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Práxis Educativa

versão impressa ISSN 1809-4031versão On-line ISSN 1809-4309

Práxis Educativa vol.16  Ponta Grossa  2021  Epub 09-Fev-2022

https://doi.org/10.5212/praxeduc.v.16.17537.066 

Artigos

Configuração do Estágio Curricular Supervisionado em Educação Física – licenciatura: incursões e apontamentos a partir de Norbert Elias*

Configuration of the Supervised Curricular Internship in Physical Education – teaching degree: incursions and notes from Norbert Elias

Configuración de la Pasantía Curricular Supervisada en Educación Física – licenciatura: incursiones y apuntes a partir de Norbert Elias

Arestides Pereira da Silva Júnior** 
http://orcid.org/0000-0003-0647-1930

Amauri Aparecido Bássoli de Oliveira*** 
http://orcid.org/0000-0002-2566-1476

**Professor na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Brasil. Doutorado em Educação Física pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). E-mail: <arestidesjunior2000@yahoo.com.br>.

***Professor na Universidade Estadual de Maringá (UEM), Brasil, e Universidad Católica del Maule (UCM), Chile. Doutorado em Educação Física pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). E-mail: <amauribassoli@gmail.com>.


Resumo:

Esta pesquisa buscou analisar os aspectos ligados à configuração do Estágio Curricular Supervisionado na Licenciatura em Educação Física e seus possíveis impactos na prática pedagógica dos estagiários, a partir do referencial teórico de Norbert Elias. A pesquisa caracterizou-se como exploratória qualitativa e contou com a participação de 61 pessoas vinculadas ao Estágio Curricular Supervisionado. Como estratégia metodológica, empregou-se o grupo focal e a entrevista semiestruturada, com utilização de análise de conteúdo e auxílio do software NVivo 10. Respaldado pelo referencial Elisiano, constatou-se que a configuração do Estágio Curricular Supervisionado, seja na universidade ou na escola, influencia diretamente na autonomia de atuação e na prática pedagógica dos acadêmicos durante a realização do estágio, devendo ser reavaliada continuamente como forma de possibilitar avanços na futura atuação.

Palavras-chave: Educação Física; Formação profissional; Docência

Abstract:

This research sought to analyze the aspects related to the configuration of the Supervised Curricular Internship in the Physical Education Teaching Degree and its possible impacts on the pedagogical practice of the interns, based on the theoretical framework of Norbert Elias. The research was characterized as qualitative exploratory and had the participation of 61 people linked to the Supervised Curricular Internship. As a methodological strategy, the focus group and semi-structured interview were used, using content analysis and the aid of the NVivo 10 software. Supported by the Elisiano framework, it was found that the configuration of the Supervised Curricular Internship, whether at the university or at school, directly influences the autonomy of performance and the pedagogical practice of academics during the internship, and should be continually reassessed as a way to enable advances in future performance.

Keywords: Physical Education; Professional training; Teaching

Resumen:

Esta investigación buscó analizar los aspectos relacionados con la configuración de la Pasantía Curricular Supervisada en la Licenciatura en Educación Física y sus posibles impactos en la práctica pedagógica de los practicantes, a partir del marco teórico de Norbert Elias. La investigación se caracterizó como exploratoria cualitativa y contó con la participación de 61 personas vinculadas a la Pasantía Curricular Supervisada. Como estrategia metodológica se empleó el grupo focal y la entrevista semiestructurada, con utilización del análisis de contenido y el auxilio del software NVivo 10. Respaldado por el marco Elisiano, se constató que la configuración de la Pasantía Curricular Supervisada, ya sea en la universidad o en la escuela, influye directamente en la autonomía de desempeño y en la práctica pedagógica de los académicos durante la realización de la pasantía, debiendo ser reevaluada continuamente como una forma para posibilitar avances en el desempeño futuro.

Palabras clave: Educación Física; Formación profesional; Docencia

Introdução

Diante de dificuldades e desafios que atualmente permeiam o campo de atuação docente, tais como a indisciplina, a elevada quantidade de alunos por turma, o desinteresse e a falta de motivação dos alunos, a carência de recursos físicos e materiais, dentre outras precariedades relativas às condições de trabalho dos professores, torna-se cada vez mais dificultoso e árduo o exercício docente para o professor da Educação Básica (GASPARINI; BARRETO; ASSUNÇÃO, 2005; GATTI, 2016). Nesse sentido, Pimenta e Lima (2012) revelam que tais dificuldades são potencializadas durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado, pois, como o estagiário é um sujeito novo no contexto escolar, está posto a provas, testes e embates com os demais indivíduos que fazem parte da escola.

Partindo dessa lógica, questiona-se: O estagiário faz parte do contexto escolar?Pimenta e Lima (2012) enfatizam a importância do futuro professor como parte integrante do projeto político pedagógico da escola, mas reconhecem que, na prática, frequentemente as ações formativas entre a universidade e a escola são limitadas e desarticuladas, refletindo de forma negativa nesse importante processo de formação inicial do professor.

Não diferente disso, no contexto da Educação Física, Neira (2012), Aroeira (2014), Batista (2014), Iza e Souza Neto (2015) e Silva Júnior et al. (2019) também evidenciaram a ausência de articulação entre as instituições formadoras (universidade e escola), o que possivelmente, de acordo com os autores, reflete na forma de atuação do acadêmico, nas suas práticas pedagógicas, bem como nos relacionamentos com os demais agentes da escola, uma vez que apresentam dificuldades de imersão e de entrosamento.

Nesse sentido, embora o estagiário esteja presente na escola, desempenhando as suas funções e cumprindo todas as etapas, não raramente sua conduta, comportamento e atuação sofrem interferências que implicam diretamente a forma com a qual o estágio é realizado. Dessa maneira, por vezes este perde a sua essência pedagógica na função formativa do professor, sendo executado apenas como forma de requisito obrigatório para a conclusão do curso, por isso o acadêmico cumpre o estágio, mas não vivencia com autonomia, de forma plena e integral as diversas e complexas possibilidades dessa experiência pedagógica, assim como a compreensão da dinâmica relacional e configuracional que envolve a instituição escolar e seus agentes (SILVA JÚNIOR et al., 2019).

Dentre os aspectos mais evidentes apresentados na literatura que interferem ou poderão interferir na realização do Estágio Curricular Supervisionado na Educação Física, mencionam-se: a falta de participação ativa dos professores supervisores (BENITES et al., 2012); a carência de acompanhamento e de professores orientadores com experiência em escola para exercer essa função (BATISTA, 2014); a valorização das questões burocráticas e documentais em relação aos aspectos didáticos pedagógicos do Estágio Curricular Supervisionado (NEIRA, 2012); a falta de aproximação e parceria entre a escola e a universidade (IZA; SOUZA NETO, 2015), e o desconhecimento do estagiário em relação ao contexto escolar (BISCONSINI; FLORES; OLIVEIRA, 2016; SILVA JÚNIOR et al., 2019).

Tais limitadores da prática do estágio são frutos de configurações que podem fragilizar e/ou potencializar a realização desse importante componente da formação inicial dos professores de Educação Física. Além disso, ressalta-se que tal estrutura e organização do Estágio Curricular Supervisionado implica as relações que os estagiários têm ou deveriam ter no ambiente geral da escola. De acordo com Silva Júnior et al. (2019), a configuração do estágio, que engloba a organização, a estruturação e a dinâmica desse processo formativo, requer o envolvimento integrado entre as instituições diretamente ligadas (escola e universidade), de forma a proporcionar a parceria, a coesão e a integração das ações, favorecendo as relações entre os atores envolvidos (acadêmicos, professores e demais agentes educacionais).

Pesquisas sobre o Estágio Curricular Supervisionado na formação de professores de Educação Física vêm mostrando e reafirmando a importância da organização e da estruturação do estágio de forma que possibilite uma configuração direcionada a cumprir os elementos básicos de seu funcionamento, em uma lógica que favoreça uma dinâmica produtiva e eficaz para a prática pedagógica nesse processo formativo (AROEIRA, 2014; BISCONSINI; FLORES; OLIVEIRA, 2016; IZA; SOUZA NETO, 2015; MONTIEL; PEREIRA, 2011; SILVA JÚNIOR et al., 2019; SILVA JÚNIOR; OLIVEIRA, 2018). No entanto, ainda são escassas as pesquisas que apresentam uma sólida base teórica para sustentar e discutir os resultados na busca de um entendimento ampliado do fenômeno investigado.

Dessa forma, o objetivo desta pesquisa foi analisar os aspectos influenciadores da configuração do Estágio Curricular Supervisionado na formação de professores de Educação Física e discutir o seu impacto na prática pedagógica dos estagiários. A pesquisa utilizou a teoria configuracional de Norbert Elias como pano de fundo para sustentar as discussões, sobretudo a partir das seguintes obras: Introdução à Sociologia (ELIAS, 1980), A sociedade dos indivíduos (ELIAS, 1994) e Os estabelecidos e os outsiders: sociologia das relações de poder a partir de uma pequena comunidade (ELIAS; SCOTSON, 2000).

Procedimentos metodológicos

Esta pesquisa do tipo exploratória qualitativa (BOGDAN; BIKLEN, 2013; GIL, 2010) contou com a participação de 61 pessoas com vínculo direto com o Estágio Curricular Supervisionado de Licenciatura em Educação Física, sendo 33 acadêmicos estagiários, 23 professores de Educação Física que supervisionam estágio e cinco professores da universidade que são os coordenadores de turma de estágio. Os critérios de inclusão para participação na pesquisa foram: a) acadêmicos estagiários: estarem matriculados na disciplina de estágio; aceitarem e terem disponibilidade para participar da pesquisa; b) professores de Educação Física: terem supervisionado ao menos um desses acadêmicos estagiários; aceitarem participar da pesquisa; c) professores coordenadores de turma de estágio: serem responsáveis por uma turma de estágio na instituição de Ensino Superior e aceitarem participar da pesquisa.

Para fins de organização e melhor visualização, os participantes da pesquisa são identificados por uma abreviatura correspondente à sua função (Professor Supervisor - PS; Professor Coordenador de Turma - PCT; Estagiário - E), seguida por uma numeração crescente (1, 2, 3...). Todos os participantes da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê Permanente de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (Copep) da Universidade Estadual de Maringá (UEM), a partir de Parecer Consubstanciado n° 1.113.894. A partir dessa aprovação, a coleta de dados foi realizada no ano de 2015.

Para coletar os dados, foi utilizada a técnica de grupo focal com os acadêmicos e com os professores supervisores de estágio, seguindo as recomendações de Gatti (2012). A autora revela que o grupo focal é uma técnica de coleta de dados, realizada a partir da dinâmica interacional que constitui o processo investigativo, na qual oferece a troca de experiências e informações por meio do processo comunicativo e flexível entre os participantes, sem desrespeitar as exigências sistemáticas e criteriosas da pesquisa científica.

Considerando que o número total de professores coordenadores de turma era insuficiente para atender às exigências mínimas de realização de grupo focal, foi realizada a entrevista semiestruturada com esses professores. Salienta-se que, tanto para a realização do grupo focal quanto para a entrevista, utilizou-se o mesmo roteiro, resguardadas as diferenças de suas atuações. O roteiro contemplava aspectos influenciadores na configuração do Estágio Curricular Supervisionado, como: a organização, o acompanhamento por parte dos professores supervisores e orientadores, as condições de trabalho dos professores, os aspectos burocráticos, a legislação, a burocracia, as ações de aproximação com a escola, as relações entre os agentes envolvidos, dentre outros.

Para a realização do grupo focal, as reuniões foram gravadas com áudio e vídeo, a partir do consentimento e da autorização dos participantes. Os encontros foram conduzidos por uma equipe treinada, composta por um mediador, um relator e um observador. Ao total foram realizados oito grupos focais em sessões únicas, sendo quatro grupos compostos por acadêmicos estagiários e quatro por professores supervisores.

Também foram realizadas entrevistas semiestruturadas com os professores coordenadores de turma de estágio. As entrevistas foram realizadas de forma individual em uma sala apropriada e com a utilização de um gravador portátil digital. Após a sua transcrição, o conteúdo foi encaminhado por e-mail aos entrevistados a fim de conferir, validar e autorizar. Esse procedimento seguiu o protocolo recomendado por Negrine (2004).

Para a análise dos resultados, foi utilizada a técnica de análise de conteúdo, a partir da proposta de Bardin (2013), considerando as três fases: a) pré-análise; b) exploração do material; e c) tratamento dos resultados, inferência e interpretação. A partir da transcrição do conteúdo das entrevistas e dos grupos focais, deu-se continuidade com os passos de leitura flutuante, escolha do material, formulação/reformulação das hipóteses e objetivos, assim como a constituição dos índices e indicadores. O processo de categorização foi realizado a partir de procedimentos dedutivos (a priori), realizados com suporte no referencial teórico adotado e da elaboração de uma matriz analítica para a demarcação das categorias, assim como de procedimentos indutivos (posteriori), com base nos dados coletados com os participantes da pesquisa. O tratamento dos resultados foi realizado a partir de uma análise reflexiva e crítica dos dados, em busca de relações, de incursões e de associações com a teoria configuracional de Norbert Elias. Benites et al. (2016, p. 47) afirmam que a etapa de análise qualitativa em pesquisa “[...] pode ser considerada o coração do sistema, uma parte imprescindível para a descoberta de elementos que poderão responder aos objetivos e ao problema de estudo, especialmente na investigação pedagógica em Educação Física”.

Também foi utilizado o software de análise qualitativa NVivo 10 como forma de possibilitar um olhar ampliado e minucioso dos dados coletados, sobretudo em função do grande número de participantes da pesquisa e o volumoso quantitativo de material coletado. Benites et al. (2016) revelam que os softwares de análise qualitativa vêm se mostrando como importantes recursos para a organização e a sistematização dos dados, mas que não dispensam o olhar cuidadoso e envolvente do pesquisador.

Resultados e discussão

O Estágio Curricular Supervisionado na formação de professores, visualizado a partir do modelo de configurações de indivíduos interdependentes (ELIAS, 1980, 1994), poderá reconhecer e valorizar a amplitude e a gama de possibilidades que transcende a formação inicial dos futuros professores, refletindo também como forma de atualização e de formação continuada aos professores em atuação na escola e na universidade.

Segundo Elias (1980), o conceito de configuração pode ser aplicado tanto em pequenos grupos quanto em grandes sociedades compostas por milhares de indivíduos interdependentes. Além disso, uma de suas características é a possibilidade de mudanças e adaptações durante a vida. No entanto, alerta que certas alterações são lentas e necessitam de anos, décadas ou até mesmo gerações para surtirem efeito.

Os modelos das configurações, dos padrões ou estruturas sociais podem ser tão precisos e fidedignos quanto os resultados da mensuração quantitativa de fatores ou variáveis isolados. O que lhes falta é o caráter ilusoriamente conclusivo das inferências baseadas unicamente na análise quantitativa, que muitas vezes são confundidas com a exatidão. Tal como as hipóteses e teorias em geral, eles representam ampliações, progressos ou aperfeiçoamentos do reservatório de conhecimentos existentes, mas não podem ter a pretensão de ser um marco final absoluto na busca do saber, marco este que, tal como a pedra filosofal, não existe. Os modelos e os resultados das pesquisas de configurações fazem parte de um processo, de um campo crescente de investigação, à luz de cujo desenvolvimento estão eles mesmos sujeitos a revisões, críticas e aperfeiçoamentos, frutos de novas gerações. (ELIAS; SCOTSON, 2000, p. 57).

Nesse sentido, torna-se fundamental considerar o Estágio Curricular Supervisionado em uma configuração em que se perceba a necessidade de avaliar a sua estrutura, organização e dinâmica a fim de atender às demandas atuais do processo de formação, à legislação vigente, bem como as demais necessidades da sociedade contemporânea (PIMENTA; LIMA, 2012). Assim, os professores coordenadores de turma são unânimes em afirmar que, apesar das dificuldades administrativas e pedagógicas normalmente encontradas no cotidiano dos cursos de formação de professores, o Estágio Curricular Supervisionado passa constantemente por ajustes, alterações e modificações em busca do processo formativo mais coerente e próximo do “ideal”.

Além disso, enfatizam que a configuração do Estágio Curricular Supervisionado no curso é pensada de forma ampliada, de maneira a contemplar e inter-relacionar os diversos componentes curriculares do curso. O relato do PCT4 representa bem essa forma ampliada de se pensar o Estágio Curricular Supervisionado no processo de formação inicial do professor, ao afirmar que: “O estágio não é uma disciplina a parte das demais, ele deve ser considerado como componente de integração, em que o aluno só vai ter o momento de ajustar, mas também de fazer os enlaces para colocar em prática aquilo que ele vai conhecendo durante o curso” (PCT4).

Apesar disso, todos reconhecem como fragilidade eminente a falta de acompanhamento adequado dos professores orientadores de Estágio Curricular Supervisionado da Instituição de Ensino Superior (IES), dificuldade retratada na fala do PCT1: “O ideal seria um acompanhamento mais próximo do professor orientador junto ao estagiário no seu espaço de estágio (escola)”. Batista (2014) apontou que a insegurança de orientar, o não reconhecimento da função de orientador na IES bem como a sobrecarga de tarefas são aspectos diretamente relacionados à desmotivação na função de orientador de Estágio Curricular Supervisionado.

Todos os professores coordenadores de turma entrevistados relataram que as condições de trabalho no curso não são favoráveis para exercer o acompanhamento adequado aos estagiários. Como forma de justificativa a esse problema encontrado no estágio do curso investigado, os professores PCT1 e PCT5 declaram que:

Na carreira docente universitária, o professor assume muitas funções, por exemplo, trabalhar nos seus projetos de pesquisa, ensino e extensão, as orientações, as atividades do programa de pós-graduação que demandam de uma exigência maior para a manutenção da pontuação a ser alcançada. Então esse professor acaba assumindo muitas tarefas, e essas acabam impedindo que faça o acompanhamento do estágio mais próximo da escola. (PCT1).

Eu vejo que a universidade hoje, como está estruturada, com falta de docentes, com falta de funcionários, faz com que o docente tenha que fazer boa parte das funções (até administrativas), que não cabiam a ele anteriormente, e que, nessa nova organização da sociedade, hoje cabe. (PCT5).

As afirmações vão ao encontro do que Neira (2012) e Pimenta e Lima (2012) também alertaram, ao afirmarem que a sobrecarga de tarefas dos docentes universitários é o principal motivo que inviabiliza o acompanhamento pedagógico mais próximo na realização do estágio. Em decorrência disso, segundo os autores, frequentemente a supervisão é realizada de forma meramente burocrática, a partir da cobrança e do controle de documentos, relatórios e fichas de frequência.

Pesquisas como as de Lima e Lima-Filho (2009), Andrade, Fernandes e Bastos (2013) e Bernardo (2014) reconhecem e enxergam com preocupação a sobrecarga que os docentes universitários vêm enfrentando na jornada de trabalho, destacando que, nas IES públicas, os trabalhadores estão cada vez mais incorporando atividades na sua carga de trabalho. Já nas instituições privadas, a pressão exercida junto aos docentes é para aumentar a quantidade de carga horária de trabalho, assim como aprender a conviver com a instabilidade empregatícia forçando-se a assumirem mais atividades dentro da mesma quantidade de horas/aulas gratificadas.

Considerando as justificativas expressas pelos professores participantes nesta pesquisa, sobretudo a do PCT1 e a do PCT5, bem como o que Neira (2012) e Batista (2014) enfatizam, é possível reconhecer que o Estágio Curricular Supervisionado na formação de professores de Educação Física nesse curso está embasado na legalidade, considerando a sua regulamentação, realização e importância no processo formativo. No entanto, seu status ainda carece de legitimidade, tendo em vista a necessidade de um olhar mais criterioso por parte do corpo docente e projeto pedagógico idealizado. O estágio é o coroamento de todo o processo desenvolvido pelo curso, portanto, culminante nas ações e no reflexo de todo o ensino realizado, devendo ser o feedback para todos. Entretanto, ainda há muitos ruídos nessa relação e nesse reconhecimento (BISCONSINI; OLIVEIRA, 2019), fazendo desse momento pedagógico apenas um momento burocrático, empobrecendo seu valor e indicativos para análises do processo formativo e da futura intervenção profissional de seus egressos.

Traçando um paralelo do cenário sobre a configuração de acompanhamento do Estágio Curricular Supervisionado por parte do curso investigado com o estudo de Elias e Scotson (2000) sobre relações de poder entre estabelecidos e outsiders, evidencia-se na obra que os estabelecidos, por terem maior tempo de residência na localidade, eram reconhecidos como detentores de poder e os recém-chegados (outsiders) como seres inferiores. Dessa forma, a constatação da dificuldade de trabalho de orientação, supervisão e acompanhamento mais próximo ao estagiário pelos agentes da IES é um dos elementos passíveis de favorecer uma situação que deflagre maior distanciamento entre as instituições envolvidas (universidade e escola) nesse processo educacional, de forma que quanto mais limitada e distante for essa relação, possivelmente maiores serão as dificuldades de inserção desse estagiário no contexto da escola, deixando os estagiários (outsiders)1 mais afastados dos demais agentes (estabelecidos).

Ainda se apropriando da concepção de Elias e Scotson (2000), o estagiário nessa conjuntura é o personagem situado em uma zona de conflito e de disputa de poderes, na qual busca, ou tenta buscar, sua “inserção” e “fixação” em um ambiente novo (a escola), com indivíduos “residentes”, que, dependendo da forma com a qual a sua aproximação seja conduzida, poderá exercer maior resistência, dificultando ou impedindo sua entrada e trânsito nesse local.

Tendo em vista as dificuldades para um melhor acompanhamento do Estágio Curricular Supervisionado, os professores reconhecem que a burocratização do processo do Estágio Curricular Supervisionado é uma forma de auxiliar no controle e na fiscalização da realização do estágio. Nesse sentido, a fala do PCT2 reflete a opinião dos demais docentes ao afirmar que: “É um mal necessário, infelizmente, porque se não fizer isso, o aluno burla, e mesmo assim ele burla, já peguei várias coisas erradas, que ele faz de conta que fez e não fez”.

Assim, o processo burocrático do Estágio Curricular Supervisionado assume o papel de fiscalização, ressaltado na fala do PCT3, ao dizer que: “Se a gente não tem a presença permanente dentro da escola, tem o carimbo da escola comprovando que o aluno esteve presente ali em todo o tempo, então é necessário!”. No mesmo sentido, o PS22 afirmou que “é uma segurança da instituição”. Elias (1980) considera a burocracia como elemento importante na organização social, mas ao mesmo tempo como uma arma em direção às relações e às interdependências sociais, devido ao seu caráter de exaltação legalista.

Ainda a respeito da burocratização do desenvolvimento do Estágio Curricular Supervisionado, consistindo na parte da documentação que legaliza, normatiza e regulamenta as atividades e ações desse processo de formação do futuro professor de Educação Física, os professores coordenadores de turma e os professores supervisores (PCT1, PCT2, PCT3, PCT4, PCT5, PS10 e PS22) consideram a quantidade de documentos adequada às necessidades do estágio.

Já os estagiários (E1, E3, E4, E8, E9, E14 e E18), principalmente os que realizam o Estágio Curricular Supervisionado I, referente à Educação Infantil e aos anos iniciais do Ensino Fundamental, entendem que a documentação exigida para a elaboração do relatório final de estágio (pasta)2 é excessiva, e frequentemente mais valorizada que as ações de orientação didático-pedagógicas. O relato do E3 reproduz a opinião dos demais a partir da seguinte fala:

Era só... quero pasta tal dia! Arruma escola! Não se esquece de fazer tal coisa! [...]. Era mais cobranças burocráticas do que realmente falar sobre o que nós estávamos vivenciando, no caso estágio na escola [...]. A gente não discutia. Está tendo algum problema? Você tem um aluno com deficiência, como você pode trabalhar com ele? Que atividades você está aplicando? Os professores de sala estão te ajudando? (E3).

Verifica-se que os acadêmicos que realizaram o Estágio Curricular Supervisionado II, referente aos anos finais do Ensino Fundamental e ao Ensino Médio, não apresentaram maiores queixas referentes ao processo burocrático do Estágio Curricular Supervisionado por já terem se adaptado à toda a documentação exigida na realização do estágio. Os PCT são unânimes em afirmar que os estagiários apresentam dificuldades com a documentação por conta de desatenção nas orientações realizadas em sala de aula.

Ainda em relação à burocracia, em época de valorização as ações que visam à sustentabilidade e à conscientização ecológica, o E27 sugere a utilização de pasta de Estágio Curricular Supervisionado no formato online como forma de redução do consumo de papel, bem como economia dos estagiários a partir de diminuição da quantidade de impressões de um número elevado de documentos.

Levando em consideração a necessidade de ter documentos burocráticos como forma de garantir a legalidade e o controle desse processo, corrobora-se com autores como Silva (2005), Krug e Krug (2008), Silva e Santos (2011), Neira (2012) e Silva Júnior (2016), os quais enfatizam que os aspectos burocráticos não devem ser mais valorizados e prestigiados em relação aos pedagógicos e didáticos do ensino.

Fazendo inferência ao pensamento de Elias (1980, 1994) no que tange à burocratização, é fundamental transcender o formato fechado e verticalizado, de modo a considerar os elementos comprovatórios e fiscalizadores do processo, mas sobretudo oportunizar os indivíduos envolvidos de forma interativa e horizontal e assim possibilitar um Estágio Curricular Supervisionado mais rico em situações e vivências pedagógicas e menos restrito a burocracia e documentação, embora exista a necessidade legal de certa documentação. Contudo, retirar o peso dessa questão burocrática se coloca como uma etapa importante para avanços pedagógicos.

Conforme Pimenta e Lima (2012), o Estágio Curricular Supervisionado deve ser entendido como possibilidade de transcender os processos de ensino e de aprendizagem na disciplina específica, permitindo ao futuro professor a vivência da rotina da escola (NEIRA, 2012), a valorização do conhecimento do projeto político pedagógico (OLIVEIRA et al., 2011), bem como de toda a micropolítica que permeia o espaço escolar (BORBA; WITTIZORECKI, 2013), favorecendo, dessa forma, o futuro professor a estabelecer relações facilitadoras do seu processo de inserção na escola.

Nesse sentido, constatou-se que os professores coordenadores de turma apresentam tal discernimento a respeito da configuração interdependente entre as ações e as atividades constituintes do Estágio Curricular Supervisionado, como se evidencia na fala representada pela PCT4, ao afirmar que “[...] a grande ‘sacada’ do estágio, é possibilitar que ele tenha uma vivência no universo escolar, o que é esse cotidiano escolar e o que é o dia a dia da escola!”.

Conforme verificado nas discussões dos grupos focais, essa maior integração às atividades da escola ocorre mais frequentemente na Educação Infantil, principalmente pela dinâmica envolvendo maior atenção aos alunos nesse nível de ensino (BRASIL, 2013). Conforme o PS3, referente ao Estágio Curricular Supervisionado I, “[...] eles (os estagiários) participam ativamente, dão comida, colocam touca, limpam prato, levam até ao banheiro, dentre outras ações rotineiras que vão além da disciplina de Educação Física”. Tal relato vai ao encontro do que Neira (2012) atribui como função do Estágio Curricular Supervisionado, ao valorizar a participação do estagiário nas diversas atividades da escola, observando e identificando as rotinas, as ações e trocando informações com professores e funcionários mais experientes.

O PS7 reitera a importância de vivenciar momentos durante o Estágio Curricular Supervisionado na escola que favoreçam a compreensão de ser professor como tarefa complexa a extrapolar a “sala de aula”, afirmando que “[...] é na hora que a gente está conversando informalmente, no conselho de classe, no planejando, na hora-atividade, até na hora do café, comentamos coisas sobre os problemas da escola e da educação”. O PS8 também enfatiza que “[...] no conselho de classe você aprende muito, nesse momento você vê a realidade, você tem uma visão global”. Nessa direção, Hunger, Rossi e Souza Neto (2011) ressaltam que a ação docente na escola é configurada por cadeias de interdependências funcionando como forma de (des)equilibrar a teia social que estrutura o complexo processo educativo; assim, a tarefa do professor na escola não é isolada, ao contrário, segue uma configuração interdependente que favorece trocas, diálogos, compartilhamentos e demais possibilidades de valorizar o papel de todos na instituição.

Os professores supervisores (PS3, PS5, PS6, PS12) da Educação Infantil e dos anos iniciais do Ensino Fundamental consideram importante que, nas reuniões administrativas e pedagógicas assim como nos conselhos de classe, tenham a participação dos estagiários como forma de reconhecer elementos ocultos existentes do campo burocrático e de conflitos entre as diversas áreas do conhecimento, tal como as distintas formas de pensamento e ideologia dos atores constituintes da escola. Além disso, Marco e Maurício (2007) valorizam esses momentos como forma de planejamento, reflexão sobre o trabalho pedagógico e de reconhecimento e compartilhamento de novas possibilidades nos processos de ensino e de aprendizagem.

Contudo, ao mesmo tempo em que os professores supervisores reconhecem essas ações como relevantes e significativas no processo formativo dos estagiários, alertam acerca da preocupação sobre a participação de pessoas não pertencentes à escola (referindo-se ao estagiário) em atividades consideradas mais internas, como, por exemplo, o relato do PS6, ao afirmar que “[...] infelizmente as pessoas não sabem ficar com a ‘boca fechada’, coisas que acontecem dentro da reunião pedagógica acabam saindo atritos, aí acaba gerando confusão para quem está ali dentro, por isso não participam”. Aroeira (2014) também evidenciou a importância da participação dos estagiários de Educação Física em todas as situações envolvendo trabalhos coletivos na escola, como conselhos de classe e reuniões pedagógicas, a fim de cumprirem integralmente sua função formativa e se tornarem coparticipantes da vida escolar. No entanto, conforme Batista (2014), algumas escolas possuem gestões rígidas limitantes da acessibilidade do estagiário ao exercício de funções e papéis docentes, restringindo uma vivência “verdadeira” do ser professor.

Considerando os relatos referentes às atividades e às ações de imersão no cotidiano da escola, e tendo em conta os pressupostos de Elias e Scotson (2000), entende-se que, de forma geral, a configuração do Estágio Curricular Supervisionado investigado ainda é limitada e necessita de mais ações visando maior aproximação e articulação entre as instituições, principalmente direcionadas aos atores principais do processo que são os estagiários, de forma a possibilitar a sua integração na dinâmica da escola e não deixando-o como um elemento “de fora” (outsider), o que limita a sua atuação pedagógica durante o Estágio Curricular Supervisionado.

De acordo com Elias e Scotson (2000), a exclusão e a estigmatização dos grupos estabelecidos frente aos outsiders é uma arma natural de defesa e de diferenciação, no intuito de preservar a identidade e afirmar superioridade e soberania desse lugar demarcado. No caso da escola e de seus agentes estabelecidos, pode-se fazer a mesma inferência acerca da dificuldade ou resistência em aceitar o “novo”. Por isso, valorizar e fortalecer a diversificação e a pluralidade de vivências, ações e atividades, em parceria entre universidade e escola, são formas prudentes de minimizar o distanciamento do estagiário de Educação Física frente ao seu campo de atuação (a escola).

No propósito de vivenciar as mais diferenciadas atividades, ações e acontecimentos que ocorrem na escola, ao longo de um tempo maior e de forma mais estável e equilibrada, houve relatos em todos os grupos focais, para todos os níveis de ensino, sugerindo a antecipação do Estágio Curricular Supervisionado ou a inserção do acadêmico na escola antes da realização do estágio. As falas do E1 e PS20 exemplificam em teor as discussões nos grupos. O E1 disse: “Eu vejo como desperdício pra gente ter o primeiro contato com a escola no terceiro ano. Nós passamos para licenciatura. Já deveria ter uma observação, nem que seja uma carga horária pequena na escola desde o início do curso”. Nesse sentido, o PS20 afirmou que “[...] deveria dividir essa carga horária do estágio e fracionar desde o primeiro ano do curso, começando com observação e indo para um critério mais exigido”.

O Estágio Curricular Supervisionado do curso investigado no ano de 2015 estava organizado de forma a atender à Resolução Nº2, de 19 de fevereiro de 2002, do Conselho Nacional da Educação e Conselho Pleno – CNE/CP (BRASIL, 2002) e desenvolvia-se na segunda metade do curso, ou seja, a partir do terceiro ano. Tendo em vista os resultados evidenciados na pesquisa, presume-se que a Prática como Componente Curricular (PCC) vem se efetivando parcialmente nas disciplinas do curso, uma vez que vários estagiários e professores supervisores apontam o Estágio Curricular Supervisionado como a primeira vivência do acadêmico na escola, o que não deveria ser. O PCT4 confirma essa fragilidade do curso ao relatar que “[...] a gente precisa efetivar mais nas disciplinas do curso, que são as práticas curriculares [...]. A primeira experiência que os estagiários fazem nas escolas, na realidade escolar, é no momento do estágio [...]”. De acordo com Batista (2014), isso acarreta a sobrecarga de ações do Estágio Curricular Supervisionado, tendo em vista que o acadêmico terá de cumprir outras funções básicas e indispensáveis que já poderiam ter sido realizadas anteriormente a partir da PCC.

Bisconsini e Oliveira (2018) reforçam que a PCC surge justamente para promover a articulação dos diferentes saberes das disciplinas, de forma a possibilitar uma aproximação com o contexto escolar, sobretudo no caso da Educação Física que apresenta especificidades no seu contexto de atuação, que reforçam a necessidade de vivências e de experiências articuladas que permitam a ressignificação de suas práticas pedagógicas, de forma a torná-las fundamentais no processo de formação do futuro professor. Dessa forma, contribuirá para um Estágio Curricular Supervisionado fortalecido e eficaz, tendo em vista que essa preparação acontece desde o início do curso de formação de professores.

Constatou-se poucos relatos dos acadêmicos que evidenciaram a realização da PCC, e isso pode ser considerado como uma fragilidade do curso. Por exemplo, o E2 enfatizou essa importância, ao afirmar que “[...] na disciplina de ginástica escolar, nós fomos para a escola fazer observação [...]. Foi um trabalho muito bom. A gente fez entrevista com o professor, observou duas aulas, relacionou aquilo com o conteúdo, já contribuiu”. Na mesma direção, o E4 relatou que “[...] é muito bacana ter o contato e saber a realidade da escola, isso é muito legal. Aproximação com os professores, saber o que os professores falam, como é a discussão, a gente tem que estar incluso nisso”.

As poucas menções à PCC vão ao encontro da pesquisa de Maffei (2014), na qual também foram restritas as manifestações efetivas de tal ação pedagógica na formação de professores de Educação Física. O autor atribui a causa à falta de conhecimento da comunidade acadêmica, bem como ao pouco contato e divulgação de outras experiências consolidadas nesse contexto.

Compactuando com o autor e considerando os aspectos evidenciados e analisados nessa pesquisa, sugere-se que o Estágio Curricular Supervisionado apresente, em sua configuração, relações de interdependência com as disciplinas do curso, com a PCC e, sobretudo, com o campo de atuação, de forma a favorecer a articulação entre teoria e prática, universidade e escola, bem como profissionais e estudantes.

Haja vista a configuração das atividades do Estágio Curricular Supervisionado, alguns professores supervisores da Educação Infantil (PS1, PS3 e PS5) recomendam a necessidade de equilíbrio entre a distribuição de carga horária de Observação3 e Direção4, assim como o aumento da carga horária de observações. De acordo com os professores, tal mudança se justifica por ser a primeira, ou uma das primeiras, inserções do acadêmico na escola, bem como pela necessidade de conhecer a estrutura, a organização e o funcionamento da rotina dos Centros Municipais de Educação Infantil, uma vez que, de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI), esses Centros apresentam características distintas em relação aos demais níveis da Educação Básica (BRASIL, 2013).

O Estágio Curricular Supervisionado da IES investigada está organizado de acordo com a Resolução CNE/CP Nº 2/2002, com instituição de carga horária mínima de 480 horas. É importante frisar que, de acordo com o regulamento de estágio da instituição, do total dessa carga horária, aproximadamente 70% é contemplada nas atividades com maior inserção nas escolas, como as observações, as participações (coparticipações), as preparações (planejamento), as direções (regências), as reuniões pedagógicas, as visitas e as palestras.

Considerando a configuração de duração e carga horária, os participantes da pesquisa apresentam opiniões divergentes a respeito do assunto. Vários professores e estagiários (PCT1, PCT2, PCT3, PCT4, E1, E2, E8, E9, E11, E18, E19, E25, PS6 e PS11) relataram que a carga horária e a duração do Estágio Curricular Supervisionado estão adequadas para o processo de formação inicial do futuro professor de Educação Física. De acordo com PCT4, “[...] se não tivesse essa carga horária, o estagiário não teria o processo de experimentação, de vivências, então esse tempo oportuniza a ele conhecer realidades [...], descobrir e vivenciar todos os conhecimentos”.

A adequação de carga horária e de tempo de realização do Estágio Curricular Supervisionado também é representada a partir da fala do PS11, ao afirmar que “[...] a duração do estágio é bastante pertinente, porque é um tempo em que o acadêmico consegue criar vínculo na escola, com o ambiente escolar, com as crianças, com a rotina da escola”. No mesmo sentido, o PS8 afirmou que “[...] quando o estagiário fica o ano inteiro, realmente ele cria um vínculo, um laço e consegue desenvolver o trabalho, isso aí com certeza vai acrescentar no futuro profissional dele”.

Por outro lado, outros participantes da pesquisa (PCT5, E11, E13, E14, E29, PS4, PS19, PS20 e PS22) consideram a carga horária do Estágio Curricular Supervisionado muito extensa. Os estagiários justificam essa dificuldade, sobretudo para aqueles com necessidade de conciliar estudos e trabalho. Outro relato considerando excessiva a carga horária do Estágio Curricular Supervisionado foi o do PCT5, ao justificar que:

Não é a quantidade que vai qualificar o acadêmico na sua atuação, mas sim a experiência que ele vai ter e o sentido que ele vai atribuir a essa experiência. Então, muitas vezes, essa quantidade de horas, ou até mesmo a burocracia, a papelada exigida para essa experiência desse acadêmico é que fazem com que ele, muitas vezes, se desestimule de algo que, num curto tempo, num tempo um pouco menor, poderia dar aquele gosto da experiência. Essa quantidade excessiva, às vezes, desestimula mesmo e não vem qualificar muito o processo [...]. (PCT5).

Montiel e Pereira (2011), ao analisarem o Estágio Curricular Supervisionado com carga horária de 400 horas no curso de formação de professores de Educação Física e baseados nas respostas oferecidas por coordenadores de curso e professores orientadores de Estágio Curricular Supervisionado, evidenciaram que essa quantidade de carga horária favorece uma melhor formação pedagógica para atuar na escola, possibilitando a diversificação de experiências e maior vivência no cotidiano do ambiente escolar, oportunizando a construção da identidade.

Dessa forma, ao contrário do exposto referente às atividades e às ações, a configuração de tempo e de duração do Estágio Curricular Supervisionado apresenta indícios que valorizam e fortalecem a inclusão do estagiário (outsider) no contexto escolar, pois, além de atender à legislação na carga horária mínima de 400 horas, a forma de organização de divisão de turmas e níveis de atuação demandou uma duração prolongada, favorecendo o maior convívio entre os estagiários e os agentes do ambiente escolar. Com base em Elias e Scotson (2000), essa aproximação entre indivíduos de grupos distintos poderá contribuir para minimizar as diferenças, as divergências e os conflitos do jogo de disputa pelo poder.

Seguindo a lógica do jogo em Elias (1980, 1994), caracterizada por uma disputa dinâmica das relações sociais de indivíduos interdependentes, incorporada ao contexto do Estágio Curricular Supervisionado, entende-se que, com maior tempo de permanência, as relações de conflitos e de tensões entre estagiários e os demais agentes da escola possam diminuir as diferenças de poder entre os envolvidos, possibilitando ao estagiário se estabelecer de forma gradativa no ambiente escolar. Reforçando essa premissa, Elias e Scotson (2000) enfatizam que:

Passado algum tempo, torna-se mais fácil compreender que, à medida que diminuem as diferenças de poder entre indivíduos e grupos interdependentes, se torna decrescente a possibilidade de quaisquer participantes, por si próprios ou enquanto grupo, estarem aptos a influenciar o decurso global do jogo. (ELIAS; SCOTSON, 2000, p. 104).

A respeito da relação entre Estágio Curricular Supervisionado e as disciplinas do curso, os professores coordenadores de turma reconhecem ainda serem tímidas as associações dos conteúdos estudados no curso (de forma mais teórica) com a atuação na escola (de forma mais prática). Nesse sentido, alguns deles apresentam indicativos, como o PCT2, ao apontar que “[...] está faltando aqui no nosso departamento, mais encontros pedagógicos para falar principalmente do estágio com as disciplinas”. No mesmo sentido, a PCT3 sugere que “[...] a gente tem que ter um momento pedagógico, em que os professores do Estágio Curricular Supervisionado levem ao departamento como funcionam, quais são as práticas e como eles poderiam ajudar na realização do estágio”.

Alguns estagiários (E3, E16, E19, E22, E29, E30) também citaram aspectos limitantes da relação das disciplinas do curso com o Estágio Curricular Supervisionado, tais como a falta de experiência dos professores do curso com a escola, a ausência de interdisciplinaridade, a insuficiência de relações entre teoria e prática bem como a acomodação e a resistência dos alunos frente ao novo. No entanto, também foram constatadas experiências pontuais, como, por exemplo, a do E2, ao afirmar que “[...] a professora de Educação Física adaptada, nesse ano [...], ela dava a opinião dela, sugestões, perguntava como que a gente estava trabalhando, o que esse aluno tinha [...], então foi muito bacana”.

Conforme Pimenta e Lima (2012), o Estágio Curricular Supervisionado é capaz de valorizar as aprendizagens decorrentes da dinâmica interativa de saberes, nas quais o encontro/confronto com os professores das diversas disciplinas da universidade, levando em consideração os conhecimentos dos atores da escola, os valores, as visões de mundo e as diferentes experiências, certamente enriquecerão essa prática. No entanto, Aroeira (2014) afirma que:

O estágio não pode sozinho ser responsável por realizar todas as articulações e interlocuções de um curso de formação de professores; pode contribuir nesse processo, mas essa tarefa deve estar embutida em cada disciplina, no sentido de não perder de vista que a escola deve ser tomada como referência para a formação, resgatando-o como campo de atuação em todas as disciplinas desse curso. (AROEIRA, 2014, p. 119-120).

Considerando a teoria configuracional de indivíduos interdependentes, espera-se que essa configuração investigada, referente ao Estágio Curricular Supervisionado na formação de professores de Educação Física, possibilite a análise, a reflexão e a avaliação sobre os aspectos não satisfatórios, de forma a oferecer menor desigualdade de dependência e maior equilíbrio de poder nas relações entre os estabelecidos e os outsiders.

Considerando os dados obtidos na pesquisa a respeito da configuração do Estágio Curricular Supervisionado na formação inicial de professores de Educação Física, reconhece-se que a utilização da teoria configuracional de Norbert Elias endossa os resultados evidenciados, pois, de acordo com os relatos das entrevistas e as discussões dos grupos focais, é possível reconhecer mais facilmente a sua importância a partir da ideia de configuração e de interdependência, em outras palavras, considerar e valorizar a participação de todos os agentes envolvidos com o estágio, assim como reconhecer tanto o papel da universidade quanto o da escola na formação dos futuros professores, conforme esboçado e apresentado em um modelo integrado e interdependente na Figura 1.

Fonte: Elaborada pelos autores.

Figura 1 – Configuração do Estágio Curricular Supervisionado na Educação Física 

Considerações finais

A partir da premissa de que o Estágio Curricular Supervisionado na formação de professores de Educação Física transcende as ações didático-pedagógicas e contempla também outros elementos fundamentais na atuação do ser professor, esta pesquisa buscou analisar a configuração do Estágio Curricular Supervisionado na formação inicial de professores de Educação Física e os impactos na atuação dos estagiários. Para isso, utilizou-se da teoria configuracional de Norbert Elias a fim de compreender o fenômeno investigado.

Apesar de essa pesquisa ter sido realizada em uma localidade específica, ela apresenta indicativos para sua replicação em outros contextos e realidades, de forma a possibilitar a comparação e a ampliação, sobretudo pela viabilidade de experimentação de uma análise respaldada na teoria configuracional de Norbert Elias, o que fortalece os achados da pesquisa. O estudo sobre as configurações interdependentes reforçou o valor desse aporte teórico na compreensão de temas da área educacional ligados a aspectos sociológicos.

Como aspecto positivo, verificou-se que o tempo de duração e sua organização, de forma a valorizar o Estágio Curricular Supervisionado com intervalo de tempo prolongado, favoreceu o maior convívio entre os estagiários e os agentes da escola. Tal constatação vai ao encontro do entendimento de Norbert Elias referente ao tempo de residência em uma localidade como aspecto indispensável para estabelecer maiores laços de afinidade e de relacionamento entre os indivíduos.

Constatou-se como fragilidade eminente a falta de maior acompanhamento por parte dos professores orientadores. Essa falha de coesão pode reforçar um desequilíbrio de poder e, sobretudo a desvalorização das configurações interdependentes, aspectos esses fundamentais a partir da ótica Elisiana. Da mesma forma, evidenciaram-se fragilidades referentes a uma maior articulação entre universidade e escola nas atividades realizadas, de forma a favorecer as associações entre teoria e prática nas disciplinas e na realização da PCC, assim como de promover experiências e situações de aprendizagem no cotidiano da escola, transcendendo a especificidade da Educação Física, o que oportuniza ao estagiário a sensação de fazer parte do processo como um todo.

Referente à burocracia, a triangulação das respostas dos participantes da pesquisa nos instrumentos empregados, revelou que os documentos utilizados no Estágio Curricular Supervisionado são essenciais para a realização legal, embora também se constatou críticas e sugestões. Ressalta-se que os aspectos burocráticos não devem sobressair-se em relação às ações didático-pedagógicas dos pressupostos da educação e do ensino. Tal evidência corrobora com o pensamento de Norbert Elias, assim como com as pesquisas recentes sobre o Estágio Curricular Supervisionado.

A utilização dos instrumentos de coleta de dados escolhidos provou-se muito apropriada e condizente com o contexto de investigação desta pesquisa. No entanto, enfatiza-se que a realização da técnica de grupo focal como instrumento de destaque desta pesquisa, visto que permitiu a extração de informações ricas a partir de interações grupais, nas quais o diálogo, as discussões e as trocas de ideias entre os participantes foram valorizadas. Além disso, ressalta-se o reconhecimento dos participantes na realização de todos os grupos focais de que a forma com a qual as informações foram coletadas proporcionou a aquisição de novos conhecimentos a partir de trocas e interações entre eles (os professores ou os estagiários).

Como desfecho, constatou-se que a configuração no contexto do Estágio Curricular Supervisionado na formação inicial de professores de Educação Física, seja na IES ou na escola, exercem influência na autonomia de atuação e na prática pedagógica dos acadêmicos durante a realização do estágio, devendo ser reavaliada continuamente como forma de possibilitar avanços na futura atuação profissional.

*Agradecimentos à Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Estado do Paraná e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) pelo apoio a esta pesquisa.

1É importante salientar que, embora esse estagiário já tenha passado pela escola durante a Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio) na condição de estudante, a sua chegada para a realização do estágio se configura em uma posição diferenciada, tendo em vista que é uma pessoa nova nessa função na instituição, principalmente se for em uma escola em que o estagiário não tenha vivenciado/estudado anteriormente.

2Acervo final que contempla o conjunto de arquivos comprovatórios da realização do estágio (relatórios, fichas de avaliação, termos, declarações, dentre outros).

3A observação é a primeira atividade prática do Estágio Curricular Supervisionado com a turma selecionada, no intuito de conhecer, analisar e refletir a realidade dessa turma em específico.

4No curso investigado, caracteriza-se como a etapa de regência (ministrar a aula), com a supervisão do professor de Educação Física e com orientação do professor da IES.

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Recebido: 09 de Março de 2021; Revisado: 24 de Junho de 2021; Aceito: 26 de Junho de 2021; Publicado: 06 de Julho de 2021

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