail.com

3Mestre em Psicologia - Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Uberlândia, MG - Brasil. Psicóloga do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais. Araxá, MG - Brasil. E-mail: alessandra@cefetmg.br

4Doutor em Física - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Belo Horizonte, MG. Brasil. Docente do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico - Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG). Araxá, MG - Brasil. E-mail: gabrielfagundes@cefetmg.br


RESUMO

Esse relato de experiência consiste em um exercício de reflexão epistemológica a respeito de um trabalho interdisciplinar realizado por alguns professores e uma psicóloga, com estudantes do Ensino Médio Técnico Integrado no Centro Federal de Educação Técnica e Tecnológica (CEFET-MG) durante o isolamento social em função da pandemia de Covid-19. O projeto intitulado “vida em risco na pandemia: a relevância da ciência e a reflexão ético-filosófica se cruzam na aldeia global” teve como objetivo principal reestabelecer o vínculo institucional dos estudantes com a escolaridade por meio da mediação desses profissionais e buscou desenvolver temáticas pertinentes ao contexto da pandemia de Coronavírus Disease, a COVID-19, de modo interdisciplinar. Para tanto, foram consideradas como linhas de ação: o ser-humano em sua integralidade, como aquele que é, pensa e age. Durante esse trabalho, os estudantes puderam se exprimir de modo a enfocar suas dificuldades com esse período de rupturas, abordaram a ansiedade causada pelo afastamento da rotina escolar, ao passo que também produziram materiais sobre suas vivências no contexto de isolamento social. Por outro lado, por meio dessas experiências com o projeto, puderam entrar em contato com a perspectiva da filosofia da ciência, das relações sociais implicadas na pandemia, da produção de vacinas e seus mecanismos, além de discutirem o impacto localda pandemia.

PALAVRAS-CHAVE Interdisciplinaridade; Ciência; Filosofia; Psicologia; Isolamento social

ABSTRACT

This experience report consists of an epistemological reflection exercise regarding an interdisciplinary work carried out by some teachers and a psychologist, with students from the Integrated Technical High School, in a Centro Federal de Educação Técnica e Tecnológica (CEFET-MG)during social isolation due to the pandemic of Covid-19. The project entitled “life at risk in the pandemic: the relevance of science and ethical-philosophical reflection intersect in the global village” had as main objective to reestablish the institutional link of students with education through the mediation of these professionals and sought to develop relevant themes the context of the Coronavirus Disease pandemic, COVID-19, in an interdisciplinary way. For that, they were considered as lines of action: the human being in its entirety, as one who is, thinks and acts. During this work, students were able to express themselves in order to focus on their difficulties with this period of breaks, they addressed the anxiety caused by the departure from school routine, while they also produced materials about their experiences in the context of social isolation. On the other hand, through these experiences with the project, they were able to get in touch with the perspective of the philosophy of science, of the social relations involved in the pandemic, of the production of vaccines and their mechanisms, in addition to discussing the local impact of the pandemic.

KEY WORDS Interdisciplinarity; Science; Philosophy; Psychology; Social isolation

RESUMEN

Este relato de experiencia consiste en un ejercicio de reflexión epistemológica sobre un trabajo interdisciplinario realizado por algunos docentes y un psicólogo, con alumnos de la Escuela Técnica Superior Integrada, Centro Federal de Educação Técnica e Tecnológica (CEFET-MG) durante el aislamiento social por la pandemia. de Covid-19. El proyecto titulado "Vida en riesgo en la pandemia: la relevancia de la ciencia y la reflexión ético- filosófica se cruzan en la aldea global" tenía como objetivo principal restablecer el vínculo institucional de los estudiantes con la educación a través de la mediación de estos profesionales y buscaba desarrollar temas relevantes el contexto de la pandemia de Enfermedad por Coronavirus, COVID-19, de manera interdisciplinaria. Para eso, fueron considerados como líneas de acción: el ser humano en su totalidad, como quien es, piensa y actúa. Durante este trabajo, los estudiantes pudieron expresarse para enfocarse en sus dificultades con este período de descansos, abordaron la ansiedad que genera el alejamiento de la rutina escolar, mientras que también elaboraron materiales sobre sus vivencias en el contexto del aislamiento social. Por otro lado, a través de estas experiencias con el proyecto, pudieron entrar en contacto con la perspectiva de la filosofía de la ciencia, de las relaciones sociales involucradas en la pandemia, de la producción de vacunas y sus mecanismos, además de discutir el impacto local de la pandemia.

PALABRAS CLAVES Interdisciplinariedad; Ciencias; Filosofía; Psicología; Aislamiento social

1 INTRODUÇÃO

Apresentamos, neste relato, uma experiência vivenciada em um projeto de ensino realizado no Centro Federal de Educação Técnica e Tecnológica (CEFET-MG) quando toda a comunidade acadêmica se encontrava em condição de isolamento social, em função da pandemia de Covid-19. Diante dessa realidade, e antes que se decidisse pelo Ensino Remoto Emergencial, atualmente implantado na instituição, estudantes e professores manifestaram preocupação com a estagnação total do processo de ensino. A instituição, então, por meio da Diretoria de Ensino Profissional Técnico e Tecnológico (DEPT) publicou um edital, visando selecionar um conjunto de ações de intervenção ou de atividades didático-pedagógicas, preferencialmente de natureza integradora e interdisciplinar, destinadas aos estudantes de todos os níveis de ensino.

1.1 Contextualização Teórica

A experiência do medo, do distanciamento, da insegurança nos tempos que estamos vivenciando, é estranha, sobretudo para os estudantes. O estranhamento é uma versão curiosa de como nós podemos ser e sentir o mundo não mediado pelo conhecimento, mas afetado pelos sentidos. Sabemos que nos primeiros intentos de pensamento filosófico, quando se buscava a arché como princípio para o entendimento dos mistérios do mundo, estranhar era também interrogar para, então, se descobrir ou ousar uma verdade. E, ao longo da história, a possibilidade da interrogação e da dúvida nos aproximou do conhecimento, que sob várias vertentes, fora se firmando como necessário para a compreensão do mundo, da natureza e de nós mesmos.

No entanto, se historicamente fomos reconhecendo a necessidade do uso público da razão, tal como defendido por pensadores como Immanuel Kant (2005), que nos sancionou a maioridade diante do mundo em função de nossa racionalidade, ou o direito ao livre acesso à educação, como um bem público, tal como defendido por Rousseau (2008), até chegarmos às revoluções industriais, e tecnológicas, e à crítica social, o que nos falta?

Teria a educação se desenvolvido de modo tão dogmático, impelida à modelagem de pessoas exteriorizadas, baseada na transmissão conteúdos, como questiona a crítica de Theodor Adorno em Educação e Emancipação? E, mais, a educação seria um processo quase irrefletido, investida de uma característica dogmática, coisa morta, e distante do homem e da necessidade de uma consciência verdadeira, com criticou Adorno? As respostas para tantas questões, embora complexas, implicam no reconhecimento de que a ciência moderna teria substituído o olhar curioso, estranho e interrogativo pela ideia de um conhecimento organizado, planejado, estruturado, presente no processo de escolarização dos indivíduos. Por isso, dogmático? Como nos lembra Jay Lemke, (1998), é necessário que a ciência seja entendida para além da forma pura de racionalidade, visto que não se trata de uma procura idealista e objetiva da verdade, orientada pelas ordens da natureza sozinha. Teríamos herdado da modernidade a ciência, e teríamos herdado desta última um modelo indutor das necessidades de aprendizagens fragmentadas de produção do conhecimento, pois,

[...] a ciência moderna se constitui pela adopção da metodologia analítica proposta por Galileu e Descartes. Isto é, se constituiu justamente no momento em que adotou uma metodologia que lhe permitia “esquartejar” cada totalidade, cindir o todo em pequenas partes por intermédio de uma análise cada vez mais fina. Ao dividir o todo nas suas partes constitutivas, ao subdividir cada uma dessas partes até aos seus mais ínfimos elementos, a ciência parte do princípio de que, mais tarde, poderá recompor o todo, reconstituir a totalidade. A ideia subjacente é a de que o todo é igual à soma das partes.

(POMBO, 2004, p.6)

Nessa medida, buscar o que queremos, devemos, para que e como saber parece não ter sentido. Basta seguir para onde tudo já parece pronto, preparado e pensado. Há apenas um modus operandi o qual e sobre o qual se precisa aprender. Não podemos afirmar que as respostas já foram dadas, contudo foram pensadas, planejadas e enquadradas em um tempo de calendário, dividido em blocos, núcleos, períodos e anos de ensino que, certamente, constituem uma tentativa bem formulada de superar o estranhamento do mundo. O devir que ocupa os pensamentos de nossos estudantes, e por consequência, os nossos pensamentos como profissionais da educação está limitado por agendas, dividido em semanas, bimestres, trimestres, semestres. Além de todo aparato legal que impele a educação à conformidade de sua necessária oferta, sua duração é sempre condicionada ao recebimento do diploma, ao cumprimento de etapas, e na maior parte das vezes, o destino não passa de uma porta de entrada para o ensino superior, para a possibilidade de entrada no mercado de trabalho, enfim, tudo está demarcado por um tempo panóptico, de pura vigilância e controle de quem somos e como seremos, o que faremos com essa educação. Há pouco espaço para frustrações, e no lugar do estranhamento que era o respaldo da dúvida e da suspeita, situamos tantas certezas, nos tornamos tão convictos que desaprendemos aquele o modo de olhar dos antigos, e talvez, tenhamos desaprendido a luta pela educação como um direito, mais ainda, como um processo formativo. Como defende Sheila Doula (2013), precisamos considerar uma “nova configuração social que emerge, e para a qual se pode utilizar a imagem do caleidoscópio, resulta, no caso dos jovens, em uma nova visão sobre o mundo e sua participação nele, seja pelo prisma político, seja na cultura ou no peso que é dado, ou não, ao futuro da vida adulta” (p. 308).

Diante dessas reflexões, entendemos que o projeto de ensino, no contexto da pandemia, nos trouxe de volta às estranhezas que desaprendemos a observar. Procuramos lidar com essa realidade que alterou toda a forma de controle que temos de uma vida previsível, entendendo que esta exige novas aprendizagens. Concordando com Olga Pombo (2005), caberia ter em vista o alargamento do conceito de ciência, da necessidade de reorganização das estruturas da aprendizagem das ciências e, por consequência, das formas de aprender e de ensinar, e reorganizar nossa perspectiva de ensino para que novas possibilidades de aprendizagem pudessem ser estabelecidas. Na medida em que o trabalho docente se intercomunica, e “quanto maiores forem as relações conceituais estabelecidas entre as diferentes ciências, quanto mais problematizantes, estimuladores, desafiantes e dialéticos forem os métodos de ensino, maior será a possibilidade de apreensão do mundo pelos sujeitos que aprendem.” (POMBO, 2005, p.09)

Com vistas a essa reinterpretação da realidade demos origem ao projeto de ensino, pensando em adotar um formato de encontros temáticos, que implicasse pensar a pandemia como um fenômeno filosófico, buscando entender como a Filosofia poderia nos ajudar a entender e refletir sobre essa estranha nova realidade, buscando a interação com as Ciências Naturais bem como com a Psicologia. Portanto, várias questões foram debatidas, envolvendo as ambivalências segurança e insegurança, saúde e doença, confiança e medo, ordem e desordem, ética e crise de interesses, ciência e dúvida. Ao explorarmos tais antinomias, colocamos na pauta a possibilidade de entendermos nossa atual realidade de modo integrado e interdisciplinar, na perspectiva do que Pombo (2004), considera como interciências, as quais constituem saberes interligados, conectados de maneira “descentrada, assimétrica, irregular, capaz de resolver um problema preciso, [...] como modelo integrador que dispõe de disciplinas que colaboram para a discussão de um problema comum. (POMBO, 2004, p.8)

Inspirados pela percepção de que o projeto pudesse nos orientar na direção de um processo integrador entre diferentes disciplinas com as suas visões diferentes sobre um mesmo fenômeno, incluindo profissionais e suas diversas possibilidades de contribuição, estabelecemos que nossos encontros não estariam baseados em cobranças e atividades, mas na dialogicidade. Nosso objetivo principal era o de que os estudantes ainda pudessem se sentir vinculados à vida escolar, e ao processo de ensino-aprendizagem, mas em uma perspectiva voluntária.

Apesar de termos uma plataforma previamente planejada, com várias opções de materiais multimídia para acesso e comentários, utilizamos os tempos dos encontros tanto como oportunidade de ensino, quanto para a possibilidade da fala aberta, visando minimizar o processo de ansiedade e frustração que vinha se instaurando entre os estudantes, por causa da angústia devida à espera pelo fim do distanciamento social causado pela pandemia. Nesses momentos de interação buscamos ressignificar para os nossos alunos o sentido da escola, inspirados pela ideia de

um ambiente de vida e, ao mesmo tempo, um instrumento de acesso do sujeito à cidadania, à criatividade e à autonomia. Não possui fim em si mesma. Ela deve constituir-se como processo de vivência, e não de preparação para a vida. Por isso, sua organização curricular, pedagógica e didática deve considerar a pluralidade de vozes, de concepções, de experiências, de ritmos, de culturas, de interesses. A escola deve conter, em si, a expressão da convivialidade humana, considerando toda a sua complexidade. A escola deve ser, por sua natureza e função, uma instituição interdisciplinar.

(THIESEN, 2008, p. 552)

Muitas vezes, estando na escola física, nos afastamos do relacionamento interpessoal, e nos colocamos a serviço de uma racionalidade impregnante e condutora do saber. Sob a perspectiva de Demerval Saviani (2008), o trabalho educativo é o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens (p.17.) Nesse sentido, a principal inquietação que postulamos é a de que os desafios educacionais são, em sua maior parte, contornados por soluções mediadoras, nem sempre eficazes. Portanto, nessa situação de isolamento social, a coletividade pensada por Saviani (2008) foi diretamente afetada, não apenas pela característica segmentada do trabalho educativo, mas também, porque nosso aluno precisou ser visto, ser enxergado para além do elemento racional que constitui a maior parte de nosso conteudismo curricular. É a nossa relação dialogada que encarna o espírito do ambiente escolar.

Segundo Mara Dantas Pereira et al, o isolamento social é uma medida muito empregada no contexto de saúde pública para a preservação da saúde física do indivíduo, no entanto, junto com tais medida protetivas, é fundamental pensar em Saúde Mental e bem estar das pessoas submetidas a tal condição nesse período. (2020, p.05)

Pensando no bem-estar do aluno, e ainda, em um redimensionamento da perspectiva do ensino, é que propusemos discutir conteúdos pertinentes à situação caótica representada pela pandemia. Assim, conforme João Luiz Gasparin (2009), acerca dos conhecimentos científicos e de sua necessária reconstrução e plurideterminações, intentamos uma ação pedagógica com vistas às possibilidades da contradição, da dúvida, do questionamento, ao passo que, partimos da concepção de que

a participação simultânea dos jovens em esferas socializadoras variadas e multifacetadas, como a família, a escola, as mídias, as ruas, grupos religiosos, grupos de subculturas juvenis e no trabalho, aumentam a sua capacidade de autodeterminação e autonomia porque, embora com pesos relativos em cada fase da trajetória dos jovens, todas elas contribuem para os processos dinâmicos de subjetivação, identificação e escolha.

(DOULA, 2013, p.308)

Consideramos que temas como vacinas, vírus e contaminação, doenças e produção de remédios, procedimentos científicos e método de produção científica, comunicação e divulgação científica, além de serem abordados como produto e modo de construção científica, são produções sociais, culturais, que precisam ser articuladas às questões sociais e humanitárias, visto que são afetadas pela realidade política e social dos países e diferentes regiões do mundo. Nessa medida, priorizamos o diálogo com os estudantes, buscando conhecer suas vivências no contexto do isolamento social, em função da pandemia. Baseados no estudo de Gasparin (2009), para quem é preciso valorizar “a diversidade e a divergência; interrogar as certezas e as incertezas, despojando os conteúdos da sua forma naturalizada, pronta imutável” (p.3), e para quem, cada conteúdo deve ser analisado, compreendido e apreendido dentro de uma totalidade dinâmica” (adaptado, p.03). Assim, se por um lado existe um sentimento de isolamento e distanciamento gerador de frustração e de sensação de perda de tempo que ameaçam as garantias futuras, que acabam por tornar caótica a segurança do mundo ordinário, tal como é o mundo escolar, por outro, tentamos contribuir para que os estudantes se sentissem acolhidos, e minimizassem suas inseguranças pessoais, além de proporcionarmos uma aprendizagem dinâmica, dialógica e política.

2 O PROJETO DE ENSINO: (DEZ)ENCONTROS

Nosso projeto de ensino intitulado: “Vida em risco na pandemia: a relevância da ciência e a reflexão ético-filosófica se cruzam na aldeia global”, inseriu-se no escopo das ações das referidas diretorias do CEFET- MG. Partindo da concepção de que a dinâmica da vida em situação de pandemia é um processo que exige o distanciamento filosófico necessário para a reflexão a respeito dos problemas inerentes a essa realidade, que podem desencadear um processo de ansiedade e até mesmo de medo e depressão, pensamos em ações de intervenção que pudessem aliviar essa condição e possibilitar o vínculo entre estudantes e professores.

O projeto “Vida em risco na pandemia: a relevância da ciência e a reflexão ético-filosófica se cruzam na aldeia global” teve como principal propósito a realização de encontros virtuais com os estudantes de todas as séries do Ensino Médio, integrado, da Unidade do Cefet-MG em Araxá com o objetivo de explorar o caráter filosófico-científico da pandemia.

Consideramos que o projeto deveria abarcar os seguintes objetivos:

  • Despertar os estudantes para o reconhecimento da dimensão interdisciplinar implicada no fenômeno da pandemia.

  • Explorar a dimensão científica da Covid-19, tomando-a como um fenômeno epidemiológico, que se apresenta como um desafio médico e biológico, que coloca a vida dos seres humanos em risco pelo fácil contágio.

  • Entender o que é uma pesquisa científica, bem como a importância do método indutivo e hipotético-dedutivo para a produção de vacinas;

  • Compreender o papel dos protocolos de procedimento laboratoriais, bem como das agências reguladoras cujas políticas orientam a conduta dos pesquisadores;

  • Entender o impacto da pandemia como um fenômeno também ético-filosófico por envolver valores como a preservação da vida como bem comum;

  • Compreender as imbricações entre ciência e política, tendo em vista que a pandemia, como um fenômeno global, implica na tomada de ações multidimensionais que integram instituições de abrangência mundial, como a ONU, a OMS, a OMC, bem como as decisões de chefes executivos mundiais.

  • Compreender como os países que enfrentam maiores desigualdades sociais são afetados pelo fenômeno da pandemia, e como as decisões políticas podem ampliar ou reduzir a abrangência das consequências da doença;

  • Observar o fenômeno do ponto de vista da localidade onde vive, e das relações interpessoais;

  • Abordar a psicologia do fenômeno a partir do olhar do estudante sobre os impactos que o afetaram durante o isolamento social em função da pandemia.

Pensamos a estrutura dos encontros de modo que, em um primeiro momento, estudamos e discutimos as dimensões mais amplas do fenômeno, e a cada encontro, fomos estreitando até alcançar as dimensões individuais. De modo geral, abordamos o contexto internacional ao nacional.

No projeto, estabelecemos como perspectiva de resultados que os estudantes tivessem a oportunidade de entender o diálogo entre ciência e sua dimensão interdisciplinar reconhecendo que a COVID-19 é um fenômeno epidemiológico, que se apresenta como um desafio médico e biológico, mas também, social, político, filosófico, psicológico. Entendemos que, dentro dos limites do projeto, tais resultados foram alcançados. Para tanto, exploramos inúmeras fontes de informação que continham dados de mídia audiovisual de acesso público disponibilizados por meio da ferramenta multimídia “Padlet”. Por meio dessa ferramenta, elaboramos um mural virtual para cada encontro. À medida que os encontros aconteciam, os links eram liberados para que os estudantes tivessem acesso ao material. Em cada mural, disponibilizamos links de vídeos públicos, entrevistas com especialistas sobre a Covid-19, sobre produção científica, exploramos as mais diversas fontes de informação como sites de comitê especializados, publicações de instituições de pesquisa, nacionais (Fiocruz, Butantã) e internacionais (Johns Hopkins, OMS, Unesco).

No primeiro encontro abordamos os objetivos do projeto bem como seu funcionamento. Apresentamos os temas que seriam explorados ao longo dos 10 encontros e estabelecemos um diálogo com o intento de recuperar o vínculo institucional entre os envolvidos.

No segundo encontro, abordamos a perspectiva internacional do fenômeno, dando destaque ao modo como a pandemia ia abrangendo todos os continentes. Analisamos entrevistas, reportagens, vídeos e análises sobre a pandemia em contexto mundial. Para complementar, indicamos filmes e leituras sobre a questão. Exploramos a dimensão socioeconômica e política da pandemia.

No terceiro encontro, abordamos a pandemia como uma questão que deveria ser pensada do ponto de vista da Filosofia. Exploramos temas presentes na ética, política e existencialismo. Indicamos filmes como “Ensaio sobre a Cegueira” e “Pandemia”, visando a discussão de dilemas éticos e morais sobre o tema, enfocando as relações de desigualdades sociais, raciais e de gênero, inerentes ao adoecimento da população mais vulnerável. Abordamos as estatísticas que relacionaram as relações entre as variáveis sociais e o maior adoecimento dos mais pobres e vulneráveis. Para tanto, disponibilizamos diversos links com entrevistas realizadas com especialistas da área de Filosofia e epidemiologia. Apresentamos vídeos com curta-metragens, músicas e animes que sensibilizavam sobre a relação do homem com o mundo, a relação dos homens entre si, dentro da perspectiva do adoecimento e morte.

No quarto e quinto encontros elegemos a perspectiva científica como aquela que deveria guiar nossas reflexões acerca da pandemia. Consideramos, para tanto, materiais multimidia que tinha como objetivo explicar o modo de produção da ciência. A partir desse material, exploramos a perspectiva histórica das pandemias; a relação da doença com o desenvolvimento científico; o que é e para que serve o método científico (indutivo, dedutivo e hipotético-dedutivo), entendendo-o tanto como caminho para as descobertas científicas, quanto como procedimento científico regulado por agências e condicionado pelas possibilidades de investimentos tanto econômico-financeiros, quanto educacionais e culturais. Abordamos a produção das vacinas (desde a descoberta até as pesquisas sobre o coronavírus). Exploramos, para tanto, vários materiais multimídia sobre a produção científica, direcionando para a questão do método, das etapas da produção de um remédio (sob o espectro da COVID-19), abordamos a importância das pesquisas sobre os remédios indicados como eficazes e, sobretudo, sobre a problemática de se considerar um remédio refutado pelas pesquisas como eficaz no tratamento da doença.

Desse modo, buscamos entender como uma pandemia é inerentemente uma questão tanto de cunho científico, quanto também político e ético, haja vista que no mundo e no Brasil, os protocolos adotados ora foram diferentes de outros países (sobretudo aqueles que investiram no contingenciamento prévio da doença), ora foram até mesmo “irresponsáveis cientificamente”, tendo em vista a recomendação tardia do isolamento, a subnotificação das doenças e as pressões econômicas para reabertura dos espaços comerciais.

A conjuntura política externa, sobretudo as diretrizes provenientes da OMS podem ou não ser adotadas pelos diferentes países, que podem ignorar orientações dessa instituição e adotar diferentes procedimentos. No entanto, é bastante incomum, que os países não sigam as orientações da OMS, principalmente porque essa instituição fundamenta os diversos protocolos de trabalhos das instituições de saúde do mundo. Aproveitamos para explorar como essa estrutura funciona. Abordamos a importância de um sistema de saúde pública, bem como a necessidade de investimentos estruturais e financeiros nessa área.

No sexto encontro, abordamos especificamente a questão da subnotificação da doença no Brasil e nos países mais pobres do mundo, e demos maior enfoque à produção da vacina contra a Covid-19. Exploramos questões como: onde as vacinas estavam sendo produzidas? Quando seriam produzidas? Como seria o processo de produção bem como os diferentes métodos que estariam sendo adotados pelos laboratórios do mundo inteiro? Nesse encontro, estabeleceu-se um enfoque biológico a respeito do modo de produção de vacinas e medicamentos para a Covid-19.

No sétimo encontro demos maior enfoque à perspectiva psicológica do fenômeno. A definição dos grupos de risco, o contágio, a morte de pessoas de todas as idades, as regiões com maior mortalidade no Brasil. Assumimos o ponto de vista terapêutico, abordando questões como ansiedade, depressão, angústia e luto. A saúde mental foi o principal ponto de discussão desse encontro, incluindo o modo como os estudantes estão sendo afetados pela pandemia. O encontro foi coordenado pela psicóloga da instituição.

No oitavo encontro falamos sobre as desigualdades regionais no Brasil e o modo como a pandemia afetou cada região brasileira. Falamos das desigualdades que afetam os estudantes que dependeriam de recursos multimídia para o Ensino Remoto, bem como a subnotificação da doença estaria afetando sua disseminação e a vida dos mais pobres que tanto não teriam condições de se isolarem quanto não teriam condição de receberem atendimento médico digno. Discutimos sobre a situação dos indígenas, das favelas e dos bolsões de miséria brasileiros como aqueles que seriam mais afetados pela pandemia.

No nono encontro contamos com a participação da Secretária de Municipal de Saúde de Araxá, Diane Dutra Cardoso Borges. A secretária apresentou o cenário municipal para a Covid-19, abordou o papel dos protocolos do Ministério da Saúde para as medidas que seriam tomadas pelo município, falou da importância de se estabelecer um Comitê para lidar com a pandemia em nível municipal e respondeu às dúvidas dos alunos e professores sobre a situação de Araxá no contexto da pandemia. O professor Álvaro Francisco de Britto Jr., também participou desse encontro, como mediador entre a secretária e os estudantes, promovendo questões e abordando as questões econômicas que afetaram o município de Araxá durante a pandemia.

Por fim, no décimo encontro, solicitamos aos estudantes que fizessem um mural no Padlet, nos explicando a seguinte questão: “como a Covid-19 afetou minha vida”. Esse trabalho foi realizado em grupo e apresentado oralmente. Na oportunidade, os estudantes puderam expressar como estavam se sentindo nesse período de pandemia, o que estavam fazendo, como estavam lidando com a perspectiva da ansiedade em relação aos estudos. Nesses trabalhos eles se expressaram por meio de fotografias e textos, falaram sobre músicas que gostavam de ouvir, sobre novas aprendizagens (cozinhar, cultivar hortaliças e plantas ornamentais) e novos gostos (música, meditação, filmografias diversas). Também, expuseram sentimentos relacionados à falta da escola, dos professores e dos colegas, como se pode ler e ver nos exemplos apresentados abaixo:

A Covid-19 mudou muito minha vida em vários e vários quesitos, assim que entramos de quarentena pensei em várias coisas pra fazer, mas acabou que deu tudo errado e isso me frustrou muito, pois eu tinha planos de estudar todas as matérias propostas, tentar me organizar mais, etc. Todo esse isolamento fez minhas crises de ansiedade piorarem trazendo mais dificuldades de me concentrar, eu fico na cama o dia inteiro, pois não tenho ânimo “pra” fazer nada, e isso me martiriza muito, pelo fato de eu me sentir uma inválida em vários pontos. Sobre a escola foi muito difícil pois não era uma opção provavelmente ter que repetir o ano, pois eu já tinha bombado um ano e seria difícil “pros” meus objetivos, mas todo mundo teve que abrir mão de algo, não é mesmo? Enfim, agora, no mês de junho a escola anunciou que poderíamos ter aulas online, porém isso não me animou pelo fato de eu não ter muitas condições de estudar na minha casa, então não sei muito bem o que fazer. Sinto muitas saudades dos meus amigos, de poder ter contato, abraçar, conversar de pertinho, e por essa quarentena me afastei de muitos e isso me deixa triste, porém isso tudo foi preciso “pro” bem de todo mundo.

(Estudante do segundo ano do curso de Mineração)

Várias áreas da minha vida foram afetadas por esse novo vírus, mas a que eu mais senti na pele é a interação social. Pra mim a parte mais difícil foi me desfazer da minha rotina e passar a não ter nenhuma, ou se a tiver, não está sendo muito produtiva. Sempre tive o pensamento de ser produtiva ao máximo e com essa quarentena essa improdutividade me incomodou e me deixou muito mal, me fazendo desistir de estudar e perdendo o interesse por atividades físicas ou algo do tipo. Eu ficava sem fazer nada o dia todo, mesmo assim continuava cansada e dormia mais de 12 horas por dia. Até que eu percebi que não ia ter jeito, era melhor eu ficar em casa fazendo as coisas aos poucos do que tentar ser muito produtiva e não ter ânimo para nada. Eu e minha família tivemos a ideia de fazer uma horta orgânica, o que deu muito certo. Além da horta, adotei um cachorro novo. Juntos, as duas responsabilidades deram para casa inteira um novo ânimo. Além dessas várias coisas já ditas, a Covid-19 afetou de forma bruta e direta a minha renda familiar, o que nos preocupou muito. Apesar de todos os pontos negativos dessa situação, eu aprendi a lidar comigo mesma e senti que os meus laços familiares se fortificaram mais do que antes, o que me deixa muito feliz. Esse período para mim além ser marcado como uma tragédia é marcado como um período de modificação, adaptação. Aproveitei o tempo da quarentena para pesquisar e estudar sobre causas e pautas que defendo e acredito. Essa é a música que escuto todos os dias durante essa quarentena, me dá ânimo e incentivo.

(Estudante do segundo ano do curso de Mineração)

Fonte: Ana Silva (nome fictício), 2020

Figura 1 Atividades que compõem o relato de uma estudante em isolamento social em função da Covid-19. 

Fonte: Ana Silva (nome fictício), 2020

Figura 02 Ilustrações realizadas por aluna participante do projeto de ensino, realizada durante o isolamento social em função da pandemia de COVID-19. 

3 METODOLOGIA

Local, mês e dias de execução do projeto: foram realizados dez encontros on line, às terças e quintas-feiras 15:30 às 17:30h, entre o mês de junho e julho de 2020. Adesão voluntária. Total de inscritos: 30 estudantes. Os participantes inscritos nos encontros são estudantes regularmente matriculados em todas as séries no ensino médio técnico, integrado.

Os encontros foram realizados via Google meet, e os materiais explorados consistiam em diversas fontes de informação e formação. Foram utilizados vídeos públicos, contendo entrevistas, materiais didáticos pedagógicos sobre produção científica (método científico, produção de vacinas, posicionamentos filosóficos a respeito das questões éticas, políticas e sociais inerentes ao contexto da pandemia, relações sociais na pandemia, miséria, desemprego e saúde. Foram priorizados o processo dialógico e a comunicação interdisciplinar entre os docentes e discentes, que participaram ativamente do processo.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O projeto foi uma oportunidade ímpar para a execução de um trabalho interdisciplinar que abrangeu diferentes áreas e, por isso, múltiplos profissionais. Diferentemente da perspectiva seccionada com a qual lidamos durante o processo convencional ou tradicional de escolarização, em que as áreas de formação mal se comunicam, no projeto pudemos vivenciar, de fato, um processo integrado entre a Filosofia como um campo de pensamento e ação, na perspectiva em que é o campo mais apropriado para as reflexões tanto éticas quanto da própria produção do conhecimento na história da ciência, a Física como um campo de produção de ideias e do cálculo e as ciências Biológicas como um campo de pesquisa e estudos naturais, condição fundante da aprendizagem das áreas como as epidemiologias e a farmacologia.

Do mesmo modo, tudo isso foi pensado, estudado, tendo como principal fundamento, a ideia de que o homem produz e é produzido por essas abordagens, e que não faria nenhum sentido postular tantos conhecimentos sem tentar situá-lo no centro de nossas discussões. Nessa medida, pudemos contar com a orientação da psicóloga de nossa Instituição em quase todos os encontros, coparticipando de todo o processo.

Dentre os principais desafios, observamos certa ansiedade e angústia para lidar com a questão do isolamento social, e principalmente, com a questão da possibilidade do Ensino Remoto, porque, até então, eles não sabiam como esse tipo de ensino seria organizado. Também expressaram muita preocupação com a situação dos estudos, do futuro e de como esse contexto da pandemia os afetaria ao longo de suas vidas.

Revisão gramatical realizada por: Érica Daniela de Araújo.

E-mail: ericadanielaaraujo@cefetmg.br

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Recebido: 11 de Dezembro de 2020; Aceito: 20 de Abril de 2021

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