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Revista e-Curriculum

versión On-line ISSN 1809-3876

e-Curriculum vol.17 no.4 São Paulo oct./dic. 2019  Epub 27-Ene-2020

https://doi.org/10.23925/1809-3876.2019v17i4p1405-1413 

Apresentação

CONFRONTOS E RESISTÊNCIAS NAS POLÍTICAS CURRICULARES E EDUCACIONAIS

Marlucy Paraísoi 

Thiago Rannieryii 

i Universidade Federal de Minas Gerais, Programa de Pós-Graduação em Educação: Conhecimento e Inclusão Social, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Vice-presidente da Associação Brasileira de Currículo (ABdC) - 2019-2020. E-mail: marlucyparaiso@gmail.com.

ii Universidade Federal do Rio de Janeiro, Programa de Pós-Graduação em Educação, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil. E-mail: t.ranniery@gmail.com.


Trata-se sempre de liberar a vida lá onde ela é prisioneira, ou de tentar fazê-lo num combate incerto (DELEUZE; GUATTARI, 2014, p. 240).

Confrontos. Resistências. Políticas Curriculares e educacionais. Assim encadeadas, essas palavras/expressões, contidas no título da chamada deste Dossiê, da Revista e-Curriculum, em parceria com a Associação Brasileira de Currículo (ABdC), parecem condensar, em princípio, a atmosfera convulsionada do momento político vivido no Brasil. Momento assustador para todos/as nós que acreditávamos que havíamos iniciado um percurso sem volta, na caminhada pela erradicação das injustiças sociais e educacionais ainda tão dramáticas no Brasil. Subitamente, damo-nos conta que muitas de nossas conquistas sociais, educacionais e curriculares das últimas décadas estão por um triz. Vemos todos os dias direitos sendo perdidos; conquistas sociais e culturais sendo atacadas; vidas sendo aniquiladas com o aprofundamento de moralismos, discriminações, pobreza e injustiças de todo o tipo.

Lidar com isso tem nos custado muito; tem produzido tristeza, sensação de perdas e medos. A cada dia a existência de muitas pessoas parecem-nos ainda mais frágeis, e os poderes parecem-nos ainda mais destruidores. Os currículos escolares tornaram-se artefatos, ao mesmo tempo almejados e atacados, controlados e criticados, desejados e perseguidos. Nós, pesquisadores/as da educação e do currículo, seguimos, em uma espécie de corda bamba, nos equilibrando como podemos, respondendo aos ataques, nos juntando, nos fortalecendo e tentando encontrar saídas para escaparmos desse abismo escancarado a que fomos atirados/as.

Se já há muito tempo falamos em confrontos e resistências no campo do currículo, o tema agora ganha outros contornos, outras necessidades. De fato, a ideia de currículo como um território que implica confrontos e resistências, mesmo que não se recorra a esse vocabulário, aparece fortemente compartilhada entre diferentes correntes teóricas no campo curricular. Tal acordo tácito, entretanto, não oblitera a multiplicidade de abordagens conceituais, de investimentos de pesquisa e de estratégias metodológicas para explorar essa combinação. Mais ainda, manter o eco de que os currículos estão tomados de confrontos e de resistências tem sido um modo de sobrevivência a fim de não reproduzir, no âmbito das pesquisas curriculares, a apatia e o cansaço que o intenso bombardeiro e o desmonte diário almejam provocar. Nas palavras de Jacques Derrida (2002, p. 57), “[...] pensar essa guerra na qual estamos não é apenas um dever, uma responsabilidade, uma obrigação, é também uma necessidade, um imperativo do qual bem ou mal, direta ou indiretamente, ninguém poderia subtrair-se”.

É essa necessidade de “criar possíveis”, quando tudo parece fechado, que nos move na organização deste Dossiê. É essa responsabilidade de encontrar saídas para a educação, neste tempo de depauperização da vida, que nos une. É o imperativo da vida, de uma educação que multiplique gestos de reinvenção da existência, que queremos ver proliferado. É, enfim, o compromisso de liberar a vida, em todo e qualquer lugar onde ela é prisioneira - como convocam Deleuze e Guattari (2014) no trecho que escolhemos como epígrafe desta apresentação - que nos move, nos une e que queremos multiplicar.

Todo dossiê traz consigo um convite, uma interpelação tanto para autores/as quanto para organizadores/as. Interpelação para publicitar, compartilhar, divulgar teorizações, ações, análises sobre uma problemática que se quer discutir, aprofundar, colocar em foco. Como tal, essa interpelação está sempre sujeita a uma derivação constitutiva de sentido. Com este Dossiê não foi diferente. Coube a nós, organizador e organizadora do Dossiê, a tarefa complexa de regular esse deslocamento. Contamos, para isso, com o suporte crucial de um número significativo de avaliadores/as que foram mobilizados/as pelo nosso convite. A todos/as esses/as avaliadores/as agradecemos imensamente por terem colaborado conosco, por realizarem as avaliações em um tempo tão exíguo.

A inscrição na “conversa complicada” - na acertada expressão que William Pinar (2012) utilizou para descrever o campo do currículo - tem sido uma defesa central dos dossiês que a ABdC, em parceria com diferentes revistas da educação, tem organizado e publicado. Não porque permite restituir algum tipo de legitimidade conformadora e qualificadora do campo, mas por incluir, na própria escrita dos textos, um espaço de “conversação não inocente”, nos termos de Donna Haraway (1995). Conversação não inocente que, nem por isso dispensa - ou, quem sabe, em virtude disso, produz - uma malha de trocas e expansões sobre temas candentes da pesquisa curricular.

De certa forma, a chamada para um dossiê é também uma oportunidade para o encontro, para um exercício cuidadoso de interlocução com leituras e formulações. Trata-se de uma oportunidade para nos lembrarmos do caráter sempre relacional e afetado uns pelos outros, e pelo mundo ao nosso redor, daquilo que escrevemos e publicamos. Com esse movimento, lembramo-nos, também, dos limites instáveis e em constante processo de negociação do pensamento curricular.

Dado o estatuto de ataque, nunca antes visto, à produção de conhecimento e às pesquisas realizadas pelas universidades públicas brasileiras e ao estado de guerra generalizado que estamos presenciando, a constituição desse espaço de conversa entre textos e autores/as pode ser visto como materializando aquilo que Judith Butler (2016) nomeou recentemente de “redes de resistência”. Isso porque as “redes de resistências” são imprescindíveis para nos fortalecermos mutuamente e enfrentarmos os poderes que, para se efetivarem, necessitam nos ver tristes e sós. Nosso empenho foi, assim, o de selecionar, prioritariamente, artigos que expressassem em suas investigações a busca por ampliar a discussão teórica e/ou criar novos sentidos para a combinação que dá título a este Dossiê. Muitos artigos selecionados podem ser colocados sob o signo desse sobressalto em que vivemos e que nos empurra a encontrar saídas. Procuramos, então, juntar, neste Dossiê, artigos nos quais a interface entre políticas de currículo, confrontos e resistências é problematizada em contextos específicos de pesquisa e de ação - da formação de professores à gestão escolar, das redes sociais e outros artefatos à educação ambiental, de documentos políticos às escolas, desde as salas de aulas aos pátios - e a partir de diferentes enfoques conceituais e metodológicos.

Como resultado desse trabalho de seleção, apresentamos então este Dossiê, que está composto por 12 artigos escritos por pesquisadores/as de oito estados brasileiros e de quatro regiões do país. Juntos, esses artigos compõem um mapa multidimensional de variados confrontos em curso e de resistências agenciadas em distintas esferas nas políticas e nas práticas curriculares brasileiras. Com efeito, é significativo que os artigos tenham abordado mais diretamente a plasticidade de situações concretas de enfrentamentos e disputas, expondo uma preocupação em dialogar com resultados de trabalhos empíricos de investigação - composição, talvez, ensejada pelo tema da chamada -, do que propriamente se desdobrado sobre a teoria curricular e a abordagem que estamos fazendo de conceitos como resistência, confronto e política de currículo.

Todavia, não é despropositado sugerir que, em virtude dessa dimensão multiplamente corporificada dos confrontos e das resistências, este Dossiê oferece reflexões instigantes de como a empiria de nossas pesquisas vem suplementar formulações teóricas. No caso da resistência, por exemplo, variados são os conceitos convocados para interceder e interceptar o que se pretende analisar, tais como: “contraconduta”, “articulações insurgentes”, “linhas de fuga”, “devir”, driblando o tom de otimismo voluntarista e ingênuo em torno da resistência para o qual os trabalhos, hoje clássicos, de Henry Giroux (1986) e Peter McLaren (1991), já haviam alertado. Para tanto, chama atenção que sejam as perspectivas pós-estruturais aquelas mais mobilizadas pelos/as autores/as dos artigos do Dossiê. Michel Foucault, Gilles Deleuze, Félix Guattari, Isabelle Stengers, Judith Butler, Michael Hardt, Antoni Negri, Ernesto Laclau, Stephen Ball, Thomas Popkewitz são alguns/as dos/as interlocutores/as citados/as, ainda que seria preciso frisar: a recorrência a eles/as se dá por meio de modos de uso e de propósitos muito diferenciados.

Em uns textos, mais do que outros, é notável como, na analítica dos confrontos, esses investimentos teóricos procuram deslocar aquele sentido um tanto reativo, opositor ou mesmo passivo de resistência em nome de um sentido mais ativo e plural, mais criador e inventivo. Assim, no primeiro artigo do Dossiê - O currículo entre o que fizeram e o que queremos fazer de nós mesmos: efeitos das disputas entre conhecimentos e opiniões -, Marlucy Paraíso, por exemplo, ao recolocar em foco a relação entre currículo e conhecimento para explorar os confrontos hoje existentes no Brasil entre conhecimento e opinião, acompanha como professoras inventam armas e traçam linhas de fuga para responder às estratégias atrozes e violentas do recrudescimento do moralismo, abrindo a política curricular à criação de possíveis. A autora aponta que esse é um passo importante na luta que devemos travar na construção de uma educação para a liberdade de criar valor e, em consequência, criar o nosso próprio destino.

Sob o signo de que práticas queers podem dar corpo a esses futuros outros, Thiago Ranniery, em Educação após a Intrusão de Gaia: o que o queer tem a ver com isso? , o segundo artigo do Dossiê, propõe a formulação de cosmoecopolítica queer a fim de questionar a metafísica humanista e antropocêntrica que subjaz as abordagens de política curricular e converte a natureza em fundo passivo disponível para ser transformado em propriedade, recurso ou mercadoria. O autor indica que qualquer resistência dependerá de reconhecer a entrada das criaturas da Terra como parte da política quando a corrosão dos sistemas biogeofísicos do planeta entrou para a história. A revisão da relação entre, por um lado, educação e ontologia e, por outro, entre ecologia, cosmologia e política, é, no argumento de Ranniery, crucial para a transformação da relação entre seres e mundos.

Neste cenário político, fortemente constituído por um casamento entre neoconservadorismo e neoliberalismo, que vem objetivando agregar pânico moral às relações entre gênero, sexualidade e educação, é com certa alegria e alento que percebemos o relevo que gênero ganhou entre os artigos que compõem o Dossiê. Alento não somente pela potência crítica e analítica da categoria para o campo curricular, mas também pelo vigor e frescor com as quais as pesquisas, sem melindres e suspendendo clichês, expandem e complexificam o conceito de gênero. Alegria porque esses artigos não somente falam, mas também fazem da própria problematização sobre gêneros e sexualidades um trabalho de resistência.

São três os artigos do Dossiê que trazem resultados de pesquisas sobre gênero e sexualidade. Em seu conjunto, eles mostram que, se os confrontos em torno desse tema são variados, as resistências também têm ganhado contornos inusitados. Assim, no artigo Gênero em políticas públicas de educação e de currículo: do direito às invenções , as autoras Lívia de Rezende Cardoso, Ann Letícia Aragão Guarany, Lynna Gabriella Silva Unger e Manuella de Aragão Pires analisam como as questões de gênero estão presentes em leis, diretrizes e bases nacionais para mostrar, por um lado, como esses textos são efeitos de diferentes forças que lutam para conduzir racionalidades e, por outro lado, como, nesses textos, há movimentos de inscrição de diversos grupos excluídos (ou expulsos) do cenário educacional.

Em Corpo, gênero e sexualidade no currículo da nudez: entre denúncias e resistências , Luíza Cristina Silva e Shirlei Rezende Sales apresentam resultados de uma pesquisa com três grupos secretos no Facebook que possuíam o intuito principal de trocar, publicar e brincar com autorretratos nus. As autoras consideram que esses grupos produzem um certo tipo de currículo - que chamam de currículo da nudez - no qual se denunciam práticas assimétricas de sexualidade e de gênero e resistem-se às normas sociais da política contemporânea e ao regime de corporeidade.

Em Masculinidades no currículo de “Tropa de Elite” e “Praia do Futuro” , Evanilson Gurgel Carvalho Filho e Marlécio Maknamara analisam modelos de masculinidades, a hegemônica e a abjeta, veiculados no currículo de dois filmes brasileiros. Os autores defendem que o currículo desses filmes, por um lado, reitera um modelo hegemônico hierárquico de masculinidade e, por outro, possibilita resistências, já que divulga modelos de masculinidade menos afeitos à normatividade.

Longe de um ponto puro e externo ao poder, resistência aparece, assim, imanente ao campo de disputas, implicada nos confrontos que busca objetar e, por isso mesmo, envolvida em um denso e delicado trabalho ético-político de criação e de invenção. É possível, por exemplo, acompanhar esse movimento em “Isso é batom para vir à escola?” Disputas estético-metodológicas nos pátios do currículo, de Iris Oliveira. Nele, a autora, a partir do entrelaçamento entre estética e política vivido pela juventude negra, emaranha a circulação de conteúdo produzido por blogueiras negras em redes de compartilhamento de vídeos, políticas de currículo e cotidiano escolar, ao mesmo tempo, questionando e expandindo os sentidos de luta antirracista na educação.

Se a evocação predominante do pós-estruturalismo, do pós-fundacionismo e da filosofia da diferença entre os artigos do Dossiê documenta o estatuto atual do campo curricular brasileiro, ela também contribui para rechaçar enormemente formulações críticas que associam pós-estruturalismo à deserção e ao esvaziamento da luta política. Como os artigos aqui reunidos denotam, o campo de confrontos é vastamente ampliado a partir de uma noção aberta de política, sempre prenhe de possibilidades contingentes e frágeis, em meio a relações constitutivas, nunca inteiramente controláveis.

É ancorada nesse pressuposto que, em Currículo e construção de um comum: articulações insurgentes em uma política institucional de formação docente , Carmem Teresa Gabriel mobiliza perspectivas pós-estruturais e pós-fundacionais para apostar na produção de um sentido de comum insurgente a partir da experiência do Complexo de Formação de Professores - uma política institucional envolvendo todos os cursos de licenciaturas da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A discussão sobre confrontos e resistências, longe de ser evacuada, é, assim, insuflada pelas abordagens albergadas sob o rótulo de “pós”.

Não se pode dizer que a inflexão pós-estrutural tenha retirado do debate a preocupação política, mas a redimensionado profundamente. Um movimento que se deve, sobretudo, a uma sensibilidade para com a diferença que percorre, de uma ponta a outra, os artigos do Dossiê, ainda que nem sempre seja explicitada. Nesse deslocamento conceitual da resistência, Clarice Traversini, Kamila Lockmann e Ligia Goulart, movendo-se sobre as potencialidades da noção de contraconduta, analisam, no artigo Uma ação de contraconduta no currículo para o enfrentamento à distorção idade-série em tempos de neoliberalismo: o Projeto Trajetórias Criativas , como, em um projeto de correção da distorção idade-série com suas pretensões de normalização, fissuras são abertas, múltiplos caminhos são criados e singularidades produzidas.

Mesmo entre os textos dedicados a documentos curriculares, a política é tomada por recontextualizações e ressignificações, por deslocamentos e disputas contínuas e nada estanques, sintoma de uma teorização em busca de pensá-la de outro modo. É o caso da proposição de Heloize Charret e Márcia Serra Ferreira para uma História do Currículo do Presente. Em Sentidos de integração curricular nas reformas recentes do ensino médio: entre as áreas do conhecimento e a organização disciplinar , uma investigação das reformas curriculares do Ensino Médio no Brasil desde os anos de 1990, as autoras desfazem abordagens simplistas dos documentos curriculares ao percorrerem as tensões, as condensações e as regulações em torno das demandas por integração curricular.

Em alguns artigos, são, de fato, os constrangimentos que buscam controlar, regular e determinar modos de habitar e viver no mundo que são colocados à luz. Formação de gestores escolares cearenses no contexto das parcerias público-privadas , de Eridan Maia e Márcia Oliveira, oferece, por exemplo, um percurso da imantação da normatividade neoliberal na gestão escolar. Contudo, as autoras mostram que a recontextualização das políticas, nas escolas, aponta possibilidades de confrontos e de resistências frente às políticas educacionais e curriculares existentes, minando a possibilidade de conformação normativa substancial.

Na parte final do dossiê estão dois artigos que conclamam os currículos a uma resistência criativa, a uma outra forma de luta política. Em A vida como ela foi: produzindo resistência nas aulas de História , Caroline Pacievitch, Carmem Gil, Fernando Seffner e Nilton Pereira recorrem às práticas pedagógicas em aulas de História preparadas durante os estágios supervisionados do curso de licenciatura para problematizar o currículo de História, na escola básica, por meio do que chamam de “práticas insurgentes”. A partir dessas práticas, os pesquisadores apresentam uma discussão do conceito de resistência, tendo como interlocutores de escrita autores do campo da decolonialidade, da educação crítica e da filosofia da diferença. Os autores afirmam uma resistência transbordante aos currículos que emerge de uma complicação da temporalidade colonial por problematizar o presente desde um estudo do passado e, assim, abrir para novos futuros.

O estranhamento com formas reconhecíveis de luta política também aparece no artigo que fecha o Dossiê. Eles, os desgraçados! Ou manifesto para pensar um currículo amoroso, de Lêda da Silva e Sílvia Chaves, traz resultados de uma pesquisa no campo da Educação Ambiental para pensar um manifesto para um currículo. Apresentado em forma de provocação, incitação a outros modos de luta e de pensamento, o artigo é um manifesto para pensar um currículo outro, que as autoras chamam de currículo amoroso. É por meio do amor, um exercício de viagem e de entrega e uma prática ética, que as autoras convidam a dar corpo ao trabalho inventivo da resistência nos currículos.

Diante da devastação da existência e da indução forçada à morte, o conjunto de artigos deste Dossiê congrega o desejo de que a vida seja mesmo requisito de qualquer habitação do mundo político, de qualquer currículo, de qualquer prática educativa. A essa altura, só nos resta finalizar, renovando o convite a todos/as os leitores e as leitoras, na expectativa de que os artigos aqui reunidos ganhem outras direções e sejam, enfim, também insuflados de vida, de resistência, de criação e de encontros potentes, como também foi esse reencontro da organizadora e do organizador deste dossiê, trabalhando juntos, uma vez mais, depois de alguns anos afastados fisicamente. Que a alegria do nosso re-encontro contagie os encontros que vocês, leitores e leitoras, produzirão com os textos e autores/as aqui reunidos!

REFERÊNCIAS

BUTLER, Judith. Rethinking vulnerability and resistance. In: BUTLER, Judith; GAMBETTI, Zeynep; SABSAY, Leticia (Orgs.). Vulnerability in resistence. Durham: Duke Univeristy Press, 2016. p. 12-27. [ Links ]

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. O que é a filosofia? São Paulo: Ed. 34, 2014. [ Links ]

DERRIDA, Jacques. O animal que logo sou. São Paulo: Editora UNESP, 2002. [ Links ]

GIROUX, Henry. Teoria crítica e resistência em educação: para além das teorias da reprodução. Petrópolis: Vozes, 1986. [ Links ]

HARAWAY, Donna. Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva radical. Cadernos Pagu, Campinas, n. 5, p. 7-41, 1995. [ Links ]

MCLAREN, Peter. Rituais na escola: em direção a uma economia política de símbolos e gestos na educação. Petrópolis: Vozes, 1991. [ Links ]

PINAR, William. What is curriculum theory? New York: Routledge, 2012. [ Links ]

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