SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.20 número2Diálogos (im) possíveis:Cliques, palavras e imagens: índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Compartilhar


Revista e-Curriculum

versão On-line ISSN 1809-3876

e-Curriculum vol.20 no.2 São Paulo abr./jun 2022  Epub 21-Nov-2022

https://doi.org/10.23925/1809-3876.2022v20i2p759-782 

Artigos

Paulo Freire nos grupos de pesquisa da área de Educação do CNPq a constituição de redes de sociabilidade intelectual

Paulo Freire in the CNPq Education area research groups: the constitution of intellectual sociability networks

Paulo Freire en los grupos de investigación del área de Educación del CNPq: la constitución de las redes de sociabilidad intelectual

Fernanda dos Santos PAULOi 
http://orcid.org/0000-0002-8022-9379

Mônica TESSAROii 
http://orcid.org/0000-0003-4784-3606

i Doutora em Educação. Professora do curso de Pós-graduação lato sensu “Paulo Freire e a Pedagogia da Libertação”, promovido pela Faculdade Censupeg, o Instituto Vívere, o Consejo de Educación Popular de América Latina y el Caribe (CEAAL) e a Campanha Latino-Americana e Caribenha em Defesa do Legado de Paulo Freire. E-mail: fernanda.paulo@unoesc.edu.br - ORCID iD: https://orcid.org/0000-0002-8022-9379.

ii Doutora em Educação. Professora do curso de Psicologia da Universidade do Contestado. E-mail: m_tessaro@unochapeco.edu.br - ORCID iD: https://orcid.org/0000-0003-4784-3606.


Resumo

O estudo tem por objetivo identificar e analisar a presença de Paulo Freire nos grupos de pesquisa cadastrados no Diretório de Grupos do CNPq, vinculados na área da Educação. Trata-se de uma pesquisa qualitativa bibliográfica. Dezesseis grupos de pesquisa estão compondo nossa amostra. Os dados oportunizaram a compreensão a respeito da configuração dos temas de pesquisa, e, ainda, foi possível verificar quais grupos constituem redes de sociabilidade entre si. Nesse sentido, a presença de Paulo Freire é representada por dois temas centrais: formação de professores e práticas pedagógicas. Além desses temas centrais, localizamos quatro elementos que os conectam ao pensamento freiriano, a saber: epistemológico, político-pedagógico, ético e metodológico.

Palavras-chave: Paulo Freire; grupos de pesquisa; redes de sociabilidade

Abstract

The study aims to identify and analyze the presence of Paulo Freire in research groups registered in the Directory of CNPq Groups, linked in the field of Education. This is a qualitative bibliographic research. Sixteen research groups are composing our sample. The data provided an opportunity to understand the configuration of the research themes, and it was also possible to verify which groups constitute networks of sociability among themselves. In this sense, Paulo Freire's presence is represented by two central themes: teacher training and pedagogical practices. In addition to these central themes, we located four elements that connect them to Freire's thought, namely: epistemological, political-pedagogical, ethical and methodological.

Keywords: Paulo Freire; research groups; sociability networks

Resumen

El estudio tiene como objetivo identificar y analizar la presencia de Paulo Freire en grupos de investigación registrados en el Directorio de Grupos del CNPq, vinculados en el ámbito de la Educación. Se trata de una investigación bibliográfica cualitativa. Dieciséis grupos de investigación componen nuestra muestra. Los datos brindaron la oportunidad de comprender la configuración de los temas de investigación, y también fue posible verificar qué grupos constituyen redes de sociabilidad entre sí. En este sentido, la presencia de Paulo Freire está representada por dos temas centrales: la formación del profesorado y las prácticas pedagógicas. Además de estos temas centrales, ubicamos cuatro elementos que los conectan con el pensamiento de Freire, a saber: epistemológico, político-pedagógico, ético y metodológico.

Palabras clave: Paulo Freire; grupos de investigación; redes de sociabilidad

1 INTRODUÇÃO

Este estudo é dedicado ao centenário de Paulo Freire, um dos educadores mais reconhecidos em nível global; contudo, na atual conjuntura política, Paulo Freire vem sendo alvo de ataques, com conservadores associando sua obra à má qualidade da educação brasileira. Portanto, num contexto em que a ciência, a escola, a universidade e a educação pública são taxadas como inimigos do povo, desenvolver o presente texto é um ato de esperança frente a onda ultraconservadora (MILITÃO, 2020).

Assim, o objetivo deste artigo é identificar e analisar a presença de Paulo Freire nos grupos de pesquisa da área da educação cadastrados no Diretório de Grupos de Pesquisa no Brasil do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Investigar as pesquisas em curso sobre o pensamento de Paulo Freire possibilita identificar suas contribuições na área educacional, bem como conhecer quem são os pesquisadores que vêm realizando pesquisas com o referencial freiriano.

Paulo Freire tem sido objeto e referencial teórico de pesquisas em diversos campos do conhecimento: entre eles, destacamos os campos da educação, políticas sociais e saúde. Nesta pesquisa, enfatizamos a influência do pensamento freiriano na área da educação superior, uma vez que constatamos a amplitude de seu pensamento como base para pensar e construir uma educação transformadora em diferentes contextos, incluindo as universidades e os grupos de pesquisas. Pois, de acordo com Freire, Braga e De Castro Ariovaldo (2021, p. 6), Paulo Freire não foi apenas o criador do método de alfabetização, segundo os autores, “Paulo é um filósofo da educação que passeou com sua genialidade nos campos mais diversos do conhecimento humano, inclusive com muita influência no ensino superior”.

Contudo, a pesquisa de Bertolin e Bohrz (2020), que investigou a presença do pensamento freiriano referente ao diálogo, à autonomia e à contextualização do saber nas práticas educacionais docentes no contexto da educação superior semipresencial (realidade cada vez mais comum, sobretudo, nas licenciaturas), inferiu que, apesar de localizar evidências freirianas nesse contexto, existem fragilidades, principalmente, no que diz respeito às relações dialógicas, que possibilitam a humanização e transformação da educação por meio da práxis educativa dos sujeitos. Mesmo localizando a presença e influência de Paulo Freire no contexto da educação superior em diferentes modalidades, a saber: presencial, semipresencial, lato-sensu e stricto-sensu, precisamos aprofundar suas categorias analíticas em prol da democratização do papel da universidade na luta pela superação das assimetrias sociais, sobretudo, no que tange ao conhecimento científico e ao conhecimento do senso comum.

Nesse caso, uma das formas, consideradas neste texto, para desvelar suas categorias analíticas, é por meio dos grupos de pesquisas constituídos nas instituições de ensino superior, uma vez que pesquisas dessa natureza ainda são pouco exploradas. A título de ilustração, localizamos o estudo de Oliveira, Mota Neto e Hage (2011). Os autores publicaram um artigo sobre a presença de Paulo Freire nos grupos de pesquisa do CNPq: mesmo não utilizando como critério a área da educação, os autores localizaram quatro eixos de investigação, que oportunizaram identificar a presença de Paulo Freire: “estudos sobre a obra de Paulo Freire; a relação entre filosofia e educação e a formação crítico-interrogativa nos processos educativos; a influência de Paulo Freire na formação e nas práticas educativas; a presença de Paulo Freire nos sistemas públicos de ensino”(OLIVEIRA; MOTA NETO; HAGE, 2011, p. 9).

Recentemente, Oliveira e Santos (2018, p. 106) verificaram a presença de Paulo Freire na América Latina e nos Estados Unidos, mediante “revisão bibliográfica, pesquisas on-line, visita a universidades via website, contatos via e-mail e entrevista aberta com professores freireanos, participação em eventos, com registro sobre as Cátedras Paulo Freire”. Entre os resultados da pesquisa bibliográfica, as autoras concluíram que Paulo Freire tem sido referência teórico-prática no contexto norte-americano e na américa-latina por meio de “formações, eventos e publicações, [...] projetos educacionais e grupos de pesquisas” (OLIVEIRA; SANTOS, 2018, p. 136).

Ainda no que tange aos estudos já publicados sobre grupos de pesquisas cadastrados no CNPq, localizamos a pesquisa de Paulo, Zitkoski e Lodi (2018, p. 224), na qual constataram que:

Os grupos e as linhas de pesquisas, vinculados a programas de Pós-Graduação em Educação, que possuem o nome Paulo Freire estão associados às pessoas que estão inseridas em redes de pesquisadores e de pesquisadoras de temas freirianos. Além disso, verificamos que as obras de Paulo Freire são estudadas nas universidades do Rio Grande do Sul a partir de temas centrais, como: perspectiva teórica e epistemológica, Filosofia, Educação, Pensamento Latino Americano, Ciência e Tecnologia, influências na educação brasileira - nos espaços escolares e não escolares.

Nessa mesma linha, Vieira (2020) defende a tese de que o ciclo gnosiológico freiriano possibilita a construção dos saberes da docência universitária por meio do ensino e da pesquisa, sendo os grupos de pesquisas um meio de produção do conhecimento mediatizado pela reflexão sobre a prática, o que permite construir e divulgar o conhecimento à comunidade científica e à comunidade como um todo. Em outras palavras, na perspectiva dos grupos de pesquisa reside a dimensão da coletividade e da articulação entre o rigor científico e o saber popular.

A prática da participação nos grupos de pesquisa, na perspectiva freiriana, exige exercício do diálogo, pois, de acordo com Abensur e Saul (2021, p. 24), “decisões coletivas que têm origem em grupos democráticos não podem atropelar o indivíduo”. Nesses termos, consideramos essencial a constituição de redes de sociabilidade entre os grupos de pesquisa, pois é por meio delas que as instituições de ensino superior poderão criar espaços, estratégias e condições concretas para a democratização e humanização da educação.

Diante desse breve resgate bibliográfico, situamos alguns estudos publicados sobre a presença de Paulo Freire no contexto das universidades brasileiras, mais especificamente nos grupos de pesquisa. Acreditamos na atualidade e relevância desse estudo. Trata-se de uma forma de apresentar as abordagens teórico-metodológicas que estão em curso e que (re)inventam Paulo Freire numa perspectiva de construção coletiva a partir da realidade concreta em que todos nós, homens e mulheres, estamos inseridos.

O próprio Paulo Freire afirmava seu desejo de ser constantemente reinventado; em suas palavras: “sempre digo que a única maneira que alguém tem de aplicar, no seu contexto, alguma das proposições que fiz é exatamente refazer-me, quer dizer, não seguir-me. Para seguir-me, o fundamental é não seguir-me” (FREIRE, 1985, p. 41). No contexto dos grupos de pesquisa, compreendemos que reinventar Paulo Freire não está circunscrito apenas no campo teórico, mas, sobretudo, no campo da concretude, no aqui-agora, ou seja, reinventar Paulo Freire perpassa a reflexão crítica, que envolve a coerência entre os processos históricos que vivenciamos e as lutas que defendemos.

Diante dessas indicações, a seguir, passaremos a apresentar os resultados da pesquisa bibliográfica que realizamos nos grupos de pesquisa do Diretório CNPq. Inicialmente, colocamos em tela aspectos relacionados à caracterização dos grupos; em seguida, analisamos qualitativamente a presença de Paulo Freire no contexto desses grupos vinculados às universidades brasileiras.

1.1 Percurso metodológico

Trata-se de uma pesquisa qualitativa bibliográfica. Estudos dessa natureza buscam desvelar dados passados e/ou registros realizados por pesquisas anteriores, com vistas a amparar o pesquisador na compreensão do seu tema/problema, tendo como objetivo contribuir com o avanço do conhecimento (GIL, 2008). E, para análise dos dados, utilizamos a perspectiva da pedagogia crítica com base na hermenêutica dialética de Paulo Freire (MARAFON, 2001; BOMBASSARO, 2018; PAULO, 2018), isto é, buscamos a interpretação dos núcleos conceituais, enquanto um processo compreensivo e analítico.

Dessa forma, buscamos apreender as contribuições teórico-metodológicas da pedagogia freiriana para os grupos de pesquisa da área da educação que se utilizam desse referencial. Para tanto, nosso material empírico é, nas palavras de Freire (1981, p. 34), “a realidade concreta”, situando-se na descrição dos grupos de pesquisa, ou seja, “se me interessa conhecer os modos de pensar e os níveis de percepção do real dos grupos populares, estes grupos não podem ser meras incidências de meu estudo” (FREIRE, 1981, p. 35).

Desse modo, nosso interesse centra-se em examinarmos “o processo de produção do conhecimento científico” (BORDA, 1981, p. 44) dos grupos de pesquisa, bem como localizarmos quais são os grupos de pesquisa da área da educação que se utilizam do referencial freiriano, quem são os líderes e em quais universidades estão vinculados, e, ainda, verificarmos quais são as temáticas de investigação de cada grupo.

Dessa forma, nossa busca pelos grupos de pesquisa ocorreu por meio do acesso ao site do Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq (https://lattes.cnpq.br/web/dgp), usando como descritor, na aba de pesquisa, Paulo Freire. A identificação dos grupos ocorreu por meio do uso dos seguintes filtros: nome do grupo; nome da linha de pesquisa e palavra-chave da linha de pesquisa, na situação: certificado. Ao todo, foram localizados 49 grupos de pesquisa.

Na segunda etapa, estabelecemos alguns critérios de inclusão da nossa amostra, a saber: i) estar cadastrado na área da educação; ii) anunciar na descrição do grupo de pesquisa o termo selecionado para a busca “Paulo Freire”. Como critérios de exclusão: i) foram excluídos da amostra todos os grupos de pesquisa que não citavam nas repercussões dos trabalhos do grupo o termo da nossa busca.

Ao todo, foram selecionados 16 grupos para fazer parte da nossa amostra. Os dados desses grupos foram analisados em dois blocos. No bloco A, identificamos as principais características de cada grupo selecionado, contemplando os seguintes dados: nome do grupo, líder(es), instituição, estado, região e os temas centrais de cada grupo. No bloco B, analisamos qualitativamente a presença de Paulo Freire no contexto concreto das universidades.

1.2 Bloco A: Caracterização dos Grupos de Pesquisas certificados no CNPq

No quadro 1, estão representadas as informações pertinentes ao bloco A, onde identificamos as principais características dos grupos de pesquisa.

Quadro 1 Caracterização dos grupos de pesquisas da área da Educação que citam Paulo Freire 

Região Estados Universidades Nome do grupo Líder (es)
SUL Paraná Universidade Federal da Integração Latino-Americana - UNILA Postulados sobre Paulo Freire para Educação Catarina Costa Fernandes
Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Educação dialógica e problematizadora em espaços escolares e não escolares: práticas pedagógicas fundamentadas em Paulo Freire Lucimara Cristina de Paula
Rio Grande do Sul Universidade Federal de Santa Maria - UFSM DIALOGUS - Educação, Auto(trans)formação e Humanização com Paulo Freire Celso IlgoHenz;
Joze Medianeira dos Santos de Andrade
Santa Catarina Universidade Comunitária da Região de Chapecó - UNOCHAPECO PALAVRAÇÃO - Grupo de Pesquisa em Educação Ivo Dickmann;
Jéssica Bedin
SUDESTE São Paulo Universidade Católica de Santos - UNISANTOS Currículo e formação de professores: diálogo, conhecimento e justiça social Alexandre Saul Pinto
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP Diálogos e Indagações sobre Escolas e Educação Matemática Ana Paula dos Santos Malheiros
Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP Grupo de Estudos e Pesquisas em educação de jovens e adultos Nima Imaculada Spigolon;
Sandra Fernandes Leite
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC/SP O pensamento de Paulo Freire na educação brasileira Ana Maria Saul
Rio de Janeiro Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO Técnicas, Ciências e Artes Maria Auxiliadora Delgado Machado;
Lucia Helena Pralon de Souza
Universidade Federal Fluminense - UFF Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Paulo Freire e Educação Popular - GEPEP, UFF Diego Chabalgoity
Minas Gerais Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC Minas Currículo crítico, educação transformadora: políticas e práticas Teodoro Adriano Costa Zanardi
NORDESTE Bahia Universidade do Estado da Bahia - UNEB Núcleo de Estudo, Pesquisa e Extensão Educacional Paulo Freire Sônia Maria Alves de Oliveira Reis;
Solange Montalvão de Oliveira
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB Núcleo de Estudos e Pesquisas Paulo Freire (NEPAF) Maria de Cássia Passos Brandão Gonçalves;
Inês Angélica Andrade Freire
Pernambuco Universidade de Pernambuco - UPE O Lugar da Interdisciplinaridade no Discurso de Paulo Freire Maria de Fátima Gomes da Silva;
Gilvaneide Ferreira de Oliveira
NORTE Roraima Universidade Federal de Roraima - UFRR Paulo Freire e Educação de Jovens e Adultos na Amazônia Setentrional Sebastião Monteiro Oliveira
Pará Universidade do Estado do Pará - UEPA Núcleo de Educação Popular Paulo Freire Ivanilde Apoluceno de Oliveira;
Tânia Regina Lobato dos Santos

Fonte: Dados da pesquisa bibliográfica.

Conforme representação no quadro 1, na região Sul, as pesquisas envolvendo Paulo Freire estão distribuídas nos três estados, a saber: Rio grande do Sul, Santa Catarina e Paraná; esse último conta com dois grupos de pesquisa. Na região Sudeste, o estado de São Paulo concentra quatro grupos de pesquisa; já o estado do Rio de Janeiro possui dois grupos, e Minas Gerais possui um grupo registrado. No Nordeste, localizamos três grupos: dois no estado da Bahia e um no estado de Pernambuco. Já na região Norte, temos um grupo no Pará e um grupo em Roraima. Chamamos a atenção para a região Centro-Oeste, que não possui nenhum grupo certificado no Diretório CNPq.

Outro item que gostaríamos de destacar é que a maioria das universidades que concentram os grupos de pesquisa sobre Paulo Freire são públicas (federais e/ou estaduais), representando 75% (n=12), outras 18,75% (n=3) são católicas, e 6,25% (n=1) têm caráter comunitário, ou seja, as discussões envolvendo o pensamento freiriano, prioritariamente, estão situadas em contextos de educação pública. Para Beisiegel (2018, p. 12), “Paulo Freire dedicou-se intensivamente à procura de respostas criadoras para questões colocadas pelas condições de vida das massas desfavorecidas”, e essa dedicação ecoa no contexto do ensino superior quando Freire defende a necessidade de o ensino público (aqui entendemos o ensino em todos os níveis - educação básica e superior) acolher as lutas dos desfavorecidos socialmente. Portanto, acreditamos, de antemão, que os grupos de pesquisas certificados no Diretório do CNPq têm por objetivo rastrear e refletir sobre as obras de Freire, bem como estimular uma mudança social por meio de um quefazer educacional dialógico e humanizador (FREIRE, 1987).

Em linha com essas observações, apresentamos, no quadro 2, os temas centrais estudados por cada grupo, bem como a atual formação e ocupação de seus líderes. Essa caracterização nos permitiu acesso aos principais temas de pesquisa que estão sendo estudados no contexto do ensino superior brasileiro, os quais envolvem a concepção pedagógica freiriana.

Quadro 2 Principais temas de interesse dos grupos de pesquisa 

Grupo Tema central Ocupação atual dos líderes
Postulados sobre Paulo Freire para Educação Analisa a influência de Paulo Freire no currículo da formação de professores. Dra. Catarina Costa Fernandes, Professora Adjunta da Universidade Federal da Integração Latino Americana- UNILA. Atua nas linhas de pesquisa: Currículo. Educação Inclusiva. Formação Docente. Práticas Pedagógicas.
Currículo crítico, educação transformadora: políticas e práticas Objetiva criar um espaço de pesquisa-ação a partir da perspectiva de um currículo crítico-emancipatório para a educação básica. Dr. Teodoro Adriano Costa Zanardi, Professor Adjunto IV do Programa de Pós-Graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Desenvolve estudos na área da Educação, com ênfase no campo do currículo, educação integral, ensino médio e pedagogia freireana.
Currículo e formação de professores: diálogo, conhecimento e justiça social Volta-se, sobretudo, para a análise de políticas e práticas de educação comprometidas com os princípios da educação emancipadora. Dr. Alexandre Saul Pinto, Docente pesquisador da Universidade Católica de Santos (UniSantos), atuando no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação (Mestrado e Doutorado). Suas pesquisas centram-se sobre o pensamento de Paulo Freire na educação brasileira.
Diálogos e Indagações sobre Escolas e Educação Matemática Processos de ensino aprendizagem e a formação do professor que ensina Matemática. Dra. Ana Paula dos Santos Malheiros, Professora vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática PPGEM, da UNESP, Rio Claro. Tem interesse pelos temas Educação Matemática e Formação de Professores.
DIALOGUS - Educação, Auto(trans)formação e Humanização com Paulo Freire O grupo realiza estudos na área da Educação, tendo como foco a Formação de Professores da rede pública do estado do Rio Grande do Sul. Dr. Celso Ilgo Henz, Professor titular da Universidade Federal de Santa Maria e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Educação. Tem interesse pelos seguintes temas de pesquisa: formação de professores, educação humanizadora.

Dra. Joze Medianeira dos Santos, Docente efetiva do Instituto Federal Farroupilha. Tem interesse pelos temas de pesquisa: formação de professores, dialogicidade, amorosidade, educação humanizadora.
Grupo de Estudos e Pesquisas em educação de jovens e adultos Examina criticamente as políticas públicas para a EJA, com destaque para o papel do Estado. Dra. Nima Imaculada Spigolon, Professora no programa de Pós-Graduação em Educação e Coordenadora do Mestrado Profissional em Educação Escolar, da UNICAMP. Atua com os seguintes temas: Educação de Jovens e Adultos, Paulo Freire e Elza Freire, Formação de professores.

Dra. Sandra Fernandes Leite, Professora do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação da UNICAMP. Tem interesse pelo tema Educação de Jovens e Adultos.
Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Educação dialógica e problematizadora em espaços escolares e não escolares: práticas pedagógicas fundamentadas em Paulo Freire Realiza estudos dialogados sobre a epistemologia de Paulo Freire para o desenvolvimento de práticas pedagógicas dialógicas, problematizadoras, desveladoras da realidade e respeitosas, que possibilitem relações de conhecimento e de trabalho igualitárias, democráticas e solidárias nos contextos escolares e não escolares. Dra. Lucimara Cristina de Paula, Docente do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Desenvolve pesquisas sobre: Formação inicial e continuada de professores.
Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Paulo Freire e Educação Popular - GEPEP, UFF Formação de educadores populares. Dr. Diego Chabalgoity, Docente (na graduação) adjunto C2 da Universidade Federal Fluminense -UFF, no Departamento de Ciências Humanas do INFES - UFF, em Santo Antônio de Pádua/RJ, onde atualmente ocupa o cargo de vice-coordenador do curso de Pedagogia. Desenvolve pesquisas sobre o pensamento de Paulo Freire.
Núcleo de Educação Popular Paulo Freire Desenvolve atividades de ensino, pesquisa e extensão no campo da educação popular. Dra. Ivanilde Apoluceno de Oliveira, Docente do Programa de Pós-Graduação em Educação e professora titular da Universidade do Estado do Pará. Tem interesse pelos seguintes temas de pesquisa: educação especial, educação de jovens e adultos, inclusão, educação popular, filosofia, filosofia da educação e ética.

Dra. Tânia Regina Lobato dos Santos, Professora titular da Universidade do Estado do Pará, do Programa de Mestrado e Doutorado em Educação CCSE-UEPA. Desenvolve pesquisas sobre políticas públicas, formação de professores, fazendo interface com a Educação Especial, Educação Popular.
Núcleo de Estudo, Pesquisa e Extensão Educacional Paulo Freire Refletir e elaborar, através da pesquisa, propostas que contribuam para o desenvolvimento da prática educativa dos professores. Dra. Sônia Maria Alves de Oliveira Reis, Professora Adjunta da Universidade do Estado da Bahia, onde atua na graduação e nos cursos de especialização lato sensu. É professora externa do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEd/UESB). Atua com os seguintes temas de pesquisa: educação de jovens, adultos e idosos, mulheres, práticas educativas, alfabetização e letramento.

Ma. Solange Montalvão de Oliveira, Professora auxiliar da UNEB - Campus XII - Guanambi, e do Colégio Estadual Governador Luiz Viana Filho - Guanambi. Pesquisa na área de ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa, Crenças sobre ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa como língua materna, Formação de professores de Língua Portuguesa.
Núcleo de estudos e pesquisas Paulo Freire (NEPAF) Parte da importância dos estudos de Paulo Freire acerca dos processos de libertação, consciência crítica e autonomia, que perpassam não só pela EJA como também pela formação docente numa perspectiva de formação humana. Dra. Maria de Cássia Passos Brandão Gonçalves, Professora da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, do Departamento de Ciências Humanas e Letras (Graduação). Pesquisadora na área de formação de professor, formadores de professores e educação de jovens e adultos.

Dra. Inês Angélica Andrade Freire, Professora Adjunta com Dedicação Exclusiva do Departamento de Ciências e Tecnologias (DCT) na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) e exerce suas atividades acadêmicas no Curso de Licenciatura em Matemática com Enfoque em Informática. Tem interesse pelos temas: Educação Matemática.
O Lugar da Interdisciplinaridade no Discurso de Paulo Freire Busca fomentar reflexões sobre o texto freireano que possibilitem o diálogo e a parceria entre educadores e educandos no "quefazer" pedagógico. Dra. Maria de Fátima Gomes da Silva, Docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Pernambuco-PPGE-UPE. Atua nos seguintes temas: formação de professores; práticas docentes; estudos transdisciplinares e interdisciplinares; estudos sobre brinquedos e brincadeiras; educação infantil; pedagogia freireana e formação de pessoas para o desenvolvimento local sustentável.

Dra. Gilvaneide Ferreira de Oliveira, Professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco, no Departamento de Educação/área de Métodos e Técnicas de Ensino, onde desenvolve atividades de ensino, pesquisa e extensão nas áreas de formação de Professores e da Identidade Docente, Práticas Pedagógicas Interdisciplinares e Transdisciplinares, Infância, Juventude e Sexualidade na Escola, Currículo das Ciências Naturais e Educação Socioambiental.
O pensamento de Paulo Freire na educação brasileira Visa a identificar e analisar a influência do pensamento de Paulo Freire, um dos mais importantes educadores do século XX, na educação pública brasileira, na perspectiva de sua reinvenção. Dra. Ana Maria Saul, Professora titular da PUC-SP, atuando nos Programas de Pós-Graduação em Educação: Currículo e Educação e no Mestrado Profissional: Formação de Formadores. Desenvolve pesquisas sobre o pensamento de Paulo Freire.
PALAVRAÇÃO - Grupo de Pesquisa em Educação Desenvolve pesquisas sobre o tema Educação Ambiental, tendo como base o pensamento-epistemologia de Paulo Freire. Dr. Ivo Dickmann, Professor Titular do Programa de Pós-Graduação em Educação e do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde - Unochapecó. Desenvolve pesquisas sobre Paulo Freire e a Educação Ambiental.

Ma. Jéssica Bedin, Professora e Coordenadora do curso de Biblioteconomia EaD da Unochapecó. Desenvolve estudos acerca do pensamento freiriano e biblioteconomia.
Paulo Freire e Educação de Jovens e Adultos na Amazônia Setentrional O grupo de pesquisa sobre a Educação Popular, EJA e o educador Paulo Freire. Dr. Sebastião Monteiro Oliveira, Professor adjunto IV da Universidade Federal de Roraima. Participa do Programa de Pós-Graduação em Educação (Mestrado Acadêmico), na UFRR. Tem interesse pelos seguintes temas: EJA, currículo e o pensamento de Paulo Freire.
Técnicas, Ciências e Artes A ideia é contribuir para a formação de pesquisadores e docentes comprometidos com a busca e defesa da autonomia docente, a partir de ações emancipatórias tanto no que se refere às práticas educativas, à produção de materiais pedagógicos e à pesquisa científica. Dra. Maria Auxiliadora Delgado Machado, Coordenadora do programa de Pós-Graduação em Educação da UNIRIO - PPGEdu - Mestrado e Doutorado. Desenvolve pesquisa em formação inicial e continuada de professores de ciências a partir da relação ciência e artes nas perspectivas de Paulo Freire e de Gaston Bachelard.

Dra. Lucia Helena Pralon de Souza, Professora na graduação e no Programa de Pós-Graduação em Educação. Seus interesses de pesquisa são: educação em ciências e saúde, linguagens/imagens da ciência e formação inicial e continuada de professores.

Fonte: Dados da pesquisa bibliográfica.

Quanto aos líderes de cada grupo, realizamos uma busca no Currículo Lattes de cada um, com objetivo de identificarmos a atual formação e ocupação desses profissionais. Dos 24 líderes, 91,67% (n=22) são doutores e 8,33% (n=2) são mestres, dos quais, 70,84% (n=17) são professores vinculados a Programas de Pós-Graduação na área da Educação, outros 25% (n=6) são professores vinculados a cursos de graduação, e apenas 4,16% (n=1) têm a indicação na súmula do Currículo Lattes que atua em uma escola pública de educação básica.

Além disso, foi possível verificar vínculos existentes entre os líderes dos grupos e os importantes eventos científicos que aproximam os pesquisadores de Paulo Freire. Na figura 1, apresentamos as principais conexões (redes de sociabilidade intelectual) entre os líderes dos grupos.

Fonte: Dados da pesquisa bibliográfica.

Figura 1 Redes de sociabilidade intelectual entre os líderes dos grupos de pesquisa 

Conforme podemos observar, pelo menos dois eventos científicos (Colóquio Internacional Paulo Freire e o Fórum de estudos: leituras de Paulo Freire) conectam todos os líderes dos grupos de pesquisa, e, ainda, a Rede Freireana de Pesquisadores é um espaço de trocas coletivas entre os pesquisadores interessados pelo pensamento freiriano. Dessa forma, os dados, da pesquisa bibliográfica realizada no currículo Lattes dos líderes dos grupos de pesquisa, nos indicaram a influência desses eventos na promoção do diálogo, reflexões e criação de redes de sociabilidade entre pesquisadores e universidades interessados no aprofundamento teórico-metodológico do pensamento de Paulo Freire.

Quanto às redes criadas entre os pesquisadores, chamamos a atenção para a líder do grupo: O pensamento de Paulo Freire na educação brasileira - Dra. Ana Maria Saul, pesquisadora que possui a maior sociabilidade entre os demais grupos, mantendo vínculos com os seguintes pesquisadores: i) Dr. Teodoro Costa Zanardi (Líder do grupo: Currículo crítico, educação transformadora: políticas e práticas) foi orientando de doutorado de Ana Maria Saul, publicaram textos juntos e participam dos principais eventos sobre Paulo Freire; ii) Dr. Alexandre Saul Pinto (Líder do grupo: Currículo e formação de professores: diálogo, conhecimento e justiça social) possui inúmeros trabalhos publicados em conjunto com Ana Maria Saul; iii) Dra. Ivanilde Apoluceno de Oliveira (Líder do grupo: Núcleo de Educação Popular Paulo Freire) participa de grupos de pesquisa em comum com Ana Maria Saul, possuem publicações em coletâneas sobre Paulo Freire; iv) Dra. Maria de Fátima Gomes da Silva (Líder do grupo: O Lugar da Interdisciplinaridade no Discurso de Paulo Freire) já participou de entrevistas/mesas redondas/programas e comentários na mídia junto com Ana Maria Saul.

O pesquisador Alexandre Saul Pinto possui três vínculos, a saber: i) Dr. Teodoro Costa Zanardi, ambos são integrantes do grupo de pesquisa liderado por Ana Maria Saul; publicaram e apresentaram trabalhos em eventos; ii) Dra. Ana Maria Saul, participam de grupos de pesquisa em comum e publicaram artigos em periódicos; iii) Dra. Ivanilde Apoluceno de Oliveira, já coordenaram mesas em Conferências e participam de grupos de pesquisa.

E, ainda, localizamos os pesquisadores da região Sul: Dr. Ivo Dickmann e Dr. Celso Ilgo Henz, que possuem vínculo por de meio de publicações já realizadas em coletâneas e participação em bancas de mestrado/doutorado.

De acordo com essas informações, inferimos que a região Sudeste é a que mais possui potencial de sociabilidade entre os grupos de pesquisa, além do vínculo regional: observa-se que a rede relacional ultrapassa a fronteira regional, havendo trocas com as regiões norte e nordeste. Na região sul, vimos reciprocidade entre pesquisadores do estado de Santa Catarina (Ivo Dickmann) e Rio Grande do Sul (Celso Ilgo Henz). Ambos com participação frequente no Fórum de estudos: leituras de Paulo Freire, realizado no estado do Rio Grande do Sul.

É válido lembrar que sociabilidade é aqui entendida como ação recíproca, isto é, ações de interação entre os líderes dos grupos. Costa, Espíndola e Galvíncio (2014) destacam que a construção de redes de sociabilidades possibilita traçar afinidades políticas e culturais nos diferentes espaços educativos, sejam escolares ou não escolares. Em concordância com os autores, atentamos que o Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq possibilita a construção de uma ampla e significativa rede de sociabilidade, que, além de identificar e caracterizar a construção da trajetória intelectual de pesquisadores que se inspiram em Paulo Freire em suas pesquisas, poderá construir parcerias de interlocução visando a promoção de trabalhos colaborativos interinstitucionais como modo de potencializar e difundir o pensamento freiriano.

Castells (1999) nos convida a reflexões, debates e discussões acerca da construção ou viabilidade de uma sociedade em rede. No caso particular do nosso estudo bibliográfico, vislumbramos a potencialidade de tecermos redes de pesquisa, reconhecendo limites e possibilidades no seu percurso. A possibilidade é ampliar o espaço de estudos e diálogos sobre ou a partir de Paulo Freire, via grupos de pesquisas, o que inclui a viabilidade de um trabalho colaborativo em rede de pesquisadores locais, regionais, nacionais e internacionais, através da tessitura de conexões de pesquisa, ou seja, de constituição de redes de sociabilidades. Já os limites, estão circunscritos na sobrecarga do trabalho docente, o que muitas vezes inviabiliza a criação de espaços-tempos destinados às trocas coletivas e colaborativas.

Quanto aos principais temas de estudo dos grupos de pesquisa, destacamos: Formação de professores; práticas pedagógicas dialógicas, humanizadoras e problematizadoras; currículo; educação básica; educação emancipadora; políticas públicas; a EJA; educação popular e epistemologia freiriana. Esses resultados referentes aos temas de pesquisa se aproximam dos dados já apurados por outros pesquisadores (OLIVEIRA; MOTA NETO; HAGE, 2011; OLIVEIRA; SANTOS, 2018; PAULO; ZITKOSKI; LODI, 2018).

As pesquisas nos indicam a necessidade de trabalhar temas a partir das situações-problemas presentes no cotidiano escolar; portanto, a utilização de práticas pedagógicas dialógicas, humanizadoras e problematizadoras, como nos indicam os grupos de pesquisa, cria condições para que os docentes possam analisar suas práticas, com o objetivo de promover mudanças epistemológicas e político-ideológicas (ABENSUR; SAUL, 2019). Dessa forma, ainda ancoradas em Abensur e Saul (2019), compreendemos que é no contexto dos grupos de pesquisas que o professor-pesquisador tem a oportunidade de fortalecer sua opção teórico-metodológica e se preparar para enfrentar os conflitos presentes no processo de ensino e aprendizagem.

Nesse sentido, chamamos a atenção para as temáticas da formação docente e das práticas pedagógicas, que, neste estudo, ganham destaque especial, ou seja, atualmente, vimos no contexto universitário uma preocupação em discutir a respeito da formação docente e da (trans)formação das práticas pedagógicas. Acreditamos que essa preocupação dos pesquisadores esteja associada às ligeiras mudanças de ordem neoliberal no contexto das políticas de formação docente e da reconfiguração das universidades que oferecem cursos de licenciaturas (PAULO, 2018).

Com base nessas afirmações, a relação entre Freire e a universidade apoia-se na dimensão política da práxis educativa, que não está isolada da dimensão epistemológica. Significa dizer que a prática pedagógica docente não está dissociada das vivências e experiências de vida desse profissional, configurando, assim, a necessidade de constituição de grupos de pesquisa que possam construir novos conhecimentos, opondo-se à educação bancária (PAULO; ZITKOSKI; LODI, 2018).

Diante desses dados, analisaremos, a seguir, os principais temas de estudo presentes nos grupos de pesquisa CNPq que estão fazendo parte da nossa amostra.

1.3 Bloco B: A presença de Paulo Freire no contexto concreto dos grupos de pesquisa da área da educação

Paulo Freire se mantém presente no contexto das universidades brasileiras. Especificamente, na área da educação, 16 universidades mantêm o legado de Paulo Freire presente por meio dos grupos de pesquisa. Nesse sentido, nesta seção, iremos analisar os temas que se destacaram entre os grupos de pesquisa: a formação docente e as práticas pedagógicas.

Em tese, a presença de Paulo Freire nos grupos de pesquisa da área da educação, cadastrados no Diretório de Grupos de Pesquisa no Brasil do CNPq, dá-se pelo interesse em investigações referentes a contextos escolares e não escolares, com temas próximos ao que Paulo, Zitkoski, Lodi (2018) destacam. Paulo Freire é o autor marcante nas produções intelectuais dos pesquisadores, e, no contexto pandêmico desencadeado pela Covid-19, foi possível conhecer estudos realizados por esses líderes dos grupos de pesquisa, devido às centenas de lives, e principalmente em razão do Centenário de Paulo Freire. Assim, a Rede de Sociabilidade em torno do referencial freiriano vem sendo reconhecida e visibilizada, conforme nossas análises como pesquisadoras e expectadoras de atividades online. Cabe salientar, concernente aos pesquisadores destacados na Figura 1, dois tipos de participação nas atividades online: a direta, quando eles são palestrantes; e, a indireta, quando os pesquisadores são mencionados por colegas que trabalham com o referencial freiriano.

Constatamos, ainda, que Paulo Freire é um autor utilizado nos grupos de pesquisas que estudam as políticas curriculares no processo de formação de professores, cuja base epistemológica é a pedagogia crítica. Isto é, a perspectiva crítico-emancipatória dos estudos desenvolvidos nos grupos de pesquisa do Diretório do CNPq, de um modo geral, trata da inseparabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, tendo como base a educação popular, comprometida com os princípios da emancipação humana/libertação/humanização (FREIRE, 1987). Por esse ângulo, localizamos que os pressupostos metodológicos, tanto no que concerne à formação docente e às práticas pedagógicas, ocorrem por meio de pesquisas participativas, como pesquisa-ação, pesquisa participante e pesquisa colaborativa. Observamos uma postura analítico-crítica nas investigações que destacam o papel do Estado na elaboração e execução de políticas educacionais, em especial no tocante à Educação Básica, prioritariamente no caso da Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Além dos temas centrais - formação docente e as práticas pedagógicas, sublinhamos os elementos que conectam os grupos de pesquisas, seus pesquisadores e Paulo Freire, a saber:

  1. Epistemológico: construção do conhecimento a partir da epistemologia crítica com base na interação entre sujeitos e objeto, a partir do diálogo crítico.

  2. Político-pedagógico: educação comprometida com os princípios da educação emancipadora. Para tanto, salienta-se as práticas pedagógicas dialógicas, problematizadoras e desveladoras da realidade.

  3. Ético: trabalho educativo com vistas à libertação, mediante atividades pedagógicas democráticas e solidárias.

  4. Metodológico: defesa de pesquisas participativas, da autonomia e de ações emancipatórias em todo o processo educativo, desde as práticas educativas, à produção de materiais pedagógicos e à pesquisa científica.

Esses elementos aproximam-se dos dados da pesquisa de Vieira (2020), na qual o autor destaca que os saberes da docência universitária devem ser constituídos por meio da tríade: ontológico, epistemológico e metodológico, tendo como centralidade o ciclo gnosiológico que se articula com as categorias do-discência e pesquisa, mediatizadas pelo diálogo. Sob esse ponto de vista, Bertolin e Bohrz (2020) reconhecem a necessidade do contexto universitário contemporâneo, cada vez mais marcado pela presença do ensino online, promover estratégias teórico-metodológicas de ensino e aprendizagem pautadas nas categorias freirianas, especialmente, no que preconiza o pensamento freiriano para o ensino superior: ensino, pesquisa e extensão.

Nos grupos de pesquisa certificados pelo Diretório do CNPq, a concepção epistemológica freiriana aparece sintonizada com os conceitos de diálogo e conscientização, ambos fundamentados na pedagogia do oprimido. É por meio do diálogo que as redes de sociabilidade intelectual são construídas, nas palavras de Freire (1987, p. 11) “o diálogo fenomeniza e historiciza a essencial intersubjetividade humana; ele é relacional e, nele, ninguém tem iniciativa absoluta. Os dialogantes admiram um mesmo mundo; afastam-se dele e com ele coincidem; nele põem-se e opõem-se”. O diálogo, aqui compreendido como elemento da própria historicização do humano, é um “[...] movimento constitutivo da consciência” (FREIRE, 1987, p. 12), portanto, a consciência busca em si mesma a socialização e a humanização das pessoas, trata-se, enfim, de um movimento dialético, que exige trabalho.

Além do potencial epistemológico dos conceitos diálogo e consciência para a construção de redes de sociabilidade, esses conceitos são elementos chave na formação de professores, pois para Freire (1987), a educação precisa valorizar as trocas coletivas e ser praticada com intencionalidade. Nesses termos, Saul e Saul (2016) nos indicam a real necessidade de materializar e reinventar a pedagogia freiriana, visando a proposição de soluções para os problemas concretos que afetam o campo educacional, especialmente a formação docente e o desenvolvimento de práticas pedagógicas problematizadoras.

Esse movimento de reinvenção de Paulo Freire requer um posicionamento político pedagógico comprometido com a transformação social (SAUL; SAUL, 2016). Segundo Freire (1987, p. 54), “para o educador humanista ou o revolucionário autêntico a incidência da ação é a realidade a ser transformadas por eles com os outros homens e não estes”. Dessa maneira, a emancipação da educação perpassa a humanização da universidade, e isso requer a construção de redes entre os pesquisadores, afinal, (re)pensar e (tras)formar as práticas pedagógicas da educação básica exige o (re)pensar e o (trans)formar as práticas pedagógicas do ensino superior.

Nas palavras de Paulo (2018), a universidade, na perspectiva da Educação Popular freiriana, exige lutas engajadas, que perpassam uma presença, também, engajada de intelectuais. A figura 1 (Redes de sociabilidade intelectual entre os líderes dos grupos de pesquisa) apresenta possibilidades concretas de lutas engajadas, a partir da disseminação do pensamento do Paulo Freire nas universidades. Contudo, na análise dos Grupos de Pesquisa certificados pelo Diretório de Grupos do CNPq, vinculados na área da educação e dos currículos lattes dos pesquisadores identificados, validamos dois apontamentos: i) As universidades, ainda, pesquisam parcamente a pedagogia de Paulo Freire; ii) os pesquisadores identificados são multiplicadores da pedagogia freiriana a partir de um trabalho em suas respectivas instituições, e, de forma embrionária, estão sendo viabilizadas redes de pesquisas interinstitucionais e inter-regionais.

Nesse movimento dialético, crítico e reflexivo, localizamos o posicionamento ético de Paulo Freire, comprometido com a libertação do humano por meio de práticas pedagógicas democráticas. A ética em Freire (2015) tem como pressuposto o inacabamento (cultural, social, histórico e político) do humano; nesse sentido, o sujeito ético se constrói na solidariedade, por meio do diálogo, conscientização e problematização da ética do mercado. Significa dizer que, como seres conscientes, não podemos escapar da nossa responsabilidade ética na construção de práticas pedagógicas humanizadoras, e isso implica um engajamento social de todos os sujeitos.

Por isso, a ideia do posicionamento ético dos grupos de pesquisa do CNPq implica a formação de professores e pesquisadores comprometidos com o quefazer pedagógico e com sua vocação para o ser mais. Contudo, a defesa por uma educação emancipadora só ocorre por meio de uma metodologia horizontal, ou seja, participativa, em que é oportunizado vez e voz aos sujeitos implicados nos processos educativos; nesse sentido, para Fávero (2011, p. 2), a pedagogia freiriana pode ser designada “como uma pedagogia do direito à educação”. A luta pelo direito à educação é o marco da pedagogia freiriana, especialmente diante da crítica tecida ao ensino bancário, por essa razão, a presença de Paulo Freire em grupos de pesquisa vinculados a universidades públicas é uma chave de leitura com potencial de construir uma rede humanizadora, para que os excluídos historicamente possam ter condições de acesso e permanência nos bancos universitários.

A presença freiriana na universidade, no contexto contemporâneo, é permeada de desafios, o principal deles é pelo atual avanço neoliberal que tornou o conhecimento um bem de consumo que pode ser vendido (ROMÃO, 2013). Por essa razão, em um estudo recente, Romão (2020, p. 1) afirma “que a luta contra as formas autoritárias de educação bancária não pode mais se limitar às salas de aula, mas devem ser travadas no universo mais amplo dos sistemas educacionais”; nessa perspectiva, justifica-se a necessidade da criação de redes de sociabilidade entre os grupos de pesquisa.

2 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Concernente à sociabilidade entre os grupos de pesquisa, partimos do entendimento de que o trabalho realizado pelos pesquisadores identificados nos grupos do CNPq é uma ação com potencial, tanto na produção do conhecimento como no seu desenvolvimento metodológico. Primeiro, ressaltamos que Paulo Freire sendo o sujeito e objeto de pesquisa implica a ressignificação dos modos de produzir conhecimento inseparavelmente do como fazer - é a teoria e a prática indissociáveis. Isto é, os dados analisados demonstram que as redes de sociabilidade (figura 1), que vêm se constituindo no Brasil, já vêm realizando atividades de pesquisa partindo do individual (local e regional) para uma ação de parcerias de pesquisa; em alguns casos, de construção de redes de pesquisadores, como observamos no trabalho de Dra. Ana Maria Saul. Essa pesquisadora é reconhecida como uma das pioneiras da Educação Popular.

O Segundo ponto, o qual é complexo, importante e necessário, é o de avançar do individual (local e regional) para uma ação de pesquisa colaborativa e cooperativa (ultrapassa as fronteiras dos microssistemas). Diante disso, destacamos a potencialidade e, igualmente, a necessidade de construção de redes de sociabilidade entre os pesquisadores que lideram e participam dos grupos de pesquisa da área da educação, certificados no Diretório de Grupos de Pesquisa no Brasil do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), inseridos em instituições de Educação Superior e de Educação Básica (Quadro 1).

A presença de Paulo Freire nesses grupos de pesquisa oportunizou a compreensão da configuração desses, seus temas de pesquisa, e as possíveis viabilidades de constituição de redes de sociabilidade. Nesse sentido, a presença de Paulo Freire é representada por uma diversidade de temáticas (Quadro 2); contudo, como apresentamos, dois temas se destacaram: a formação de professores e as práticas pedagógicas. Diante dessas temáticas centrais, constatamos, a partir da descrição dos grupos de pesquisa, a disputa de um projeto de universidade: neoliberal e mercadológico versus popular e democrático. Igualmente, observamos a carência de grupos de pesquisa sobre Paulo Freire, contendo o nome dele na descrição dos mesmos, em relação à quantidade de instituições educacionais existentes no contexto brasileiro. Ainda sobre os temas centrais, os elementos que conectam os grupos de pesquisa ao pensamento freiriano são: epistemológico, político-pedagógico, ético e metodológico. Esses, em nossa análise, fundamentam as práticas de pesquisas dos 16 grupos que difundem a presença de Paulo Freire no contexto universitário.

REFERÊNCIAS

ABENSUR, Patrícia Lima Dubeux; SAUL, Ana Maria. Investigação temática freireana: suporte teórico-metodológico para a prática do ensino e da pesquisa. Revista Cocar, Belém, v. 13, p. 806-826, set./dez. 2019. Disponível em: Disponível em: https://periodicos.uepa.br/index.php/cocar/article/view/2870 . Acesso em: 15 set. 2021. [ Links ]

ABENSUR, Patricia Lima Dubeux; SAUL, Ana Maria. Princípios da Didática Freireana: subsídios para uma prática didático-pedagógica na educação superior. Revista Educação, Santa Maria, v. 46, 2021. Disponível em: Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/reveducacao/article/view/40439 . Acesso em: 13 set. 2021. [ Links ]

BEISIEGEL, Celso de Rui. Educação popular e ensino superior em Paulo Freire. Pesquisa e Educação, São Paulo, v. 44, e104010, 2018. Disponível em: Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-97022018000100130 . Acesso em: 9 fev. 2021. [ Links ]

BERTOLIN, Julio Cesar Godoy; BOHRZ, Rafaela. Diálogo, contextualização do saber e autonomia em Paulo Freire e a semipresencialidade na Educação Superior. Revista Diálogo Educacional, Curitiba, v. 20, n. 66, p. 1436-1461, jul./set. 2020. Disponível em: Disponível em: https://periodicos.pucpr.br/index.php/dialogoeducacional/article/view/26178 . Acesso em: 14 set. 2021. [ Links ]

BOMBASSARO, Luiz Carlos. HERMENÊUTICA. In: STRECK, Danilo Romeu, REDIN Euclides, ZITKOSKI, Jaime José (Orgs.). Dicionário Paulo Freire. Belo Horizonte: Autêntica; 2018. p. 245-246. [ Links ]

BORDA, Orlando Fals. Aspectos teóricos da pesquisa participante: considerações sobre o significado e o papel da ciência na participação popular. In: BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Pesquisa participante. São Paulo: Brasiliense, 1981. p. 42-62. [ Links ]

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999. [ Links ]

COSTA, Jean Carlo de Carvalho; ESPÍNDOLA, Maíra Lewtchuk; GALVÍNCIO, Maíra Lewtchuk. Redes de sociabilidade intelectual e educação: atuação de Castro Pinto e Carlos Dias Fernandes na primeira república. Revista HISTEDBR On-line, Campinas, v. 13, n. 53, p. 56-77, 2014. Disponível em: Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/histedbr/article/view/8640193 . Acesso em 11 fev. 2021. [ Links ]

FÁVERO, Osmar. Paulo Freire: importância e atualidade de sua obra. Revista e-Curriculum, São Paulo, v. 7, n. 3, p. 1-8, dez. 2011. Disponível em: Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/curriculum/article/view/7589/5541 . Acesso em: 15 fev. 2021. [ Links ]

FREIRE, Ana Maria Araújo; BRAGA, Daniel Santos; DE CASTRO ARIOVALDO, Thainara de Castro. Contribuições do legado de Paulo Freire para a educação superior: reflexões da professora Nita Freire. Revista Docência do Ensino Superior, Belo Horizonte, v. 11, p. 1-11, 2021. Disponível em: Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/rdes/article/view/35047 . Acesso em: 14 set. 2021. [ Links ]

FREIRE, Paulo. Criando métodos de pesquisa alternativa: aprendendo a fazê-la melhor através da ação. In: BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Pesquisa participante. São Paulo: Brasiliense , 1981. p.34-41. [ Links ]

FREIRE, Paulo. Por uma Pedagogia da Pergunta. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985. [ Links ]

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra , 1987. [ Links ]

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática docente. 50. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra , 2015. [ Links ]

GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008. [ Links ]

MARAFON, Maria Rosa Cavalheiro. Pedagogia crítica: uma metodologia na construção do conhecimento. Petrópolis: Vozes, 2001. [ Links ]

MILITÃO, Andréia Nunes. Discípulos de Paulo Freire e o compromisso com a educação emancipadora. Revista Retratos da Escola, Brasília, v. 14, n. 29, p. 269-277, mai./ago. 2020. Disponível em: Disponível em: http://retratosdaescola.emnuvens.com.br/rde . Acesso em: 2 fev. 2020. [ Links ]

OLIVEIRA, Ivanilde Apoluceno de; MOTA NETO, João Colares; HAGE, Salomão Antônio Mufarrej. A Presença de Paulo Freire nos Grupos de Pesquisa do CNPq. Revista e-Curriculum, São Paulo, v. 7, n. 3, p.1-23, dez. 2011. Disponível em: Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/curriculum/article/view/7601 . Acesso em: 6 fev. 2021. [ Links ]

OLIVEIRA, Ivanilde Apoluceno de; SANTOS, Tânia Regina Lobato dos. Paulo Freire na América Latina e nos Estados Unidos: Cátedras e Grupos de Pesquisas. Revista Educação em Questão, Natal, v. 56, n. 48, p. 106-139, abr./jun. 2018. Disponível em: Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/educacaoemquestao/article/view/15177 . Acesso em: 8 fev. 2021. [ Links ]

PAULO, Fernanda Santos. Pioneiros e Pioneiras da Educação Popular Freiriana e a Universidade. 2018. Tese (Doutorado em Educação) - Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, 2018. Disponível em: Disponível em: http://www.repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/7120 . Acesso em: 12 fev. 2021. [ Links ]

PAULO, Fernanda dos Santos; ZITKOSKI, Jaime José; LODI, Leonardo Camargo. A presença de Paulo Freire nas universidades: um estudo a partir dos grupos de pesquisa do CNPq. In: MORETTI, Cheron Zanini; STRECK, Danilo Romeu, PITANO, Sandro de Castro (Orgs.). Paulo Freire no Rio Grande do Sul: legado e reinvenção. Caxias do Sul, RS: Educs, 2018. p. 217-228. [ Links ]

ROMÃO, José Eustáquio. Paulo Freire e a Universidade. Revista Lusófona de Educação, Lisboa, n. 24, p. 89-105, 2013. Disponível em: Disponível em: http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-72502013000200006&lng=pt&nrm=iso . Acesso em: 15 fev. 2021. [ Links ]

ROMÃO, José Eustáquio. Paulo Freire e o Neoconservadorismo. Eccos - Revista Cientifica, São Paulo, n. 52, p. 1-18, e17099, jan./mar. 2020. Disponível em: Disponível em: https://periodicos.uninove.br/eccos/article/view/17099/8289 . Acesso em: 15 fev. 2021. [ Links ]

SAUL, Ana Maria; SAUL, Alexandre. Contribuições de Paulo Freire para a formação de educadores: fundamentos e práticas de um paradigma contra-hegemônico. Educar em Revista, Curitiba, Brasil, n. 61, p. 19-35, jul./set. 2016. Disponível em: Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/er/n61/1984-0411-er-61-00019.pdf . Acesso em: 14 fev. 2021. [ Links ]

VIEIRA, Hamilton Perninck. Saberes da docência universitária e ciclo gnosiológico em Paulo Freire: tessituras a partir da Pós-Graduação em Educação. 2020. Tese (Doutorado em Educação) - Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, 2020. Disponível em: Disponível em: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=9346803 . Acesso em: 13 set. 2021. [ Links ]

ZANARDI, Teodoro Adriano Costa; RIBEIRO, Márden Pádua. A presença de pedagogia de Paulo Freire nas produções em currículo: centralidade do conhecimento. Revista e-Curriculum, São Paulo, v. 16, n.4, p. 1050-1075, out./dez. 2018. Disponível em: Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/curriculum/article/view/39554 . Acesso em: 8 fev. 2021. [ Links ]

Recebido: 22 de Fevereiro de 2021; Aceito: 25 de Setembro de 2021

Creative Commons License Este é um artigo publicado em acesso aberto sob uma licença Creative Commons