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Revista e-Curriculum

On-line version ISSN 1809-3876

e-Curriculum vol.19 no.4 São Paulo Oct./Dec 2021  Epub Apr 12, 2022

https://doi.org/10.23925/1809-3876.2021v19i4p1567-1581 

Dossiê: De que currículo precisamos em tempos de democracia fraturada

Construindo Cidadãos Digitais:Proposta Curricular “Safeweb” para Crianças e Jovens em Portugal

Building Digital Citizens:“Safeweb” Curriculum Proposal for Children and Young People in Portugal

Construyendo Ciudadanos Digitales:Propuesta Curricular "Safeweb" para Niños y Jóvenes en Portugal

i Mestre em aconselhamento dinâmico pelo Instituto Miguel Torga, Psicóloga Clínica e Diretora Técnica do CATL - PROBRANCA. E-mail: natalia.pestana@probranca.pt - ORCID Id: https://orcid.org/0000-0002-4770-3550.

ii Doutorada em Multimédia em Educação pela Universidade de Aveiro, Formadora e Coordenadora Pedagógica do projeto SafeWeb - PROBRANCA. E-mail: carolinagabrielalmeida@gmail.com - ORCID Id: https://orcid.org/0000-0002-2525-8628.

iii Doutorado em Multimédia em Educação pela Universidade de Aveiro, Investigador e Professor Adjunto no Instituto Politécnico da Guarda e colaborador do ccTIC UA. E-mail: filipertmoreira@ua.pt - ORCID Id: https://orcid.org/0000-0002-3461-9827.

iv Doutorada em Didática e eLearning pela Universidade de Aveiro, Professora em mobilidade no Centro de Competência ccTIC UA. E-mail: zeloureiro@ua.pt - ORCID Id: https://orcid.org/0000-0003-3265-5311.


Resumo

Neste artigo, apresentam-se o desenvolvimento e a validação de uma proposta curricular em Literacia Digital, no âmbito de um projeto-piloto na Branca (Portugal). O projeto SafeWeb tinha como objetivo desenvolver a literacia digital de crianças e jovens entre os 6 e os 16 anos através de oficinas de formação extracurriculares e também de pais e outros agentes educativos. Os planos de cada oficina foram validados pela equipa da PROBRANCA e pelo Centro de Competência TIC da Universidade de Aveiro (ccTIC UA). Esses planos foram parcialmente co-construídos com os alunos, uma vez que a planificação inicial foi sendo adaptada às necessidades dos alunos. Como produto final, foi possível desenvolver um Guião Orientador passível de ser aplicado em outros contextos.

Palavras-chave: Literacia digital; Aprendizagem informal; Proposta curricular

Abstract

This article presents the development and validation of a curriculum proposal in Digital Literacy, in the context of a pilot project in Branca (Portugal). The SafeWeb project aimed to develop the digital literacy of children and young people between 6 and 16 years old through extracurricular training workshops and also for parents and other educational agents. The plans for each workshop were validated by the PROBRANCA team and the ICT Competence Center from University of Aveiro (ccTIC UA). These plans were partially co-constructed with the students as the initial planning was adapted to the students' needs. As a final product, it was possible to develop a Guiding Guide that could be applied in other contexts.

Keywords: Digital Literacy; Informal learning; Curriculum proposal

Resumen

Este artículo presenta el desarrollo y la validación de una propuesta curricular en Alfabetización Digital, en el contexto de un proyecto piloto en Branca (Portugal). El proyecto SafeWeb tenía como objetivo desarrollar la alfabetización digital de niños y jóvenes de entre 6 y 16 años a través de talleres de formación extraescolar y también para padres y otros agentes educativos. Los planes de cada taller fueron validados por el equipo de PROBRANCA y la del Centro de Competencia Digital de la Universidad de Aveiro (ccTIC UA). Estos planes fueron parcialmente co-construidos con los estudiantes, ya que la planificación inicial se adaptó a las necesidades de los estudiantes. Como producto final se pudo elaborar una guía orientativa que podría aplicarse en otros contextos.

Palabras clave: Alfabetización digital; Aprendizaje informal; Propuesta curricular

1 INTRODUÇÃO

A evolução tecnológica tem progredido a uma velocidade estonteante, de tal forma que, em momento algum da humanidade, a tecnologia esteve tão presente em nossas vidas como agora (MOREIRA; LOUREIRO; CABRITA, 2020). Antes do desenvolvimento das tecnologias digitais, as tecnologias existentes permitiam, essencialmente, à humanidade ultrapassar dificuldades do mundo físico, todavia, diante das mais recentes tecnologias, acrescem-se a essa dimensão uma compreensão mais profunda do mundo físico e natural e, ainda, o desenvolvimento de novos mundos (digitais) (MOREIRA, 2021).

Portanto, hoje, é de suma importância que a criança desenvolva conhecimento sobre o mundo natural, mas também sobre a tecnologia (BERS; SEDDIGHIN; SULLIVAN, 2013), nomeadamente os artefactos tecnológicos e, mais ainda, que deles tire, em matéria de aprendizagem, o máximo proveito.

Queremos com isso afirmar que, num mundo cada vez mais globalizado, designadamente, científica e tecnologicamente, é vital desenvolver nos alunos competências essenciais para enfrentar e instigar novos desafios à sociedade atual (COUTINHO; LISBÔA, 2011). Foi nesse quadro que surgiu o projeto SafeWeb, que visou o desenvolvimento de uma proposta curricular e de um guião de conteúdos e de orientações passíveis de serem aplicados em outros contextos, especialmente o contexto de ensino formal, sob a forma de uma unidade extracurricular ou curricular para a promoção de competências de literacia digital em jovens conforme descrito na próxima secção deste artigo.

A proposta de desenvolvimento curricular que se apresenta neste artigo surge após um projeto-piloto desenvolvido pela PROBRANCA - Associação para o Desenvolvimento Social da Branca (Albergaria-a-Velha, Aveiro, Portugal) ao longo do ano letivo 2020/2021. O projeto recebeu financiamento do BPI e da Fundação “la Caixa”. A validação externa da proposta curricular foi realizada pelo Centro de Competência TIC da Universidade de Aveiro (ccTIC UA). O ccTIC UA integra a Equipa de Recursos e Tecnologias Educativas (ERTE) da Direcção-Geral da Educação de Portugal. Desenvolve projetos transversais específicos, no âmbito da integração das TIC no processo de Ensino e de Aprendizagem em colaboração com outros centros de competência, a ERTE/DGE e alguns dos seus programas nacionais e internacionais e, ainda, ocasionalmente, com unidades de investigação do Departamento de Educação e Psicologia da Universidade de Aveiro.

Preparou-se uma versão inicial de um Guião curricular com um total de 70 sessões de promoção de literacia digital destinado a cada grupo etário (PESTANA et al., 2020) de crianças e jovens com idades compreendidas entre os 6 e os 15 anos de idade, o qual foi sendo reestruturado de acordo com as necessidades e sugestões dos alunos de modo a ser uma proposta contextualizada nos desafios que estes enfrentam em seu quotidiano, nomeadamente um confinamento geral e a interrupção letiva que ocorreram em fevereiro de 2021 (o segundo confinamento desde o início da dispersão pandémica do vírus SARS-CoV-2).

As sessões ou oficinas decorreram em tempos não letivos, num espaço destinado à ocupação pedagógica e lúdica dos alunos (Centro de Atividades de Tempos Livres - CATL). Participaram de todo o estudo 52 alunos, sendo alguns deles (13) participantes a distância, através da plataforma Zoom. Esses participantes não eram clientes da instituição que acolheu a pesquisa e, atendendo às restrições impostas para conter a propagação do vírus, estavam impedidos de frequentar as sessões.

Algumas das temáticas constantes da proposta curricular foram trabalhadas em sessões destinadas a pais, encarregados de educação, e a outros adultos interessados. Estas realizaram-se online, em direto na página do Facebook da instituição. A situação pandémica anulou a possibilidade de realizar sessões presenciais, mas permitiu que a palavra dos especialistas convidados chegasse a uma audiência alargada, impossível de reunir numa sessão presencial.

2 ENQUADRAMENTO TEÓRICO

Sabe-se que cerca de um terço dos utilizadores de Internet são crianças e adolescentes menores de 18 anos e que a idade do primeiro contacto com a Internet ocorre a idades progressivamente menores (UNICEF, 2017).

A utilização da Internet durante a infância e a adolescência pode acarretar riscos, contudo permite o acesso à informação e oportunidades de desenvolvimento de competências, em especial a crianças e jovens de contextos mais desfavorecidos socialmente (UNICEF, 2017). A proposta curricular SafeWeb propicia desenvolver competências de literacia digital e alinha-se com três dos 17 objetivos para o desenvolvimento sustentável (UN, 2015): 3 - saúde e bem-estar na medida em que a utilização de recursos digitais deve ser equilibrada com outras experiências relevantes para o desenvolvimento de crianças e jovens; 4 - educação de qualidade; e 12 - consumo e produção responsáveis na medida em que crianças e jovens se configuram como consumidores de conteúdos e também produzem os seus conteúdos originais, necessitando de aprender a respeitar os direitos dos autores dos conteúdos que mobilizam para a produção dos seus próprios conteúdos, utilizando, por exemplo, licenças Creative Commons.

Promover as competências de literacia digital revela-se importante para que as crianças e jovens consigam aproveitar as potencialidades que a ligação à Internet lhes oferece, mas também diminuir a sua exposição a riscos (HELSPER, 2021).

Promover as competências digitais, a par de competências-base tradicionais (de aprendizagem, de inovação e sociais), é imperativo para as profissões futuras dos alunos (KIVUNJA, 2014) do presente e para o esclarecimento e compreensão da realidade que os rodeia, propiciando o sentido crítico num tempo em que diariamente são confrontados com enormes quantidades de informação (GUERRA et al., 2020) que necessitam filtrar.

Em linha com as conclusões e metas apresentados, as três áreas temáticas da proposta curricular foram as seguintes: riscos, potencialidades e equilíbrio e bem-estar na utilização das tecnologias.

3 METODOLOGIA

3.1 Elaboração e validação da proposta curricular

Planeou-se, com base nas três áreas identificadas (riscos, benefícios e equilíbrio e bem-estar na utilização de tecnologia), um conjunto de tópicos a abordar ao longo das cerca de 240 sessões inicialmente planificadas. Realizaram-se ao todo 180 oficinas, 72 destinadas aos alunos com idades entre os 6 e os 10 anos (1.º Ciclo do Ensino Básico (CEB)), 68 voltadas aos alunos entre os 10 e os 12 anos (2.º CEB) e 42 dedicadas aos alunos entre os 12 e os 15 anos (3.º CEB). Apesar de previamente definidas as três áreas, os participantes puderam, ao longo do desenvolvimento do projeto, sugerir temáticas a abordar. A base de dados distribuída (blockchain) e os modos de transacionamento de criptomoedas foram uma das sugestões, motivada pela atualidade mediática portuguesa.

A sequência didática iniciou-se pela contextualização histórica do surgimento da Internet, intercalou-se com a abordagem a riscos e potencialidades da exploração de recursos e dispositivos digitais, concluindo-se com a planificação de sessões de exploração de tecnologias emergentes (IoT, Internet dos sentidos).

A sequência cronológica de abordagem dos temas que se seguiu é apresentada no Quadro 1.

Quadro 1 Proposta curricular SafeWeb 

Domínio Tópico CEB
1.º 2.º 3.º
Potencialidades História da Internet/O mundo antes da Internet
Riscos Viciação online*
Riscos A pegada digital/Roubo de identidade*
Riscos Salvaguarda da privacidade online*
Riscos Ciberbullying (prevenir e reagir; ciberbullying em EaD)*
Riscos Regras para elaboração e manutenção de palavras-passe
Potencialidades Operações com criptomoeda: definições e casos atuais
Potencialidades Dicas de Pesquisa online
Potencialidades Direitos de autor/Licenças Creative Commons
Potencialidades Escrita de e-mail
Potencialidades Compras online (acompanhamento de preços e métodos de pagamento seguros)*
Bem-estar/Riscos Influenciadores digitais e conteúdos virais (filtrar informação de caráter publicitário e falsa)
Riscos Ciberataques à escala global: grandes ataques
Riscos Ameaças à segurança dos dispositivos
Bem-estar Equilíbrio online/offline em tempos de confinamento e em férias*
Bem-estar Netiqueta (boas práticas na comunicação online)
Riscos Política de privacidade (o caso do WhatsApp)
Potencialidades Conceção e avaliação de animação Stopmotion
Riscos/ Potencialidades Localização e previsão do comportamento dos utilizadores (triangulação de dispositivos móveis, assistentes virtuais e algoritmos de previsão)
Riscos/Bem-estar Literacia para os media (identificação de notícias e informações falsas)*
Bem-estar Direitos e deveres online/Direitos digitais das crianças*
Riscos Sexting e Sextrorsion*
Riscos Grooming*
Riscos (Cyber) violência no namoro
Bem-estar Discurso de ódio e empatia
Bem-estar (Distorção da) Imagem corporal
Potencialidades/ Bem-estar Cópias de segurança
Potencialidades Iniciação/Princípios de código (Scratch e MIT App Inventor)
Potencialidades Tecnologias emergentes (inteligência artificial, Internet dos sentidos, redes 5G)*
Potencialidades Tecnologias e ar livre (atividades outdoor com tecnologia)

Fonte: Os autores (2021).

Nota: *Temas abordados em oficinas destinadas a pais e encarregados de educação.

Os temas abordados em cada nível etário foram adaptados, em complexidade de abordagem e nos exemplos selecionados, à idade e maturidade dos alunos.

A proposta curricular enfatizava o desenvolvimento de competências digitais dos alunos mencionadas em documentos nacionais, como o Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória (MARTINS et al., 2017), e em documentos internacionais, como as competências relevantes para o século XXI (KIVUNJA, 2014) e os 17 objetivos para o desenvolvimento sustentável (UN, 2015).

Cada planificação foi elaborada e validada pela equipa SafeWeb, bem como pelo ccTIC UA. Elaborou-se um Questionário intermédio cujas questões permitiram recolher a avaliação dos alunos. Os resultados dessa validação são apresentados na secção 4.

3.2 Proposta curricular adaptada a pais e encarregados de educação

Uma das metas do projeto SafeWeb prendia-se com o envolvimento da comunidade, particularmente de pais e encarregados de educação. Desse modo, algumas das temáticas (assinaladas no Quadro 1 com *) foram abordadas em sessões de promoção da literacia digital de adultos, previstas inicialmente como sessões práticas presenciais, mas que a situação pandémica induziu a alterações pelo que estas foram transmitidas online, em direto no Facebook da instituição de acordo com a calendarização apresentada no Quadro 2.

Quadro 2 Mapa de oficinas de formação para pais/encarregados de educação 

N.º Oficina Data Especialista(s) Tópico(s)
1 11/02/2021 M.ª José Loureiro
Susana Senos
(ccTIC UA)
Pegada Digital
Salvaguarda da privacidade online
Grooming
Sexting e Sextorsion
Direitos e deveres online/Direitos digitais das crianças
Equilíbrio online/offline
2 11/03/2021 Daniela Gomes
(CNCS)
Compras online (acompanhamento de preços e métodos de pagamento seguros)
3 08/04/2021 Filipe Moreira
(Digimedia UA)
Tecnologias Emergentes (inteligência artificial, Internet dos sentidos, redes 5G)
4 30/04/2021 Rute Agulhas
(ISCTE)
Viciação online
5 13/05/2021 Mónica Aresta
(Digimedia UA)
Equilíbrio online/offline
Pegada Digital
Salvaguarda da Privacidade online
6 28/05/2021 Tito Morais
(MiudosSegurosNa.net)
Ciberbullying (prevenir e reagir; ciberbullying em EaD)
7 17/06/2021 Sara Moreira
(MilObs - UM)
Literacia para os media (identificação de notícias e informações falsas)
8 01/07/2021 Cristina Ponte
(NOVA-FCSH)
EU Kids Online (resultados dos estudos)

Fonte: Os autores (2021).

O alcance das oficinas foi avaliado através das métricas analíticas da plataforma Facebook. A análise de conteúdo dos comentários permitiu também analisar a pertinência das referidas oficinas. Na secção seguinte, apresentam-se os resultados desta avaliação.

4 RESULTADOS

4.1 Validação da proposta curricular e modelo de interação

A proposta curricular, apresentada no Quadro 1, foi sendo co-construída e validada pelo ccTIC UA ao longo da implementação do projeto.

A observação participante de elementos do ccTIC UA validou o modelo de interação seguido na maioria das sessões: apresentação de materiais de reflexão (vídeos, imagens, sons ou textos) e discussão em grupo de ideias acerca da temática da sessão, encorajando-se a partilha de experiências pessoais dos alunos e trabalhando o raciocínio crítico deles. Sempre que tal era possível, dinamizaram-se atividades práticas recorrendo a dispositivos digitais, respeitando as normas de higiene e segurança (desinfeção de equipamentos sempre que estes eram partilhados, por exemplo).

4.2 Avaliação da proposta curricular pelos alunos

A aplicação do questionário intermédio aos alunos que participaram no projeto SafeWeb permitiu recolher a sua autoavaliação das competências digitais e também a sua perceção acerca da pertinência e apreciação das oficinas.

Os alunos do 1.º CEB autoavaliam-se como mais conscientes, após a frequência das oficinas, dos procedimentos que devem ou não fazer e também das potencialidades que a ligação à Internet lhes oferece. Uma parte significativa dos alunos considera-se inclusive mais conhecedora da Internet do que os seus pais (dados do Gráfico 1).

Fonte: Os autores (2021).

Gráfico 1 Competências digitais dos alunos do 1.º CEB (N=23) 

Uma parte significativa dos alunos do 2.º CEB (seis alunos) não reconhece uma alteração nas suas competências, após a frequência das oficinas, relativamente aos procedimentos que devem ou não fazer e também às potencialidades que a ligação à Internet lhes oferece. Contudo, nove alunos consideram-se mais esclarecidos acerca dos procedimentos a realizar online e sete, mais conscientes das potencialidades das ferramentas online. A grande maioria dos alunos, ainda assim, julga ter aumentado as suas competências de literacia digital (terceira afirmação, apresentada a laranja no Gráfico 2).

Uma parte dos alunos de 2.º CEB (sete alunos) reputa-se mais conhecedora, após a frequência das oficinas, da Internet do que os seus pais, enquanto outra parte (cinco alunos) não notou melhorias (dados do Gráfico 2).

Fonte: Os autores (2021).

Gráfico 2 Competências digitais dos alunos do 2.º CEB (N=15) 

A maioria dos alunos do 3.º CEB (seis alunos) considera ter ampliado as suas competências de utilização de Internet, estando mais conscientes dos procedimentos adequados necessários. Também a maioria desses alunos está mais consciente das potencialidades das ferramentas online e julga-se mais conhecedora que os pais após a frequência das oficinas (dados do Gráfico 3).

Fonte: Os autores (2021).

Gráfico 3 Competências digitais dos alunos do 3.º CEB (N=8) 

A apreciação global do projeto SafeWeb foi bastante positiva; em abril de 2021, 44% dos alunos gostavam e 41% afirmavam gostar muito das oficinas, como se pode comprovar consultando o Gráfico 4.

Fonte: Os autores (2021).

Gráfico 4 Apreciação global das oficinas SafeWeb (N=46) 

Quando questionados acerca das temáticas abordadas nas sessões, a grande maioria dos alunos do 1.º CEB reconheceu utilidade à exploração das diversas ameaças à segurança dos dispositivos (vírus, phishing etc.), das dicas de escolha de palavras-passe e também à exploração dos direitos dos autores e sua salvaguarda, como se pode verificar pelos dados do Gráfico 5.

Fonte: Os autores (2021).

Gráfico 5 Apreciação dos temas abordados nas oficinas SafeWeb - Alunos do 1.º CEB (N=23) 

Os alunos do 2.º e do 3.º CEB reconheceram utilidade e apreciaram a abordagem da temática das operações com criptomoeda e do roubo de identidade online. Os procedimentos de acompanhamento de preços e pagamento seguro de compras online, as ameaças à integridade dos dispositivos ou as dicas de escolha de palavras-passe seguras foram também valorizados por esses alunos.

Fonte: Os autores (2021).

Gráfico 6 Apreciação dos temas abordados nas oficinas SafeWeb - Alunos dos 2.º e 3.º CEB (N=23) 

No mesmo questionário, os alunos foram questionados acerca das dúvidas que persistiam ou dos tópicos que gostariam de abordar em sessões futuras.

Apesar de já terem participado de diversas sessões em que se trataram acerca de procedimentos de segurança durante a navegação na Internet, cinco dos alunos do 1.º CEB manifestaram curiosidade e necessidade de conhecer melhor os procedimentos seguros na utilização de sites e aplicações (especialmente o Tik Tok). A exploração de aplicações de edição de vídeo ou de aprendizagem de línguas estrangeiras foi um dos tópicos que alguns alunos apontaram como do seu interesse.

Os alunos de 2.º CEB sugeriram aprofundar a temática da segurança de dispositivos e os procedimentos em compras online. Propuseram ainda abordar em maior detalhe os direitos de imagem. Um dos alunos expôs a sugestão de tratar sobre linguagens de programação.

Os alunos do 3.º CEB indicaram o aprofundamento da temática da segurança de dispositivos e também os procedimentos de gestão do tempo online. Um dos alunos manifestou curiosidade para conhecer as diversas partes que constituem o hardware de um computador.

Algumas dessas sugestões foram validadas e incluídas na proposta curricular.

4.3 Avaliação das oficinas destinadas a pais e encarregados de educação

As oficinas de capacitação digital, destinadas a pais e outros agentes educativos, acumularam todas mais de 1.500 visualizações, como se pode verificar através da análise do Gráfico 7.

Fonte: Os autores (2021).

Gráfico 7 Visualizações acumuladas até 29/07/2021 por oficina destinada a pais e encarregados de educação 

Em todas as sessões, a audiência deixou comentários de cumprimento, parabenização ou questões e reflexões. A generalidade dos comentários é oriunda de pais e outros familiares dos alunos participantes. Salienta-se ainda que a quarta oficina, acerca de viciação online, foi a que recebeu menos comentários, cinco no total, enquanto a primeira oficina, sobre literacia e parentalidade digital, foi a que registou o maior número de comentários, ao todo 17.

5 CONCLUSÕES

Os resultados apresentados permitem afirmar que a maioria dos alunos é da opinião de que aumentou a sua literacia digital e apreciou os temas abordados, validando a pertinência da proposta curricular desenvolvida após a implementação do projeto-piloto.

A proposta curricular apresentada e validada pode ser transferível para outros contextos, principalmente o de ensino formal. A validação do Guião desenvolvido num clube, numa oferta extracurricular ou mesmo como uma oferta curricular complementar de uma escola local, é uma das perspectivas de trabalho futuro, que se prevê iniciar brevemente.

Organizar oficinas presenciais mensais destinadas a pais e agentes educativos e avaliar as diferenças no modelo de interação é também uma das propostas de trabalho futuro, tendo em vista a participação que se verificou por parte dos encarregados de educação.

REFERÊNCIAS

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Recebido: 14 de Setembro de 2021; Aceito: 03 de Dezembro de 2021

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