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Revista e-Curriculum

versión On-line ISSN 1809-3876

e-Curriculum vol.19 no.3 São Paulo jul./sept 2021  Epub 17-Dic-2021

https://doi.org/10.23925/1809-3876.2021v19i3p1316-1341 

Artigos

TOMADA DE CONSCIÊNCIA E AUTONOMIA EM CONTEXTOS PEDAGÓGICOS: UM ESTADO DA ARTE

GRASP OF CONSCIOUSNESS AND AUTONOMY IN PEDAGOGICAL CONTEXTS: A STATE-OF-THE-ART

TOMADE CONCIENCIA Y AUTONOMÍA EN CONTEXTOS PEDAGÓGICOS: UN ESTADO DEL ARTE

Rosely DANINi 
http://orcid.org/0000-0002-1746-2485

Luciana Pinto RANGELii 
http://orcid.org/0000-0002-0276-339X

Maria Luiza Rheingantz BECKERiii 
http://orcid.org/0000-0003-0447-6738

i Mestra em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Psicóloga clínica e educacional. E-mail: roselyddanin@gmail.com - ORCID iD: https://orcid.org/0000-0002-1746-2485.

ii Mestranda em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Tradutora e professora de Francês Língua Estrangeira. E-mail: lu.rangel@gmail.com - ORCID iD: https://orcid.org/0000-0002-0276- 339X.

iii Doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Professora Titular do Departamento de Estudos Básicos da Faculdade de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFRGS. E-mail: beckermarialuiza@gmail.com - ORCID iD: https://orcid.org/0000-0003-0447-6738.


RESUMO

O presente artigo traz um estudo do Estado da Arte a respeito do alcance e utilização das teorias de Jean Piaget sobre Tomada de Consciência e Autonomia em produções acadêmicas brasileiras relacionadas à área de educação. Para tanto, realizamos um mapeamento em bancos de periódicos da Scientific Electronic Library Online (SciELO) e do Banco de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) do Ministério da Educação, assim como na Schème - Revista Eletrônica de Psicologia e Epistemologia Genéticas, com foco em artigos publicados em revistas científicas nos últimos dez anos (2009-2019). As produções que adotam os conceitos piagetianos se concentram nas instituições de ensino superior das regiões Sul e Sudeste do País. A escassez de estudos que apresentam esse aporte teórico levanta uma série de questionamentos sobre o acesso e estudo das obras do período mais tardio de Piaget e lança aos estudiosos da Epistemologia Genética o desafio de aumentar sua divulgação.

PALAVRAS-CHAVE: Tomada de Consciência; Autonomia; Jean Piaget; Práticas Pedagógicas.

ABSTRACT

This paper presents a state-of-the-art study about the outreach and usage of Jean Piaget’s theories on autonomy and the grasp of consciousness in Brazilian academic works related to the field of education. To do that, we have mapped publications found on the Scientific Electronic Library Online (SCIELO) and the database of the Coordination for the Improvement of Higher Education Personnel of Brazil (CAPES in Portuguese), as well as the genetic psychology and epistemology magazine Schème - Revista Eletrônica de Psicologia e Epistemologia Genéticas, focusing on scientific papers that have been published over the last ten years (2009-2019). The works that mention Piagetian concepts are mostly from the South and Southeast regions of Brazil. The shortage of papers that use this theoretical framework raises a series of questions about the access to and study of Piaget’s late work and challenges genetic epistemology researchers to expand their outreach.

KEYWORDS: Grasp of consciousness; Autonomy; Jean Piaget; Pedagogical Practices

RESUMEN

Este artículo presenta un estudio del estado del arte con respecto al alcance y el uso de las teorías de Jean Piaget sobre la toma de conciencia y la autonomía en las producciones académicas brasileñas relacionadas al área de la educación. Con este fin, mapeamos en las bases de datos bibliográficas SciELO (Scientific Electronic Library Online) y en el Portal de Periódicos de la Coordinación de Educación Superior del Ministerio de Educación de Brasil (CAPES), así como en el periódico Schème

- Revista Eletrônica de Psicologia e Epistemologia Genéticas, centrándose en artículos científicos publicados en los últimos 10 años (2009-2019). Las producciones que emplean conceptos piagetianos provienen regionalmente de instituciones de educación superior del sur y sureste brasileños. De la escasez de estudios que manejan este aporte teórico emergen una serie de preguntas sobre el acceso y el estudio de las obras tardías de Piaget y se plantea el aumento de su difusión como reto a quienes estudian la Epistemología Genética.

PALABRAS CLAVE: Tomade Conciencia; Autonomía; Jean Piaget; Prácticas Pedagógicas

1 INTRODUÇÃO

Investigar o processo de tomada de consciência na construção de conhecimentos práticos e teóricos - desde os mais simples até os mais complexos - foi o foco de Jean Piaget em pelo menos três de suas obras mais tardias. Em A tomada de consciência (PIAGET et al., 1974/1978)1, Fazer e compreender (PIAGET, 1974/1978) e Abstração reflexionante: relações lógico-aritméticas e ordem das relações espaciais (PIAGET, 1977/1995), o referido autor, com diversos colaboradores, realizou experiências empíricas com crianças para verificar como se dá a passagem entre ação, compreensão e conceituação. Nas obras citadas, descreve as diferentes etapas nas formas de agir e pensar e como elas refletem no desenvolvimento cognitivo ao longo da vida.

Essas produções dão continuidade às pesquisas de Piaget sobre a psicogênese2 do conhecimento e aprofundam a compreensão sobre a tomada de consciência (TC) e a capacidade de conceituação. Em seus experimentos, o autor demonstra que a tomada de consciência é um processo que se inicia por aquisição de noções, encaminhando-se gradativamente à conceituação, o que nos conduz a adquirir pontos de vista próprios. Tal desenvolvimento se dá por níveis de ação. No primeiro deles, a ação é inconsciente, sendo êxito e fracasso aleatórios. No seguinte, há uma transição de autorregulações da conduta feitas automaticamente, para autorregulações ativas3 (que são intencionais), com idas e vindas entre elas. Trata-se do início das coordenações mentais das ações, em que a reflexão sobre as ações direciona os novos ajustes da conduta, embora existam deformações nas conceituações feitas a posteriori. Finalmente, no nível mais avançado, está presente a consciência das ações, o que favorece as coordenações mentais e o uso de autorregulações ativas. É quando se instaura a conceituação propriamente dita, capaz de antecipar as ações, orientando intencionalmente a conduta.

Os estudos sobre tomada de consciência representam o ponto culminante da teorização de noções que já estavam presentes na obra piagetiana desde seu primeiro período: aquelas sobre a prática e consciência da regra vinculadas ao desenvolvimento moral e, portanto, à autonomia. Em sua pesquisa com crianças de escolas de Genebra e Neuchâtel (Suíça), Piaget identificou sucessivos patamares de consciência das regras que levam a condutas morais autônomas. Na obra O juízo moral na criança (PIAGET, 1932/1994), sinaliza a ocorrência de um processo de desenvolvimento que conduz à autonomia moral. Para Piaget (1994, p. 23), “toda moral consiste num sistema de regras, e a essência de toda moralidade deve ser procurada no respeito que o indivíduo adquire por essas regras”.

Nessa perspectiva, o autor apresenta três etapas vinculadas ao desenvolvimento da autonomia. A conduta da criança se caracteriza inicialmente pela ausência de consciência das regras, chamada de anomia, e se estende do nascimento até aproximadamente 2 anos de idade. Essa fase tem como característica o egocentrismo infantil, um aspecto que Piaget denomina igualmente de centração. Nela, o sujeito ainda é incapaz de refletir sobre suas ações e construir um ponto de vista próprio. Assim, mesmo quando estão próximas umas das outras, as crianças não estabelecem uma comunicação com coordenação de pontos de vista e, portanto, não existe uma interação de fato entre elas. Contrapondo a centração, e como sinal do desenvolvimento, há gradativamente o que o autor designa de descentração: o sujeito se compreende diferente dos outros e manifesta o respeito por pontos de vista que não se assemelham a seus próprios. A fase posterior é a da heteronomia, na qual o sujeito começa a seguir regras externas a ele, obedecidas por amor, temor ou ambos. Como consequência, configuram-se relações de desigualdade e coação. Essa etapa tende a evoluir, se o sujeito lograr estabelecer relações simétricas marcadas pelo respeito mútuo e pela cooperação entre parceiros que se consideram como iguais. Esses sujeitos poderão alcançar a compreensão da equidade nas relações entre diferentes. Caso contrário, a preponderância de relações assimétricas pode acarretar o domínio de relações heterônomas, caracterizadas pelo respeito unilateral e pela coação, em que um manda e o outro obedece.

É concomitantemente à heteronomia, a partir do surgimento das ações interiorizadas na forma de operações mentais reversíveis (o que se dá por volta dos 8 anos de idade), que indícios de autonomia começam a se revelar. Nessa fase, o interesse na construção de relações de cooperação, respeito mútuo e articulação de distintos pontos de vista se destacam. Favorece-se, assim, a reflexão, além do compartilhamento da aquisição e da prática de regras, uma vez que o outro passa a ser visto como igual. Piaget aborda dois tipos de autonomia, a intelectual e a moral, considerando-as indissociáveis. A primeira é qualificada pela capacidade de pensar criticamente, refletir sobre as próprias ações, coordenar diferentes pontos de vista e interessar-se pelo aprimoramento contínuo. Por sua vez, a autonomia moral traduz-se pela capacidade de estabelecer relações que envolvam o respeito mútuo, a afetividade, a cooperação, a reciprocidade e a solidariedade na busca do bem comum. Vale salientar que o termo cooperação na teoria piagetiana é abordado de forma abrangente, distinguindo-se da expressão colaboração, que diz respeito somente a atividades práticas. Para o autor, a cooperação apresenta-se “como produto de um tipo de relação social e [...] como um método de trocas sociais” (CAMARGO; BECKER, 2012, p. 527), fundamentando- se no princípio da igualdade nessas relações.

No Plano de Ação da UNESCO, anexo à obra Sobre a pedagogia: textos inéditos, Piaget (1951/1998, p. 243), chama a atenção para a importância do estudo dos desenvolvimentos cognitivo e moral “[n]a formação de atitudes intelectuais e morais envolvendo toda a personalidade e o comportamento social, sob todos os aspectos, de um indivíduo a educar”. Como ressaltado anteriormente, a intelectualidade e a moral são inseparáveis, e o autor suíço nos mostra que a tomada de consciência se dá gradativamente em um processo contínuo de ação e reflexão, por meio das trocas sociais e intelectuais. Quanto maiores a descentração e a tomada de consciência, mais propícias se tornam as condições para a aquisição de pontos de vista próprios e respeito pelos pontos de vista alheios. De forma complementar, a possibilidade de articular e respeitar diferentes pontos de vista é característica fundamental da autonomia intelectual e moral.

Como consequência dessa intrincada relação entre tomada de consciência e autonomia, a escola é considerada, na perspectiva teórica piagetiana, um lugar propício para se estabelecerem vínculos de solidariedade por meio da cooperação. Esta última precisa ser estimulada nas trocas sociais e cognitivas, pois tais câmbios contribuem com o desenvolvimento da autonomia intelectual e moral de professores e alunos. Assim, cabe à educação favorecer a liberdade de pensamento e o desenvolvimento de espírito crítico discente, vinculados a atitudes sociais de respeito mútuo e reciprocidade (PIAGET, 1998). Ainda sobre a contribuição dessa abordagem do desenvolvimento moral para pensar o ambiente escolar, podemos citar La Taille (apud PIAGET, 1994, p. 20), que, no prefácio à edição brasileira de O juízo moral na criança, ressalta que “não há dúvidas de que a teoria de Piaget permite-nos pensar a educação. Mas ela nos permite sobretudo pensar a cultura, e dentro dela, a educação”. Trabalhados com mais profundidade em diferentes fases teóricas de Piaget, os conceitos de tomada de consciência e de autonomia demonstram um potencial de articulação para a compreensão dos processos de desenvolvimento cognitivo e moral tanto de crianças quanto de adultos.

No intuito de investigar a existência de produção acadêmica brasileira que relacione ambos os conceitos piagetianos ou apresente o estudo dos dois temas isoladamente, utilizamos como metodologia de pesquisa o Estado da Arte: um levantamento bibliográfico de produções potencialmente significativas para a “constituição do campo teórico de uma área de conhecimento, [...] [indicando] [...] suas lacunas de disseminação [...] e reconhece[ndo] as contribuições da pesquisa na constituição de propostas na área focalizada” (ROMANOWSKI; ENS, 2006, p. 39). A realização de um Estado da Arte inclui a seleção e delimitação das fontes bibliográficas, além da “leitura criteriosa [...] extraindo-se as conclusões por meio de análise dos dados coletados” (MINUSSI et al., 2018, p. 12).

Diante do exposto, a proposta de nossa pesquisa bibliográfica contempla: a) verificar a existência de artigos que articulem os temas tomada de consciência e autonomia em Piaget, ou que abordem tais assuntos isoladamente; b) identificar em que periódicos da área de Educação são publicados, em que estados, regiões do Brasil e instituições são produzidos; c) identificar a centralidade dos temas tomada de consciência e autonomia nas produções encontradas; d) identificar a tipologia dos artigos (teórica ou empírica) e se privilegiam uma abordagem ligada ao fazer docente ou aos educandos; e) elencar as obras piagetianas mais

referenciadas nos artigos localizados. Com este estudo, visamos a instigar a curiosidade sobre o tema, disponibilizar uma fonte que possa subsidiar novas pesquisas, assim como levantar discussões a respeito dos conceitos tratados e suas contribuições como recursos teóricos para analisar questões educacionais.

2 METODOLOGIA

Na investigação proposta, delimitamos o levantamento a periódicos acadêmicos da área de Educação, publicados entre 2009 e 2019. Sobre a escolha das fontes, Minussi et al. (2018, p. 12) alertam para o cuidado nessa seleção e aconselham priorizar a “[...] busca de materiais em sites públicos educacionais, de universidades públicas e privadas de renome nacional ou internacional, em decorrência de credibilidade notória de fontes”, e por essas instituições “manterem repositórios de [suas] produções acadêmicas”. Sendo assim, utilizamos para nossa busca três fontes que contemplavam as características supracitadas: o site da Schème - Revista Eletrônica de Psicologia e Epistemologia Genética, o Banco de Dados da Scientific Electronic Library Online (SciELO) e o Banco de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) do Ministério da Educação. O foco exclusivo em periódicos deu-se tendo em vista a disponibilidade do texto integral, sua velocidade de divulgação, a quantidade de publicações disponíveis on-line, assim como o fato de esse meio possibilitar maior circulação da produção acadêmica e discussão dos temas considerados relevantes na atualidade.

Quanto à seleção da revista Schème especificamente, foi realizada por tratar-se de um periódico dedicado a publicações cujo principal referencial teórico é Jean Piaget. Por meio dessa escolha, vislumbramos, além disso, a possibilidade de maior ocorrência de produções acadêmicas com os temas tomada de consciência e autonomia. Esclarecemos, ainda, que os critérios de busca utilizados foram os descritores, os títulos e os resumos dos artigos. Após essa etapa, realizamos a leitura dos textos selecionados e a análise da presença de teorias piagetianas em cada um deles.

3 RESULTADOS DO LEVANTAMENTO DAS PESQUISAS

3.1 Revista Schème

Para a busca na revista Schéme (Qualis A4, 2017-2018), verificamos a presença, nos títulos ou descritores, dos termos “tomada de consciência”, “autonomia” (ou aqueles relacionados a ambos, como juízo moral, cooperação, compreensão e ação). Na primeira busca, identificamos que, no período de 2010 a 2013, foram publicados 50 artigos, no entanto nenhum deles trazia os conceitos pesquisados. Selecionamos 15 artigos e realizamos a leitura de seus resumos para confirmar a adequação ao escopo de nossa pesquisa. Após essa etapa, examinamos 13 artigos escolhidos com o objetivo de identificar como são abordadas as teorias piagetianas supracitadas. A partir das leituras, chegamos às categorizações apresentadas no Quadro 1.

Quadro 1 - Publicações na Revista Schème 

Ano Artigos publicados Artigos c/ conceito s de TC e autonomia Artigos em que o(s) conceito(s)...
TC e autono- mia são arti- culados TC é abordado Autonomia é abordado
2009 15 2 1. A tomada de consciência da crise de identidade profissional em professores do ensino fundamental.
2. As narrativas escritas escolares e a passagem da ação à conceituação.
2010/2013 50 - - - -
2014 21 3 1. A importância da psicomotricidade e do processo de tomada de consciência para prevenção de dificuldades de aprendizagem na educação infantil.
2. Jean Piaget e António Damásio: ensaio de aproximação.
1. A linguagem do educador e a autonomia moral.
2015 14 1 1. Como aprendem os alunos ansiosos? A descentração e a tomada de consciência como prática pedagógica de professores.
2016 14 3 1. Da ação à compreensão: um passeio pela Teoria de Piaget. 1. Desenvolvimento moral: o que a edu- cação infantil tem a ver com isso?
2. A construção de valores morais na escola por meio de práticas de virtude.
2017 26 1 1. Tomada de consciência e fatores protetivos no jogo de regras quarto: um estudo com idosos da Unati.
2. A escola e as relações amistosas: relações entre afetividade e cognição.
2018 14 1 1. Autonomia e construção de competências sociais: aproximações teóricas para o desenvolvimento profissional docente.
2019 15 1 1. A construção da autonomia intelectual dos sujeitos em Jean Piaget: uma síntese teórica.
Total 169 13 1 8 4

Fonte: Elaborado pelas autoras (2019).

Dos 169 artigos publicados entre 2009 e 2019, selecionamos 13 por abordarem os temas que são foco desta investigação. Após a leitura, verificamos que somente um articulava tomada de consciência e autonomia: Gomes (2018), em seu texto, enfatiza a importância do desenvolvimento da autonomia docente como fator desencadeador de competências sociais e emocionais. Como embasamento de sua argumentação, apresenta um estudo bibliográfico de Chakur (2009) sobre autonomia docente e o de Paganini-da-Silva (2015; 2018) sobre identidade docente. Ambos empregam a teoria piagetiana como referencial teórico. Além desses temas e autores, trata de definições de competência profissional de diferentes estudiosos, entre eles: Perrenoud (2008), Macedo (2005), Fernández (1991). A partir dessas definições, tece considerações e associa o desenvolvimento de competências profissionais ao desenvolvimento da autonomia. No decorrer de sua análise, faz a articulação do conceito de autonomia e tomada de consciência e ressalta a importância de tal análise sob a perspectiva teórica de Piaget.

Além desse, localizamos sete artigos que têm a tomada de consciência como principal referencial teórico, sem que estabeleçam relação específica com a autonomia, e um que utiliza a teoria da tomada de consciência para análise de um único aspecto, entre outros. Relacionadas à autonomia, identificamos quatro publicações, sem menção à tomada de consciência. Nessa ordem, apresentaremos considerações sobre os referidos artigos.

3.1.1 Ocorrências do conceito de tomada de consciência

Silva e Chakur (2009) recorreram às teorias piagetianas do desenvolvimento cognitivo e da tomada de consciência para averiguar em que nível professores do Ensino Fundamental, das 7.ª e 8.ª séries, têm consciência de suas funções e responsabilidades, como avaliam a crise da profissão e se estão conscientes dela. Com os resultados obtidos, estabelecem três níveis distintos de tomada de consciência: o mais elementar, um nível incipiente e o refletido. Concluem que, para atingirem o terceiro nível, os docentes precisam refletir sobre as reais causas de acontecimentos e problemas.

Por sua vez, a investigação de Pinheiro (2009) sobre as narrativas escritas escolares e a passagem da ação à conceituação foi baseada nas obras A tomada de consciência (PIAGET et al., 1978) e Fazer e compreender (PIAGET, 1978). Esses textos piagetianos ofereceram subsídios para a construção do experimento que consistiu em uma proposta a alunas da 5.ª série do Ensino Fundamental de uma escola pública de Porto Alegre para que escrevessem um texto narrativo a partir de trechos apresentados pela pesquisadora. Os trechos tinham como um dos propósitos provocar a coordenação de mais de uma variável, por meio de regulações ou correções progressivas. Na análise dos dados, foram observados, entre outros, os processos que envolveram as abstrações empíricas4 e as reflexivas5, desencadeadores de tomadas de consciência durante a construção dos textos narrativos.

Ao pesquisarem a importância da psicomotricidade e do processo de tomada de consciência no desenvolvimento de crianças das séries iniciais, Pereira e Calsa (2014) investigaram como a tomada de consciência sobre as ações motoras afeta o autoconhecimento, o desenvolvimento cognitivo e a autonomia. Além disso, ressaltam a relevância de tais conhecimentos para a aplicação em práticas pedagógicas que considerem tais aspectos.

Becker (2014) apresenta um ensaio de aproximações teóricas entre Piaget e Damásio, como ele mesmo destaca no título, para fazer um estudo sobre a epistemologia genética e as neurociências, com o objetivo de encontrar subsídios para melhor compreensão dos processos de aprendizagem. Entre as relações estabelecidas, o autor destaca, do ponto de vista piagetiano, a teoria sobre a tomada de consciência.

Nascimento e Calsa (2015) fazem uma investigação teórica com o intuito de auxiliar professores a lidarem com alunos com ansiedade excessiva, que apresentam dificuldades de aprendizagem. Entre os autores pesquisados, destacam Piaget e seus estudos sobre descentração e tomada de consciência. Evidenciam a importância dos jogos de regras como ferramentas pedagógicas, que, acompanhados de intervenção docente adequada, podem auxiliar no trato com alunos ansiosos.

No artigo “Da ação à compreensão: um passeio pela Teoria de Piaget”, Kebach (2017) apresenta o percurso teórico de Piaget para investigar os processos de construção de conhecimento. Seu maior enfoque está nos estudos sobre a abstração reflexionante, que associa à tomada de consciência. Os resultados da pesquisa levaram a autora a corroborar a teoria estudada e concluir que tanto os professores como os alunos precisam refletir sobre suas ações, como meio de construir novas estruturas mentais. Além disso, salienta que cabe ao professor oferecer atividades e reflexões significativas de forma a despertar o interesse do aluno em aprender.

Nascimento e Calsa (2017) realizaram uma pesquisa com um grupo de idosos que frequentam a Universidade Aberta à Terceira Idade para verificarem se a tomada de consciência em situações de jogos contribui para o desenvolvimento da reflexão e, consequentemente, da ação adequada diante da necessidade de enfrentamento de situações- problema. Para o estudo, basearam-se na teoria da tomada de consciência de Piaget para planejamento de intervenções, que consistiram no uso do jogo “Quarto” e de solicitações de explicações e justificativas das ações dos idosos diante das adversidades do jogo. O estudo demonstrou que a utilização do jogo por idosos favorece a construção de fatores protetivos, sendo um deles o processo de tomada de consciência.

No estudo “A escola e as relações amistosas: relações entre afetividade e cognição”, Tortella e Assis (2017) utilizam, em uma das etapas de suas análises, as teorias piagetianas sobre os estágios de desenvolvimento cognitivo e afetivo, a teoria da equilibração e a da tomada de consciência. A última delas está relacionada aos processos conscientes e inconscientes da afetividade e cognição. Os resultados indicam aos educadores como as crianças se desenvolvem e que relações amistosas podem contribuir para a qualidade da educação e da formação da personalidade da criança.

As pesquisas apresentadas utilizaram para suas análises, no todo, ou em parte, o referencial teórico piagetiano da tomada de consciência. Nesses estudos, o destaque à reflexão de educandos e professores sobre suas próprias ações fornece subsídios para compreendermos os mecanismos envolvidos nos processos de tomada de consciência e sua importância em diferentes contextos no âmbito escolar.

3.1.2 Ocorrências do conceito de autonomia

Entre os artigos sobre autonomia, localizamos o de Wrege et al. (2014), que analisam como a linguagem utilizada pelo educador pode influenciar a construção da autonomia dos alunos. Como resultado, concluem que a linguagem valorativa reforça a heteronomia, pois é geradora de baixa autoestima e sentimentos negativos diversos. Em contrapartida, a linguagem descritiva favorece a formação da autonomia. Entre outros autores, usam como referencial teórico a obra de Piaget O juízo moral na criança (1994).

Pereira e Morais (2016) apresentam uma reflexão sobre a educação moral de crianças na primeira fase de escolaridade da Educação Básica. Sob a perspectiva teórica de Piaget, analisam as intervenções em salas de aula passíveis de repercutir na formação moral dos alunos. Finalmente, constatam a necessidade de uma formação de professores de crianças de séries iniciais que aborde o desenvolvimento moral, direcionando suas práticas pedagógicas à construção da autonomia. De acordo com os autores, a falta dessa qualificação pode desencadear a adoção equivocada de práticas que contribuem para a formação de sujeitos heterônomos, ou seja, desprovidos de reflexão crítica sobre as regras seguidas.

Mazzini e Bastos (2016) realizaram um estudo teórico sobre como a escola pode contribuir para a construção de valores morais e autonomia dos alunos. Seu principal referencial teórico são as obras de Piaget Para onde vai a educação? (1978) e O juízo moral na criança (1994). Como resultado de suas pesquisas, ressaltam a importância do diálogo, da cooperação e do uso de métodos ativos na prática educativa.

Com o propósito de apresentar uma síntese teórica piagetiana sobre a construção da autonomia intelectual, Zorzi (2019) realça a importância dada por Piaget, nas obras O juízo moral na criança (1994); Estudos sociológicos (1973) e La autonomía en la escuela (1968), às relações sociais na construção da autonomia intelectual, via relações de cooperação e trocas intelectuais, e enfatiza que esses elementos representam a dimensão social da construção de práticas autônomas.

As pesquisas apresentadas abordam a autonomia sob a perspectiva teórica de Piaget, a partir de enfoques intelectual ou moral. O conceito aparece relacionado a diferentes questões, mas discute-se, de forma unânime, a necessidade de reflexão crítica sobre as práticas docentes, uma vez que as relações sociais vivenciadas em contexto escolar podem afetar o desenvolvimento das condutas autônomas discentes.

3.2 Periódicos do Banco de Dados da SciELO e do Portal da CAPES

Para prosseguir o levantamento das publicações científicas que articulam as teorias de tomada de consciência e autonomia, procedemos a uma busca no banco de periódicos da Scientific Electronic Library Online (SciELO), biblioteca eletrônica que abrange uma coleção selecionada de periódicos científicos brasileiros e que contempla várias áreas de pesquisa. Para esta investigação, acessamos a seção Coleção da Biblioteca - Assunto Ciências Humanas - Educação e utilizamos o operador booleano AND. Realizamos uma primeira busca com os seguintes descritores: “tomada de consciência”, “Piaget” e “autonomia”. Em um segundo momento, restringimo-nos aos descritores “tomada de consciência” e “Piaget”. Finalmente, fizemos a busca pela ocorrência de artigos com o termo “tomada de consciência”. A partir da triagem feita, entre os 355 artigos encontrados na coleção Educação de periódicos da SciELO, constatamos apenas um artigo com menções à obra de Piaget (conforme Quadro 2). Destacamos essa diferença numérica com o intuito de evidenciar a necessidade de pesquisas que abordem a tomada de consciência e a autonomia, sob a perspectiva piagetiana.

O levantamento de artigos com os conceitos citados foi igualmente realizado no Portal de Periódicos CAPES, que cobre produções acadêmicas de todo o território brasileiro. Para a busca, selecionamos os seguintes parâmetros: busca avançada dos termos “tomada de consciência” e “Piaget”, com o operador booleano AND. Para refinamento, utilizamos os critérios: artigos em português, entre 2009 e 2019, em periódicos revisados por pares, pertencentes aos tópicos Education, Psychology e Education & Educational Research. Dessa busca resultaram 15 ocorrências. Após a leitura dos títulos e resumos desses textos, chegamos ao número de quatro produções que efetivamente abordam os temas de estudo deste Estado da Arte. Inicialmente, localizamos três artigos. Em razão do número reduzido, procedemos a uma nova busca restrita ao tópico Education, que levou à inclusão do artigo “A coerência em narrativas escritas escolares: uma análise piagetiana”, do periódico Educar em Revista. O resultado dessa busca levantou questionamentos sobre os possíveis critérios de refinamento, pelo fato de o periódico Educar em Revista também constar no banco da SciELO, no qual não foi apresentada a ocorrência do texto supracitado. No Quadro 2, sintetizamos os resultados mencionados.

Quadro 2 - Publicações em Periódicos sobre Educação - SciELO e CAPES 

Periódico Qualis 2017-2018 Ano Banco de orige m Artigos com os conceitos de TC e autonomia Artigos baseados no(s) conceito(s) de...
TC e autonomia TC Autonomia
Psicologia: Reflexão & Critica A1 2012 Capes 1 - - Práticas pedagógicas e moralidade em unidade de internamento de adolescentes autores de atos infracionais.
Educar em Revista A1 2014 Capes 1 - A coerência em narrativas -
escritas escolares: uma análise piagetiana.
Revista Iberoamericana de Educación A2 2015 Capes 1 - Trajetórias de aprendizagens em uma formação de professores na modalidade EAD. -
Psicologia Escolar e Educacional A1 2017 Capes 1 Prática e teoria no desenvolvimento: questão da tomada de consciência. - -
Revista Ensaio Pesquisa em Educação e Ciência (UFMG) A2 2015 SciELO 1 Concepções e implicações da aprendizagem no campo da educação em saúde
TOTAL 5 2 2 1

Fonte: Elaborado pelas autoras (2019).

Quanto ao único artigo encontrado via busca no banco da CAPES, presente na Revista Ensaio Pesquisa em Educação e Ciência, identificamos que os autores Marinho e Silva (2015) articulam os conceitos piagetianos no campo da Educação em Saúde. Para compreender as concepções e as implicações da aprendizagem nos anos iniciais, os autores partem da premissa de que uma educação em saúde deve ser formadora de maneira a impactar outros âmbitos da vida do aluno. Em suas análises, utilizam, principalmente, a teoria da tomada de consciência, associando-a com o desenvolvimento da autonomia, ressaltando a necessidade de estar ciente dos conhecimentos prévios do aluno. Em suma, os resultados da investigação indicam que as práticas docentes influenciam a formação infantil, tanto ao manifestarem condutas heterônomas quanto ao apresentarem condutas autônomas.

Quanto aos quatro artigos selecionados por meio da busca no Portal da CAPES, apenas “Prática e teoria no desenvolvimento: questão da tomada de consciência” apresenta a articulação entre os temas tomada de consciência e autonomia. Dongo-Montoya (2017) trata do desenvolvimento moral da criança e sua tomada de consciência das relações entre prática moral e julgamento moral. Ao longo do artigo, suas reflexões estão centradas no processo de tomada de consciência das normas morais e, posteriormente, em suas implicações pedagógicas. Segundo o autor, a tomada de consciência mostra-se como um prolongamento com reconstrução progressiva de uma prática inicial, cujo progresso depende da inserção de experiências concretas de reciprocidade e de cooperação na vida social das crianças.

Entre os artigos que abordam apenas aspectos relacionados à tomada de consciência piagetiana, Aragón, Silva de Menezes e Bicca Charczuk (2015) partem da experiência de uma formação docente na modalidade Educação a Distância (EAD), para a compreensão dos percursos de aprendizagem de seus participantes em direção à formação de um professor reflexivo. Nesse estudo de caso, são utilizados para análise os webfólios dos professores- alunos (docentes da Educação Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, sem habilitação no Ensino Superior). Para a análise do grupo de professores, as autoras levam em consideração a precedência do êxito relacionado à compreensão e ressaltam a importância da existência de modelos pedagógicos para a EAD que levem em conta as transformações no ambiente de formação a distância e ampliação da construção coletiva.

Por meio de um estudo de casos múltiplos, realizado em uma escola da rede municipal de Porto Alegre, Pinheiro e Becker (2014) buscam compreender como as operações mentais do sujeito se expressam nas atividades que envolvem a escrita da narrativa-conto. De acordo com as autoras, a capacidade de desenvolver esse tipo de escrita está relacionada à de operar sobre simples possibilidades tratadas como hipóteses. Concluem que a escrita da narrativa- conto se configura como um problema lógico em virtude da relação com implicações estruturais necessárias à sua elaboração.

No que diz respeito ao artigo que trata de aspectos relacionados à autonomia, “Práticas pedagógicas e moralidade em unidade de internamento de adolescentes autores de atos infracionais”, o foco está nas concepções de leis, justiça e respostas a um dilema moral em socioeducadores e adolescentes de uma unidade socioeducativa em Pernambuco. Por meio de entrevistas, Monte e Sampaio (2012) constataram a prevalência de concepções morais orientadas à heteronomia em ambos os grupos. Para a análise das respostas, utilizou-se como base teórica os conceitos de anomia, heteronomia e autonomia em Piaget. O estudo conclui que o modelo pedagógico da instituição dificulta o desenvolvimento da moralidade autônoma, reproduzindo o modelo carcerário, com punições e relação hierarquizada. De acordo com os autores, tal estrutura acaba por perpetuar as práticas que violam os direitos fundamentais desses jovens, em vez de propiciar sua ressocialização e desenvolvimento.

3.3 Mapeamento das publicações por regiões brasileiras e por instituições

Após a identificação dos temas dos artigos, realizamos sua classificação a partir de instituições e regiões brasileiras de origem. Sua síntese é apresentada no Quadro 3. Os dados levantados visam a evidenciar onde esses estudos estão sendo realizados e fomentar potenciais trocas entre grupos de trabalho no âmbito acadêmico.

Quadro 3 - Panorama nacional de produções sobre tomada de consciência e autonomia 

Região brasileira Instituição N.º de artigos Artigos com TC e autonomia Artigos com TC Artigos com autonomia Representação da produção no país
Sul FURG -Universidade Federal do Rio Grande 1 1 - - 55,6%
UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul 3 - 3 -
FACCAT - Faculdades Integradas de Taquara 1 - 1 -
UNISINOS - Universidade do Vale dos Sinos e UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul 1 - 1 -
UFPel - Universidade Federal de Pelotas 1 - - 1
UEM - Universidade Estadual de Maringá (UEM) 3 - 3 -
Sudeste UNESP - Universidade 2 - 1 1 38,9%
Estadual Paulista e USP - Universidade de São Paulo
UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas e UNIFRAN - Universidade de Franca 1 - - 1
IFSP - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia 1 1 - -
UNESP - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho 3 1 - 2
Nordeste UFPE - Universidade Federal de Pernambuco e UNIVASF - Universidade Federal do Vale do São Francisco 1 - - 1 5,6%
TOTAL 12 instituições 18 3 9 6 100%

Fonte: Elaborado pelas autoras (2019).

As produções que propõem uma articulação entre as teorias da tomada de consciência e da autonomia se encontram em maior número em instituições da região Sudeste. No entanto, é na região Sul que se apresenta o maior número de artigos publicados a respeito de tomada de consciência de maneira geral. Tais informações coincidem com as do levantamento de Dongo-Montoya e Ferreira (2009) a respeito da situação dos grupos brasileiros de pesquisa voltados ao estudo da obra de Piaget. À época, prevaleciam grupos nos estados da região Sul (45,94%) e Sudeste (43,24%), que também são responsáveis pela maioria das produções acerca da tomada de consciência e autonomia elencadas neste artigo. Os dados revelam a limitação do alcance dos estudos piagetianos nas demais regiões ao longo dos últimos dez anos, além da predominância das discussões das teorias de Piaget nos estados do Rio Grande do Sul e São Paulo. A presença de três trabalhos feitos em parcerias entre universidades pode, no entanto, representar uma nova alternativa para fomentar a divulgação da obra de Piaget no Brasil.

3.4 Fotografia das produções sobre tomada de consciência e autonomia selecionadas

Como citado anteriormente, a centralidade das teorias piagetianas, a ênfase em educandos ou docentes e o tipo de pesquisa também foram levados em consideração durante a leitura dos textos selecionados. O mapeamento a partir desses critérios complementa a classificação feita no Quadro 3 e mostra pistas sobre as tendências de estudos envolvendo os conceitos de tomada de consciência e autonomia, assim como ideias para a elaboração de trabalhos inéditos e para a criação das parcerias acadêmicas sugeridas.

Gráfico 1 Tipologia, conteúdos e ênfases dos artigos Fonte: Elaborado pelas autoras (2019). 

Quanto à centralidade das teorias, a articulação dos conceitos autonomia e tomada de consciência é utilizada somente em três produções, representando 17% dos artigos encontrados (Gráfico 1). Quanto ao conceito de tomada de consciência, este serve de principal aporte teórico em nove dos dezoito estudos elencados, chegando a 55% do total ao somarmos os trabalhos que utilizam a tomada de consciência de forma complementar. Por sua vez, a autonomia, segundo Piaget, fundamenta cinco publicações. Essa configuração evidencia que, apesar da estreita relação entre construção da autonomia e tomada de consciência, estas não são ainda suficientemente relacionadas.

No que concerne a sua tipologia, as pesquisas voltadas à teoria e aquelas que dão destaque a estudos empíricos aparecem de forma equilibrada. Entretanto, nos artigos empíricos sobressai a ênfase na tomada de consciência ou desenvolvimento da autonomia dos alunos, dos quais apenas dois têm como participantes educandos adultos, mais especificamente, idosos e professores em serviço (estes últimos identificados como professores-alunos em formação docente). Por sua vez, os trabalhos com foco em docentes privilegiam a reflexão sobre suas práticas pedagógicas ou a construção de sua identidade profissional. Esses números podem ser um indício de uma tendência de associar as contribuições de Piaget apenas ao mundo infantil. Esse dado corroboraria a necessidade de ampliação de estudos teóricos que reforcem a inexistência de uma interrupção do desenvolvimento moral e intelectual com a aproximação da vida adulta. Como esclarece Lourenço (1998, p. 522), na teoria piagetiana, “a idade é apenas um indicador, não um critério de desenvolvimento”. Ainda de acordo com Lourenço (1998, p. 527), Piaget apontaria muito mais para “a ideia de mudança em termos de sequência de transformação do que [...] [para] a ideia de mudança em termos de cronologia de aquisição”.

Quanto aos artigos voltados à teoria, a maioria parte de esclarecimentos sobre o desenvolvimento infantil ou a respeito da formação do sujeito epistemológico de maneira mais abrangente com o intuito de provocar a tomada de consciência dos professores sobre suas ações em sala de aula. Esse movimento evidencia o dialogismo necessário nas relações entre docentes e discentes e aponta para uma reconsideração do espaço do professor no contexto escolar. A insistência na perpetuação de seu protagonismo absoluto acarretaria a diminuição de espaços para o desenvolvimento de sua própria tomada de consciência e autonomia, bem como da dos alunos.

Na sequência, ao analisarmos as obras de Piaget mais presentes nas referências dos artigos lidos, encontramos o seguinte resultado (Gráfico 2):

Fonte: Elaborado pelas autoras (ano).

Gráfico 2 Obras de Piaget nas referências dos artigos 

Das quatro referências de Piaget mais citadas nas bibliografias dos artigos selecionados, duas correspondem a obras de seu quarto período: Fazer e compreender e A tomada de consciência. De acordo com Montangero e Maurice-Naville (1998, p. 76), “os conceitos piagetianos do último período vão na direção de uma síntese entre o ponto de vista estruturalista do terceiro período e a perspectiva funcionalista do segundo”. Nos dois livros supracitados, Piaget aprofunda e faz conexões entre estudos anteriores e que mencionavam a tomada de consciência. Para o teórico suíço, o principal objetivo de Fazer e compreender era “determinar as analogias e diferenças entre ‘conseguir’, que é o resultado do ‘savoir faire’, e ‘compreender’, que é próprio da conceituação, quer esta suceda à ação ou, ao contrário, a preceda e oriente” (PIAGET, 1978, p. 10). As precisões trazidas pela referida obra auxiliam, ainda de acordo com Piaget (1978, p. 11), “a esclarecer a questão epistemológica fundamental das relações entre a técnica e a ciência”. No entanto, a utilização de Fazer e compreender, obra que sucede a publicação de A tomada de consciência, aparece sempre como complementar nos artigos analisados, não tendo sido escolhida como fonte principal para tratar do conceito de tomada de consciência.

Quanto ao conceito de autonomia moral e intelectual, a obra de referência dos artigos é O juízo moral na criança. Para La Taille (apudPIAGET, 1994, p. 20), esse é “um clássico da literatura psicológica” e a principal obra de Piaget para estudos de desenvolvimento moral (PIAGET, 1994). Sobre as obras Relações entre a afetividade e a inteligência no desenvolvimento mental da criança, Estudos sociológicos e Para onde vai a educação?, apesar de serem menos referenciadas, apresentam aportes teóricos significativos para estudos vinculados às relações sociais e à escola, que “[...] fica com boa parte da responsabilidade no que diz respeito ao sucesso final ou ao fracasso do indivíduo, na realização de suas próprias possibilidades e em sua adaptação social [...]” (PIAGET, 1974, p. 41).

4 CONCLUSÃO

No presente Estado da Arte, evidencia-se a escassez de artigos científicos publicados em revistas da área de Educação baseados em uma articulação entre os conceitos piagetianos de tomada de consciência e autonomia. Constata-se ainda que a própria definição de tomada de consciência não tem recebido grande destaque nas pesquisas divulgadas nos últimos dez anos. A disseminação de estudos que envolvam esse tema permite elucidar justamente o caminho percorrido entre o êxito e a compreensão, conhecimento essencial em contextos pedagógicos. Entretanto, a partir dos resultados aqui exibidos, questionamo-nos acerca da tímida presença da tomada de consciência nas publicações acadêmicas. Tratar-se-ia de desconhecimento da obra piagetiana ou desinteresse das linhas de pesquisa de graduação e pós-graduação em Educação do País quanto ao assunto? Acreditamos que o fato de as obras do último período de produção de Piaget serem menos exigidas e conhecidas em formações acadêmicas nacionais pode ser um dos influenciadores desses números.

A partir da análise das regiões de origem das publicações, observamos uma maior utilização da tomada de consciência em estudos no Sul do País. Esse dado abre espaço à criação de parcerias acadêmicas, visando à organização de seminários, livros ou cursos de formação docente que apresentem e tratem da tomada de consciência e de suas articulações com a autonomia. Essa divulgação mostra sua relevância ao levarmos em conta que o desenvolvimento da autonomia moral e intelectual de alunos e professores está profundamente ligado à cooperação entre ambos e à reflexão sobre suas ações.

Os dados coletados a respeito da porcentagem de estudos teóricos e empíricos, assim como das ênfases em educandos ou docentes, poderão servir como estímulo para o planejamento das iniciativas supracitadas entre instituições de ensino superior. A diversidade de temas dos artigos encontrados demonstra a potencialidade das teorias sobre tomada de consciência e autonomia para pensar a aprendizagem em contextos que vão desde a educação em saúde no Ensino Infantil até a criação de modelos pedagógicos para formação docente a distância. Notadamente, o incentivo a pesquisas teóricas permitiria novas interpretações e associações entre os conceitos-chave trabalhados nas obras do primeiro e do último período de Piaget. Tal diálogo auxiliaria a aprofundar e multiplicar estudos centrados nas condutas de educandos de diversas idades ou em reflexões acerca da profissionalidade docente, por exemplo. Com uma base de conhecimento mais sólida nesse sentido, o exercício da docência adquire novos contornos ao abrir espaço à tomada de consciência sobre as práticas pedagógicas que melhor se adaptam ao desenvolvimento da autonomia dos alunos e dos próprios profissionais da educação. Estes últimos mudam o olhar com relação aos educandos, alimentando relações de respeito mútuo, de cooperação e, consequentemente, a condução a novos patamares de consciência e autonomia.

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NOTAS:

1 No decorrer do artigo, utilizaremos as referências de datas das publicações originais de Piaget seguidas das edições em língua portuguesa a que tivemos acesso.

2 Psicogênese do conhecimento: conceito da Epistemologia Genética de Jean Piaget, relacionado aos estudos sobre a gênese dos processos mentais presentes no desenvolvimento humano.

3 Regulações Automáticas: “regulações [...] por correções parciais, negativas ou positivas, de meios, já em atuação” (PIAGET, 1978, p. 198). Regulações Ativas: “[...] fonte de escolhas deliberadas, o que supõe a consciência” (PIAGET, 1978, p. 198).

4 Abstração empírica: “tira suas informações dos objetos como tais ou das ações do sujeito em suas características materiais, portanto, de modo geral, dos observáveis” (PIAGET, 1977, p. 303 apud MONTANGERO; MAURICE-NAVILLE, 1998, p. 87).

5 Abstração reflexionante é um processo de formação de conhecimentos de natureza endógena. Ele conduz à construção de novas formas de conhecimento, tirando-as de saberes ou saber-fazer que o sujeito já possuía” (MONTANGERO; MAURICE-NAVILLE, 1998, p. 92).

Recebido: 08 de Dezembro de 2019; Aceito: 02 de Março de 2021

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