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Revista e-Curriculum

versión On-line ISSN 1809-3876

e-Curriculum vol.17 no.1 São Paulo ene./marzo 2019  Epub 05-Ago-2019

https://doi.org/10.23925/10.23925/1809-3876.2019v17i1p1-9 

Editorial

Editorial: e-Curriculum v17n1 - 2019

Antonio Chizzotti* 

Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida** 

* Professor Doutor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC-SP. E-mail: anchizo@uol.com.br

** Docente da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Faculdade de Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação: Currículo, linha de pesquisa de Novas Tecnologias em Educação. Bolsista PQ 1C do CNPq. E-mail: bethalmeida@pucsp.br


O CAMPO DO CURRÍCULO DIANTE DE PARADOXOS E DESAFIOS

O ano de 2019 acentua um período de agudas convulsões, anunciadas nos últimos anos, atingindo de modo contundente neste ano a produção científica, em especial a área de educação enquanto campo de produção de conhecimento e de práticas sociais, políticas e pedagógicas, colocando o campo do currículo diante de paradoxos e desafios à esperança teimosa de sustentar a prática e o pensamento da educação transformadora.

A sociedade se divide entre grupos inebriados pela ilusão da melhoria de qualidade da vida, justificando até mesmo o uso da violência simbólica ou concreta para a manutenção de privilégios, e outros grupos afetados pela perplexidade diante das perdas de conquistas sociais recentes. Interpondo-se entre esses dois grupos as tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC), e principalmente a associação entre os sistemas de inteligência artificial com as informações públicas armazenadas em grandes bases de dados de cada cidadão, funcionam como superestruturas ideológicas, que ameaçam a privacidade individual rastreando os caminhos e trajetórias pessoais tanto em territórios físicos como em espaços virtuais e oferecendo ao mesmo tempo uma falsa sensação de segurança.

Esses antagonismos e interposições influem nos relacionamentos, nos espaços de trabalho, na produção da ciência, nos modos como se aprende, se criam e disseminam mundialmente informações verdadeiras ou falsas e penetram nas distintas dimensões da vida e da formação humana.

Torna-se imperioso apreender essa nova realidade e propiciar a conscientização sobre os riscos, benefícios e desafios advindos da experiência imersiva e pervasiva da realidade hiperconectada, mediante uma postura ética e ecológica com um olhar crítico e responsável sobre os dilemas provocados por essa sociedade. A par disso, é premente cuidar das necessidades básicas não atendidas de parcela significativa da população alijada do acesso aos bens culturais, ao atendimento básico de saúde, à escolarização obrigatória e até mesmo à alimentação saudável e suficiente para manter a vida.

Em meio a tantos paradoxos emergem questionamentos sobre a validade do conhecimento científico, dos princípios éticos e estéticos, vilipendiando os valores humanos. Essa realidade conflituosa clama por um olhar sobre as finalidades da educação e o currículo em sua conceituação, substância, discursos e práticas, considerando a legítima relação entre currículo e cultura, sem perder de vista que o currículo não pode englobar todo o conhecimento, sobretudo, diante da abundância de informações e conhecimentos disponíveis.

Nesse sentido, o campo de estudos sobre o currículo se encontra convulsionado entre os efeitos da chamada cultura digital, as propostas de práticas homogeneizadoras segundo uma visão de currículo padronizado, cujo conhecimento é especificado a priori em listas de conteúdos normatizados e estáveis, impregnados da reiterada transmissão cultural e o currículo com significado social e pessoal para os sujeitos do ato educativo, que agrega conteúdos previstos com os objetivos planejados, os saberes da experiência, as atitudes, valores e relações estabelecidas no contexto onde o currículo acontece (PACHECO, 2005; ROLDÃO; ALMEIDA, 2018). Isto torna evidente, que o currículo é "um foco primário de lutas educacionais" (APPLE, 2017, p. 909), que se torna mais contundente diante dos paradoxos evidenciados na sociedade atual, cuja compreensão permite superar a dicotomia entre currículo formal e currículo experienciado. É tempo de construir, desconstruir e reconstruir para compreender, situar discursos hegemônicos e alternativos, que dissimulam ou legitimam as ideologias, escamoteiam o questionamento das práticas e impedem a teorização crítica.

Para uma revista que tem o currículo como foco de suas produções é essencial retomar a concepção de currículo orientadora de sua política, conforme salienta documento do Programa de Pós-Graduação em Educação: Currículo, da PUC-SP

Admitindo-se que o currículo é uma prática social complexa, cumpre destacar a sua dimensão histórico-social. Isso significa reconhecer o caráter socialmente determinado do currículo e, em consequência, o fato de que ele é afetado pelas mudanças sócio culturais e políticas da sociedade e pela demanda de perfis profissionais que também se modificam. Assim, o currículo será, necessariamente, reformulado em função de tempos, lugares e contextos culturais em que se desenvolve, pelas ações dos atores que nele estão envolvidos (CED/PUC-SP, 2007, p. 1).

Como um instrumento de divulgação do saber científico sobre o currículo, a Revista e-Curriculum considera nas produções que veicula tanto as análises do discurso político como as práticas de sala de aula, as pessoas e as instituições, podendo abarcar instituições formais, não formais ou informais, níveis e modalidades diversificados, com focos em aspectos didático-pedagógicos, da gestão, do sistema educativo ou da política, que envolvem abordagens e metodologias diversificadas. Isto mostra que os estudos sobre o currículo compelem a lançar olhares diversificados sobre a realidade e a alicerçar-se em bases teóricas coerentes com o contexto em estudo, com o compromisso inalienável de vinculação com o conhecimento e com a intenção de propiciar o desenvolvimento humano e sua emancipação.

Um olhar retrospectivo sobre a produção veiculada pela Revista permite identificar a centralidade do currículo nos trabalhos publicados. Exemplo disso pode ser encontrado no artigo de Rosa e Ponce (2016) sobre as contribuições da revista e-Curriculum relacionadas com as políticas curriculares para a educação básica no período de 2010 a 2015. O estudo identificou as preocupações comuns dos autores a respeito das implicações práticas de concepções cognitivistas e produtivistas sobre o papel da educação e da escola acentuadas pelas políticas curriculares, em especial, no que tange à formação e ao trabalho docente.

A par disso, as análises dos editores mostram que a investigação científica se encontra pressionada pelo aumento vertiginoso de informações disponíveis em distintas bases de dados científicas, pela demanda de processar, inter-relacionar e averiguar dados, levantar e testar hipóteses e desenvolver interpretações consistentes. De um lado tais bases e respectivos mecanismos de acesso às informações permitem otimizar processos em relação ao tempo, ao estabelecimento de inter-relações e à precisão dos resultados; de outro, coloca em risco a atribuição de significados e percepções, a compreensão das identidades culturais e das especificidades de contextos, induzindo o pesquisador a apoiar-se em falsas premissas sobre acontecimentos e fenômenos, obliterando a confiança na originalidade.

Consciente do potencial e das incongruências advindas desses atributos, o comitê editorial tem envidado esforços redobrados para garantir a rigorosidade em suas publicações. Em contrapartida o tempo de tramitação dos trabalhos submetidos à publicação tem se tornado mais moroso demandando cada vez mais esforço e dedicação dos pareceristas, equipe técnica e editores.

Não obstante, os impactos provocados pelo contexto político educacional, pelos conflitos e embates dilacerantes evidenciados no panorama nacional, pela penúria de recursos e mais ainda de informações sobre o fomento à pesquisa científica no país nos anos vindouros, os autores se mostram devotados ao trabalho de investigação científica e à publicação de sua produção científica.

Mantendo-se fiel ao seu compromisso de publicar quatro edições ao ano, a Revista e-Curriculum mantém sua periodicidade e nesta edição contempla treze trabalhos da demanda espontânea, e uma resenha, sendo dois artigos internacionais e os demais de autores de distintas instituições e regiões brasileiras. Diversos artigos retratam questões relacionadas aos embates, potenciais e paradoxos trazidos pela disseminação das redes sociais entre jovens e adolescentes.

Nessa acepção, o artigo intitulado Los relatos digitales personales y las redes sociales en adolescentes (histórias digitais pessoais e redes sociais entre adolescentes), de autoria de José Luis Rodríguez Illera, Francesc Martínez Olmo e Cristina Galván, da Universidade de Barcelona, trata das histórias digitais pessoais (PDR) como formas autobiográficas e historias de vida, que sofrem transformações quando elaboradas por meio das TDIC e da produção de distintas mídias como fotografia, áudio e vídeo digitais. O estudo tem como campo a educação formal com o objetivo de compreender as práticas digitais atuais de adolescentes em redes sociais, analisando as respostas emitidas a um questionário digital. Os resultados mostram diferenças por idade, país (Espanha e Colômbia) e sexo, bem como similaridades relacionadas com as dificuldades de usar a metodologia RDP em contexto curricular, indicam influências sutis e tendências do uso das redes sociais e tecnologias para unificar modos de interação, globalizar usuários e ofuscar algumas diferenças.

A tensão assinalada em parágrafos anteriores perpassa obliquamente pelo artigo de autoria de Maria João Loureiro, da Universidade de Aveiro, sobre o uso de recursos, interfaces e ferramentas da chamada web 2.0, que potenciam a interação, produção e partilha de informação, usados muitas vezes apenas para entretenimento. O estudo é realizado com estudantes do 12º ano de um Curso Tecnológico. A análise, realizada com apoio na ferramenta Google Analytics, sugere que, os alunos, em contextos de aprendizagem ativa privilegiam a colaboração, interagem entre si, formulam opiniões, elaboram perguntas decorrentes dos problemas reais enfrentados no Estágio. Trata-se, pois, de uma referência para a elaboração de estratégias de ensino voltada para a participação do aluno e o desenvolvimento do currículo por meio de problematizações.

Mostrando uma preocupação com o significado social e pessoal do currículo para os sujeitos da educação, os autores Wagner Barbosa de Lima Palanch e Célia Maria Carolino Pires, da Universidade Cruzeiro do Sul, desenvolvem uma análise rigorosa sobre a produção acadêmica expressa nas teses e dissertações a respeito do Currículo de Matemática, produzidas praticado na educação básica (1987 a 2012), com enfoque sobre os currículos em ação e os currículos realizados. A Análise propiciou a construção de metatextos identificados nos trabalhos. Os resultados mostram que apesar da diversidade de campos de atuação e formação dos pesquisadores, foi possível identificar a importância da Matemática como favorecedora da formação do estudante como um ser social em desenvolvimento, que expressa pensamentos e repertórios e respeita o repertório do outro, permitindo a produção de novos conhecimentos e o respeito à diversidade. Logo, o artigo mostra visões não homogeneizadoras de currículo.

Análises híbridas, elaboradas por Francisca Lindvania da Silva Vieira, da Universidade Estadual do Ceará e Adriano Silveira Machado, do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Ceará, mesclam os campos das tecnologias e da formação de professores em Informática/Computação, com foco nas consonâncias e dissonâncias evidenciadas nas expressões reflexivas de licenciandos concluintes do estágio curricular obrigatório, bem como nos currículos da formação e da prática docente do professor de Informática/Computação. A análise permitiu reconhecer dezesseis temáticas (seis consonâncias e quatro dissonâncias) identificadas em fóruns de discussão desenvolvidos em atividades das disciplinas do estágio cursado. As consonâncias e dissonâncias identificadas no estudo colocam em relevo as tensões evidenciadas em um campo de formação em constituição e a busca de identificar a formação identitária do profissional docente de Informática/Computação.

A controvérsia sobre o significado de competência e seus enfoques nas pesquisas brasileiras é evidenciada em uma revisão narrativa de autoria de Rosane de Mello Santo Nicola e Dilmeire Sant Anna Ramos Vosgerau, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. A busca de artigos apresentados na íntegra foi realizada na base do SciELO (Scientific Electronic Library Online) com o uso do descritor “conceito de competência”, tendo identificado 61 conceitos, 20 características e 7 grupos de exemplos de competências. Entre os resultados encontrados, destacam-se: na educação, a crítica ao modelo de competências, e, mais recentemente, a proposta contra-hegemônica de matriz crítico-emancipatória; nos órgãos normativos, a divergência entre as perspectivas construtivista e crítico-emancipatória. Tais resultados mostram a dissonância entre os sentidos atribuídos ao conceito de competência.

Outro olhar diverso em relação ao currículo é apresentado no artigo de autoria de Ana Maria de Campos, docente da UNICAMP e da UNISAL e de Dulcinéia de Fátima Ferreira, da UFSCar, a respeito do dialogismo na reinvenção do currículo da educação de jovens e adultos (EJA), considerado em sua não neutralidade evidenciada em campos de disputa da sociedade contemporânea. Observa-se nesse artigo a forte relação entre currículo, diversidade, relações de poder, subjetividade e constituição da identidade, em uma abordagem que encoraja os profissionais que atuam nesse campo a reinventar as próprias práticas. As autoras trabalham com a centralidade do currículo em EJA em uma perspectiva de currículo vivo, voltado à emancipação e à equidade social, considerando as características e diferenças identitárias dos diferentes grupos geracionais e sujeitos participantes da EJA.

Os autores Sandra Maders, da Universidade Federal do Pampa e Valdo Barcelos da Universidade Federal de Santa Maria, apoiam-se na pedagogia do oprimido para analisar o legado generoso e esperançoso da obra de Paulo Freire para a educação brasileira. As autoras ressaltam o momento atual da educação brasileira, que clama pela reflexão e tomada de consciência da realidade vivida em busca de sua transformação e reinvenção, invocando esperança em Freire como potência para a libertação, uma vez que, assim como os homens, a história sempre está inacabada e em permanente processo de transformação. Para as autoras a diferença fundamental entre educação “bancária” e educação problematizadora e transformadora reside na compreensão de ser inacabado. Apreende-se daí que a tomada de consciência sobre a superação das barreiras entre as duas concepções de educação aponta para a emancipação humana.

Mediante a pergunta professor (não) é educador? os autores Andresa Silva da Costa Mutz, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e Elvis Patrik Katz, da Universidade Federal do Rio Grande, focalizam os embates pela identidade docente entre os discursos das proposições freireanas e do pensamento conservador. Os autores analisam as obrasPedagogia do Oprimido, de Paulo Freire (1987) eProfessor não é educador, de Armindo Moreira (2012). Os resultados evidenciam divergências significativas relacionadas com a concepção de educação e com o papel do professor posicionado respectivamente no ideário liberal/ neoliberal ou na teorização crítica, salientam a politicidade para problematizar a neutralidade da educação, defendida por movimentos atuais como o da Escola Sem Partido, para o qual a resposta à pergunta inicial indica que "parece possível ser professor sem educar". Mais uma vez, ressalta-se a relação entre currículo e poder e a crítica à visão neoliberal da educação.

Os autores, Sheilla Silva Conceição, da Secretaria Municipal de Educação de Aracaju, Henrique Nou Schneider, da Universidade Federal de Sergipe e do Instituto Federal de Sergipe e Elaine dos Reis Soeira, do Instituto Federal de Alagoas, problematizam o currículo e a prática pedagógica no processo de aprendizagem, segundo a pedagogia freiriana, analisando uma experiência sobre estudos de temas do currículo no âmbito de uma disciplina denominada Educação a Distância, oferecida a uma turma do curso de pedagogia. A metodologia apoia-se na reflexão sobre a obra Pedagogia do Oprimido (1968), em discussões sobre currículo e prática pedagógica. As análises reforçam a relevância de que as práticas pedagógicas possam transpor o foco de conhecimento centrado no professor com vistas a estabelecer na prática uma relação dialógica com base na pedagogia problematizadora. Em que pesem a relevância das ideias de Paulo Freire e a crítica às práticas pautadas pela transferência de conhecimento, em termos das tensões assumidas como fio condutor do presente editorial, essa contradição entre as duas visões apontadas pelos autores poderia oportunizar a discussão sobre o currículo da formação e a prática em que se contextualiza o estudo.

Silvana Soares de Araujo Mesquita, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, trata da centralidade do papel do professor do ensino médio com vistas a compreender como esse professor concebe a profissão docente na reconfiguração do currículo escolar. A pesquisa foi desenvolvida em uma escola de ensino médio localizada na periferia do Rio de Janeiro. As análises reconhecem a existência de professores que adotam novas abordagens curriculares, com uma prática reflexiva e contextualizada, assumindo uma concepção profissional da docência centrada no papel catalisador do professor, considerado pela autora como um "artífice da construção curricular" na escola. Trata de uma pesquisa ampla e rigorosa sobre um contexto submetido na atualidade a uma mudança substancial provocada pela Base Nacional Comum Curricular no que tange ao ensino médio.

O artigo, recursos educacionais abertos (REA) com pesquisa e inovação responsáveis (RRI) para a produção de conhecimento em políticas educacionais, de autoria de Eliane Medeiros Borges, Marcos Tanure Sanabio e Juliana Alves Magaldi, da Universidade Federal de Juiz de Fora, trata de um estudo sobre a utilização de Recursos Educacionais Abertos (REA) no Curso de Mestrado Profissional em Gestão e Avaliação da Educação Pública, oferecido por essa universidade. A metodologia se apoia na abordagem RRI para analisar experiências ocorridas no curso, com a utilização de REA. Os resultados indicam que o uso de REA associado com a plataforma LiteMap para construção de mapas oferece potencial de transformação do processo pedagógico agregando conteúdos e métodos com o conhecimento construído. O artigo chama atenção ao tratar da recontextualização da abordagem RRI, que foi foco de um dossiê publicado pela Revista e-Curriculum em 2018 (v. 16, n. 2) e expressa potencial de referência para novas recontextualizações em diferentes cursos.

A exaltação à cultura da violência se insere no corpo das preocupações dos pesquisadores em educação e se constitui como foco do artigo sobre o cinema na escola, de autoria de Mirele Corrêa e Alexandrina Monteiro, da UNICAMP. As autoras questionam se o cinema pode se constituir como uma máquina de guerra contra a violência performática narcisista, produzindo linhas de fuga aos desejos agressivos e potencializando a constituição de outros corpos e outra ética existencial, identificadas em experiências desenvolvidas pelo Laboratório de Estudos Audiovisuais-OLHO, da Unicamp. O foco do artigo se centra em uma crítica à cultura da performatividade, centrada em resultados, desempenho e qualificação de si e anuncia as potencialidades e restrições do uso do cinema na escola, mostrando que por meio do cinema é possível construir outras práticas e currículos, que promovam a inclusão do outro e a equidade.

Por fim, Maura Pardini Bicudo Veras apresenta uma resenha do livro organizado por Leda Maria de Oliveira Rodrigues, publicado pela Editora Escuta em 2017, com o título "Paradoxos na educação: inserção e alteridade de imigrantes nas relações escolares", que apresenta relatos de pesquisas sobre a situação brasileira, argentina e norte americana por meio de pesquisadores ligados a estudos sobre questões migratórias e suas repercussões nas relações na escola. Tal resenha apresenta-se em consonância com o fio condutor do presente editorial sobre os paradoxos e desafios à esperança teimosa de sustentar a prática e o pensamento da educação transformadora.

Em síntese, a multiplicidade de temas, fundamentos teóricos e metodológicos apresentados nos artigos desta edição da Revista e-Curriculum fornecem contribuições significativas à compreensão dos paradoxos e desafios com que se defronta o campo do currículo. No conjunto observa-se uma relação de complementariedade entre os diferentes enfoques temáticos, que mostram o potencial de (re)criação do currículo no contexto da prática, convidando à leitura e ao diálogo com ideias e estudos aqui reunidos.

REFERÊNCIAS

APPLE, M. W.. A Luta pela Democracia na Educação Crítica. Revista e-Curriculum, São Paulo, v.15, n.4, p. 894 - 926 out./dez. 2017. Disponível em: <Disponível em: http://revistas.pucsp.br/index.php/curriculum >. Acesso em: 10 mar. 2019. [ Links ]

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PACHECO, J. A.. Estudos curriculares. Para a compreensão crítica da educação. Porto: Porto Editora LDA, 2005. [ Links ]

ROLDÃO, M. C.; ALMEIDA, S.. Conhecimento e currículo: como se seleciona o conhecimento "relevante"? In: PACHECO, J. A.; ROLDÃO, M. C.; ESTRELA, M. T. (Orgs.). Estudos de Currículo. Porto: Porto Editora, 2018. (Coleção Educação e Formação; v. 11). [ Links ]

ROSA, S. S.; PONCE, B. J.. Políticas curriculares para a educação básica: contribuições da revista e-Curriculum para o estado da arte da questão (2010- 2015). Revista e-Curriculum, São Paulo, v.14, n.02, p. 625 - 652 abr./jun.2016. Disponível em: <Disponível em: http://revistas.pucsp.br/index.php/curriculum >. Acesso em: 23 mar. 2019. [ Links ]

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