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Práxis Educativa

versión On-line ISSN 1809-4309

Práxis Educativa vol.14 no.3 Ponta Grossa set./dic 2019  Epub 16-Oct-2019

https://doi.org/10.5212/praxeduc.v.14n3.024 

Dossiê: Jovens e ativismo em (des)construção: socializações e (in)ações políticas

Socialização política e meio ambiente: considerações acerca do engajamento militante de jovens ambientalistas do Estado da Bahia*

Political socialization and the environment: considerations about the militant engagement of young environmentalists from the State of Bahia

Socialización política y medio ambiente: consideraciones sobre la participación militante de jóvenes ambientalistas del Estado de Bahía

Hélio Souza de Cristo** 
http://orcid.org/0000-0003-1219-9304

Marco Antonio Leandro Barzano*** 
http://orcid.org/0000-0003-3273-9216

**Coordenador Pedagógico da Secretaria de Educação do Estado da Bahia. Mestre em Educação pela Universidade Estadual de Feira de Santana. E-mail: <helio-87@hotmail.com>. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1219-9304

***Professor Titular da Universidade Estadual de Feira de Santana. Doutor em Educação pela Universidade Estadual de Campinas. E-mail: <marco.barzano@gmail.com>. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3273-9216


Resumo:

Este artigo busca refletir os processos de socialização que figuram as trajetórias juvenis como disposições ao engajamento na militância em grupos, coletivos, organizações e movimentos ambientalistas. Trabalhou-se em uma perspectiva qualitativa com realização de entrevistas semiestruturadas como aporte metodológico à produção de narrativas e, para a análise, foram utilizadas as categorias de engajamento militante e socialização política. Os resultados sugerem que as relações escolares, familiares, com grupos de sociabilidades, participação em sindicatos, associações e pastorais da juventude influenciam no engajamento militante juvenil ambientalista. Conclui-se que a juventude ambientalista na contemporaneidade é engajada. Assim sendo, necessita-se do crescimento de investigações acerca desse tema.

Palavras-chave: Juventudes; Engajamento Militante ambiental; Socialização política

Abstract:

This article reflects the processes of socialization that include youth trajectories as dispositions to engage in militancy in groups, collectives, organizations and environmental movements. We worked on a qualitative perspective with semi-structured interviews as a methodological contribution to the production of narratives and, for the analysis, the categories of militant engagement and political socialization were used. The results suggest that school, family, social groupings, participation in trade unions, youth associations and pastoralists influence environmentalist youth militant engagement. We concluded that environmental youth in the contemporary world is engaged. Therefore, there is a need for more research on this topic.

Keywords: Youth; Environmental Militant Engagement; Political Socialization

Resumen:

Este artículo busca reflejar los procesos de socialización que configuran las trayectorias juveniles como disposiciones a la participación en la militancia en grupos, colectivos, organizaciones y movimientos ambientalistas. Se trabajó en una perspectiva cualitativa con realización de entrevistas semiestructuradas como aporte metodológico a la producción de narrativas y para el análisis, se utilizaron las categorías de participación militante y socialización política. Los resultados sugieren que las relaciones escolares, familiares, con grupos de sociabilidades, participación en sindicatos, asociaciones y pastorales de la juventud influencian en la participación militante juvenil ambientalista. Se concluye que la juventud ambientalista en la contemporaneidad está comprometida. Así, se necesita el crecimiento de investigaciones sobre este tema.

Palabras clave: Juventudes; Participación Militante Ambiental; Socialización política

Introdução

Como podemos pensar em meio ambiente sem considerar os jovens? É possível refletir sobre sustentabilidade sem pensar neles? De que maneira os programas e as políticas de educação podem contribuir para estreitar as discussões entre meio ambiente e juventude? Que efeitos sociopolíticos uma juventude ambientalista engajada produz?

Responder a essas questões não é tarefa fácil! Até mesmo porque as produções de pesquisas brasileiras que perpassam o campo da juventude e meio ambiente não possuem um número significativo, especialmente no que tange ao que os jovens pensam e sabem sobre meio ambiente e o seu papel na construção de sociedades sustentáveis. Por isso, educação aqui é entendida como um processo amplo e dinâmico que se dá para além dos processos formais da escola.

A aproximação e o aprofundamento com o tema permitiram buscar a compreensão sobre o seguinte problema da pesquisa realizada: Quais processos de socialização levam os jovens a se engajarem em movimentos, coletivos, organizações e grupos ambientalistas? A questão em tela busca compreender quais eventos, experiências, ensinamentos, processos de socialização e sociabilidades estão presentes nas trajetórias de vida da juventude ambientalista que motivaram a sua aproximação junto aos movimentos ambientalistas. Pressupõe-se que a militância - nas suas mais diversas modalidades de engajamento - é fruto de processos de aprendizagens, transmissão de valores, condutas, posturas, redes de contatos e vivências.

Pensar sobre esse “[...] ser jovem em um tempo em que se dissemina o ideário ecológico” (NOVAES, 2006, p. 7) e, ao mesmo tempo, sobre o desenvolvimento tecnológico que atrai a juventude e corrobora para a produção de uma série de “lixo tecnológico” (cada vez mais descartável) se constitui um dos marcos principais da geração contemporânea pós-surgimento do debate ambiental que surgiu com o movimento ambientalista da década de 19701. Esse pensar existe enquanto potencialidade de refletir sobre o lugar que os jovens ambientalistas ocupam, de onde eles falam, o que os mobiliza e os motiva a se envolverem em questões ambientalistas, quais imagens constroem de si e do seu contexto, identificando-se como atores e transformadores de si e da sociedade; transitando e rompendo com a ideia de “jovem problema” para “sujeitos de direitos”.

É nesse espaço entre o passado, o presente e o futuro que os diferentes processos de socialização vão construindo determinados modos de ser jovem-ambientalista. É nas narrativas dos jovens - sujeitos da pesquisa - que se percebe a relevância de colocar as questões ambientais como elementos centrais nas agendas políticas educacionais, dos movimentos sociais, governamentais e sindicalistas. Novaes (2006) alerta que é preciso dar visibilidade às questões ambientais, porque elas sempre foram vistas como questões de menor importância e relegadas, especialmente pelos ideais “desenvolvimentistas”, como concepções românticas que poderiam gerar redução nos investimentos e nos lucros, apresentando-se como um empecilho à superação do atraso econômico.

Essas questões parecem-nos antigas, mas, em contrapartida, Carvalho (2001) leva-nos a pensar que, se os problemas ambientais são antigos, o que tem movimentado as agendas dos jovens ambientalistas? Serão eles, simplesmente, os ditos romancistas dessa época? Quais são suas reais preocupações ao se debruçarem e dedicarem suas vidas às questões ambientais? Quais as bandeiras levantadas pela juventude contemporânea que luta por uma sociedade sustentável? Que processos de socialização atuam como fortes propulsores do imbricamento da juventude atual com as questões ambientais?

Este artigo não pretende esgotar a discussão sobre essas questões, visto que sua questão central diz respeito aos processos de socialização que exercem influência na disposição juvenil ao engajamento na militância ambiental. No entanto, são questões que servem como âncoras analítico-discursivas para chamar atenção para o fato de que não se deve negar a validade e a importância das gerações mais velhas, inclusive como instâncias socializadoras das novas gerações, carregadas de sentidos, significados e modos de ser e de estar no mundo.

Dessa maneira, considerando a maior visibilidade na literatura acadêmica acerca da discussão entre juventude e meio ambiente, a partir da Lei Nº 12.852, de 5 de agosto de 20132, o estudo pretendeu compreender como os jovens, imersos em questões ambientalistas e dotados de processos de socialização, atuam, intervêm e constroem seus percursos de militantes engajados em movimentos, grupos, coletivos e organizações ambientalistas.

Assim, há uma perspectiva de entender como o envolvimento com questões ambientalistas - por meio de processos de socialização política - constituem um espaço de construção de discursos e articulação de saberes e práticas que corroboram tanto para transformação dos jovens, ao pensarem sobre a posição que ocupam na sociedade, como causam modificações na maneira com que se aproximam e passam a visualizar o universo ambiental pela óptica de sujeitos sociais e não apenas pela lente de estudantes ou telespectadores sociais.

Socialização política: uma categoria de engajamento em disputa

Os olhares das pesquisas sobre juventudes em seus mais diversos territórios e formas de relações que expressam a participação social, o protagonismo e o engajamento juvenis, seja no contexto social, político, ambiental, econômico e cultural partem da premissa, segundo Ribeiro (2014), de que esses jovens não devem ser separados da condição de sujeitos da ação, das relações e dos vínculos geracionais, dinâmicos, relacionais e territoriais.

Dayrell (2007) considera que a socialização política juvenil está muito relacionada às dimensões de espaço e de tempo sociais, culturais, políticos e ideológicos; e, portanto, está ligada à ideia de condição juvenil. Para o autor,

[...] na sociedade contemporânea, os atores sociais não são totalmente socializados a partir das orientações das instituições, nem a sua identidade é construída apenas nos marcos das categorias do sistema. Significa dizer que eles estão expostos a universos sociais diferenciados, a laços fragmentados, a espaços de socialização múltiplos, heterogêneos e concorrentes, sendo produtos de múltiplos processos de socialização. (DAYRELL, 2007, p. 1114).

Os espaços pelos quais os jovens ambientalistas transitam e atuam - família, escola, universidade, trabalho, grupos, coletivos, organizações e movimentos - para além de forjar suas identidades, acabam assumindo a condição de lugares de socialização e de formação política. Almeida (2008) diz que é “comum” a afirmação de que jovem não gosta de política ou que juventude não combina com política. No entanto, para o autor, essa afirmativa revela dois aspectos: primeiro, trata-se de uma falácia, visto que a história dos movimentos sociais nas mais diferentes modalidades de participação e engajamento - especialmente na realidade brasileira - é fortemente marcada pela participação ativa da juventude, de onde provém grande parte das conquistas no campo social, político e cultural, principalmente a partir da década de 1960. Conforme Gohn (2014, p. 13) também aponta ao afirmar que, na esteira do cenário político e social da década de 1960, os jovens “[...] criaram identidades político-culturais, no sentido de pautarem novos temas de gênero, etnia, ser estudante, ser jovem, ser mulher etc. Eles queriam ser ouvidos. Não queriam ser mais conduzidos pelo passado, pela tradição, pelos velhos, pelos ‘tempos mortos’”.

Concordando com Groppo et al. (2019), para quem política é uma ação eminentemente humana, percebemos que é preciso distinguir a ideia de política associada a partido e a governo; e ampliá-la para o sentido da participação, atuação, tomada de decisões e socialização juvenil, na qualidade de processo formativo que dá sentido e significado aos percursos de jovens militantes e engajados. Partindo dessa perspectiva, é inegável a natureza política do engajamento militante ambientalista como uma arena de interesses e conflitos, visto que as questões ambientais, no que tange à relação ser humano-natureza, têm ganhado grande importância na sociedade atual, pois as ações humanas sobre o meio ambiente se constituem por diferentes e diversas intencionalidades que, por vezes, não se caracterizam de maneira harmoniosa, ética e ecologicamente saudáveis e têm levado a geração atual a suprir suas necessidades comprometendo a capacitação e a sobrevivência das gerações futuras (GRÜN, 2007).

Para Leff (2002, p. 17), ambiente “[...] não é a ecologia, mas a complexidade do mundo; é um saber sobre as formas de apropriação do mundo e da natureza através das relações de poder que se inscreveram nas formas dominantes de conhecimento”. De uma sociedade para outra ou dentro de uma mesma sociedade, os indivíduos podem perceber e relacionar-se com o meio ambiente de maneiras diferenciadas a depender das relações que mantêm e dos valores que atribuem à natureza, como, por exemplo as diferenças existentes entre as sociedades indígenas e as sociedades industriais. Isso revela que a crise ambiental é, na verdade, uma crise de pensamento subsidiada pelo racionalismo científico e econômico, conforme asseveram Batista, Becker e Cassol (2015).

Assim, o conceito de meio ambiente, entendido nesse texto, não se resume à noção contemplativa da natureza como espaço infinito e dissociado da relação homem-natureza-universo (JACOBI, 2003), reduzida à ideia de vida no campo e distante dos centros urbanos ou ainda atrelado à ideia de que apenas os lugares não explorados e degradados pelo ser humano podem ser denominados como meio ambiente (MACHADO, 2014).

Dialogando com Nazzari (2006) e Almeida (2008), Sposito (2014) também aponta a necessidade de ampliar a visão sobre o termo “socialização política”, visto que ele não está circunscrito apenas no âmbito dos partidos políticos. Para as autoras, os estudos sobre juventude e socialização política têm mostrado que a participação política dos jovens vem ocupando, cada vez mais, os espaços públicos e as instituições externas ao eixo político-partidário.

O engajamento de jovens ambientalistas constitui-se como ato político que se dá por meio do processo formativo de socialização dentro dos movimentos, grupos, coletivos e organizações em que estão inseridos. Um ato político, porque envolve lutas, conflitos, jogos de interesses, disputas e expressão de pontos de vistas que, por vezes, revelam embates e choques com os modelos convencionais e pensamentos estabelecidos de diferentes gerações. Nesse sentido, Siqueira (2002) adverte que

[...] inserida profundamente nos diferentes contextos sociais, políticos e econômicos da sociedade pluralista contemporânea, entre acertos e desacertos, a temática do meio ambiente passou a integrar de maneira significativa as preocupações do Estado e da sociedade na formação da cidadania. (SIQUEIRA, 2002, p. 9).

Levando em consideração a fala de Siqueira (2002), que situa a temática meio ambiente como uma questão de agenda política e pública, em Castro (2009) podemos perceber que é muito frequente política e juventude aparecerem como assuntos distantes na maior parte da literatura sobre jovens. Nesse caso, a autora chama atenção que o processo de socialização política juvenil não deve ser reduzido ou apenas visto como sinônimo de preparação para a vida adulta, visto que a socialização política juvenil pressupõe muito mais do que o desenvolvimento da atividade política após o jovem atingir a maioridade. Pensar dessa forma, segundo ela, significa reforçar o processo de alijamento juvenil em relação aos seus direitos políticos, cuja característica é muito presente nas sociedades modernas.

Concordando com Castro (2009), Brenner (2014) afirma que

[...] as pesquisas sobre juventude no Brasil ainda são pouco frequentes no que diz respeito à interface dos jovens com a política, seja em relação à transmissão de valores políticos, seja em relação aos engajamentos de jovens nas mais variadas modalidades de militância. (BRENNER, 2014, p. 32).

Na relação entre socialização política, engajamento militante e juventudes, percebe-se a necessidade de repensar a noção de espaço público e a visão sobre o termo “política”, em virtude da própria polissemia e plasticidade do termo “juventudes” e as diferentes formas como os jovens constroem seus repertórios e percursos de vida. Dessa maneira, é importante perceber que

[...] o espaço público é síntese de múltiplas dimensões materiais, políticas e simbólicas. Engajamentos militantes e ações coletivas juvenis, a despeito da narrativa desencantada que só enxerga alienação e consumismo dos ‘jovens de hoje’, são também eixos constitutivos das culturas juvenis nos espaços públicos [...]. A questão principal da condição moderna é a de saber como o indivíduo pode se situar no mundo e com quais suportes pode contar, ou ainda é capaz de articular em seu ambiente, para se sustentar no mundo. (CARRANO; FÁVERO, 2014, p. 14).

Partindo desse pressuposto, os jovens não são sujeitos políticos do vir-a-ser. O próprio contato original das gerações atuais com as culturas preestabelecidas pelas gerações anteriores convoca e solicita dos jovens: posicionamentos, posturas, pontos de vistas e formas de lidar entre a significatividade do passado, a transmissão de valores no presente e as suas intenções para o futuro.

Nessa perspectiva, assinala-se que a socialização política e o engajamento militante dos jovens ambientalistas maximizam o meio ambiente como lugar de conflitos, disputas e problemática, onde questões de vida pública e privada se encontram, onde convergem interesses sociais, políticos, econômicos, culturais, ideológicos e ambientais. É nessa sintonia e em uma visão mais ampla que

[...] a socialização política é utilizada como melhor termo para explicar os processos de transmissão de atitudes, escolhas, preferências, símbolos, comportamentos políticos e representações de mundo [...]. A socialização constitui-se na introdução do indivíduo no social e é um dos princípios da formação da identidade. (BRENNER, 2014, p. 32-33).

Dar visibilidade ao papel da socialização política juvenil em torno das questões socioambientais é um processo que se sustenta nos hiatos entre o passado, presente e futuro das marcas deixadas pelo ser humano em sua relação com o planeta e os processos formativos que incidem sobre as novas gerações. Para entender a dimensão e a complexidade das relações entre juventude e socialização política, é preciso, antes de tudo, considerar que “[...] a participação política dos jovens não se faz no vazio cultural e histórico, mas em sociedades reais que carregam as marcas singulares de sua história e as dificuldades específicas de seu presente” (CASTRO, 2008, p. 253).

Dessa maneira, mesmo em face aos desafios, a participação social e as relações de socialização e sociabilidades juvenis têm marcado cada vez mais presença na busca pela efetiva democracia. O que há, então, de novo com a geração atual? É possível perceber o (re)nascimento de uma juventude mais solidária, engajada, participativa, mais imbricada com os espaços públicos, que questiona o conservadorismo e os pilares da sociedade de consumo e exploração. Por meio das suas atitudes e representações de mundo, a juventude tem mostrado que não se constitui como categoria apática e vem assumido o poder de decisões e escolhas, como poderá ser visto nas próximas seções.

Aspectos teórico-metodológicos

Embora juventude seja um tema que, segundo Novaes (2006), vem assumindo grande relevância nas pesquisas acadêmicas desenvolvidas no Brasil nos últimos anos, constatamos, em um levantamento bibliográfico, que poucas produções acadêmicas brasileiras discutem sobre juventude e meio ambiente, especialmente no que observamos no acervo da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd)3 e no banco de dissertações e teses da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), considerando o levantamento das produções acadêmicas no período de 2006 a 2016; SciELO (Scientific Electronic Library Online); Observatório Jovem do Rio de Janeiro, da Universidade Federal Fluminense (UFF); Observatório da Juventude da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e o Portal Ensino Médio EMdiálogo (apoiado pelo MEC e desenvolvido, articuladamente, por oito universidades federais: Universidade Federal Fluminense - UFF, Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, Universidade Federal de Santa Maria - UFSM, Universidade Federal do Ceará - UFC, Universidade Federal do Amazonas - UFAM, Universidade Federal do Pará - UFPA, Universidade de Brasília - UnB, Universidade Federal do Paraná - UFPR).

Assim, em virtude da pouca literatura brasileira - com base nas fontes de pesquisa consultadas - lacuna de referências e publicações brasileiras sobre o campo juventude e meio ambiente, o desafio e a novidade que a pesquisa pode trazer foi o de refletir em que medida uma pesquisa sobre juventude e meio ambiente pode, de fato, contribuir e avançar nos debates que interceptam essa temática, tomando a socialização política e o engajamento militante como categoria-chave para se pensar essa relação.

A partir dos descritores juventude contemporânea e condição juvenil; juventude e meio ambiente; meio ambiente e sociedade; educação ambiental e juventude; engajamento militante e socialização política juvenis, foram encontrados 113 trabalhos em Língua Portuguesa, entre artigos, dissertações, teses e livros digitais/eletrônicos e impressos. No entanto, na literatura estrangeira - especialmente nas línguas inglesa e espanhola - foram encontrados cerca de 992 artigos, mas não foram encontrados trabalhos sobre engajamento militante e socialização política juvenis, que se constituiu o foco da pesquisa.

Diante do levantamento bibliográfico e por manterem estreita relação com o objeto de estudo, destacaram-se os seguintes trabalhos: os artigos Um breve olhar sobre o Programa Nacional de Juventude e Meio Ambiente, de Batista, Becker e Cassol (2015), e Educação ambiental para a escola básica: contribuições para o desenvolvimento da cidadania e da sustentabilidade, de Kondrat e Maciel (2013); a obra EcoJustice, Citizen Science and Youth Activism: Situated Tensions for Science Education, de Dias e Callahan (2014); a tese ‘Anticorpos de Gaia no encontro das águas’: trajetórias de aprendizagens de jovens nas trilhas do ambientalismo, de Gonçalves (2010); e a obra Juventude, cidadania e meio ambiente: subsídios para elaboração de políticas públicas (BRASIL, 2006).

De abordagem qualitativa, além da revisão bibliográfica, a pesquisa foi subsidiada por trabalho empírico, que foi realizado em dois momentos: primeiro, com a aplicação de um questionário, a fim de conhecer o perfil socioeconômico dos jovens e ter noções iniciais do lugar que esses jovens falam. Segundo, a partir das respostas obtidas por meio desses questionários, foram elaboradas entrevistas semiestruturadas como caminho propício à construção de narrativas como aporte teórico-metodológico, inspirando-se e fundamentando-se em Bruner (2001), Bolívar (2002), Goodson e Gill (2015). Os questionários de perfil socioeconômico foram aplicados entre 31 de maio e 15 de agosto de 2016. Já as entrevistas foram realizadas entre 24 de agosto e 10 de outubro do mesmo ano, por meio da gravação de vozes, sendo “socialização política” e “engajamento militante” as categorias basilares de construção e análise.

Vale mencionar que o processo de encontros com os jovens foi caracterizado por certas dificuldades, especialmente pelo tempo disponível dos jovens para realização das entrevistas, uma vez que suas vidas se dividem entre trabalho, estudos, lazer, família e atividades dos grupos, coletivos, organizações ou movimentos ambientalistas nos quais estão inseridos.

Dessa maneira, tomando como norte a problemática e os objetivos que delinearam a pesquisa, optamos - com a devida aquiescência dos jovens entrevistados4 - pelo não anonimato de seus nomes por se tratar de sujeitos que possuem certa visibilidade pública como consequência de suas atuações políticas e sociais, em virtude dos seus engajamentos na militância ambiental. Procedimento semelhante é adotado na exposição dos nomes de grupos, coletivos, organizações e movimentos ambientalistas citados nas narrativas, isto é, utilizam-se dos nomes reais das organizações.

Assim, considerando as narrativas juvenis como expressões de marcas que perpassam e constroem esses sujeitos enquanto portadores de vozes, foram selecionados dez jovens de diferentes municípios do estado da Bahia, com idades entre 19 e 26 anos, tendo o engajamento e/ou a militância em grupos, coletivos, organizações ou movimentos ambientalistas como principal critério para a participação na pesquisa.

Consideramos importante destacar que as primeiras aproximações com os jovens foram construídas a partir de visitas a Organizações não Governamentais (ONGs) e ainda foi realizado um levantamento tanto na rede social Facebook quanto no Google Acadêmico5 de grupos, coletivos ou movimentos ambientalistas onde os jovens participassem ativamente. A partir dessa etapa, entramos em contato com as coordenações dos grupos, coletivos, organizações e movimentos, a fim de averiguar a efetiva existência de jovens compatíveis com os critérios da pesquisa6, bem como a possibilidade de contar com a participação desses jovens durante as etapas da pesquisa.

Desse modo, o quadro de sujeitos foi constituído por dez jovens (seis mulheres e quatro homens), sendo dois jovens do Grupo Aventura Ambiental de Santa Brígida - GAASB (Laís - 21 anos e Rafael - 21 anos), localizado no município de Santa Brígida; uma jovem do Grupo Ambientalista da Bahia - GAMBA (Lorrana - 19 anos), localizado no município de Salvador; uma jovem do Partido Verde (Elen - 21 anos), cuja sede está localizada no município de Salvador; um jovem do Grupo Aventura Ambiental de Jeremoabo - GAAJE (Jéfferson - 21 anos), localizado no município de Jeremoabo; uma jovem estudante do curso Técnico Subsequente em Agropecuária pelo Instituto Federal Baiano - IFBaiano e membro da Pastoral da Juventude do município de Serrinha (Laise - 19 anos); uma jovem do Engajamundo (Melinda - 22 anos), que atua no núcleo local do EngajaBahia, localizado no município de Cachoeira; três jovens da Organização Greenpeace (Davi - 21 anos, Uenderson - 28 anos, Vanessa Cinthia - 26 anos), localizada no município de Salvador7.

Portanto, os jovens participantes deste trabalho constituíram a parcela substancial para que ele tenha sentido, significado e relevância, visto que são suas trajetórias, seus projetos e seus percursos biográficos, em suas experiências de socialização e engajamento militante em movimentos ambientalistas, que dão conteúdo e forma às discussões e aos diálogos que justificaram e sustentaram a pesquisa e a escrita deste texto.

Resultados e discussões

Garimpar e compreender - por meio das narrativas juvenis - os elementos de socialização presentes nos percursos de vida que estão por trás e alicerçam o engajamento militante ambientalista dos jovens constituem-se caminhos viáveis ao entendimento sobre em quais bases de socialização e de experiências se sustentam as disposições juvenis para a militância e o engajamento ambientalista (CRISTO, 2017).

Por esse espectro, ao discutir sobre os processos de socialização de jovens engajados em movimentos e organizações ambientalistas, Dubar (2005) chama atenção que é preciso estar atento às interações e às relações que socializam, tecem e constroem a visão dos jovens entre aquilo que é público e privado, universal e particular. É preciso dizer que a socialização ambientalista ocorre por meio de mecanismos e processos que extrapolam os espaços das famílias e escolas como únicas agências socializadoras e não apenas introduzem os jovens na vida em sociedade, mas também reforçam o desenvolvimento de suas relações sociais, legitimam a defesa das causas que defendem, reconhecem como justas as suas lutas e dão suporte para a adaptação, os questionamentos, a interação e a integração à vida em sociedade.

Assim, esses espaços e lugares acabam se constituindo como referenciais e ainda que os jovens venham a recriar suas regras de convivência - especialmente aquelas aprendidas na família - os seus repertórios e percursos de engajamento militante são reflexos dessa interação com as diversas instituições sociais, que vão desde a família, alonga-se pela escola e prolonga-se por meio de coletivos sociais e culturais, a exemplo dos próprios grupos juvenis.

Por isso, à luz da problemática que delineou a pesquisa, chega-se a um mosaico de disposições e processos de socialização política de onde emanam as possibilidades e disposições juvenis ao engajamento militante ambientalista. Importante dizer que - embora a família não seja a única e absoluta instituição socializadora - nas narrativas dos jovens o nível de aproximação dos pais com o tema meio ambiente é a grande âncora que fundamenta as disposições juvenis para o engajamento militante ambientalista, seja pelo crivo da concordância ou da refutação do modo com que os pais estabelecem suas relações com o meio ambiente. No entanto, a socialização familiar não se apresenta como o único fundamento de apoio para os jovens ambientalistas se engajarem, como veremos a seguir.

Da socialização familiar e dos grupos de sociabilidades aos movimentos ambientalistas

A análise das narrativas dos jovens entrevistados traz à tona a existência de uma parcela de jovens cujos pais ou familiares mais próximos não são engajados ambientalmente, mas manifestam certo interesse pelo cuidado, pelo respeito e pela preservação ao meio ambiente; fator que, de certa forma, contribuiu para suas disposições ao engajamento militante ambientalista.

Essa manifestação pode ser percebida nos relatos de alguns jovens, ao afirmarem que suas primeiras disposições ao engajamento ambientalista têm como base os ensinamentos que seus pais lhes deram durante a infância, ainda que não direcionados para o movimento e engajamento ambientalista, mas serviram de subsídios para que ingressassem em coletivos, organizações, grupos e movimentos ambientalistas. Para esse caso, podemos tomar como exemplo a experiência de Davi:

A minha vida, na infância, eu comecei com a questão de família, né? Sempre tem a questão de família. Minha mãe sempre falou: “Não jogar o lixo no chão. Não fazer isso, não fazer aquilo outro”. E eu fui adquirindo esse repertório aos poucos, apesar de minha família não acreditar muito nesse altruísmo de se engajar em uma coisa sem fins lucrativos. Minha mãe e meu pai tiveram papéis distintos, mas importantes.

Embora considere a importância e a influência da família como núcleo onde surgiram os primeiros estímulos para o seu engajamento, Davi reitera que o despertar e o aprofundamento maior com a temática meio ambiente se deram em 2005, quando conheceu o Greenpeace em um ativismo que o grupo realizou com a exposição de banner no Elevador Lacerda em Salvador, Bahia. A partir desse trabalho, ele criou uma simpatia muito grande pelo Greenpeace e passou a pesquisar sobre o grupo e, após um tempo, conseguiu entrar em contato com o grupo e ingressou como voluntário.

De modo semelhante, Lorrana diz que a origem do seu engajamento ambientalista está muito relacionada à relação que sua mãe tinha com o meio ambiente e que serviu de referência para ela, desde a infância. O envolvimento e o engajamento com as problemáticas ambientais tornaram-se mais fortes com o falecimento de sua mãe, visto que Lorrana passou a ver o engajamento ambientalista como uma forma de superar a ausência de sua mãe e, ao mesmo tempo, senti-la mais próxima pelas ações de preservação e de cuidado que sua mãe tinha com o meio ambiente, mais especificamente com o mundo das plantas:

Desde a minha infância, foi com a ajuda da minha mãe, porque ela me ajudou e me ensinava a plantar horta aqui e/ou rosas vermelhas. A gente amava rosas vermelhas. E, com isso, depois da morte dela, eu achei que o meio ambiente me aproximava de um meio ou outro dela, entendeu? Aí, eu quis praticar o que ela já praticava [...], isso me aproximou do movimento ambientalista, do que eu amo fazer. Minha história no movimento ambientalista começou com minha mãe. (Lorrana).

Nota-se, no depoimento de Lorrana, o quanto as questões da vida pública e privada, e suas próprias subjetividades, podem se aproximar como dispositivos de socialização ao engajamento militante ambientalista. Dessa maneira, embora sua mãe não se engajasse em ações ou movimentos ambientalistas, há uma influência relativamente próxima das vivências de Lorrana na infância - o contato com a natureza por intermédio de sua mãe, o desenvolvimento da consciência ambiental e a educação recebida acerca de valores como o cuidado, o respeito e a preservação do meio ambiente.

Dentro do grupo de jovens que tiveram suas primeiras motivações a partir das relações de socialização familiar, há aqueles cujas disposições ao engajamento militante ambientalista estão associadas a aspectos geográficos de moradia das suas famílias, especialmente aqueles que têm relação com a vida campesina, como relata Laís sobre seu engajamento e o ingresso como reflexos do processo de socialização familiar, que se deu por meio da transmissão de valores, princípios, condutas e ensinamentos acerca do cuidado para com a terra, principalmente por sua família ser de origem campesina:

Desde muito pequena, eu sempre fui uma criança que gostava de estar em contato com terra. Meus pais têm uma fazenda, minha avó morava no interior e mora até hoje. Minha mãe foi criada, se criou trabalhando na roça para poder dar sustento aos irmãos. Então, eu me espelhei muito na minha mãe. Desde pequena, ela sempre incentivou a gente a estar em contato com a natureza. Ela mostrava o pôr do sol para a gente, a gente subia a serra aqui de Santa Brígida. (Laís).

Processo semelhante tece, também, o percurso de engajamento militante ambientalista da jovem Laise, que - à época da pesquisa - era moradora da zona rural do município de Serrinha. No entanto, a socialização familiar e religiosa por ser membro da Pastoral da Juventude da Igreja Católica, bem como a participação - desde os oito anos de idade - em reuniões de sindicatos e associações rurais em sua comunidade serviram de subsídios mobilizadores para que Laise decidisse fazer o Curso Técnico em Agropecuária pelo IFBaiano, com o intuito de fortalecer seu engajamento dentro dos movimentos ambientalistas e propor estratégias mais sustentáveis à prática da agricultura em sua comunidade:

Esses motivos que fizeram estar no IFBaiano, pra estar fazendo um curso voltado para Agroecologia; para assim eu poder ser a multiplicadora de saberes para os agricultores de forma agroecológica, sustentável, incentivando-os a planejar suas produções de forma que não prejudiquem o meio ambiente. (Laise).

Os relatos das jovens, como nos casos de Laís e Laise com o ambiente rural, permitem perceber como a aproximação com o engajamento militante ambientalista está, também, relacionada a questões de espaços e de tempos geográficos nos quais estão inseridas, conforme seus territórios de identidade, que revelam a plasticidade da condição juvenil.

As histórias de Laís e Laise enfatizam que, embora todos os jovens entrevistados sejam militantes ambientalistas, suas formas de atuação e engajamentos variam em suas causas, conforme as heranças ambientais familiares e de acordo com suas localizações espaciais. Nessa linha de pensamento, ao se referir aos motivos e às aproximações que geram o engajamento militante juvenil ambientalista no campo das práticas e das representações sociais, bem como à invisibilidade ou à falta de entendimento social que circunda sobre os sentidos desse engajamento, Gonçalves (2010) afirma que as sociedades, ainda, precisam chegar à concepção de que

[...] o indivíduo não mobiliza em suas ideias/representações algo que não conhece, algo que se torna invisível a ele. Quem irá se importar com uma cultura que está desaparecendo se nem sabe de sua existência ou, se sabe, não a valoriza? Como mudar uma atitude se não se percebe opção ou se não se têm parâmetros para entender que a atitude atual está equivocada? [...]. Nossas interpretações são fruto de nossa cultura e que coexistem diferentes culturas no planeta, muitas delas “invisíveis” [...] e, em sua invisibilidade, deixam de contribuir com novos referenciais simbólicos que poderiam fertilizar a sociedade com outras opções, outros modos de viver mais próximos da sustentabilidade. (GONÇALVES, 2010, p. 61).

Por isso, em primeira instância, o entendimento acerca dos motivos e das razões que levam os jovens a se engajarem na militância ambientalista não devem passar distantes da compreensão de que juventude é uma categoria plural, histórica e socioespacial; como afirma Bourdieu (2003), “a juventude é apenas uma palavra”.

Portanto, ser jovem da classe média é diferente de ser jovem da classe popular; ser jovem da cidade é diferente de ser jovem do campo; nascer e crescer em um núcleo de pessoas envolvidas ou engajadas em causas ambientais é diferente de não nascer e crescer nesses contextos e circunstâncias. Essas diferenças, por sua vez, se expressam nos modos como os jovens internalizam seus processos de socialização e expressam por meio de seus gostos, de suas preferências, de suas decisões e de seus prazeres por este ou aquele engajamento (CRISTO, 2017).

Nesse sentido, as histórias dos jovens supracitados entrelaçam-se à medida que a rede de sociabilidade, como expressão cultural da condição juvenil, aparece como uma forte influenciadora dos primeiros rituais de ingresso dos jovens nos grupos, coletivos, movimentos e organizações ambientalistas e, a partir daí, começaram a construir seus percursos de sujeitos engajados e militantes.

Melinda, por exemplo, considera que grande parte da sua disposição ao engajamento militante ambientalista se deve à influência exercida por processos de sociabilidades, que atuaram como instrumentos de reforço de socialização ao engajamento militante:

Conheci o Engajamundo por um amigo, o Iago, e aí ele fez: “ah, vai lá! O Engaja é legal! A gente trabalha com cinco temas diferentes, que inclui também meio ambiente, biodiversidade, a questão de habitação, gênero, desenvolvimento sustentável”. Eu disse: “Não, eu vou lá. Vou conhecer o Engajamundo”. E aí conheci o Engajamundo, vi que a organização era legal e disse “oh, vou ficar aqui”.

Dayrell (2007, p. 1111) afirma que “[...] a turma de amigos é uma referência na trajetória da juventude: é com quem fazem os programas, ‘trocam ideias’, buscam formas de se afirmar diante do mundo adulto, criando um ‘eu’ e um ‘nós’ distintivos”. Para o autor, os grupos de amigos são importantes elementos na solidificação dos processos de socialização porque agem como espécie de espelho das suas identidades e “fixação” dos percursos e das trajetórias de vida, uma vez que, por meio deles, os jovens constroem repertórios de semelhanças e de diferenças em relação aos outros, conforme Pais (1999) também chamou atenção.

Ainda no campo da rede de sociabilidade, a história de Uenderson - membro do Greenpeace - revela que, embora seu pai trabalhasse com mineração, não havia uma preocupação por parte do seu pai quanto aos danos causados pela prática da mineração. Essa falta de preocupação associada aos valores familiares pautados na ideia de meio ambiente como lugar de exploração e de produção econômica contribuíram para que Uenderson questionasse a transmissão desses valores e, ao mesmo tempo, utilizasse esses valores para construir seu percurso de engajamento militante nos movimentos ambientalistas:

Eu já morava aqui na Bahia, em Jacobina. Os amigos sempre saíam para fazer trilha, pra ir para a cachoeira e sempre via lixo pela estrada, pelo caminho. Aí a gente falou: “ah, vamos nos reunir e começar a pegar esses lixos e levar pra cidade, jogar fora, reciclar”. Começou aí a minha vida ambiental [...], eu sou de uma parte contrária: meu pai trabalhou sempre na mineração [...]. Aí, eu tentei entrar no Greenpeace. Por que Greenpeace? Porque é uma ONG grande e como eu sabia: “Poxa meu pai, durante muito tempo, ajudou a destruir o meio ambiente. Então, acho que eu vou começar a fazer alguma coisa pra tentar resgatar”. (Uenderson).

Percebe-se que o desejo de “pagar a dívida” ambiental do seu pai levou Uenderson a engajar-se na militância dos movimentos ambientalistas. O conjunto de valores transmitidos pelo seu pai foi acionado como meio para tornar-se um jovem ambientalista engajado. A maneira como ele chega ao engajamento militante ambientalista se constrói no campo de reflexões entre o seu passado, presente e futuro como tempos inseridos em espaços que figuraram como mecanismos de aprendizagens e tomada de decisões e posturas, mediante seu processo de socialização familiar e geracional.

Os meios de socialização pelos quais Uenderson transitou oferece caminhos para refletir sobre como as fronteiras geracionais e os contrastes espaço-temporais têm grandes implicações nos diferentes modos como os jovens lidam com seus processos de socialização e relacionam-se com a vida no tempo presente, colocando a socialização como campo de lutas e relações de poder (CRISTO, 2017).

Elen, por sua vez, relatou que o seu engajamento militante ambientalista tem raízes e está, estreitamente, relacionado ao engajamento do seu pai em movimentos e causas ambientalistas, por ele ser do Movimento Hare Krishna. E, desse modo, o compartilhamento de valores e de práticas sustentáveis dentro de sua casa, os diálogos construídos sobre a realidade cotidiana das causas ambientais atreladas à sua participação - desde a tenra idade - nos movimentos ambientalistas tornaram o mundo dos debates, reflexões e engajamento militante como um percurso, praticamente, natural:

Meu pai era do Movimento Hare Krishna. Então, ele seguia como base e ensinou tanto a mim quanto a meu irmão que era importante proteger os animais, proteger o meio ambiente, cuidar [...]. E assim, eu fui aproximando de várias outras pessoas que tinham o mesmo ideal que o meu e aí juntamos, fizemos essa parte de movimentação ligada ao meio ambiente, de cuidar, de propagar pra todo mundo que o ideal é estar mesmo cuidando de tudo e preservando o máximo que puder. (Elen).

A experiência familiar de Elen dá-se por meio da participação e do engajamento ativo do seu pai nos movimentos ambientalistas; o que - mais tarde - reverberou no desejo e na decisão de estudar Engenharia Ambiental e Sanitária, bem como no seu ingresso aos 17 anos de idade no Partido Verde através do convite de um amigo de seu pai. Posteriormente, assumiu a Coordenação de Meio Ambiente da Juventude do Partido Verde Estadual.

Se, por um lado, Brenner (2014, p. 40) afirma que “[...] mesmo o desengajamento dos pais não impede a transmissão de conteúdos, valores e posturas [...]”; por outro lado, há de considerar-se que ter pais ou crescer em um núcleo familiar de pessoas ambientalmente ativas e engajadas representam impactos positivos e incidem diretamente no percurso de jovens mais participativos, ativos, militantes e engajados.

Os relatos e as experiências dos jovens socializados por experiências não-escolares são indicativos que, no seio das disposições ao engajamento militante,

[...] a família emerge como estruturante da gênese das representações sociais e do desenvolvimento sociocultural do indivíduo, principalmente nos primeiros anos de vida. Os pais, em geral, são as principais referências [...]. As experiências de contato com a natureza são muitas vezes oferecidas pela família. As oportunidades acontecem dentro de casa, na sua vizinhança, nos passeios em parques e nas viagens ao interior e à praia. Visitar os parentes e aproveitar as férias e fins de semana estão entre as experiências de vida nutridas pela família que alargam a existência do indivíduo. (GONÇALVES, 2010, p. 128-129).

Por esse ponto de vista, consideramos que a presença de pais ou familiares engajados em questões e problemáticas ambientais faz muita diferença nos processos de engajamento militante ambientalista desta e das próximas gerações, por meio da socialização política, social e ambiental.

Da socialização escolar e acadêmica aos movimentos ambientalistas

Os achados da pesquisa trazem também relatos de jovens, cujas experiências escolares e acadêmicas estão associadas aos seus envolvimentos com as problemáticas ambientais. Rafael, Jéfferson e Vanessa Cinthia apontam atividades escolares, professores de determinadas disciplinas e maior identificação com alguns componentes curriculares como fortes influências de motivação ao engajamento ambientalista.

Neste ínterim, considerando que a escola é uma das instituições nas quais os sujeitos passam maior parte de suas vidas, os relatos dos jovens entrevistados sinalizam - conforme já chamaram atenção Sorrentino e Trajber (2007) - que o grande desafio da escola no século XXI é, por meio de seus conceitos e práticas, transitar da ideia simplista de meio ambiente enquanto natureza inerte e infinita, e alcançar um patamar mais amplo que perceba o meio ambiente como lugar da diversidade, do valor ético e político comprometido com as gerações presentes e futuras.

O jovem Rafael, por exemplo, afirma a importância das aulas de Ciências e o fato de estudar em escolas que valorizavam as relações entre o ser humano e o meio ambiente como fortes fatores de disposição ao engajamento militante ambientalista:

Quando eu comecei realmente a estudar, a gostar principalmente de Ciências, que a gente falava de animais, plantas, e eu tinha uma curiosidade incrível sobre isso [...], teve um projeto na escola que era para plantar árvores no colégio e cada turma ficava responsável na semana por cuidar dessas árvores. Então, isso foi um estopim para gostar mais da questão do meio ambiente, da natureza e, quando cheguei ao Ensino Médio, eu tive a oportunidade de participar de uma palestra da ONG Nordeste [...]. Então, pela minha dedicação na área, fui chamado para participar da Conferência de Meio Ambiente que teve aqui na minha cidade. Aí, depois disso, deslanchou. (Rafael).

O depoimento de Rafael serve como alerta para o quanto as atividades, a exemplo de palestras, rodas de conversas, aulas e projetos que abordam a temática meio ambiente podem surtir efeitos positivos na construção de disposições juvenis para o engajamento ambientalista. Nesse mesmo ponto, Jéfferson relata que suas primeiras motivações ao engajamento ambientalista e, consequentemente, sua inserção nos movimentos, estão muito fortemente relacionadas às suas experiências escolares.

Lembrando da minha vida na infância, o que mais me remete a movimento ambientalista é que, quando eu estudava em São Paulo, tinham alguns soldados do exército que faziam palestras, visitas na escola em que eu estudava, eu tinha acho que uns cinco anos. E tipo, nos fascinava aquilo de estar na selva, de cuidar, de proteger. Ainda me lembro de uma atividade, meio que uma dinâmica sobre a Amazônia e tal. E isso foi um marco gigantesco, que alavancou esse sentido de querer entrar no movimento ambientalista.

Nota-se pelos relatos de Rafael e Jéfferson que as escolas, por vezes, e dada a falta de maior incidência das famílias e outras instituições sociais, assumem a função de instituições socializadoras de maior peso e relevância na vida dos jovens, inclusive nas suas escolhas e preferências quanto aos seus projetos de vida.

As falas de Rafael e Jéfferson remetem também às discussões de Dayrell (2007), mais especificamente ao texto A escola ‘faz’ as juventudes? Reflexões em torno da socialização juvenil, quando o autor discute e problematiza as relações que a escola ocupa nos processos de socialização juvenil na contemporaneidade. Dayrell (2007) oferece pistas para se pensar acerca dos processos de socialização - via educação escolar - articulados às disposições juvenis no que tange aos engajamentos em suas mais variadas modalidades, considerando as relações de espaços e tempos juvenis das gerações contemporâneas. Segundo o autor, por vezes, a escola tem sido o palco de tensões e conflitos entre os seus processos de socialização e a juventude, devido aos novos dilemas, desafios, possibilidades e limites apresentados na contemporaneidade.

Portanto, pelos relatos dos jovens, cujos processos de aproximação com o engajamento militante ambientalista se deram por maior intermédio da socialização oriunda de experiências e vivências escolares, percebe-se que há uma atribuição de mais complexidade e amplitude aos tempos e aos espaços escolares como elementos significativos para a descoberta e a construção de engajamentos juvenis em suas mais variadas modalidades, dentre elas a militância ambientalista.

Essas características, por sua vez, são essenciais para pensar como os jovens se constituem engajados por estas ou aquelas causas, a depender da maior incidência de determinadas instâncias ou grupos nos seus percursos de vida, conforme pode ser observado no relato de Vanessa Cinthia:

Na ONG em que eu sou voluntária, eu fiz cinco anos agora em outubro. O que motivou a entrar nessa ONG foi o período em que eu estava no início da minha faculdade, eu deveria ter uns 19 anos, eu fui convidada para participar de uma limpeza de praia e para sensibilizar os banhistas quanto à questão do lixo nas praias [...]. Era mais de educação ambiental mesmo. E, nessa ocasião, quem estava acompanhando foi o pessoal do Greenpeace e aí eu gostei do trabalho deles e de tudo o que estava acontecendo, foi quando me candidatei a ser voluntária da ONG.

A história de socialização e de engajamento de Vanessa Cinthia apresenta um alerta de que não são as escolas, faculdades e universidades, necessariamente, que formam ou geram jovens engajados e militantes ambientalistas. Pelo seu processo de socialização acadêmica - à época em que estudava Engenharia Ambiental -, ela relata que as atividades acadêmicas trouxeram à tona suas disposições ao engajamento ambientalista ao aproximá-la do Greenpeace, embora não fosse objetivo do curso desenvolver ou despertar essa disposição e, além disso, a forma como seus colegas lidavam com o meio ambiente se dava de maneira desigual.

Em uma visão geral, as narrativas dos jovens entrevistados colocam em evidência que as memórias das suas infâncias, assim como os compartilhamentos e as vivências familiares se constituíram como maiores portas de acesso ao engajamento militante ambientalista, se comparado às outras agências e instituições socializadoras, como a escola, os grupos de amigos, a faculdade e os coletivos ambientalistas.

Carvalho (2001), na obra A invenção ecológica: narrativas e trajetórias da educação ambiental no Brasil, oferece pistas para refletir sobre os processos de formação dos sujeitos ecológicos e a imbricação dessa formação com as múltiplas relações que os indivíduos mantêm no cotidiano. Desse modo, a autora pontua que há certa conexão entre o dinamismo da vida social, política e cultural com o desenvolvimento de instrumentos para questões que perpassam a educação ambiental.

Entre os jovens do passado e os jovens ambientalistas do tempo presente, Jacobi (2007) sinaliza que o engajamento militante ambientalista na atualidade traz a emergência de novos desafios e posturas diante da complexidade das relações entre ser humano e natureza e, portanto, requer novos atores e sujeitos sociais:

Vive-se, no início do século XXI, uma emergência que, mais que ecológica, é uma crise do estilo de pensamento, dos imaginários sociais, dos pressupostos epistemológicos e do conhecimento que sustentaram a modernidade. Uma crise do ser no mundo, que se manifesta em toda sua plenitude; nos espaços internos do sujeito, nas condutas sociais autodestrutivas; e nos espaços externos, na degradação da natureza e da qualidade de vida das pessoas. (JACOBI, 2007, p. 56-57).

A fala do autor articulada às narrativas dos jovens ambientalistas entrevistados aponta para a superação, por meio do engajamento militante, do hiato entre reconhecer a crise ambiental na contemporaneidade e a criação de estratégias que tanto possibilitem a construção de uma sociedade sustentável como sirvam de alerta para as pessoas compreenderem a situação ambiental no mundo.

Considerações finais

O estudo em tela permitiu-nos concordar com Brenner (2014) quando tratou sobre as narrativas dos jovens que explicitam e reforçam que o cruzamento das linhas de suas trajetórias de vida particular com as linhas da vida pública oxigena os processos de formação dos sujeitos sociais, políticos e ecológicos juvenis.

O argumento central neste artigo refere-se à natureza plural, histórica, social e singular da ideia de juventudes, o passado e o presente nas narrativas dos jovens entrevistados que assumem a condição de uma espécie de “espelho retrovisor”, em que professores, pais, amigos, paisagens, determinados lugares, certas emoções, certos referenciais, lembranças da infância e realidades sociopolíticas aparecem em suas narrativas como constituintes do mosaico de possibilidades e de tendências de suas inclinações ao engajamento e à militância nas questões ambientais.

Aproximar-se e compreender as vias de socialização que potencializam a entrada dos jovens no engajamento militante ambientalista significou tracejar um percurso de pesquisa capaz de levar aos cenários de socialização que dão abrigo o engajamento juvenil na militância ambientalista. Esses processos de socialização não são mecanismos de encaminhamento passivo dos jovens a determinadas disposições de engajamento, como se os jovens estivessem destinados a atuar nesta ou naquela militância. As narrativas dos jovens entrevistados dão pistas de que, entre os seus processos de socialização e o engajamento na militância ambiental, existe a marca identitária de como cada jovem internaliza e externaliza a transmissão de aprendizagens, condutas, posturas e percepções adquiridas por meio da família, da escola, da faculdade e dos amigos.

Importante destacar que, na concepção dos jovens, os grupos, os coletivos, as organizações e os movimentos ambientalistas exercem um papel fundamental no reforço, no estímulo e na estruturação das suas disposições ao engajamento militante, uma vez que esses espaços se constituem como comunidades de práticas, em que os jovens formam suas identidades e produzem significados para suas vidas na esfera individual e coletiva, na atuação da vida privada e da vida pública.

A experiência oriunda da pesquisa leva ao indicativo de que, dentro da ramificação de engajamentos, é importante refletir sobre o engajamento político juvenil no sentido de transpor a superficialidade da sua natureza ou não a confundir como presença de estratégias e ações deslocadas do universo ideológico e do enfrentamento governamental no que tange às questões ambientais.

As narrativas dos jovens, como expressão de suas mais variadas formas de disposições ao engajamento militante à luz das agências ou das instâncias socializadoras que incidirem com mais intensidade, apresentam-se e reforçam que, mesmo em face ao crescimento nas últimas décadas sobre as discussões envolvendo a temática juventude, ainda se faz necessário romper com a obscuridade que coloca as narrativas da juventude ambientalista no campo do esquecimento social, da invisibilidade literária e da omissão acadêmica. As pesquisas sobre juventude, de acordo com Abramo (2014), vêm crescendo e, ao mesmo tempo, esse crescimento mostra que a juventude ambientalista tem ficado à margem nesse processo. A maioria das pesquisas debruça-se nos estudos sobre juventude abordando temáticas sobre sexualidade, profissionalização, mercado de trabalho, violência urbana, grupos de sociabilidades, educação, dentre outros. E a juventude ambientalista? É como se ela estivesse à parte ou continuasse ocupando o não-lugar social, político e cultural (ABRAMO, 2007).

É na arena desses espaços sociais e políticos - no diálogo permanente, contínuo, dinâmico e conflituoso entre passado, presente e futuro - que a juventude engajada na militância ambientalista amplia, também, suas possibilidades de sujeitos sociais e políticos; aceitam e refutam determinados tipos de posturas e ideologias; criam, fazem e constroem seus percursos de jovens que se engajam e militam por causas que acreditam e consideram legítimas e necessárias para a construção de um mundo melhor, diga-se de passagem, mais sustentável. Imaginar que os jovens na contemporaneidade estão alheios ao que se passa na sociedade, sobretudo no que se refere à questão ambiental, é um equívoco e, desse modo, consideramos importante que se avance em mais produções acerca do tema jovem ambientalista, como estratégia teórica a ser assumida por pesquisadores que devem se debruçar em mais estudos investigativos que contemplem as escolas, as ONGs, as comunidades tradicionais, os movimentos sociais, as igrejas, entre outros.

*Pesquisa financiada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

1O termo “pós”, neste trabalho, não faz referência à ideia de oposição ao que seja atrasado ou passado. Ele apenas sinaliza que estamos falando de uma geração surgida “depois” da difusão das ideias ambientalistas que, de acordo com o Programa Juventude e Meio Ambiente (2006), faz menção aos jovens nascidos a partir do final dos anos de 1970.

2Lei que institui o Estatuto da Juventude e dispõe sobre os direitos dos jovens, os princípios e as diretrizes das políticas públicas de juventude e o Sistema Nacional de Juventude - SINAJUVE (BRASIL, 2013).

3O mapeamento bibliográfico foi realizado nos seguintes Grupos de Trabalho: GT03 - Movimentos sociais, sujeitos e processos educativos; GT14 - Sociologia da Educação; GT18 - Educação de Pessoas Jovens e Adultas e GT22 - Educação Ambiental.

4Em relação aos aspectos éticos da pesquisa, os autores informam que possuem o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE) com a devida autorização para a utilização dos nomes de todos os sujeitos entrevistados, bem como de suas vinculações institucionais.

5Para a pesquisa de grupos, coletivos, organizações e movimentos ambientalistas por meio das redes sociais e Google foram utilizados os seguintes descritores: juventude e meio ambiente; jovens ambientalistas na Bahia; coletivos ambientalistas na Bahia; ONGs, juventude e meio ambiente na Bahia.

6Os critérios foram: jovens com idade entre 15 a 29 anos engajados na militância ambientalista com participação ativa nas discussões, nas estratégias e nas ações dos grupos, nos movimentos, nas organizações e nos coletivos ambientalistas.

7Os anos mencionados fazem referência às idades dos jovens no período em que foram entrevistados.

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Recebido: 31 de Março de 2019; Revisado: 08 de Agosto de 2019; Aceito: 16 de Agosto de 2019; Publicado: 28 de Agosto de 2019

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