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Revista e-Curriculum

versión On-line ISSN 1809-3876

e-Curriculum vol.19 no.2 São Paulo jul./sept 2021  Epub 30-Ago-2021

https://doi.org/10.23925/1809-3876.2021v19i2p817-839 

Artigos

EDUCAÇÃO INTERPROFISSIONAL NA GRADUAÇÃO EM SAÚDE NO BRASIL: UMA REVISÃO QUALITATIVA DA LITERATURA

INTERPROFESSIONAL HEALTH UNDERGRADUATE EDUCATION IN BRAZIL: A QUALITATIVE REVIEW OF THE LITERATURE

EDUCACIÓN INTERPROFESIONAL EN GRADUACIÓN DE SALUD EN BRASIL: UNA REVISIÓN CUALITATIVA DE LA LITERATURA

Simone Beatriz Pedrozo VIANAi 
http://orcid.org/0000-0003-0121-0117

Regina Célia Linhares HOSTINSii 
http://orcid.org/0000-0001-8676-2804

Juan-José BEUNZAiii 
http://orcid.org/0000-0001-8192-2952

i Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE). Integrante do Grupo de Pesquisa Observatório de Políticas Educacionais da Universidade do Vale do Itajaí. E-mail: sviana@univali.br - ORCID iD: http://orcid.org/0000-0003-0121-0117.

ii Doutorado em Educação pela UFSC Professora e Pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Educação. Universidade do Vale do Itajaí - Santa Catarina, Brasil. E-mail: reginalh@univali.br - ORCID iD: https://orcid.org/0000-0001-8676-2804.

iii Doutorado em Epidemiologia Nutricional e Cardiovascular pela Harvard School of Public Health. Diretor do Programa de Educação Interpofissional e Professor Titular de Saúde Pública e Educação Interprofissional da Universidad Europea de Madrid, Espanha. E-mail: juanjo@juanjobeunza.com - ORCID iD: http://orcid.org/0000-0001-8192-2952.


RESUMO

O objetivo deste artigo é analisar a literatura sobre a Educação Interprofissional (EIP) no ensino de graduação em saúde no Brasil, tomando como referencial os pressupostos teóricos de Barr, Reeves; D’amour; Peduzzi e Canadian Interprofessional Health Collaborative e, por conseguinte, acompanhar o desenvolvimento da EIP no cenário nacional. A pesquisa ocorreu nas bases de dados do Portal Regional da Biblioteca Virtual em Saúde, Gestión del Conocimiento RHS e PubMed, com foco em publicações realizadas no período de 2016 a 2019. Os artigos selecionados foram importados para o Software QSR Nvivo 11 para leitura e análise do conteúdo. O teor das publicações centra-se no histórico e no conceito de EIP; na relação EIP e integralidade do cuidado; e nas experiências curriculares no ensino de graduação em saúde. As iniciativas de EIP são incipientes e carecem de sistematização curricular quanto ao modelo a ser utilizado.

PALAVRAS-CHAVE: Educação interprofissional; Integralidade em saúde; Educação Superior

ABSTRACT

The goal of this article is to analyze the literature on Interprofessional Education (IPE) in undergraduate health education in Brazil, taking as reference the theoretical assumptions of Barr, Reeves; D'amour; Peduzzi and Canadian Interprofessional Health Collaborative and, thus, to monitor its development on the national scene. The research studied the databases of the Regional Portal of the Virtual Health Library, Gestión del Conocimiento RHS and PubMed, with a focus on publications from 2016 to 2019. The selected articles were imported into the QSR Nvivo 11 Software for in-depth reading and content analysis. The content of the publications focuses on the history and concept of IPE; in the IPE relationship and comprehensive care; and in curricular experiences in undergraduate health education. IPE initiatives are incipient and lack curricular systematization regarding the model to be used.

KEYWORDS: Interprofessional education; Integrality in health; Education higher

RESUMEN

El objetivo de este artículo es analizar la literatura sobre Educación Interprofesional (EIP) en la educación de salud de pregrado en Brasil, tomando como referencia los supuestos teóricos de Barr, Reeves; D'amour; Peduzzi y Canadian Interprofessional Health Collaborative y, por lo tanto, monitorear su desarrollo en escenario nacional. La investigación se llevó a cabo en las bases de datos del Portal Regional de la Biblioteca Virtual en Salud, Gestión del Conocimiento RHS y PubMed, centrándose en las publicaciones de 2016 a 2019. Los artículos seleccionados se importaron al software QSR Nvivo 11 para una lectura en profundidad y análisis de contenido. El contenido de las publicaciones se centra en la historia y el concepto de EIP; en la relación EIP y la atención integral; y en experiencias curriculares en educación de pregrado en salud. Las iniciativas de EIP son incipientes y carecen de sistematización curricular en cuanto al modelo que se utilizará.

PALABRAS CLAVE: Educación interprofesional; Integralidad en salud; Educación superior

1 INTRODUÇÃO

A Educação Interprofissional (EIP) vem sendo discutida nos últimos trinta anos nos Estados Unidos e na Europa, podendo ser conceituada como uma proposta na qual duas ou mais profissões aprendem juntas sobre o trabalho conjunto e acerca das especificidades de cada uma, visando à melhoria na qualidade do cuidado das pessoas atendidas pelos futuros profissionais (PEDUZZI et al., 2013). As complexas necessidades da população, a mudança no perfil epidemiológico, as desigualdades sociais, o envelhecimento populacional e a cobrança da sociedade e do setor econômico-financeiro em busca de maior eficiência das ações em saúde apontam para a reorganização das políticas de formação e das práticas profissionais.

Na região das Américas, a Organização Mundial de Saúde e a Organização Pan-americana da Saúde (OMS/OPAS) têm encorajado os países da América Latina e Caribe a adotarem a EIP na formação profissional. Isso porque sua metodologia estimula as relações interpessoais e interprofissionais, favorece o trabalho em equipe, amplia a efetividade das ações em saúde e fortalece o sistema de saúde dos países envolvidos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017).

No Brasil, o debate em torno da EIP e as iniciativas de formação profissional que considerem seus pressupostos são recentes, porém necessárias, uma vez que o sistema de saúde vigente valoriza o trabalho em equipe e as práticas colaborativas para o alcance da universalidade do acesso e da integralidade do cuidado (CÂMARA et al., 2016). A construção do cuidado, na perspectiva da integralidade, demanda trabalhar em equipe, articulando as diferentes profissões na produção de práticas comuns que beneficiem os usuários em suas questões de saúde, e, para que se constitua como tal, precisa ser desenvolvida em espaços de formação profissional (CECCIM; FEURWERKER, 2004). Acredita-se, portanto, que um processo de ensino e aprendizagem que promove o encontro de diversas áreas de conhecimento torna as práticas de saúde mais eficazes e qualificadas.

No final de 2015, a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde, em parceria com o Ministério de Educação e Cultura, lançou programa que incentiva mudanças curriculares alinhadas às Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de graduação na área da saúde e a qualificação dos processos de integração ensino-serviço-comunidade, articulando o Sistema Único de Saúde e as instituições de ensino (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017). A edição mais recente desse programa tem como eixo central a Educação Interprofissional em Saúde.

Nesse sentido, evidencia-se que a EIP vem sendo fomentada pelas políticas educacionais e de saúde. No entanto, é marcada a necessidade de maior reflexão sobre as bases teóricas e metodológicas que a sustentam, assim como a ampliação de sua utilização nos espaços de formação (PEDUZZI et al., 2013; REEVES, 2016).

D’Amour e Oandasan (2005) afirmam que pesquisar sobre interprofissionalidade é uma forma de documentar os resultados que vêm sendo produzidos e de mobilizar sua introdução. Diante desse contexto, busca-se, com este trabalho, responder às seguintes questões: O que diz a literatura sobre a EIP? Qual a relação entre EIP e integralidade do cuidado? De que forma a EIP vem ocorrendo no ensino em saúde, no Brasil?

Este artigo tem como objetivo analisar a literatura sobre a EIP no ensino de graduação em saúde no Brasil, tendo em vista a política educacional implementada no Brasil, no âmbito da graduação no ensino superior, nas últimas décadas, cuja proposição é aproximar os currículos de formação em saúde aos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS).

O texto está organizado da seguinte forma: inicialmente, será apresentada uma análise geral dos artigos, considerando evidências quantitativas e intencionalidades das produções, e, na sequência, a análise qualitativa do conteúdo extraído das publicações. Logo, o estudo fornece condições para a compreensão dos estágios da EIP, na realidade brasileira, e os desafios a serem superados no processo de desenvolvimento.

2 METODOLOGIA

Trata-se de revisão da literatura científica, efetuada entre os meses de maio a julho de 2019, a partir das buscas nas bases: Portal Regional da Biblioteca Virtual em Saúde - BIREME - OPS/OMS, Gestión del Conocimiento RHS e PubMed. Delimitou-se a busca sobre as publicações realizadas nos últimos quatro anos, correspondendo ao período de 2016 a 2019 - em função da incipiência da temática no Brasil, da escassa produção de estudos e experiências na graduação dos cursos de saúde no País e da recente recomendação da OMS/OPAS, do uso da EIP e do trabalho interprofissional como estratégia potente para o fortalecimento dos sistemas nacionais de saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017).

Foram utilizadas as seguintes palavras-chave intercaladas entre o operador booleano and: “Educação Interprofissional” and “Integralidade” and “formação superior” and “educação superior”; “Education InterfessionalandIntegrality” and “Education, Higher”. Os critérios de inclusão foram: (1) artigos revisados por pares; (2) textos completos disponíveis nas bases de dados; e (3) publicações que relatassem experiências na graduação em saúde no Brasil. Foram critérios de exclusão: (1) revisões de literatura; (2) estudos referentes a programas de pós-graduação, de residência e de extensão universitária, não vinculadas ao currículo obrigatório; (3) estudos internacionais; (4) estudos duplicados; e (5) publicações que não atendessem ao intervalo temporal. Todo o processo de elaboração da pesquisa está exposto na Figura 1:

Fonte: Elaborado pelos autores com os dados da pesquisa (2019).

Figura 1 Etapas de elaboração da Revisão  

Os 13 artigos selecionados para etapa final da pesquisa foram importados para o Software QSR NVivo111 para leitura e exame do conteúdo. O NVivo é um programa para análise de informação qualitativa que integra as principais ferramentas para o trabalho com documentos textuais, multimétodo e dados bibliográficos. Ele facilita a organização de entrevistas, imagens, áudios, discussões em grupo, leis, categorização dos dados e análises. No processo de organização dos dados, o pesquisador inicia reunindo os textos/áudio/imagens/vídeo em “nós/nodes”, que são ordenados em pastas, estabelecendo uma hierarquização do projeto. Os “nós” funcionam como variáveis que reúnem informações descritivas do texto, possibilitam a identificação de tendências, também denominadas de categorias de análise.

Na próxima seção, serão apresentados resultados e discussões, iniciando pela descrição geral dos artigos, seguida da análise qualitativa em profundidade, extraída do conteúdo das publicações.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O processo de seleção da literatura permitiu identificar, inicialmente, 191 evidências. Posteriormente, aplicados os critérios de exclusão, restaram apenas13 artigos. Do conjunto de artigos analisados evidenciou-se que: a maioria foi publicada em 2018, totalizando oito artigos; os demais foram publicados nos anos de 2016 (dois artigos), 2017 (dois artigos) e 2019 (um artigo, até o mês de julho). Esses achados confirmam a incipiência da temática, especialmente no que se refere `as experiências no ensino de graduação, no Brasil, representados no Gráfico 1.

Fonte: Elaborado pelos autores com os dados da pesquisa (2019).

Gráfico 1 Quantidade de artigos analisados por ano de publicação 

Os estudos encontrados se situam no âmbito da exploração conceitual e metodológica da EIP, descrevem e analisam atividades vivenciadas, relatam seu desenvolvimento e os resultados obtidos até o momento. O Quadro 1 apresenta o conjunto de artigos analisados, evidenciando as experiências de EIP desenvolvidas na graduação, considerando autor, título, objetivos do estudo. Percebe-se que as experiências no ensino são recentes e territorializadas, ou seja, localizadas em regiões muito específicas do Sudeste, Nordeste e Sul do País.

Quadro 1 Conjunto de artigos analisados contendo referência bibliográfica e objetivos dos estudos 

N. Referência Objetivos
1 VERAS, R. M.; COELHO, M. T. Á. D.; TEIXEIRA, C. F.; TRAVERSO-YÉPEZ, M. A. A formação em regime de ciclos do Bacharelado Interdisciplinar em Saúde da Universidade Federal da Bahia e a proposta de Educação Interprofissional. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior, Campinas, v. 23, n. 2, p. 294-311, 2018. Analisa e discute alternativas para formação acadêmica em saúde, a partir da experiência de implantação da modalidade do regime de ciclos, na Universidade Federal da Bahia.
2 ALMEIDA, R. G. S.; SILVA, C. B. G. A Educação Interprofissional e os avanços do Brasil. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 27, n. 0, 2019. Apresenta o tema da Educação Interprofissional na região das Américas no editorial da Revista Latino-americana de Enfermagem, ressalta o empenho da OPAS/OMS e do governo brasileiro em estimular a formulação de políticas para a ampliação da EIP no ensino em saúde.
3 CARVALHO, V. L.; TOMAZ, J. M. T.; TAVARES, C. H. F. Interprofissionalismo e interdisciplinaridade na formação acadêmica: a percepção dos formandos em fisioterapia. Rev. Enferm. UFPE on-line , Recife, v. 12, n. 4, p. 908-915, abr. 2018. Analisa a percepção do formando em fisioterapia no que se refere às práticas interprofissional e interdisciplinar, na formação acadêmica.
4 TOMPSEN, N. N.; MEIRELES, E.; PEDUZZI, M.; FERNANDA, R.; TOASSI, C. Educação interprofissional na graduação em Odontologia: experiências curriculares e disponibilidade de estudantes. Rev. Odontol. UNESP, v. 47, n. 5, p. 309-320, 2018. Identifica experiências curriculares de EIP e avalia a disponibilidade de estudantes/egressos da graduação em Odontologia para o aprendizado interprofissional, a partir da Readiness for Interprofessional Learning Scale, de uma universidade do sul do Brasil.
5 MONTANARI, P. M. Work training in undergraduate degrees in health. Saúde e Sociedade, v. 27, n. 4, p. 980-986, 2018. Revisa as transformações no ensino médico e no ensino da saúde, impulsionadas pelo Sistema Único de Saúde e pelas Diretrizes Curriculares Nacionais, que fomentaram a interdisciplinaridade, a interprofissionalidade e a intersetorialidade das políticas indutoras para a consolidação da Educação Interprofissional (EIP).
6 POLETTO, P. R.; JURDI, A. P. S. Revising curricular matrices in an innovative pedagogical project: Ways of strengthening interprofessional health education. Interface: Communication, Health, Education, v. 22, p. 1777-1786, 2018. Descreve e analisa a experiência vivenciada no campus Baixada Santista na revisão de suas matrizes curriculares.
7 CECCIM, R. B. Conexões e fronteiras da interprofissionalidade: forma e formação. Interface, Botucatu, v. 22, Supl. 2, p. 1739-1749, 2018. Tematiza a interprofissionalidade sob vários aspectos: segurança do paciente, formação orientada aos sistemas de saúde e coordenação dos serviços de saúde.
8 LAMERS, J. M. S.; TOASSI, R. F. C. Perspectivas para a formação dos profissionais da saúde educação. Saberes Plurais: Educação na Saúde, v. 2, n. 2, p. 34-42, 2018. Discute perspectivas para a formação dos profissionais da saúde, a partir do conceito e princípios da EIP.
9 REEVES, S. Porque precisamos da educação interprofissional para um cuidado efetivo e seguro.Interface, Botucatu, v. 20, n. 56, p. 185-197, mar. 2016. Discute problemas profissionais, educacionais e organizacionais relacionados à EIP.
10 BATISTA, N. A. et al. Educação interprofissional na formação em saúde: a experiência da Universidade Federal de São Paulo, campus Baixada Santista, Santos, Brasil. Interface, Botucatu, v. 22, supl. 2, p. 1705-1715, 2018. Descreve e analisa criticamente a experiência de formação interprofissional na graduação em Saúde em um campus de expansão de uma universidade pública federal.
11 CECCIM, R. B. Interprofissionalidade e experiências de aprendizagem: inovações no cenário brasileiro. In: TOASSI, R. F. C. (org.). Interprofissionalidade e formação na saúde: onde estamos?. Porto Alegre: Rede UNIDA, 2017. Debate sobre interprofissionalidade e experiências de aprendizagem, a partir de reflexões sobre a relação trabalho-profissões, disciplinas do conhecimento e profissões regulamentadas.
12 MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Relatório final da oficina de alinhamento conceitual sobre educação e trabalho interprofissional em saúde. Brasília. 2017. Apresenta a síntese das discussões realizadas durante a I Oficina de Alinhamento Conceitual sobre Educação e Trabalho Interprofissional realizada pelo Brasil, como parte do Plano de ações para fortalecimento da EIP.
13 ELY, L. I.; TOASSI, R. F. C. Integração entre currículos na educação de profissionais da saúde: a potência para educação interprofissional na graduação.Interface, Botucatu, v. 22, supl. 2, p. 1563-1575, 2018. Apresenta resultados de estudo de caso sobre os significados da vivência multiprofissional em uma atividade de ensino na Atenção Primária à Saúde.

Fonte: Elaborado pelos autores com os dados da pesquisa (2019).

A leitura dos artigos selecionados evidenciou os conteúdos predominantes que serão apresentados no Quadro 2 e posteriormente categorizados para discussão em profundidade.

Quadro 2 Síntese do conteúdo categorial identificado nas publicações que compuseram a revisão da literatura 

Obra Conteúdo categorial
1 Relata experiências da EIP no ensino da saúde no Brasil.
2 Acreditam que a adoção de políticas que fortaleçam a EIP possa transformar as práticas de saúde com foco na integralidade do cuidado, garantindo maior segurança à assistência do cuidado, redução de erros dos profissionais de saúde e de custos do sistema de saúde.
3 Estabelece relação entre interprofissionalidade e integralidade, porém revela limitação na formação interprofissional, assim como escasso conhecimento dos discentes quanto à forma, intensidade e repercussões das interações entre disciplinas e profissionais da área da saúde.
4 Conceitua, apresenta e avalia iniciativas da educação interprofissional na graduação. Ressalta que as experiências curriculares com EIP são pontuais e que não são suficientes para associar a participação em atividades de EIP e maior disponibilidade dos estudantes e egressos para aprendizagem compartilhada.
5 Estabelece reflexões sobre a EIP nos cursos de graduação da área da saúde e sugere a sistematização dessa metodologia, assim como pesquisas de acompanhamento para qualificação dos seus efeitos.
6 Visita conceitos da EIP, detalhadando o processo de revisão curricular nos cursos da Saúde do campus Baixada Santista e seus avanços. Enfatiza a importância da flexibilização curricular, porém ressalta as dificuldades para sua implementação e os desafios pedagógicos a serem superados.
7 Ressalta a importância da interprofissionalidade e a necessidade da EIP para a construção do trabalho em equipe, considerando em essência a integralidade da atenção, a segurança do paciente, a humanização e o alívio no processo de trabalho para os trabalhadores.
8 Faz reflexões teórico-conceituais de educação interprofissional e a inter-relação com o SUS, apresenta dados sobre a saúde da população e a formação médica no Brasil e trata das possibilidades e desafios para o estabelecimento da educação interprofissional nos cursos de graduação em saúde.
9 Descreve o surgimento histórico da EIP, aponta abordagens, métodos e modelos a serem utilizados no ensino. Discute elementos da EIP e evidencia desafios para o futuro desenvolvimento desse tipo de educação.
10 Relata experiências da EIP que estruturam o ensino da saúde e o processo de envolvimento institucional, docentes e estudantes na construção da aprendizagem inventiva.
11 Apresenta o histórico das reformas na formação dos profissionais de saúde, a trajetória e os exemplos concretos da educação interprofissional no Brasil e as políticas indutoras de mudança.
12 Realiza alinhamento conceitual sobre educação e trabalho interprofissional em saúde para técnicos do MS e do MEC, Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS), Conselho Nacional de Saúde (CNS), associações de educação das profissões da área da saúde e conselhos de classe. Discute fortalezas, limitações e possibilidades da educação e do trabalho interprofissional em saúde, na realidade brasileira. Apresenta o Plano de Ação para Implementação da Educação Interprofissional no Brasil.
13 Relata experiência de uma atividade de ensino curricular integradora na graduação, em cenários de prática do SUS. Conclui que a atividade constitui potente estratégia para o desenvolvimento da EIP e que é necessário ampliar iniciativas na graduação, a fim de aprimorar a formação para o trabalho em equipe, assim como qualificar o trabalho docente nessa temática.

Fonte: Elaborado pelos autores com os dados da pesquisa (2019).

O conteúdo das publicações citadas no quadro está relacionado com o surgimento da EIP no mundo, as justificativas em sua implementação, seus efeitos e a forma como vem se desenvolvendo no ensino da saúde, considerando os modelos de EIP implementados nas universidades brasileiras e seus principais resultados. Portanto, definiu-se que o estudo dos dados obtidos será dividido em três categorias: (1) Histórico e conceito da EIP; (2) Relação da EIP com a integralidade do cuidado; e (3) Experiências no ensino de graduação no Brasil. A análise dos textos dentro de cada uma dessas categorias é apresentada nas seções a seguir.

3.1 Historicidade e Conceitos da EIP

As discussões em torno da origem da EIP não são tão antigas nem tão novas como parecem, elas simplesmente são atuais (CECCIM, 2018). Segundo o autor, nos anos 1960 já ocorriam experiências internacionais que apontavam para a necessidade da educação interprofissional na atenção em saúde mental, no cuidado de pessoas com deficiência, nos cuidados comunitários, cuidados paliativos e cuidados com idosos, porém de forma isolada. A partir de 1988, a Organização Mundial da Saúde manifestou seu apoio à EIP, emitindo os relatórios Continuing Education for Physicians e Learning Together to Work Together for Health, cujo conteúdo apontava para a relevância e a funcionalidade de uma abordagem educacional, na qual estudantes de diferentes áreas aprendem juntos adquirindo habilidades para a resolução de problemas individuais ou comunitários, resultante do trabalho em equipe (VERAS et al., 2018).

Sobre a utilização da EPI no contexto mundial, identifica-se que no Reino Unido, desde os anos 1990, ocorrem investimentos em programas de educação interprofissional nos cursos de graduação e pós-graduação (MONTANARI, 2018). Outrossim, nos Estados Unidos e em vários países da Europa, a educação interprofissional vem sendo discutida nos últimos trinta anos com o objetivo de formar para o cuidado em saúde, por meio do trabalho em equipe (BATISTA et al., 2018). No Brasil, destaca-se o movimento da medicina preventiva e suas discussões acerca do trabalho em equipe, em especial, pela participação da professora Marina Peduzzi, na década de 1990, como precursora da educação interprofissional, analisando concepções de trabalhadores, docentes e pesquisadores a respeito do caráter coletivo das atividades de cuidado em unidades assistenciais do setor sanitário, assim como a formulação de políticas públicas e iniciativas governamentais, mais recentes, que vêm estimulando uma formação orientada pelo trabalho em equipe e integração entre os cursos (CECCIM, 2018; MONTANARI, 2018).

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2010), a educação interprofissional acontece quando duas ou mais profissões aprendem sobre, com e entre si, de forma a aprimorar a colaboração e os resultados na saúde. Seus princípios convergem para o cuidado em saúde, por meio do trabalho em equipe e se aplicam tanto para o ensino das diferentes profissões de saúde quanto para a educação permanente dos profissionais (BATISTA et al., 2018). Em essência, esse conceito está presente em nove dos artigos analisados, ainda que os autores façam alguma complementação ou adaptação no texto. A EIP assim conceituada se refere ao aprendizado conjunto e solidário que ocorre entre diferentes profissões, seja no ambiente da sala de aula ou no campo da prática profissional, cujo objetivo é trabalhar juntos por uma saúde melhor.

Em 2010, a OMS lançou o documento intitulado “Marco para Ação em Educação Interprofissional e Prática Colaborativa”, com a intenção de melhorar a fragmentação dos sistemas de saúde, a partir da idealização de um mundo global interdependente e ações profissionais intercomplementares, com atuação cooperativa e colaborativa (CECCIM, 2017; VERAS et al., 2018). Esse documento recomendava mudanças na formação em saúde, em especial na graduação (LAMERS; TOASSI, 2018). Nesse mesmo ano, o Canadian Interprofessional Health Collaborative (CIHC) identificou a EIP como potente estratégia para o desenvolvimento dos processos inter-relacionais, com estudantes, profissionais e comunidades gerando melhores resultados de saúde (CIHC, 2010). Esses processos incluem colaboração, respeito, confiança, tomada de decisão compartilhada e parcerias (CANADIAN INTERPROFISSIONAL HEALTH COLLABORATIVE, 2010apudLAMERS; TOASSI, 2018). Considerando o produto dessas relações, em 2016, Reeves et al. avançaram no conceito de educação interprofissional, definindo-a como uma intervenção em que os membros de mais de uma profissão da saúde aprendem em conjunto, de forma interativa, com o propósito explícito de melhorar a colaboração interprofissional ou a saúde/bem-estar das pessoas ou ambos. Logo, no contexto dos serviços de saúde, as ações derivadas da interprofissionalidade tendem a ser mais resolutivas, ampliam a segurança do paciente, evitam as omissões ou duplicação de cuidados, adiamentos ou filas de esperas desnecessárias (LAMERS; TOASSI, 2018).

Os resultados alcançados com a educação interprofissional, em nível mundial, no desenvolvimento de competências colaborativas para o efetivo trabalho em equipe e consequentemente na melhoria da produção dos serviços de saúde, têm levado a OMS/OPAS a encorajar os países da América Latina e Caribe para o debate e fortalecimento acerca da temática (CAIPE, 2013). Dessarte, em dezembro de 2016, ocorreu em Bogotá a I Reunião Técnica com os países da Região das Américas (América Latina e Caribe) no intuito de identificar o panorama desse debate nesses países e evidenciar os esforços para a consolidação da educação e do trabalho interprofissional (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017).

O Brasil tem participado ativamente dessas discussões e se envolvido com a elaboração de planos de ação para o fortalecimento da educação e o trabalho interprofissional, tanto que recentemente realizou uma Oficina de Alinhamento Conceitual sobre Educação e Trabalho Interprofissional, visando ao alinhamento teórico-conceitual e metodológico (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017). Outrossim, tem investido na formulação de políticas públicas interministeriais que fomentem mudanças na formação de profissionais da saúde, a fim de adequá-la aos princípios do SUS e às necessidades de saúde da população. Entre outras iniciativas destaca-se o Programa de Educação pelo Trabalho em Saúde (PET Interprofissionalidade), lançado em 2018 pela Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação da Saúde, do Ministério da Saúde, instigando as instituições de ensino superior para implementarem a educação interprofissional nos projetos pedagógicos dos cursos da área da saúde (BRASIL, 2018).

Atualmente, a educação interprofissional está presente na Rede de Apoio ao Ensino e na Aprendizagem em Ciências e Práticas da Saúde, tendo o Centro para o Avanço da Educação Interprofissional (CAIPE), do Reino Unido, como representante (CECCIM, 2018).

3.2 Relação entre EIP e Integralidade do Cuidado

A importância da educação interprofissional e do trabalho interprofissional se justifica considerando as mudanças no perfil epidemiológico da população, a necessidade de maior segurança do paciente, tendo em vista a quantidade de erros causados pelos profissionais da saúde, omissão ou equívocos na execução de procedimentos, as falhas de comunicação, a fragmentação da assistência, o sofrimento individual e coletivo e, por que não dizer, os altos custos provocados por práticas isoladas e uniprofissionais (NUIN; MÉNDEZ, 2019).

A utilização do termo “segurança do paciente” como justificativa para o trabalho interprofissional foi citado na maioria dos artigos analisados.

Batista et al. (2018) afirmam que a interação entre as diferentes profissões de saúde oportunizada pela EIP amplificar a possibilidade do cuidado integral. Da mesma forma, Ceccim (2018) diz que, quanto mais os profissionais trabalham em equipe, mais compartilham os saberes entre si, ampliando o conjunto de conhecimentos e habilidades, e que o resultado dessa interação torna as ações mais seguras e mais resolutivas.

O conceito de integralidade é polissêmico e extremamente complexo, pois, ao mesmo tempo que se volta para a compreensão do usuário, como ser bio, psico, político, social e espiritual com necessidades específicas, diz respeito à forma como os serviços se organizam para dar conta do atendimento dessas necessidades. Envolve, portanto estruturas, pessoas e processos, assim como saberes de profissionais, usuários e comunidade, a fim de consolidar nos planos de gestão e assistência, qualidade técnica na construção de um cuidado efetivo na saúde (KALICHMAN; AYRES, 2016).

A interprofissionalidade torna as práticas em saúde mais humanizadas, contribui com a satisfação das necessidades em saúde do usuário, considerando o tempo despendido para o tratamento, reduz riscos e danos, repercute na qualidade do acolhimento, da integralidade, na adesão do tratamento e também no bem-estar dos trabalhadores da saúde (CECCIM, 2018). Segundo o autor, a interprofissionalidade leva ao fortalecimento dos sistemas de saúde, melhora as relações entre os trabalhadores, reduzindo a carga de trabalho e aliviando o sofrimento no trabalho, melhora o provimento e a fixação dos trabalhadores e favorece o planejamento e avaliação sob a integralidade, humanização e educação permanente em saúde. Ademais, favorece as trocas de informação e conhecimento, a cooperação solidária, a atenção corresponsável às necessidades em saúde para a construção de projetos terapêuticos e de promoção da saúde, o agir coletivo em território e a rede de laços afetivos que intensifica o senso de pertencimento a uma equipe.

A educação interprofissional potencializa a capacidade dos profissionais para o desenvolvimento da atenção em saúde integral e coordenada. Ao promover o encontro de profissionais e áreas distintas para aprender “com”, “de” e “sobre eles”, a EIP organiza as bases para o desenvolvimento de uma prática colaborativa dirigida à melhoria da qualidade e aos resultados do cuidado em saúde (NUIM; MÉNDEZ, 2019).

De acordo com Ceccim (2017), essas práticas interprofissionais, quando presentes nos serviços de saúde, evidenciam a melhoria na qualidade da atenção no tocante à integralidade, humanização e resolutividade. Da mesma forma, Montanari (2018) reforça a importância da convivência entre estudantes de diferentes cursos e da contribuição desse exercício para a vida profissional, pois o respeito e a valorização da opinião do outro e o encontro de diferentes opiniões profissionais levam à integralidade da atenção à saúde.

3.3 Experiências da EIP no Ensino

Considerando o que está disponível na literatura, ainda são poucas as instituições de ensino superior brasileiras que adotam a EIP na formação em saúde. Assim como não há um modelo de EIP preestabelecido, algumas instituições utilizam-na no curso inteiro e como meio de integração com outros cursos; outras a desenvolvem em módulos, programas, disciplinas específicas ou em espaços de aprendizagem interprofissional (VERAS et al., 2018).

Igualmente, não há um consenso sobre qual o melhor momento para utilizar a EIP como uma estratégia pedagógica, considerando o espaço a ser ocupado na matriz curricular. Veras et al. (2018) defendem a proposta de inserir a EIP nos períodos iniciais de formação, destacando que é uma forma de desenvolver, nos estudantes, atitudes de empatia, respeito e aceitação de outros profissionais, desconstruindo impressões estereotipadas preexistentes. No entanto, não descarta a necessidade de sua continuidade ao longo da formação, pelo contrário, diz que é fundamental continuar com reforços regulares da EIP, nas diferentes etapas da formação, a exemplo do que já ocorre no Canadá2. Depreende-se das leituras que ainda não há um encaminhamento claro ou sistematizado do uso da EIP, mas sim o estímulo ao seu desenvolvimento.

Para Ceccim (2018), a educação interprofissional tem sido tratada como uma estratégia pedagógica que leva à aquisição de competências para o saber ser, saber fazer e agir de modo integrado e cooperativo, considerando a dimensão cognitiva, a dimensão pragmática e a dimensão subjetiva, respectivamente. O autor considera que as competências precisam ser bem trabalhadas no contexto da formação para que não haja disputa pela autoridade de uma categoria sobre outra; a autonomia profissional não pode prevalecer sobre o trabalho em equipe e as relações devem ser horizontais.

LAMERS; TOASSI (2018) citam que a presença da EIP nos currículos de graduação reforça atitudes para o trabalho em equipe e colaboração, visto que a convivência na construção do conhecimento amplia o olhar sobre o outro e permite o respeito às especificidades de cada profissão. Apesar dos ganhos obtidos com esse tipo de formação, Veras et al. (2018) sustentam que as mudanças curriculares nas universidades brasileiras ocorrem de forma lenta, assim como a busca por evidências que retratem seu sucesso na melhoria da atenção à saúde da população.

O Quadro 3 apresenta de forma breve as experiências da EIP, no ensino de graduação, desenvolvidas pelas instituições de ensino superior brasileiras, considerando o modelo de EIP utilizado e o lugar na matriz curricular em que se encontra.

Quadro 3 Experiências da EIP no ensino de graduação, no Brasil 

Instituição de Ensino Superior Modelo de EIP Lugar na matriz
Universidade Federal de São Paulo, campus Baixada Santista - SP Currículo Integrado para todos os cursos da saúde EIP - eixo central do projeto pedagógico de seis cursos de graduação do Instituto Saúde e Sociedade. O desenho curricular dos cursos estruturado em quatro eixos de formação: Eixo Ser Humano em sua Dimensão Biológica, Eixo O Ser Humano e sua Inserção Social, Eixo Trabalho em Saúde e o Eixo Específico em Saúde. Os três primeiros eixos constituem um núcleo comum a todos os cursos, no qual os estudantes estão distribuídos em turmas mistas para que vivam e aprendam juntos.
Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora (FCMS/JF) MG Programa Integrador com a Atenção Primária à Saúde O programa compõe a estrutura curricular dos cursos de medicina, enfermagem, fisioterapia, farmácia e odontologia, visando à indissociabilidade entre teoria-prática, a integração com o meio social e a integração entre os cursos.
Universidade Federal do Sul da Bahia - BA Currículo Integrado para todos os cursos da saúde Formação baseada em ciclos. Primeiro ciclo: Bacharelado Interdisciplinar em Saúde (BIS) - primeira etapa de formação (pré-requisito) para os cursos da área de saúde; segundo ciclo - mestrado; terceiro ciclo - doutorado. Proposta interdisciplinar que se antecipa e prepara o estudante para a abertura ao futuro trabalho interprofissional.
Universidade Federal do Rio Grande do Sul - RS Disciplina curricular eletiva ou adicional. Disciplina curricular eletiva focada na EIP, integrando 15 cursos da área da saúde. Organiza-se em momentos de concentração que envolvem todo o grupo de estudantes, professores e profissionais da saúde; e momentos de tutoria com dois professores e oito estudantes em Unidades de Saúde da Família (USF).
Faculdade de Medicina de Marília - SP Currículo Integrado Disciplinas curriculares que buscam a interação Universidade-Serviços-Comunidade, pautada pela EIP, que incluem estudantes do curso de medicina e enfermagem, nos primeiros anos de formação.

Fonte: Elaborado pelos autores com os dados da pesquisa (2019).

Das experiências supra-apresentadas, evidenciam coesão com os pressupostos teórico-metodológicos da EIP as atividades desenvolvidas na Universidade Federal de São Paulo - Baixada Santista, Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Medicina de Marília e Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Os conceitos e fundamentos estruturais para a organização curricular dessas experiências baseiam-se em referenciais teóricos de acreditação internacional, entre os quais estão citados Hugh Barr, Scott Reeves; Danielle D’Amour; Marina Peduzzi e Canadian Interprofessional Health Collaborative. Ainda que os currículos estejam organizados de forma diferenciada, todos adotam o uso de metodologias problematizadoras, cuja solução dos problemas passa pela complementaridade das diferentes áreas do conhecimento e do trabalho interdisciplinar. Entre os objetivos de aprendizagem apresentam-se de maneira destacada o desenvolvimento das competências relacionais, o trabalho em equipe, a atenção centrada na comunidade, tendo a vivência e a realidade local como dispositivo de aprendizagem. Evidencia-se também a importância atribuída à definição de papéis e das responsabilidades profissionais, embora não haja detalhamento de como esses domínios são trabalhados.

Estudiosos e pesquisadores em currículo, no ensino superior, assinalam que os componentes curriculares e seus fundamentos produzem muito mais sentido quanto mais próximos estão do contexto de atuação profissional ou do perfil que se pretende atingir (GESSER; RANGHETTI, 2011). Portanto, para pensar de forma integrada e colaborativa, requisitos fundamentais da interprofissionalidade, a proposta curricular e sua estética necessitam estar desalinhados metodologicamente às complexas demandas humanas e sociais.

Outra questão a ser realçada nos estudos é a vinculação da EIP ao campo de conhecimento da saúde coletiva, tanto que na maioria das instituições as experiências interdisciplinares e interprofissionais ocorrem em disciplinas e atividades correlatas a essa área. Toassi e Lewgoy (2016) afirmam que a saúde coletiva e o movimento da reforma sanitária configuram um campo de produção de conhecimento e intervenção interdisciplinar profícuo para pensar e produzir saúde, pois valorizam as singularidades dos sujeitos e ambientes envolvidos.

Quanto ao Programa Integrador desenvolvido pela Faculdade de Ciências Médicas e Saúde de Juiz de Fora, identifica-se nas publicações a presença de cinco cursos da saúde, organizados em torno de quatro eixos: saúde individual, saúde coletiva, processo de trabalho em saúde, educação em saúde/meio ambiente, intrinsecamente vinculados às Unidades Básicas de Saúde. Apesar de os documentos orientarem que os estudantes devem atuar na perspectiva interprofissional, percebem-se a aproximação e a convivência com profissionais da mesma área, ou seja, a programação das ações está segmentada por curso e área de conhecimento. Não há evidências da utilização de referencial teórico-conceitual metodológico da EIP, nem da aquisição de competências necessárias para o trabalho com profissionais de outras áreas.

Segundo Nuim e Méndez (2019), a elaboração de programas de formação baseados na Educação Interprofissional é extremamente desafiadora e complexa, pois envolve aspectos conceituais e metodológicos fundamentados em competências que levem a práticas colaborativas. Além disso, envolve processos de construção e decisões curriculares que giram em torno de ideologias muitas vezes contraditórias, a serem negociadas as adesões, as políticas governamentais, os campos e os subcampos do conhecimento, entre outros aspectos de igual relevância (HOSTINS, 2014).

Como se observa, o currículo assume um lugar de destaque para a formação interprofissional e, apesar de não existirem modelos preestabelecidos para a implementação de programas ou currículos baseados na Educação Interprofissional e nas Práticas Colaborativas, os fundamentos epistemológicos e as competências comportamentais encontram-se disponíveis na literatura.

Verificou-se, também, a publicação de outras experiências com EIP desenvolvidas por Instituições de Ensino Superior no Brasil, porém associadas a projetos de extensão, programas específicos como PET-Saúde, Residências Multiprofissionais e Programas de Pós-graduação. Essas experiências, no entanto, restringem-se aos estudantes vinculados a esses programas ou a ações mais pontuais que acabam não se constituindo em mudanças curriculares.

Independentemente do modelo de EIP adotado pelas instituições, os resultados obtidos demonstram avanços no desenvolvimento de competências consideradas essenciais para as profissões da saúde, no que se refere à resolução de problemas, tomada de decisão, liderança, confiança e respeito uns aos outros. Também sinalizam para melhoria na comunicação com pacientes e outros profissionais, na compreensão da natureza dos problemas e na humanização do cuidado. Apesar dos aspectos positivos que vêm sendo alcançados, os estudos relatam alguns desafios a serem superados, entre os quais a resistência dos docentes para esse tipo de formação, a qualificação de recursos humanos na temática, melhoria nas formas de avaliação do processo ensino-aprendizagem e maior integração nas práticas profissionalizantes (POLETTO; JURDI, 2018; VERAS et al., 2018).

Pesquisas realizadas com estudantes e usuários indicam satisfação com a educação e o trabalho interprofissional, assim como melhorias na prestação de serviços (TOMPSEN et al., 2018). Outros autores também consideram positivos os resultados da EIP, visto que a integração de disciplinas em um mesmo campo profissional fortalece as profissões e a multiprofissionalidade das equipes de saúde. Destaca-se também a aquisição das competências colaborativas, envolvendo comunicação, clareza dos papéis e competências das profissões, compreensão da relação de interdependência entre as profissões e atenção centrada no usuário (MONTANARI, 2018).

Assim, experienciar atividades de ensino de forma integrada qualifica as práticas profissionais, amplia o olhar do futuro profissional da saúde, cria espaços de reflexão e de construção de saberes, agrega aprendizagens relativas ao conhecimento das diferentes profissões e auxilia na organização do trabalho em equipe (ELY; TOASSI, 2018).

Para Ceccim (2018), as bases da educação interprofissional envolvem princípios e valores da Pedagogia para educação de adultos e métodos de aprendizagem interativos. Ocorre por meio de processos formativos que privilegiam a comunicação e a interação entre diferentes saberes e profissões da saúde (BATISTA et al., 2018). Muito embora o ambiente de interação possa ultrapassar os espaços das estruturas formais, assim quando estudantes ou profissionais se encontram socialmente e discutem temas ou aspectos de sua área de interesse, estão aprendendo informalmente. Portanto, as metodologias de ensino-aprendizagem recomendadas para a formação interprofissional são aquelas que extrapolam o formato tradicional da sala de aula.

Neste sentido, Reeves (2016) recomenda para a EIP a utilização de seminários, aprendizagem baseada em observação, simulação, encenação, cinema, role playing, aprendizado pautado por problemas e pela prática clínica, estudos de casos, e-learning (discussões on-line, por exemplo), metodologias mistas, integrando e-learning com outro método tradicional. Nos materiais analisados durante a pesquisa, as estratégias adotadas para o desenvolvimento da EIP nem sempre aparecem, mas, quando presentes, assemelham-se às propostas por Reeves.

4 CONCLUSÃO

O encontro com a literatura permitiu conhecer a trajetória histórica da Educação Interprofissional, assim como compreender melhor seu conceito. Revelou forte associação entre seu desenvolvimento, no Brasil, e as políticas públicas internacionais do ensino superior, em especial as políticas indutoras de mudança na reorientação da formação profissional em saúde. A experiência brasileira é recente e incipiente e a maioria dos artigos encontrados com essa temática diz respeito às atividades desenvolvidas em projetos de extensão, programas de vigência limitada, ou de cursos de pós-graduação como as residências multiprofissionais. De forma curricular, apenas cinco instituições de ensino adotam a EIP, cada uma a seu modo, no entanto os resultados conferidos à sua utilização são bastante positivos, apesar de empíricos.

Nas experiências analisadas, a maioria ocorre em universidades públicas, revelando um apontamento importante para o ensino superior em saúde.

As dificuldades identificadas pelos estudos, para implementação e desenvolvimento da EIP se referem à resistência do corpo docente, às mudanças estruturais necessárias nas instituições de ensino, assim como as dificuldades teórico-conceituais e metodológicas das instituições e dos docentes sobre a temática. Nesse sentido, a educação permanente/continuada surge como importante alternativa.

As lacunas encontradas no conjunto das leituras dizem respeito às fragilidades no processo de avaliação do ensino-aprendizagem, mas não há descrição precisa dos instrumentos ou formas de avaliação utilizadas na graduação para que se possam verificar os impactos gerados na formação, nos serviços de saúde e na assistência em saúde. Essa constatação torna relevante a realização de estudos que acompanhem o impacto desse tipo de formação no âmbito da educação, na prestação de cuidados em saúde e nos indicadores de saúde.

A Educação Interprofissional está para o ensino em saúde, assim como o princípio de integralidade está para o Sistema Único de Saúde, porém ainda existem muitos desafios a serem enfrentados para que ela se torne realidade na formação dos profissionais da saúde. Apesar de viver experiências recentes, o Brasil vem despontando entre os países da América Latina como incentivador dessa modalidade de educação, notadamente a partir das políticas e programas implantados pelo Ministério da Saúde desde o início da década de 2000.

REFERÊNCIAS

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NOTAS:

1 “NVivo é um software que suporta métodos qualitativos e variados de pesquisa. Ele é projetado para ajudar o pesquisador a organizar, analisar e encontrar informações em dados não estruturados ou qualitativos como: entrevistas, respostas abertas de pesquisa, artigos, mídia social e conteúdo web”. Disponível em: http://www.qsrinternational.com/product e http://www.qsrinternational.com/nvivo-portuguese. Acesso em: 20 fev. 2021.

2 A Educação Interprofissional desponta como importante estratégia de formação de todos os profissionais da saúde no Canadá; é considerada chave para um cuidado seguro, de alta qualidade, acessível e centrado no paciente. O governo canadense financia o Canadian Interprofissional Health Collaborative (CIHC), órgão sem fins lucrativos responsável por estruturar as competências para a colaboração interprofissional no país (CIHC, 2010).

Recebido: 08 de Maio de 2020; Aceito: 29 de Setembro de 2020

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