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Práxis Educativa

versão impressa ISSN 1809-4031versão On-line ISSN 1809-4309

Práxis Educativa vol.15  Ponta Grossa  2020  Epub 26-Mar-2020

https://doi.org/10.5212/praxeduc.v15.13534.017 

Artigos

Juventude e apoio social: um olhar sobre as redes sociais de estudantes paraenses

Youth and social support: a look at the social networks of students from Pará

Juventud y apoyo social: una mirada a las redes sociales de los estudiantes de Pará

Tatiene Germano Reis Nunes* 
http://orcid.org/0000-0003-0403-9036

Fernando Augusto Ramos Pontes** 
http://orcid.org/0000-0001-9569-943X

Lúcia Isabel da Conceição Silva*** 
http://orcid.org/0000-0001-8871-5913

*Mestre em Teoria e Pesquisa do Comportamento pela Universidade Federal. Bolsista de Doutorado - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). E-mail: <tatienegermano@mail.com>.

**Professor da Universidade Federal do Pará. Doutor em Teoria e Pesquisa do Comportamento pela Universidade Federal do Pará. E-mail: <farp1304@gmail.com>.

***Professora da Universidade Federal do Pará. Doutora em Teoria e Pesquisa do Comportamento pela Universidade Federal do Pará. E-mail: <luciaisabel@ufpa.br>.


Resumo:

Este estudo investigou as redes sociais dos estudantes paraenses mediante o seu aspecto funcional, que, em uma perspectiva sistêmica, corresponde às interações pessoa-contexto-tempo que poderão influenciar os diversos aspectos biopsicossociais. A rede social está, portanto, associada às relações próximas e significativas estabelecidas entre o indivíduo e o ambiente e deve ser percebida como um fator de proteção, satisfazendo suas necessidades e anseios, pois permitirão que o sujeito, em situações adversas, solicite esse auxílio, equilibrando as relações entre os fatores de risco e os de proteção. Participaram da pesquisa 643 estudantes de escolas públicas, entre 13 a 24 anos (m=16,56; dp=2,37), de ambos os sexos. Foi aplicado o Questionário Juventude Brasileira e, para este estudo, utilizaram-se as questões referentes às percepções do apoio da família, da escola e da comunidade, bem como a questão sobre os fatores de proteção pessoal. Os resultados indicaram que as redes sociais atuam como rede de apoio social, destacando-se o apoio emocional percebido em todas as redes sociais. Foram observadas correlações significativas (p>0,005) entre as variáveis percepção do apoio na escola, na família, autoestima e autoeficácia. Os resultados destacaram a importância das redes sociais para a construção e a manutenção dos fatores de proteção pessoais que podem auxiliar no processo de engajamento, mobilização e transformação social.

Palavras-chave: Juventude; Rede Social; Apoio Social

Abstract:

This study investigated the social networks of students from Pará, Brazil, through their functional aspect, which in a systemic perspective corresponds to the person-context-time interactions that may influence the various biopsychosocial aspects. Therefore, the social network is associated with the close and significant relationships established between the individual and the environment and should be perceived as a protective factor, satisfying their needs and desires, as they will allow them, in adverse situations, to request this assistance, balancing the relationships between risk and protective factors. 643 students from public schools participated in the research, aged 13 to 24 years old (m=16.56; sd=2.37), of both sexes. The Brazilian Youth Questionnaire was applied and, for this study, the questions regarding the perceptions of family, school and community support were used, as well as the question of personal protection factors. The results indicated that social networks act as a social support network, highlighting the emotional support perceived in all social networks. Significant correlations (p> 0.005) were observed between the perception of support in school, family, self-esteem and self-efficacy variables. The results highlighted the importance of social networks for the construction and maintenance of personal protection factors that can assist in the process of engagement, mobilization and social transformation.

Keywords: Youth; Social Network; Social Support

Resumen:

Este estudio investigó las redes sociales de los estudiantes de Paraná, Brasil, mediante su aspecto funcional, que, en una perspectiva sistémica, corresponde a las interacciones persona-contexto-tiempo que pueden influir en los diversos aspectos biopsicosociales. Por lo tanto, la red social está asociada a las relaciones cercanas y significativas establecidas entre el individuo y el ambiente y debe ser percibida como un factor de protección, satisfaciendo sus necesidades y deseos, pues permitirán que el sujeto, en situaciones adversas, solicite este auxilio, equilibrando las relaciones entre los factores de riesgo y los de protección. Participaron de la investigación 643 estudiantes de escuelas públicas, entre 13 y 24 años (m=16.56; dp=2.37), de ambos sexos. Se aplicó el Cuestionario Juventud Brasileña y, para este estudio, se utilizaron las preguntas referentes a las percepciones del apoyo familiar, de la escuela y de la comunidad, así como la cuestión sobre los factores de protección personal. Los resultados indicaron que las redes sociales actúan como red de apoyo social, destacando el apoyo emocional percibido en todas las redes sociales. Se observaron correlaciones significativas (p>0.005) entre las variables percepción del apoyo en la escuela, la familia, autoestima y autoeficacia. Los resultados destacaron la importancia de las redes sociales para la construcción y el mantenimiento de los factores de protección personal que pueden auxiliar en el proceso de participación, movilización y transformación social.

Palabras clave: Juventud; Red social; Apoyo social

Introdução

A juventude é uma etapa específica da vida humana, caracterizada por transformações biológicas, intelectuais e emocionais, que assumem responsabilidades na transição ao mundo adulto e está associada aos aspectos histórico-sociais de cada indivíduo. A literatura tem sinalizado que a juventude na sociedade moderna ocidental se apresenta por uma diversidade de sujeitos inseridos em diversos contextos sociais que potencialmente buscam construir identidades provenientes dos desafios das realidades que intercalam as relações sociais. Portanto, juventude não apresenta uma forma universal de definição, pois está associada a um período que adquire denotações e delimitações diferentes a cada sujeito (ESTEVES; ABRAMOVAY, 2009; FREITAS, 2005; LEÓN, 2005).

A juventude é uma categoria social e vem sendo objeto de diferentes estudos em diversas áreas de pesquisa (ALVES; DELL’AGLIO, 2015; COSTA et al., 2015; SILVA, 2013; ZAPPE; DELL’AGLIO, 2016; ZANELLA et al.; ASSIS; FARIAS; 2013; WAISELFISZ, 2004), demonstrando o interesse científico por essa categoria (ABRAMO, 1994), resultando historicamente em diversas intervenções, ações e políticas específicas como o Plano Nacional de Juventude (PL Nº 4.530/2004), Estatuto da Juventude (PL Nº 27/2004) pela Comissão Especial da Juventude, que foi aprovado e implantado na forma da Lei Nº 12.852, de 5 de agosto de 2013. Posteriormente, foi criada a Secretaria Nacional de Juventude (SNJ), o Conselho Nacional de Juventude (PL Nº 4.530/2004 e PL Nº 27/2004, Lei Nº 11.129) e o Programa Nacional de Inclusão de Jovens (ProJovem), que objetivava ofertar direitos básicos, como justiça, educação, saúde, lazer, transporte público, esporte, liberdade de expressão, trabalho, dentre outros.

Contudo, mesmo com os diversos avanços acerca da legislação, a juventude ainda enfrenta uma realidade cruel e desigual, caracterizando os desafios das políticas para essa categoria. Desse modo, a psicologia do desenvolvimento humano busca, a partir de uma perspectiva sistêmica, compreender a realidade juvenil, enfatizando as inter-relações dos recursos individuais e contextuais que envolvem suas trajetórias de vida.

A perspectiva sistêmica corresponde às interações estabelecidas entre pessoa-contexto-tempo que poderão influenciar os diversos processos biopsicossociais e contribuir na construção dos mecanismos de enfrentamento à vulnerabilidade social (ALVES; DELL’AGLIO, 2015; BROFENBRENNER, 1996; NUNES et al., 2014). Para Bronfenbrenner (1996), a interação entre indivíduo e ambiente deverá possuir três características necessárias para promover o desenvolvimento: a reciprocidade, o equilíbrio de poder e a estabilidade nas relações efetivas. A manutenção dos vínculos estará, portanto, relacionada ao apoio afetivo proveniente da qualidade das relações estabelecidas entre o indivíduo, o ambiente e os objetos na interação (BRONFENBRENNER, 1996, 2011; MOREIRA et al., 2013).

É por meio da relação pessoa-ambiente que a rede social e os fatores de proteção podem operar de forma prática, construindo estratégias e mecanismos de enfrentamento, engajamento e transformação que devem ser percebidos e utilizados pelo indivíduo, de modo a atuar na diminuição do risco para o “desenvolvimento e a proteção” (COSTA et al., 2015, p. 742). Os fatores de proteção consistem em eventos que são percebidos em sua disponibilidade, caracterizando a oportunidade de amenizar, melhorar ou alterar os resultados negativos provenientes dos fatores de risco, que irrompem de um processo relacional ou da combinação de diversas adversidades. É importante destacar que esses fatores são dinâmicos e estão conectados pela forma como são percebidos, do mesmo modo que estarão associados às experiências, interagindo entre si (YUNES; SZYMANSKY, 2001).

Nesse sentido, é de extrema relevância investigar as relações estabelecidas na rede social da juventude, visto que poderão se ajustar como rede de apoio social, a partir das estratégias disponíveis para o desenvolvimento da capacidade de engajamento e de gerenciamento frente às adversidades. Em uma perspectiva sistêmica, o apoio social está associado tanto às mudanças dos contextos, às características pessoais, às interações estabelecidas quanto à reciprocidade das relações e o processo de percepção dos indivíduos envolvidos (BRONFENBRENNER, 1996, 2011; GERMANO; COLAÇO, 2012; MOREIRA et al., 2013).

Rede social

Diversas áreas como a Sociologia, a Antropologia, a Psicologia, a Economia, as Ciências Exatas, dentre outras, contribuíram para a compreensão dos estudos das redes sociais que se convergiram nos avanços que se deram na descoberta do processo dinâmico que envolve a rede social em sua construção e manutenção. Nesse sentido, a dinâmica da rede está relacionada às interações sociais e influenciam diretamente na estrutura da rede. De acordo com Marteleto (2010, p. 28), “[...] o conceito de redes sociais leva a uma compreensão da sociedade a partir dos vínculos relacionais entre os indivíduos, os quais reforçariam suas capacidades de atuação, compartilhamento, aprendizagem, captação de recursos e mobilização”. Dessa forma, podemos descrever que a rede social consiste em estruturas compostas por grupos de indivíduos que estão conectados de forma coletiva ou individual uns com outros.

Assim, essa rede é formada por ligações entre nós, que representam as relações sociais existentes e percebidas. Vale ressaltar que essa estrutura se configura como um sistema aberto em decorrência das interações tanto com o seu sistema quanto com o seu ambiente, em um processo contínuo de construção em níveis individuais e coletivos que promovem e difundem os processos socioculturais (ACIOLI, 2007; DIAS; SEQUEIRA; GUADALUPE, 2016; MARTELETO; SILVA, 2004), configurando-se a partir dos vínculos, provenientes da proximidade física, da reciprocidade, do compartilhamento, dos níveis de dependência e das afinidades existentes entre os integrantes (FONTES; EICHNER, 2011; RIBEIRO; BASTOS, 2011; STOTZ, 2009).

Em vista disso, o interesse pelo estudo das redes sociais consiste na possibilidade de compreender as propriedades estruturais dos conjuntos sociais mediante os interesses dos indivíduos, que podem descrever as invariabilidades nas estruturas, identificando a influência dos fenômenos sociais no comportamento dos indivíduos que estão relacionados aos tipos de nós e ao tempo dessas relações específicas (ATNEAVE; ROSS, 2006; BORGATTI; EVERETT, 2006; DUTRA et al., 2013; FONTES; EICHNER, 2011).

Meneses e Sarrieira (2005) destacam que a rede social pode ser estudada a partir de duas perspectivas, a primeira está relacionada aos aspectos estruturais das redes, de caráter quantitativo, utilizando metodologias específicas, dentre elas a “Análise das Redes Sociais que consiste em traçar e medir relacionamentos que se estabelecem entre povos, grupos, organizações, computadores ou outra forma de interação e comunicação” (MENESES, 2007, p. 22). Já a segunda perspectiva está associada à funcionalidade das redes, que utiliza metodologias tanto quantitativas quanto qualitativas e que buscam descrever sua função mediante os vínculos sociais.

Evidencia-se em estudos que a rede social pode ser essencial para o aprofundamento dos aspectos relacionais das redes, podendo descrever os atributos dessa relação, realizando uma análise estrutural e demonstrando as influências e as dependências dessas estruturas, ou seja, da rede de relações (ARAÚJO et al., 2013; BORGATTI, 2005; BORGATTI; EVERETT, 1999, 2006; MENESES; SARRIEIRA, 2005), que representa o conteúdo que é absorvido, incorporado e transmitido, proporcionando, por exemplo, o conhecimento de como a cultura é difundida (MIZRUCHI, 2006).

Assim sendo, a estrutura da rede é resultante das relações, ou seja, dos laços, vínculos ou elos existentes, que podem promover a difusão para atores internos ou externos. Tal possibilidade está relacionada às posições dos nós dentro dessa estrutura. Portanto, a partir do conhecimento da estrutura da rede, pode-se ter uma visão das interconexões e os números de vínculos (densidades) que promovem os padrões. Tal informação torna-se relevante na medida em que as interações influenciam esses padrões, transferindo informações, isto é, recursos que caracterizam o funcionamento da rede (BORGATTI; HALGIN, 2011). Desse modo, conhecer a funcionalidade de uma rede permite uma análise na dinâmica que promove a amizade, a colaboração, os fluxos de informação, os padrões de comportamento, das normas reguladoras, políticas públicas, dentre outras, podendo entender o impacto e promover intervenções mais eficazes.

Dentre as análises estruturais da rede social, Araújo et al. (2013, p. 676) apontam a importância do aspecto funcional da rede que influencia diretamente os aspectos desenvolvimentais do indivíduo, configurando-se “[...] no bem-estar emocional, a redução da mortalidade, a prevenção de doenças e a recuperação da saúde” (2013, p. 676). De acordo com Meneses (2007, p. 23), o “[...] apoio social é considerado como uma função dentre as múltiplas oferecidas pelas redes sociais; é pensado como a principal função e, também, como promotor da construção das redes”. Nesse sentido, o apoio social está associado tanto à disponibilidade quanto à satisfação dos integrantes da rede (DIAS; LEITE, 2014).

Apoio social

O apoio social consiste no aspecto funcional da rede social; desse modo, a rede é o local onde o indivíduo poderá recorrer em meio às adversidades na busca por suporte desejado e, quando isso acontece efetivamente, configura-se em uma rede de apoio social (PARENTE et al., 2014). Bueno, M. E. N. et al. (2012, p. 314) também acentuam que essa função da rede está conectada ao “bem-estar da pessoa”. Nessa perspectiva, Antunes e Fontaine (2005) denotam que o apoio social é o fornecimento de informações, auxílio material, emocional e sentimental e podem estar conectados às relações mais próximas entre grupos e/ou pessoas.

Nesse ponto, podemos enfatizar que existe a probabilidade de um indivíduo participar de uma rede social e não receber apoio social ou achar que não recebe, visto que o apoio social está associado às interações sociais que são percebidas como positivas, ou seja, representam os aspectos qualitativos das relações sociais, sendo de caráter subjetivo. Assim, mesmo que a rede disponibilize os recursos e os suportes, estes devem ser percebidos pelo indivíduo em meio às interações (ARAÚJO et al., 2013; GONÇALVES et al., 2011; PARENTE et al., 2014).

Em relação aos suportes e aos recursos da rede, estudos de Sluzki (1996), Sluzki e Berliner (1997), Costa et al. (2015) e Rapoport e Piccinnini (2006) apontam que uma rede social pode proteger a pessoa contra uma série de situações que poderiam colocar risco à vida, tais como as doenças. A rede também atua como agente na prevenção, de ajuda e de encaminhamento, influenciando a pertinência e a rapidez da utilização de serviços de saúde e se destaca também de forma positiva nos processos de cura, influenciando o desenvolvimento, pois é geradora de estratégias, ou seja, de fatores de proteção. Dessa maneira, a rede apresenta-se como fornecedora de apoio ao longo da vida, tendo destaque nos períodos de transformações e mudanças, bem como nos processos adaptativos.

Assim, a rede de apoio social mostra-se especialmente importante em diversos períodos do desenvolvimento juvenil, o que tem exigido novas formas de envolvimento que garantam o seu papel social, tanto na promoção de estratégias, no estabelecimento de vínculos, quanto nos recursos oferecidos. Segundo Siqueira, Betts e Dell’Aglio (2006) e Araújo et al. (2013), o apoio social consiste na forma como essas etapas são percebidas em relação à disponibilidade e à satisfação dos integrantes, visto que isso influenciará as estratégias e os recursos que eles buscarão para manter esse vínculo.

Logo, esse apoio percebido é constituído pelas formas de relações estabelecidas, provenientes da percepção sobre o mundo e sobre as pessoas próximas e significativas. As autoras também destacam dois tipos de apoio: o social (informativo, material e de interação) e o afetivo (emocional), que estão presentes nas redes sociais na tentativa de gerar suporte e auxílio para lidar com os riscos, podendo ser representados pelos recursos, pelas pessoas e pelas instituições (PALUDO; KOLLER, 2005). Já Griep et al. (2005) apresentaram uma escala de apoio social abrangendo cinco dimensões de apoio que são medidos pela percepção do indivíduo, a saber: material, afetiva, interação social positiva, emocional e informação.

Meneses (2007), a partir de seus estudos, também descreve diversas funções que caracterizam a apoio social decorrente nesse espaço. Dentre os seus apontamentos, está a função de companhia social, apoio emocional, guia cognitivo e conselho, regulação social e ajuda material e de serviços. A autora salienta que esta última função apresentada é a mais estudada e é denominada de suporte social.

O primeiro contexto de inserção que podemos analisar é a família. Sendo a primeira rede social, é considerada a mais importante, pois fornece, na maioria das vezes, segurança em todas as etapas da vida, caracterizando suas relações que se expandem a outras redes de apoio sociais, tais como a escola, a comunidade, os amigos e os professores. Portanto, a função da família como rede de apoio social torna-se relevante para o desenvolvimento e a transformação de cada um dos integrantes e como fator de apoio em situações de risco (BUENO et al., 2015). Bronfenbrenner (2011, p. 267) ressalta a importância desse contexto, uma vez que é o primeiro ambiente comprometido com o “bem-estar uns dos outros”, promovendo tanto interações, atividades e papéis em níveis processuais (interações recíprocas entre ambiente e pessoa) quanto em relação ao tempo (tempo pessoal e sequência histórica dos acontecimentos), que influenciam diretamente a pessoa (características pessoais, contexto cultural e história pessoal) em sua dinâmica familiar.

Ainda em relação ao apoio familiar, a pesquisa realizada por Bueno et al. (2015, p. 316) demonstrou que a família foi considerada “[...] a principal rede de apoio para as experiências da paternidade na adolescência” ao oferecer, a partir dos diálogos: motivação, conselhos, valores socialmente constituídos e comportamentos valorizados, a fim de estabelecer um vínculo forte e a aceitação por parte do adolescente na paternidade precoce. Outros estudos apontaram que o apoio social da rede familiar estava relacionado diretamente ao envolvimento das atividades no espaço escolar, no bem-estar psicológico e também na autoestima e autoeficácia (COCKER et al., 2012; CHENG et al. 2018; GRANJA; MOTA, 2018; SHEN et al., 2018).

Bronfenbrenner (1996) também destaca o contexto escolar e enfatiza a sua importância para o desenvolvimento, pois está presente em um longo período da vida e encontra-se interligado aos demais contextos como a família e a comunidade (BRONFENBRENNER, 2011; GERMANO; COLAÇO, 2012; MILLER; ESPOSITO-SMYTHERS; LEICHETWEIS, 2014; POLETTO; KOLLER, 2008). Ainda no contexto escolar, estudo de Germano e Colaço (2012, p. 386) sobre rede de apoio social, constataram que mesmo sendo um contexto “degradado”, a escola continua se configurando como uma importante fonte de apoio social proveniente das relações interpessoais significativas, sendo os amigos apontados como tais articuladores nesse espaço.

No caso de instituições, estudo de Dias, Sequeira e Guadalupe (2016), acerca das redes sociais pessoais de jovens em regime de acolhimento prolongado, destacou, entre os seus achados, a satisfação dos jovens sobre o suporte social, que foram predominantemente compostas por familiares, evidenciando o nível de apoio social percebido nesse contexto, pelas relações entre pares extra e intra instituição, bem como pelas relações com os profissionais das instituições, especialmente nas funções emocional e informativa.

Em relação à rede comunitária, o estudo de Vilutis (2009), referente à motivação dos jovens para a participação e o envolvimento em atividades na comunidade, destacou que 70% dos que participavam diariamente estavam envolvidos politicamente em algum grupo ou movimento. A respeito da motivação, 58,8% participavam por causa da formação artístico-cultural, 23,5% pela formação profissional e somente 11% eram motivados pela possibilidade de inserção no mercado de trabalho. O objetivo dessas atividades era voltado à inserção do jovem no mercado de trabalho, caracterizando a comunidade como um espaço de crescimento e formação humana.

Dlamini (2015) enfatiza a relação entre atuação e formação cidadã na comunidade, em outras palavras, o engajamento dos jovens que proporciona uma atuação direta na realidade da comunidade, disponibilizando espaços de reflexão e mudanças que, segundo London, Zimmerman e Erbstein (2003), está correlacionado diretamente ao seu próprio desenvolvimento. Estudo de Pinto, Pontes e Silva (2013), que investigou a relação entre a rede de apoio social e os papéis desenvolvidos por mulheres envolvidas em atividades da meliponicultura em uma comunidade, apontou que a rede comunitária permitia a circulação entre diversos contextos, bem como favorecia a troca de experiências por meio da interação entre pessoas de outros microssistemas. Assim, a rede auxiliava na manutenção dos vínculos e na busca por melhores condições de trabalho referente ao suporte social disponível, concretizando o sucesso em diversos contextos de inserção e em vários níveis de interações.

A esse respeito, cabe citar a pesquisa Juventude e resistência: significados e alternativas de participação de jovens em processos coletivos de luta pela melhoria da qualidade de vida de Silva (2010), que refletiu em uma das ações do Projeto: Guamá em rede no enfrentamento à violência doméstica contra crianças e adolescentes - GUAERÊ, cujos resultados puderam fornecer um diagnóstico abrangente sobre a juventude do bairro, realizado com 762 jovens, de 14 a 29 anos, que relataram suas principais preocupações acerca da realidade vivenciada, sendo elas: saúde, violência, desemprego e falta de qualidade na educação. Os dados demonstram que os jovens compreendem tanto os problemas de ordem micro quanto macrossociais, cujas consequências poderão refletir em um futuro de possibilidades e oportunidades, a partir do engajamento e do gerenciamento, de outro modo, do protagonismo para a transformação social.

Em relação à esfera pública, o estudo de Germano e Colaço (2012, p. 386), sobre os processos de resiliência e redes de apoio social dos jovens, destacou, nos seus relatos, a falta de apoio percebido nesse contexto, em que a percepção se construiu na relação entre os desamparos e as desigualdades sociais. Logo, o apoio da família e dos pares apareciam como principal meio de enfrentamento, bem como outros adultos (professores e mentores da igreja) foram apontados como fonte de suporte social. Segundo Burgos Delgado, Rodríguez Triana e Villamizar Sayago (2013, p. 3), a análise da rede permite “[...] conhecer os elementos que interagem no processo de formulação de políticas públicas, assim como as relações que emergem dessa interação”, favorecendo a construção, a implementação e a análise sobre os resultados obtidos.

A rede de apoio social está, por conseguinte, associada à rede de relações próximas e significativas estabelecidas entre o indivíduo em desenvolvimento e o ambiente (família, escola, pares e comunidade) e deve ser percebida sob a óptica sistêmica, ou seja, que recebe influências advindas dos outros sistemas sociais (BRONFENBRENNER, 1996, 2011). Essas relações deverão ser percebidas pelo indivíduo como um fator de proteção, satisfazendo suas necessidades e seus anseios, pois permitirão que o sujeito, em situações adversas, solicite esse auxílio, equilibrando as relações entre fatores de risco e fatores de proteção (ANTUNES; FONTAINE, 2005; ARAÚJO et al., 2013).

Na relação com os fatores de proteção pessoais, Masten (2001) destaca que, mesmo em meio à adversidade, o desenvolvimento pode se dar de forma positiva, e o resultado está atrelado aos atributos pessoais e contextuais, em que as interações promovem resultados positivos, pois a família e a escola podem atuar de forma positiva nas interações, reforçando a autopercepção e a autorregulação (SAPIENZA; MASTEN, 2011). Em um estudo que investigou os fatores de risco e de proteção acerca das tentativas e/ou ideação suicida, Pereira et al. (2018) salientaram a autoestima e a autoeficácia como fatores de proteção, provenientes dos relacionamentos familiares.

Assim, uma vez identificada a necessidade de proteção, nesse período da vida, e considerando a peculiaridade histórica e social de cada tempo, é preciso identificar o papel das redes sociais que rodeiam os jovens. Elucubrando essa realidade, os estudos apresentados e as implicações sociais das redes de apoio social para a vida dos jovens, este estudo buscou analisar, em uma perspectiva transversal, descritiva, exploratória e quantitativa, a percepção dos jovens paraenses sobre suas redes de apoio sociais (família, escola e comunidade), identificando as correlações com os fatores de proteção pessoais (autoestima, autoeficácia e perspectiva de futuro) no seu desenvolvimento. As hipóteses levantadas são as seguintes: (a) A percepção do apoio da escola está relacionada às variáveis percepção do apoio da família e autoeficácia; (b) A percepção de apoio da família está relacionada às variáveis autoestima e expectativa de futuro; (c) A percepção de apoio da comunidade está relacionada às variáveis autoeficácia e expectativas quanto ao futuro.

Método

Esta seção aborda o perfil dos participantes desta investigação, os instrumentos utilizados, os procedimentos e as considerações éticas e como se deu a análise dos dados coletados.

• Participantes

Participaram da investigação 643 jovens, com idades entre 13 e 24 anos (m=16,56; dp=2,37), cuja média das idades dos jovens é de 16 anos. O desvio padrão aponta para o grau de dispersão de aproximadamente dois anos. Dos entrevistados, 48,7% correspondem a meninas e 49,9%, a meninos, estudantes de escolas da rede pública do município de Belém, que cursavam entre a sétima e oitava série do Ensino Fundamental e o Ensino Médio. Os dados deste estudo transversal procedem do banco de dados da Pesquisa Violências contra crianças, adolescentes e jovens: percepções sobre risco e proteção e dinâmica de atuação das redes de proteção (escola, família e comunidade) em sua Etapa II (2017), do Instituto de Ciências da Educação da Universidade Federal do Pará (ICED/UFPA).

• Instrumentos

Foi utilizado um questionário produzido pela pesquisa nacional Juventude Brasileira (Versão Fase II, DELL’AGLIO et al., 2011). O instrumento contém 77 questões de múltipla escolha que investigam aspectos referentes à caracterização biosociodemográfica dos participantes, bem como variáveis relacionadas à educação, à saúde, ao trabalho, à violência, ao lazer e à rede de apoio.

Para este estudo, foram utilizadas as seguintes questões: 8 (percepções quanto à comunidade); 18 (percepções quanto à escola, envolvendo professores, técnicos e colegas); 19 (percepções quanto à família); 62 (autoestima), 63 (autoeficácia) e 64 (expectativa de futuro). As questões 62, 63 e 64 utilizam uma escala Likert de 5 pontos.

• Procedimentos e considerações éticas

O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos do Hospital Universitário João de Barros Barreto da UFPA, conforme o CAAE 67268317.5.0000.017, sob o Parecer 2.082.557. A amostra foi composta de forma aleatória, por conglomerados por meio do sorteio de 10 novas escolas públicas do município de Belém.

Foi solicitada a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) aos pais (para adolescentes menores de 18 anos de idade), bem como a concordância dos próprios jovens, respeitando os critérios da ética em pesquisa com seres humanos, conforme orientações contidas em resoluções do Conselho Nacional de Saúde (CNS).

• Procedimentos de análise

Os dados foram tratados por meio de análise estatística descritiva e inferencial gerando os índices referentes aos dados biossociodemográficos, à percepção do apoio das redes sociais (família, escola e comunidade) e aos fatores de proteção pessoal (autoestima, autoeficácia e perspectiva de futuro). Posteriormente, utilizou-se o teste de correlação de Pearson para verificar a correlação entre as variáveis de apoio das redes sociais (família, escola e comunidade) e fatores de proteção pessoais (autoestima, autoeficácia e perspectiva de futuro).

Resultados e discussão

Para os dados analisados, foram identificadas as médias referentes à percepção dos jovens sobre suas famílias. Os resultados são apresentados na Tabela 1.

Tabela 1 Médias quanto às percepções dos jovens sobre suas famílias 

Percepções dos jovens sobre suas famílias Médias Desvio-Padrão (DP)
Costumamos conversar sobre problemas da nossa família 3,87 (dp= 1, 353)
Meus pais raramente me criticam 3,01 (dp= 1,378)
Raramente ocorrem brigas na minha família 3,20 (dp= 1, 365)
Quando estou com problemas, posso contar com meus pais 4,16 (dp= 1,213)
Sinto que sou amado e tratado desta forma 4,28 (dp= 1,105)
Meus pais em geral sabem onde eu estou 4,31 (dp= 1,118)
Nunca sou humilhado por meus pais 4,02 (dp= 1,401)
Meus pais raramente brigam entre eles 3,40 (dp= 1,450)
Meus pais dão atenção ao que eu penso 3,63 (dp= 1,349)
Meus pais conhecem meus amigos 3,95 (dp= 1,290)
Eu sinto anseio pelos meus pais 3,95 (dp= 1,290)
Meus pais me ajudam quando eu preciso de dinheiro 4,60 (dp= ,865)
Costumo conversar com meus pais sobre decisões 3,86 (dp= 1,290)
Meus pais sabem com quem eu ando 4,15 (dp= 1,220)
Eu me sinto seguro com meus pais 4,59 (dp= ,903)
Posso confiar ou para falar de você ou sobre seus problemas 3,89 (dp= 1,251)
Posso compartilhar minhas preocupações 3,61 (dp= 1,429)
Posso contar com meus pais para dar sugestões 3,93 (dp= 1,273)
Costumo me divertir com os meus pais 4,15 (dp= 1,164)

Fonte: Adaptada de Violências contra crianças, adolescentes e jovens: percepções sobre risco e proteção e dinâmica de atuação das redes de proteção (escola, família e comunidade), em sua Etapa II(SILVA, 2017).

As percepções positivas dos jovens sobre suas famílias podem ser observadas a partir das três médias mais elevadas: ajuda financeira (M= 4,60; DP= ,865), segurança que a família fornecia (M= 4,59; DP= ,903) e percepção de ser amado pelos familiares (M= 4,28; DP= 1,105), respectivamente. Essa última média, segundo autores, consiste em uma das três características que promovem o desenvolvimento da pessoa (BRONFENBRENNER, 1996, 2011; MOREIRA et al., 2013). Vale destacar o baixo desvio padrão das variáveis relacionadas ao apoio financeiro e à variável relacionada à segurança, apontando um consenso entre os jovens.

Ainda sobre os dados acerca da família, destacam-se as médias referentes ao controle familiar: “Sabem aonde estou” (M= 4,31; DP= 1,118); “Sabem com quem eu ando” (M= 4,15; DP= 1,220) e “Sabem e conhecem meus amigos” (M= 3,95; DP= 1,290). Tais resultados demonstram a importância das relações familiares para o desenvolvimento desses jovens. Nesse sentido, estudos enfatizam a importância do apoio e do monitoramento parental na redução de comportamentos de riscos sociais (FOSCO et al., 2012). Segundo Meneses (2007, p. 28), a regulação social é uma das funções da rede que tem em vista a “[...]regulação social do comportamento e reafirmam as responsabilidades. Permitem dissipar a frustração e a violência, favorecendo a resolução de conflitos”. Tal afirmativa vai ao encontro do estudo de Pacheco e Hutz (2009), que apontou variáveis que favoreciam a diminuição do engajamento em comportamentos antissociais na adolescência, dentre elas a autoeficácia, o monitoramento parental e a supervisão parental.

A partir disso, é possível perceber nos dados que a configuração familiar atua como fator de proteção, fornecendo os recursos necessários na percepção dos jovens, visto que aprovisionaram amor, ajuda, auxílio, compartilham preocupações e decisões e ainda promovem momentos de diversão (MD= 4,15; DP= 1,164). Esses resultados também são encontrados em outros estudos, confirmando a importância do apoio familiar que está associado a um desenvolvimento positivo (ALVES; DELL’AGLIO, 2015; ANTUNES; FONTAINE, 2005; BUENO, M. E. N. et al., 2012; MILLER; ESPOSITO-SMYTHER; LEICHITWEIS, 2014).

Foi investigada também a percepção acerca do apoio escolar. Foram identificadas as médias mais altas, as quais são apresentadas na Tabela 2.

Tabela 2 Médias quanto às percepções dos jovens sobre a escola 

Percepções dos jovens sobre a escola Médias Desvio Padrão (DP)
Gosto de ir à escola 4,06 (dp= 1,105)
Gosto da maioria dos meus professores 3,95 (dp= 1,144)
Quero continuar meus estudos nessa escola 3,77 (dp= 1,352)
Posso contar com meus professores 3,88 (dp= 1,167)
Posso contar com técnicos da escola 3,55 (dp= 1,325)
Confio nos colegas da escola 3,22 (dp= 1,205)
Gosto da infraestrutura física e equipamentos 2,54 (dp= 1,405)
Gosto de fazer trabalhos em grupo e estudar 3,56 (dp= 1,284)
A maioria dos professores explica a matéria 4,01 (dp= 1,198)
A maioria dos professores se mostra interessada 4,04 (dp= 1,128)
É muito comum professores faltarem 2,75 (dp= 1,409)
Eu me sinto seguro na escola 2,93 (dp= 1,296)
Gosto do nível de interesse e dedicação dos professores 3,92 (dp= 1,111)
Gosto das atividades esportivas, culturais... 3,99 (dp= 1,253)

Fonte: Adaptada de Violências contra crianças, adolescentes e jovens: percepções sobre risco e proteção e dinâmica de atuação das redes de proteção (escola, família e comunidade), em sua Etapa II(SILVA, 2017).

As percepções sobre a escola destacam-se a partir das maiores médias, sendo elas: “gosto de ir à escola” (MD= 4,06 DP= 1, 105); “pela demonstração dos interesses dos professores” (MD= 4,04; DP=1,128) e “pela forma de explicarem as matérias” (MD= 4,02; DP=1,198). Cabe destacar ainda, neste contexto de apoio percebido no ambiente escolar, as médias referentes ao bem-estar, ao apoio dos professores, dos técnicos e a dedicação destacada pelos jovens. Ademais, é possível verificar nesses resultados a configuração da escola como contexto de proteção, visto que os jovens percebem o apoio da escola e dos professores (MD= 3,91; DP= 1,131), demonstrado também interesse nas atividades esportivas e culturais que acontecem nesse espaço (MD= 3,99; DP= 1,253).

Outra questão que merece ser tratada refere-se às baixas médias associadas à “infraestrutura física e de equipamentos” (MD= 2,54; DP= 1,405); “falta dos professores” (MD= 2,75; DP=1, 409) e em relação à “segurança neste espaço” (MD= 2,93; DP= 1,253). Esse resultado também pode ser encontrado no estudo de Germano e Colaço (2012, p. 386), que apontou a escola como um contexto “degradado”. Contudo, os fatores de proteção, a partir do apoio social percebido, mantêm as relações interpessoais significativas, o que tende a promover um desenvolvimento positivo nesse espaço. Essas relações deverão ser percebidas pelo indivíduo como um fator de proteção, pois auxiliam e influenciam um processo dinâmico que pode equilibrar as relações entre os riscos e os fatores de proteção disponíveis (ANTUNES; FONTAINE, 2005; MILLER, ESPOSITO-SMYTHER; LEICHITWEIS, 2014). Da mesma forma, a Tabela 3 apresenta as percepções dos jovens acerca de suas comunidades.

Tabela 3 Médias quanto às percepções dos jovens sobre sua comunidade 

Percepção sobre a comunidade Médias Desvio Padrão (DP)
Eu sinto que pertenço a minha comunidade 3,26 (dp= 1,400)
Posso confiar nas pessoas da minha comunidade 2,32 (dp= 1,223)
Eu me sinto seguro na minha comunidade 2,32 (dp= 1,237)
Eu posso contar com os meus vizinhos 2,47 (dp= 1,181)
Eu posso contar com alguma organização 2,10 (dp= 1,185)
Minha comunidade tem melhorado nos últimos anos 2,41 (dp= 1,280)
Eu posso falar de você ou de seus problemas 2,13 (dp= 1,242)
Eu posso contar com meus vizinhos para dar ajuda 2,53 (dp= 1,275)

Fonte: Adaptada de Violências contra crianças, adolescentes e jovens: percepções sobre risco e proteção e dinâmica de atuação das redes de proteção (escola, família e comunidade), em sua Etapa II(SILVA, 2017).

O apoio na comunidade foi evidenciado na percepção de pertencimento e de recebimento de apoio: “Eu sinto que pertenço a minha comunidade” (MD= 3,26; DP= 1,400) e “Eu posso contar com meus vizinhos para dar...” (MD= 2,53; DP= 1,275). Dlamini (2015) aponta que o engajamento dos jovens atua como forma de fortalecimento de sua voz como cidadão e que as atividades da vida social na comunidade são elementos que contribuem para o seu bem-estar, uma vez que podem atuar de forma positiva no desenvolvimento de ambos. Segundo London, Zimmerman e Erbstein (2003), o desenvolvimento da comunidade nos dias atuais está correlacionado diretamente ao desenvolvimento do jovem. Foi nessa perspectiva que os dados da pesquisa de Vilutis (2009) se destacaram, uma vez que apontou que 70% dos jovens entrevistados participavam diariamente das atividades comunitárias, estimulando a atuação política em algum grupo ou movimento.

Após as análises sobre as percepções dos jovens e suas redes sociais, foi possível também detectar quanto as variáveis de apoio social, tais como a escola, a família e a comunidade estão relacionadas às variáveis de proteção pessoal (autoeficácia, autoestima e expectativa de futuro). Nas Tabelas 4 e 5 serão apresentadas as médias referentes às redes de apoio e aos fatores de proteção. E, na sequência, na Tabela 6, serão apresentadas as correlações entre as médias das variáveis.

Tabela 4 Média das Variáveis Redes de apoio social (Apoio da família, escola e Comunidade) 

Redes de apoio Social Média Desvio-Padrão
Família 3,939 0,808
Escola 3,541 0,658
Comunidade 2,476 0,939

Fonte: Adaptada de Violências contra crianças, adolescentes e jovens: percepções sobre risco e proteção e dinâmica de atuação das redes de proteção (escola, família e comunidade), em sua Etapa II(SILVA, 2017).

Tabela 5 Médias das variáveis Fatores de proteção pessoais (Autoestima, autoeficácia e Expectativa de futuro) 

Fatores de proteção pessoal Média Desvio-padrão
Autoestima 3,193 0,634
Autoeficácia 3,134 0,729
Expectativa de futuro 3,933 0,738

Fonte: Adaptada de Violências contra crianças, adolescentes e jovens: percepções sobre risco e proteção e dinâmica de atuação das redes de proteção (escola, família e comunidade), em sua Etapa II(SILVA, 2017).

Tabela 6 Correlação entre as médias das variáveis 

  2 3 4 5 6
1. Escola
0,428
0,28 0,291 0,233 0,263
2. Família
1
0,298 0,281 0,305 0,318
3. Comunidade  
1
0,307 0,193 0,14
4. Autoestima    
1
0,361 0,232
5. Autoeficácia      
1
0,457
6. Expectativa de Futuro         1

Fonte: Adaptada de Violências contra crianças, adolescentes e jovens: percepções sobre risco e proteção e dinâmica de atuação das redes de proteção (escola, família e comunidade), em sua Etapa II(SILVA, 2017).

Nota: * p<0,05; **p<0,01

A partir dos dados foi possível verificar a correlação entre as médias das variáveis família, escola e comunidade. Vale destacar a média referente ao contexto familiar, sendo a maior entre as demais (MD= 3,939; DP= 0,808). A literatura tem evidenciado tal resultado a respeito do apoio familiar (COCKER et al., 2012; CHENG et al., 2018; GRANJA; MOTA, 2018; SHEN et al., 2018). Estudo de Dias, Sequeira e Guadalupe (2016) demonstraram que os jovens em regime de acolhimento prolongado apontaram que a rede social que mais satisfazia suas necessidades acerca do suporte social consistia na rede familiar em detrimento das demais, especialmente nas funções emocional e informativa.

Em relação aos fatores de proteção pessoais (autoestima, autoeficácia e expectativa de futuro), pode-se verificar que a média mais alta estava relacionada à expectativa de futuro (MD= 3,933; DP= 0,738). Estudos apontam que o futuro pode ser influenciado pelos processos relacionais tanto dos contextos quanto pessoais, configurando-se como um fator de proteção em meio à adversidade. Trommsdorff (1983) destaca que as expectativas de futuro representam as metas, as perspectivas e as aspirações de um indivíduo que surgem das suas experiências de sucesso e fracasso. Portanto, as experiências pessoais podem estimular o protagonismo social e político, modificando o futuro por aspirações que garantam a mudança da realidade, pois a expectativa de futuro está relacionada à autoestima e às crenças de autoeficácia, que, ao serem positivas, promovem aspirações pessoais mais concretas para uma qualidade de vida real (RIBEIRO et al., 2014).

Os dados revelaram pelo P-valor que todas as variáveis apresentaram correlações significativas, P-valor abaixo de 0,05; assim, houve correlação entre todas as variáveis. De acordo com os resultados, as magnitudes das correlações maiores e positivas estavam relacionadas entre a percepção do apoio na escola e a percepção de apoio na família (r>0,428), entre autoeficácia e expectativa de futuro (r>0,457), bem como entre autoestima e autoeficácia (r>0,361), confirmando os resultados encontrados na literatura: (a) A percepção da escola está relacionada às variáveis percepção da família e autoeficácia; (b) A percepção da família está relacionada às variáveis autoestima e expectativa de futuro. Estudos de Granja e Mota (2018), Shen et al. (2018), Cheng et al. (2018) e Vilutis (2009) confirmam essas relações, uma vez que apontaram a associação entre apoio social das redes para o envolvimento das atividades no espaço escolar, no bem-estar psicológico, para a autoestima e para atuação política em grupos ou movimentos.

As correlações entre autoeficácia e percepção da comunidade (r>0,14) e autoestima e percepção da comunidade (r>0,193) são positivas, porém fracas, o que demanda um olhar mais cuidadoso sobre a hipótese que afirma que (c) A percepção da comunidade está relacionada às variáveis autoeficácia e expectativas quanto ao futuro. Desse modo, tais resultados necessitam de novos estudos sobre o papel da percepção do apoio na comunidade e os fatores de proteção pessoais, uma vez que estudos apontaram que o desenvolvimento da comunidade, nos dias atuais, está correlacionado diretamente ao desenvolvimento do jovem, proveniente do protagonismo e da atuação política em algum grupo ou movimento (LONDON; ZIMMERMAN; ERBSTEIN, 2003).

Portanto, a influência das redes sociais (escolar, familiar e comunitária) é evidenciada neste estudo, visto que atuam diretamente (microssistemas) na vida dos jovens e também se configuram em espaços que devem ser alvos das intervenções (macrossistema), pois permitem a partir dos seus vínculos relacionais “uma compreensão da sociedade” (MARTELETO, 2010, p. 28).

Dessa forma, à luz do modelo bioecológico de Urie Bronfenbrenner, podemos compreender a realidade desses jovens a partir dos processos que envolvem a dimensão da pessoa, do contexto e do tempo, pautados no modelo denominado Processo-Pessoa-Contexto-Tempo (PPCT). Este ostenta a interligação desses elementos, salientando que suas diferenças tendem a influenciar as relações e que estão conexos à percepção sobre o ambiente e as interações que acontecem, refletindo os tipos e qualidades das relações e, consequentemente, podendo viabilizar ou não um desenvolvimento positivo (BRONFENBRENNER, 1996, p. 11).

Segundo Bronfenbrenner (1996), as redes sociais (imediatas e as mais distantes) podem desempenhar diversos papéis na vida do indivíduo, pois possuem a capacidade de promover a comunicação na rede e entre as redes (interligados), sendo um canal direto para as informações serem compartilhadas. O autor destaca também que as redes além de estarem interligadas podem identificar recursos humanos ou materiais de um ambiente que podem estar em falta em outro. O autor ainda enfatiza a existência da rede involuntária, que serve como canais para transmitir informações ou atitudes a respeito de um ambiente para outro, proveniente da chamada terceiras pessoas. Para Meneses (2007, p. 29), essa função da rede é denominada “acesso a novos contatos”.

Nessa perspectiva sistêmica, os resultados ora encontrados indicaram que as redes sociais (familiar, escolar e comunitária) desses jovens atuam como rede de apoio social, uma vez que as relações estão efetivando algumas das funções de apoio (MENESES, 2007). Os maiores índices também confirmam o apoio social indicado por Antunes e Fontaine (2005), visto que estava relacionado ao fornecimento de informações, auxílio material, emocional e sentimental. Nesse sentido, destaca-se o apoio emocional percebido em todas as redes sociais: “amado pela família” (M 4,28; DP 1,105); “interesses dos professores” (M 4,04; DP 1,128) e “pertenço à minha comunidade” (M 2,53; DP 1,7), que, segundo Meneses (2007, p. 27), “atinge diretamente a auto-estima”, como também foi observado nos dados referentes às variáveis que apresentaram correlações significativas: P-valor abaixo de 0,05; desse modo, houve correlação entre as percepções sobre família, escola e comunidade com os fatores de proteção pessoais (autoestima, autoeficácia e perspectiva de futuro).

Estudo de Shen et al. (2018) apontou que a percepção sobre a competência estava fortemente relacionada ao apoio social dos pais, o que resultava em um alto aproveitamento das atividades de Educação Física na escola. Assim, o apoio social dos pais foi apontado como um fator positivo que está relacionado diretamente ao prazer de realizar tal atividade nesse espaço. Nessa mesma direção, estudo de Cocker et al. (2012) destacou que adolescentes de baixa renda exibiram menor autoeficácia e uma menor participação nas aulas de Educação Física. A pesquisa de Spence et al. (2010) também afirmou que a autoeficácia e o apoio parental mediaram as relações entre atividade física no contexto escolar.

Esses resultados podem ser confirmados pela teoria bioecológica, tendo em vista que as interações existentes nas redes sociais caracterizam a dimensão da pessoa, do processo, do contexto e do tempo (PPCT), uma vez que as médias mais altas tendem a inferir na qualidade das relações, já que as interações e os contextos são percebidos positivamente, pois, segundo Meneses (2007), a definição de apoio social está relacionado à “[...] informação que fornece à pessoa a sensação de ser querida, cuidada e valorizada, e que mantém relações com outros”, o que tende a favorecer o surgimento de fatores de proteção que promoverão relações significativas e que poderão estimular um desenvolvimento adequado (BRONFENBRENNER, 1996).

Assim, os resultados apontaram que as redes de apoio social dos jovens paraenses são percebidas de forma positiva em uma perspectiva de proteção em cada contexto. Segundo Meneses (2007), não adianta a disponibilidade de recursos e suporte se não forem percebidos pelo sujeito (MENESES, 2007). Nesse sentido, Bronfenbrenner (1996, 2011) destaca a importância das experiências positivas, por promoverem a confiança e o sentimento de competência, sendo necessário enfatizar que tal resultado reflete tanto nas relações entre pessoa-pessoa quanto na pessoa-ambiente. Assim, os dados demonstraram que a confiança é percebida, na medida em que as médias referentes à variável segurança se sobressaíram. Logo, o desenvolvimento será afetado mediante o aumento da oportunidade de novos relacionamentos e novas experiências, visto que é aumentado na extensão em que informações, conselhos e ações são relevantes em um ambiente e as experiências deverão proporcionar tal disponibilidade em um processo contínuo entre ambientes, para o outro e para as interações.

Considerações

As experiências positivas dos jovens trazem grandes benefícios ao seu desenvolvimento e estão relacionadas à qualidade das relações estabelecidas em suas interações. É importante destacar o papel que as redes sociais possuem nesse processo, uma vez que estão associadas a essas experiências e se mostram especialmente importantes em diversos períodos do desenvolvimento juvenil, exigindo, assim, novas formas de envolvimento que garantam o seu papel social, tanto na promoção de estratégias, no estabelecimento de vínculos, quanto nos recursos oferecidos em políticas eficazes, que garantam o protagonismo juvenil em espaços relacionados às artes, à cultura, ao esporte, à religião, dentre outros.

De modo geral, o estudo destacou a percepção sobre essas relações, principalmente no que tange ao apoio social percebido, proveniente das redes sociais que esses jovens participam, sendo um dos aspectos essenciais para entender a realidade da juventude, pois, além de se apresentarem significativas, as redes sociais estão interligadas e diretamente associadas aos fatores de proteção pessoal e às formas de protagonismo. Assim, uma experiência positiva poderá promover uma expectativa melhor de futuro, por terem possibilidade de estimular as crenças de autoeficácia e autoestima.

Identificar a dinâmica das redes sociais dos jovens pode, portanto, contribuir na medida do conhecimento sobre os processos de socialização que cada contexto possibilita sobre seus membros, oferecendo espaços de participação, de decisões e de mudanças que podem motivar a inserção em outras esferas, ou contextos sociais e/ou políticos, garantindo uma preparação para a vida adulta fundamentada na garantia de direitos humanos e na qualidade de vida, visto que a participação social e política também são oriundas desses processos.

Acredita-se que este estudo tenha relevância por ampliar o conhecimento acerca das redes sociais dos jovens, de modo a perceber como elas atuam segundo a percepção deles, promovendo um olhar focalizado nos microssistemas (conexões interpessoais, relacionamentos afetivos, atividades e papéis), o que pode favorecer na construção de políticas públicas para intervenções a níveis de sociedade, ou seja, macrossistêmica (crenças, valores, formas de pensar e agir, cultura e estilos de vida).

Cabe ressaltar a necessidade de estudos futuros, de modo a verificar a estrutura das redes de apoio sociais (escola, família e comunidade), buscando compreender a atuação das redes frente ao fornecimento de apoio social. Ademais, é necessário verificar estudos que façam a diferença entre o apoio percebido e o apoio recebido, o que pode facilitar intervenções mais efetivas para esse seguimento. A limitação do estudo corresponde à amostra que contempla apenas adoles centes e jovens somente de escolas públicas.

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Recebido: 30 de Março de 2019; Revisado: 08 de Novembro de 2019; Aceito: 12 de Novembro de 2019; Publicado: 20 de Novembro de 2019

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