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Práxis Educativa

versão impressa ISSN 1809-4031versão On-line ISSN 1809-4309

Práxis Educativa vol.16  Ponta Grossa  2021  Epub 09-Fev-2022

https://doi.org/10.5212/praxeduc.v.16.16625.064 

Dossiê: Paulo Freire (1921-2021): 100 anos de história e esperança

Paulo Freire e Guarulhos: a educação popular como conexão

Paulo Freire and Guarulhos: popular education as a connection

Paulo Freire y Guarulhos: la educación popular como conexión

Jociene Santos Peixoto* 
http://orcid.org/0000-0003-1640-3878

Tiago Cavalcante Guerra** 
http://orcid.org/0000-0001-9612-569X

*Doutoranda em Educação (Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP) e Mestra em Educação (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP). Professora de Educação Básica da Prefeitura de Guarulhos. E-mail: <jociene_4@hotmail.com>.

**Mestre em Educação (Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP) e Mestre em História Social (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP). Coordenador Pedagógico da Prefeitura do Município de São Paulo. E-mail <tiagoc.guerra@gmail.com>.


Resumo:

Propomos, neste artigo, uma discussão e um registro da passagem de Paulo Freire pela cidade de Guarulhos, município da região metropolitana de São Paulo na década de 1980, logo após o seu exílio. Analisamos a influência do autor na concepção pedagógica da rede de ensino de Guarulhos, especialmente na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA), no Movimento de Valorização da Alfabetização (MOVA). A hipótese é de que há uma tentativa da cidade em construir uma história da rede pautada na figura de Paulo Freire. Partimos do método da análise documental do Almanaque MOVA 10 anos, publicado pela Secretaria Municipal de Educação de Guarulhos, em 2012, em comemoração ao aniversário do movimento. Nele, pudemos encontrar elementos que endossam a articulação com a teoria freiriana e perceber a adoção desses conceitos pela gestão da época, bem como a relação que se estabelecia entre o poder público e o movimento popular.

Palavras-chave: Paulo Freire; MOVA; EJA

Abstract:

In this article, we propose a discussion and a recording of Paulo Freire’s passage through the city of Guarulhos, a municipality in the metropolitan region of São Paulo, Brazil, in the 1980s, right after his exile. We analyze the author’s influence on the pedagogical conception of the Guarulhos education network, especially in in the Youth and Adult Education modality, at the Movement for the Valorization of Literacy (Movimento de Valorização da Alfabetização – MOVA). The hypothesis is that there is an attempt by the city to build a history of the network based on the figure of Paulo Freire. We start from the method of document analysis of the Almanaque MOVA 10 anos, published by the Municipal Education Department of Guarulhos, in 2012, in commemoration of the movement’s anniversary. In it we were able to find elements that endorse the articulation with Freire’s theory and perceive the adoption of these concepts by the management of the time, as well as the relationship that was established between the public power and the popular movement.

Keywords: Paulo Freire; MOVA; Youth and Adult Education

Resumen:

Proponemos, en este artículos, una discusión y un registro del paso de Paulo Freire por la ciudad de Guarulhos, ciudad de la región metropolitana de São Paulo, en la década de 1980, justo después de su exilio. Analizamos la influencia del autor en la concepción pedagógica de la red educativa de Guarulhos, especialmente en la modalidad de Educación de Jóvenes y Adultos (EJA), en el Movimiento de Valorización de la Alfabetización (MOVA). La hipótesis es que hay un intento por parte de la ciudad de construir una historia de la red pautada en la figura de Paulo Freire. Partimos del método de análisis documental del Almanaque MOVA 10 años, publicado por la Secretaría Municipal de Educación de Guarulhos, en 2012, en celebración del aniversario del movimiento. En él pudimos encontrar elementos que avalan la articulación con la teoría de Freire y percibir la adopción de estos conceptos por la gestión de aquella época, así como la relación que se establecía entre el poder público y el movimiento popular.

Palabras clave: Paulo Freire; MOVA; EJA

Introdução

É consenso entre muitos teóricos da educação que a compreensão da dinâmica educacional do presente passa pelo olhar para o passado. Walter Benjamin dizia que a chave para a compreensão do presente encontra-se no passado (BENJAMIN, 2011). É esse movimento que nos permite afirmar que a educação “não é um destino, mas uma construção social” (NÓVOA, 1999 apudCAMBI, 1999, p. 13). Juntamos a esse argumento a percepção de que a História, como área do conhecimento, e a historiografia, como forma de estudar esse conhecimento, permitem interpretar como os registros são feitos e compreender acerca de como se constroem os fatos que valem a pena ser narrados. Michel de Certeau (1982) traz uma importante consideração acerca da relação história e historiografia, pois aponta que “[...] o trabalho determinado por este corte é voluntarista. No passado, do qual se distingue, ele faz uma triagem entre o que pode ser ‘compreendido’ e o que deve ser esquecido para obter a representação de uma inteligibilidade presente” (CERTEAU, 1982, p. 15). Analisarmos os documentos torna-se aspecto fundamental para compreendermos a construção do discurso que se quer propor em um determinado momento. Da mesma forma, a escolha dos personagens que irão ilustrar ou representar determinadas concepções e visões de mundo de uma época pode revelar aspectos importantes, tanto da dinâmica social, política e econômica do momento investigado quanto das tendências teóricas que se colocavam no debate.

Queremos chamar atenção aqui para um personagem específico em um contexto específico: Paulo Freire e sua presença na cidade de Guarulhos, município de cerca de 1,4 milhões de habitantes, localizado na Região Metropolitana de São Paulo. O nome Paulo Freire é referenciado de muitas maneiras em Guarulhos. Ele nomeia uma escola particular na periferia da cidade e uma outra escola pública da rede municipal. Batiza o nome de uma rua e também de uma das avenidas que dá entrada ao município. Há um busto seu na entrada do edifício que abriga a Secretaria Municipal de Educação (SME) e que leva o nome do Patrono da Educação brasileira. Que o nome de Paulo Freire é frequentemente usado em diversos contextos já sabemos, mas em Guarulhos ele parece carregar um signo importante para a cidade. Tentaremos demonstrar um pouco desse vínculo que a cidade estabelece com o educador como parte da construção de como a rede municipal pensa a educação, principalmente na modalidade da Educação de Jovens e Adultos (EJA).

A presença de Paulo Freire é sentida de forma mais significativa em um dos projetos criados por ele já como gestor público, mas que era resultado principalmente da forma como ele entendia a educação e seus princípios, o Movimento de Valorização da Alfabetização (MOVA). O projeto, que começou no município de São Paulo, espalhou-se por alguns estados e municípios do Brasil, alguns com duração de quase 16 anos, como no caso de Guarulhos.

Em comemoração aos 10 anos do movimento na cidade, a SME publicou, em 2012, o “Almanaque MOVA 10 anos”, o qual traz o histórico do movimento e suas raízes na educação popular, até se tornar um programa institucional da Prefeitura. Compreendemos que o referido almanaque representa um importante documento, pois nos permite levantar elementos acerca da construção histórica das bases de referência adotadas pela Rede Municipal de Educação de Guarulhos, que, segundo nossa hipótese, está pautada na figura de Paulo Freire. Tendo como procedimento metodológico a análise documental em que realizamos um tratamento analítico no documento relacionando a um determinado objeto de estudo, abordamos esse almanaque como fonte primária. Ludke e André (1986) defendem que a análise documental traz informações que respaldam as suposições da pesquisa, pois eles se constituem em uma fonte importante para retirarem-se evidencias que embasem as inferências realizadas pelo pesquisador. Para isso, levantamos tanto as várias citações diretas feitas ao nome do educador Paulo Freire e em que contextos e discussões aparecem, como também buscamos categorias de análise nos diversos gêneros textuais presentes na publicação, que evidenciem uma articulação direta aos conceitos elaborados por Paulo Freire.

Nosso objetivo neste artigo, portanto, é, de um lado, apresentarmos, a partir da análise do almanaque, a influência epistemológica freiriana em torno do MOVA em Guarulhos, tendo como mote o encontro entre o educador e o Núcleo de Alfabetização de Adultos da Vila Fátima, na década de 1980, que, depois, seria um dos alicerces fundadores do MOVA e que é tratado como um fato histórico na cidade. De outro, seguirmos o proposto por Benjamin (2011, p. 232), que aponta que “[...] nenhum fato, meramente por ser causa, é só por isso um fato histórico. Ele se transforma em fato histórico postumamente, graças a acontecimentos que podem estar dele separados por milênios”. A função do historiador, nesse sentido, seria estabelecer uma articulação entre seu tempo e o tempo passado, de modo a perceber como essa aproximação se configura, contribuir para o registro da história da educação em Guarulhos e evidenciar marcos que mobilizam a concepção de educação da cidade.

Encontro com os educadores da Vila Fátima – o início e a permanência do MOVA Guarulhos

Na década de 1980, o Brasil vivia uma época de muitas tensões pela iminência do fim da Ditadura Militar em 1985. Fim que era incerto ainda, mas que, com a ascensão de movimentos populares e organizações da sociedade civil na cena política, potencializaram a derrocada dos militares. Esse protagonismo dos movimentos populares era visto em torno de grandes mobilizações como as greves do ABC, a campanha pelas Diretas Já em 1984, e no ressurgimento dos partidos políticos a partir de 1980.

Além de toda tragédia social, os números ostentados pela educação eram assustadores. Por exemplo: quase 25% da população com 18 anos ou mais era analfabeta; 33% das crianças e adolescentes estavam fora da escola; a taxa de matriculados no 2º grau (atual Ensino Médio), era de 14% do total de jovens entre 15 e 17 anos, de acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP, 1995). Em Guarulhos, o cenário não era muito diferente, na virada dos anos 1980, o quadro a pouco emulado se somava ao grande número de adultos analfabetos. Apesar de não haver números confiáveis, é possível supor que Guarulhos estivesse nessa margem de 25% da população adulta analfabeta.

Nas décadas de 1970 e 1980, a educação de adultos era atendida de duas maneiras: o ensino supletivo instituído pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação, em 1971, conhecido como o ensino regular em escolas públicas ou privadas, e para o atendimento dos adultos e jovens analfabetos, o famigerado Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral), criado por meio da Lei Nº 5.379, de 15 de dezembro de 1967 (BRASIL, 1967), após o golpe militar de 1964. Com o estabelecimento de um convênio entre o Ministério da Educação e Cultura e o Departamento de Educação e Cultura (órgão da Prefeitura Municipal de Guarulhos), firmado em 1971, o Mobral atuou com bastante presença na cidade entre os anos de 1970 e 1976, com muitas salas espalhadas pelo município, além de grandes atos de certificação (GUARULHOS, 2012).

A partir dos anos de 1980, um dos projetos de educação de adultos que ganhou forma em Guarulhos foi o liderado pela Paróquia Nossa Senhora de Fátima e por educadores populares. Surgido em 1977, era centrado em turmas de alfabetização de adultos junto às favelas de Divinolândia, Vila Flórida, Bela Vista e Vila Fátima – bairros da periferia – nos barracões comunitários e em casas de membros das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) (GUARULHOS, 2012). Coordenado por experientes educadores, como o professor Helio de Souza Reis, o Grupo de Educação Popular objetivava construir barracões comunitários, realizar visitas familiares, encaminhamentos de saúde, educação infantil e alfabetização de adultos. Outra ação permanente foi a criação de grupos de compras com a participação de 50 famílias, com o objetivo de dirimir os seus custos com uma saída mais coletiva. Essas ações eram organizadas pelo grupo de alfabetização de adultos que já colocavam em uso o “método Paulo Freire”. Segundo Costa (2014),

[...] alguns jovens entrevistaram os moradores da favela para conhecer o universo vocabular da comunidade, contando com a já mencionada experiência do Prof. Hélio no estudo e aplicação do então chamado “Método Paulo Freire”. Aos poucos, essa ação se expandiu para outras favelas da região, ocupando barracões comunitários e casas de membros da CEB. (COSTA, 2014, p. 227).

O professor Hélio Reis com trajetória ligada à luta contra a Ditadura Militar na época, coordenava o núcleo de alfabetização naquele tempo e prestava toda assessoria e formação aos educadores populares. O processo de escuta permitia que o Grupo de Educação Popular da Paróquia Nossa Senhora de Fátima realizasse visitas familiares, encaminhamentos de saúde e anotasse os queixumes em relação ao custo de vida, por exemplo. Todavia, foi em 1980, antes mesmo da formalização do MOVA, que os educadores guarulhenses tiveram a oportunidade de encontrar e ampliar sua formação com o próprio Paulo Freire. Era a chance de conhecer aquele que dava nome ao método que era aplicado na Vila Fátima, produzindo impactos positivos naquela região. O encontro foi intermediado por conhecidos em comum de Hélio Souza Reis e Paulo Freire e realizado na casa do educador pernambucano e no convento dos dominicanos situado no bairro de Perdizes em São Paulo (COSTA, 2014, p. 226). O grupo foi o primeiro movimento popular a receber o apoio direto do educador Paulo Freire após o seu retorno do exílio, em 1980. Segundo Costa, “[...] depois de tantos anos de exílio, ele falava em reaprender o Brasil e no desejo, de conhecer as CEBs, movimento que se destacava na época” (COSTA, 2014, p. 227).

As reuniões ocorreram entre agosto e dezembro de 1980 e foram gravadas em cassete e transcritas por Hélio Reis. Nesses encontros, houve muitas descobertas de ambas as partes: para Paulo Freire, foi a chance de recuperar a experiência abreviada com o golpe de 1964, pois ele recebeu todas as indagações e experiências daqueles educadores; para o pessoal da Vila Fátima, além de desfrutar da generosidade e do conhecimento do mais importante educador do Brasil, puderam receber um elogio que não era pouca coisa: segundo Paulo Freire, se referindo à experiência em Guarulhos, “[...] o que vocês estão fazendo com esses grupos é exatamente conhecer e reconhecer com eles. Vocês estão fazendo teoria do conhecimento em prática. E isso é educação” (COSTA, 2014, p. 227).

Paulo Freire e os educadores de Guarulhos seguiram o seu caminho a partir daí, mantendo contatos e até com a presença do educador na cidade para uma palestra no auditório da Escola Crispiniano Soares no centro, no dia 31 de maio de 1983. O educador pernambucano, ao final da década de 1980, tornou-se secretário municipal da educação de São Paulo na gestão de Luiza Erundina (1989-1992) e criou o MOVA.

A proposta de projeto era juntar ação do estado em parceria com organizações da sociedade civil para alfabetização de jovens e adultos, principalmente nas áreas com atendimento precário de escolas. Entendendo o diálogo como fundamental na relação entre educador e educandos, o movimento trazia como concepção da ideia de disseminar a cidadania a partir do processo de formação e conscientização dos alunos por meio da alfabetização. Freire (1987), em Pedagogia do Oprimido, define os fundamentos de uma educação dialógica, estabelecendo os contrapontos ou os contrários desse fundamento, que podem ser resumidas na definição que ele traz sobre a educação “bancária”:

Enquanto na prática “bancária” da educação, antidialógica por essência, por isso não comunicativa, o educador deposita no educando o conteúdo programático da educação, que ele mesmo elabora ou elaboram para ele, na prática problematizadora, dialógica por excelência, este conteúdo, que jamais é “depositado”, se organiza e se constitui na visão do mundo dos educandos, em que se encontram seus temas geradores. (FREIRE, 1987, p. 102).

Nesse sentido, era necessário romper a tradição de não escuta dos educandos, para que, assim, ao ouvi-los, eles também pensem, reflitam e transformem, se relacionando acerca das questões ligadas ao mundo. Uma prática dialógica seria o momento de o professor construir junto ao educando.

O homem dialógico, que é crítico, sabe que, se o poder de fazer, de criar, de transformar é um poder dos homens, sabe também que podem eles, em situação concreta, alienados, ter este poder prejudicado. Esta possibilidade, porém, em lugar de matar no homem dialógico a sua fé nos homens, aparece a ele, pelo contrário, como um deságio ao qual tem de responder. (FREIRE, 1987, p. 46).

O projeto MOVA, no âmbito da Prefeitura Municipal de São Paulo, virou um programa por meio da Lei Nº 14.058, de 10 de outubro de 2005 (SÃO PAULO, 2005), sendo mantido ainda hoje em Centros Comunitários, salões paróquias e organizações não governamentais. Maria Alice de Paula Santos faz um balanço sobre os ganhos e os limites deste programa no município, atribuindo um caráter de referência para o programa MOVA-Brasil que seria implantado pelo Governo Federal a partir de 20031.

Abrigado como um dos projetos mais importantes da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD) do Ministério da Educação (MEC), na primeira gestão de Luís Inácio Lula da Silva na presidência (2003-2006), e relacionada às políticas para a EJA, o MOVA disseminou-se por municípios dos estados do Rio de Janeiro, de Santa Catarina, do Pará, de Minas Gerais e de São Paulo. Em Guarulhos, ainda antes de virar um programa federal, por meio do Decreto Nº 21.544, de 14 de março de 2002 (GUARULHOS, 2002), foi criado o MOVA no município, sendo constituída uma divisão interna da Secretaria de Educação responsável pela sua mobilização junto à sociedade civil.

Aproveitando os trabalhos de educação popular realizado pelo Professor Hélio de Souza Reis, o MOVA transformou-se, posteriormente, no Programa Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos de Guarulhos, amparado pela Lei Nº 7.113, de 7 de janeiro de 2013 (GUARULHOS, 2013). O MOVA representa um capítulo à parte na história da EJA de Guarulhos, pois, ao mesmo tempo em que expressa uma ação de monta do poder público na cidade, tal influência acaba configurando um caráter híbrido na parceria entre a sociedade civil e o estado.

Se para alguns, o MOVA é um programa da Prefeitura de Guarulhos que busca apenas superar o analfabetismo e incluir seus educandos na escola, para outros, o MOVA se caracteriza como um movimento social, que busca não apenas alfabetizar seus sujeitos, mas sim torná-los emancipados, críticos, capazes de intervir na sociedade propondo transformações, superando, portanto, seu histórico de exclusão. (BURGOS; COSTA, 2013, p. 484).

O episódio marcaria a EJA da cidade, bem como a relação que os educadores estabeleceram com a figura e teoria de Paulo Freire. Essa influência pode ser verificada na análise do Almanaque MOVA 10 anos, ao qual nos deteremos a seguir.

O MOVA Guarulhos por meio do almanaque

O Almanaque MOVA 10 anos foi publicado, em 2012, pela Secretaria de Educação do município de Guarulhos em comemoração ao aniversário do movimento na cidade. A escolha pelo formato de almanaque deu-se pela possibilidade de esse suporte comportar uma variedade de gêneros textuais e um apelo popular que combinaria com o público-alvo atendido pelo MOVA (GUARULHOS, 2012). Essa escolha, intencional e sistematizada, pode ser vista nos textos escolhidos para compor o almanaque. Há um grande número de relatos de educadores e educandos, poesia, música, textos teóricos, fotografias de educandos, educadores, comissões, eventos e resultados de concursos realizados, linha do tempo com os marcos do movimento e textos e imagens de Paulo Freire.

O nome de Paulo Freire aparece 23 vezes em toda a publicação em diferentes seções do almanaque. Já na apresentação do documento, podemos encontrar o nome do educador como elemento norteador do processo de escolhas pedagógicas feita pela rede:

Nestes 10 anos, procuramos dar continuidade ao legado de Paulo Freire (1921-1997), cuja proposta pedagógica leva em consideração as reais necessidades dos educandos, partindo de sua realidade e respeitando seu processo de construção do conhecimento, não se reduzindo, portanto, a uma reposição da escolaridade ou a uma educação compensatória. (GUARULHOS, 2012, p. 3).

Na página seguinte, encontramos um poema chamado “Canção para os fonemas da alegria”, de Thiago de Mello, que é dedicado a Paulo Freire e que traz, entre os seus versos, a seguinte estrofe: “Peço licença para soletrar/ No alfabeto do sol pernambucano/ A palavra ti-jo-lo, por exemplo/ e pode ver que dentro dela vivem/ paredes, aconchegos e janelas, / e descobrir que todos os fonemas/ são mágicos sinais que vão se abrindo” (GUARULHOS, 2012, p. 4). Em uma alusão direta ao que encontraremos depois, definido como “método Paulo Freire”. Seguido desse momento, está a história de dona Rosa, uma educanda centenária do MOVA Guarulhos, que tem sua trajetória narrada na página que comporta o sumário, intitulado como “Estações de nossa viagem”. A alegoria de usar a história de uma educanda logo no início do almanaque revela o movimento de partir do educando para depois adentrar o “conteúdo”, também uma alusão à metodologia proposta por Freire.

O almanaque segue com uma linha do tempo da trajetória do MOVA em Guarulhos a partir de 2002. Aqui, é importante fazermos um pequeno desvio para compreendermos o momento histórico da cidade e algumas ações do poder público na época. Em 2001, assumiu a Prefeitura da cidade o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) Elói Pietá. A Secretaria da Educação do município passou por uma grande mudança em seu formato e, a partir daí, uma nova estrutura foi montada e a EJA passou a contar com um Núcleo de Educação de Jovens e Adultos (NEJA), setor que seria responsável por todo o processo de formação dos professores, inclusive produzir os materiais didáticos adequados e gerir programas e projetos relacionados a essa modalidade de ensino (GUERRA, 2018).

Com uma gestão própria e sistematizada, a EJA em Guarulhos experimentou muitos avanços como a organização de ciclos que contemplava os segmentos do período de alfabetização (ciclos I e II) e, também, a continuidade nos ciclos III e IV a partir de 2003. Coadunado com maiores investimentos nessa modalidade de ensino em âmbito federal (GUERRA, 2018), o município de Guarulhos promoveu o reconhecimento da EJA no Conselho de Educação local, ação que se assemelhou nos âmbitos estadual e nacional de outras localidades, o que, para Sérgio Haddad (2007), significou a compreensão da EJA “[...] como uma política pública permanente, integrada aos órgãos da Secretaria da Educação, superando a ideia de transitoriedade das propostas anteriores” (HADDAD, 2007, p.167). É nesse contexto de transformações nas políticas públicas na cidade, de mudanças na concepção de educação, que o MOVA foi formalizado como parceria entre entidades da sociedade civil e a Prefeitura.

Na linha do tempo registrada no almanaque, vemos muitos dos marcos citados anteriormente, mas vemos principalmente a realização de muitos fóruns e encontros formativos, que foram uma marca da gestão petista na cidade. Aqui, temos evidenciada uma das categorias de discussão que queremos destacar: o caráter institucional do MOVA. Embora seja concebida como uma modalidade diferente da EJA regular, ambas acontecem simultaneamente, sob a coordenação do NEJA, o que acaba configurando o caráter híbrido na parceria entre a sociedade civil e o estado do qual falamos anteriormente.

No próprio almanaque, essa proximidade fica evidenciada. Nele, o MOVA é definido como “[...] um movimento social, constituído a partir de uma ação de governo e que tem trabalhado em defesa e na promoção da alfabetização de jovens, adultos e idosos” (GUARULHOS, 2012, p. 12). Uma das vantagens dessa parceria será a inclusão do MOVA nas políticas de acesso e permanência da cidade, como entrega de uniformes e kits escolares, o que também será documentado no almanaque como uma conquista do movimento. Contudo, apesar da proximidade, há uma preocupação em também marcar diferenças: “O MOVA é um espaço de educação não formal e se caracteriza pela proximidade com a população, organizando-se em torno de igrejas, centros comunitários, associações culturais, etc., não sendo institucionalizado, o que marca um distanciamento dos modelos tradicionais de educação” (GUARULHOS, 2012, p. 10).

Chama-nos atenção o fato de toda a escrita e organização do almanaque dar-se pela mediação do NEJA da Secretaria de Educação do município; assim, a escolha de Paulo Freire como personagem marcante dessa história é endossada pela própria Prefeitura. Ao escolher o almanaque para contar a história do MOVA e colocar Paulo Freire como uma figura central, a gestão da época assumiu um posicionamento acerca da concepção pedagógica que norteou a proposta do MOVA na rede.

Desse modo, essa publicação é uma forma de dar evidência a uma política pública, implementada e estimulada pela Secretaria de Educação, que vem alfabetizando milhares de pessoas, contribuindo, significativamente, para o resgate de um direito historicamente negado às parcelas mais excluídas da sociedade. (GUARULHOS, 2012, p. 3).

Vale destacarmos que o educador Hélio de Sousa Reis, aquele que participou do encontro com Paulo Freire na década de 1980 e que tem a transcrição do diálogo do encontro, esteve na equipe de elaboração e revisão do almanaque. Embora somente os relatos sejam assinados, demonstrando coletividade na elaboração do restante do material, a presença de Hélio é importante já que ele é testemunha ocular dessa ligação entre o MOVA Guarulhos e Paulo Freire.

As reflexões desenvolvidas por Paulo Freire perpassam todo o material. Como já dissemos anteriormente, a própria organização que conta com vários relatos demonstra uma preocupação em garantir a escuta dos educandos e dos educadores. Isso nos permite compreender os diferentes contextos em que o MOVA atua e ao mesmo tempo conhecermos um pouco da história das pessoas envolvidas com o movimento. Entretanto, notamos que algumas categorias do pensamento freiriano foram privilegiados, com direito a definições e glossário.

Uma dessas categorias é a leitura de mundo. Fundamentada por Paulo Freire em uma parceria com Donaldo Macedo na obra Alfabetização: leitura de mundo, leitura da palavra, é um tema caro ao autor que já havia sido alvo de reflexão em obras clássicas como A importância do ato de ler (FREIRE, 1981) e Pedagogia da autonomia (FREIRE, 1996). No Almanaque, é citada como parte da metodologia freiriana e definida da seguinte maneira:

[...] a leitura do mundo é simplesmente a interpretação que fazemos do que está ao nosso redor [...]. Tudo o que percebemos no nosso cotidiano é, portanto, algo a ser lido nesse sentido de leitura de mundo e ainda: leitura da palavra exige, além da leitura de mundo, a capacidade de reconhecer as letras, que representam fonemas e, por sua vez, formam palavras e textos que são propostas de sentidos. (GUARULHOS, 2012, p. 10).

Importante momento do almanaque é a contextualização que se faz do Mobral e do MOVA, evidenciando suas diferenças políticas. Nesse momento, é dada a palavra ao próprio Paulo Freire por meio de um trecho da transcrição feita durante o encontro com o Grupo de Educação Popular da Vila Fátima, em 1980, em que ele recorreu justamente ao conceito de leitura de mundo para fundamentar seu posicionamento:

De outra maneira ainda, eu diria que o fundamental é ler a realidade, transformá-la, reescrever ela. E a leitura da realidade pode ser feita sem a leitura da palavra. O contrário é que não pode, quer dizer, não é possível, numa perspectiva revolucionária, ler a palavra sem ler a realidade. Ler a palavra, sem ler a realidade, é trabalho do MOBRAL. Esta é a diferença radical entre mim e o MOBRAL. (GUARULHOS, 2012, p. 11).

O chamado método Paulo Freire recebe uma sessão/estação inteira dedicada a ela. É a parte mais teórica do Almanaque. Nessa parte, encontramos o entendimento do que seria a concepção freiriana definida como um “[...] conjunto de práticas realizadas pelos próprios sujeitos alfabetizandos, com vistas à libertação, em uma práxis que não dissocia oralidade, leitura e escrita, mas as inscreve em uma perspectiva de diálogo que dá origem a um tema gerador, ampliando o universo do educando” (GUARULHOS, 2012, p. 2).

Mais à frente, o “método Paulo Freire” é descrito em etapas:

Basicamente, é composto por três etapas. A primeira consiste na seleção de palavras que façam parte do universo vocabular dos sujeitos que serão alfabetizados [...]. Por serem palavras bastante significativas para aquele grupo de sujeitos, Freire as chamou de “palavras geradoras”, porque geram debate, problematização, conhecimento. Com cada palavra Freire propunha a preparação de uma “ficha de descoberta”: um quadro com uma imagem do que a palavra representa, acompanhado de sua escrita e das famílias silábicas relacionadas a ela. A partir dessa ficha, os educandos eram convidados a formar novas palavras. (GUARULHOS, 2012, p. 21).

A adoção do método Paulo Freire como norte marca a interferência direta da Secretaria da Educação no processo pedagógico do MOVA por duas vias. A primeira seria a gestão do processo de formação permanente dos educadores, em que um dos objetivos seria “[...] introduzir a concepção freiriana de educação” (GUARULHOS, 2012, p. 38) e a outra, a elaboração de um material didático próprio da EJA que iria compilar as concepções freirianas e a teoria da psicogênese da escrita de Emília Ferreiro. Segundo o Almanaque,

[...] desde o início do MOVA, a coordenação sentiu necessidade de produzir material adequado para alfabetização de adultos, dentro da concepção freiriana [...]. O material era chamado de revista uma coletânea de textos elaborados e organizados pela equipe as revistas apresentavam diversas propostas de atividades para serem desenvolvidas com os educandos segundo a teoria da psicogênese da língua escrita de Emília Ferreiro e serviram de subsídio de apoio para a prática nos núcleos. (GUARULHOS, 2012, p. 29).

O movimento de elaboração desse material, feito sob a coordenação do NEJA, foi inicialmente chamado de “revista” e era uma coletânea de textos elaborados e organizados pela equipe (GUARULHOS, 2012, p. 29). Uma iniciativa que, apesar de tentar romper com o uso de materiais infantilizados como as cartilhas às quais frequentemente os educadores recorriam, não combinava bem com os preceitos de Paulo Freire que tecia duras críticas a esse tipo de material descontextualizado. Em 2005, o processo de elaboração desse material passou por um momento coletivo no Encontro de Planejamento Colaborativo, no qual os educadores puderam sugerir, após a escuta dos seus alunos, eixos temáticos, temas geradores e propostas didáticas. O resultado desse processo de escuta foi a publicação de uma série de materiais que eram inclusive consultadas por outras redes com alfabetização de jovens e adultos (GUARULHOS, 2012).

Da mesma forma, a visibilidade que o MOVA teria na cidade pode ser vista nas páginas do almanaque: concursos, festivais, cerimônia de certificação. Um desses eventos foi o Festival MOVA, realizado em 2003, que atendia a uma demanda de potencializar marcas que pudessem representar o movimento, tais como a criação de um slogan, hino e logomarca do movimento. Todos definidos nos eventos citados no almanaque (GUARULHOS, 2012).

Vale ressaltarmos que, como uma publicação institucional da Prefeitura de Guarulhos, há pouco espaço para as entidades conveniadas, movimentos populares e os núcleos de alfabetização que no ano da publicação (2012) totalizavam 225 núcleos de atendimento (GUARULHOS, 2012). Não há informações mais detalhadas sobre o papel dessas entidades, a dinâmica de funcionamento ou mesmo o nome delas. Como funcionava a partir de convênio entre o poder público e as entidades conveniadas que contratavam os educadores populares, apesar do espaço para as histórias dos educandos e alguns educadores, selecionadas a partir da equipe técnica responsável pela publicação, toda ela era ligada à Secretaria de Educação. Todavia, sobram informações sobre as portarias do poder público garantindo o MOVA, além do valor da ajuda de custo pago ao educador popular na época (GUARULHOS, 2012).

Concluímos que há uma dupla identidade do MOVA que contrapõe preceitos do movimento da educação popular ao mesmo tempo em que é institucionalizado pelo poder público local, de forma que as pautas de formação, fóruns e planejamentos são determinadas no mesmo sentido. A tentativa de criar marcas, slogans e o próprio hino demonstram esse esboço. O silêncio em relação a todos os núcleos, assim como o espaço para entidade determinadas, revela a intencionalidade da publicação e os seus limites. Identificamos, também, que a figura de Paulo Freire é tida como norte da proposta pedagógica da cidade e que esse discurso é agregado pela gestão da SME, o que pode ser verificado na organização do Almanaque, nos vários eventos narrados, na forma de organização dos textos que compõem o documento e na conotação de marco histórico dado ao encontro com os educadores do movimento da Vila Fátima.

Considerações finais

O grupo da Vila Fátima, ainda em 1980, trazia de maneira simbólica a concepção de Paulo Freire para a educação guarulhense ao promover o encontro com o educador pernambucano e estabelecer a troca entre a prática e a teoria. Em Guarulhos, já existiam movimentos populares de alfabetização de jovens e adultos desde a década de 1970, porém esse intercâmbio foi importante para marcar a influência da presença freiriana na cidade.

Em 2002, a gestão da Secretaria de Educação Municipal abraçou a ideia do MOVA e subsidiou seu funcionamento com portarias específicas da cidade e escolheu Paulo Freire como seu principal marco pedagógico, consolidando uma educação popular. Há, então, uma tentativa de construir a história da EJA da cidade pautada na figura de Paulo Freire.

Se, por um lado, essa escolha feita pela Prefeitura de Guarulhos revela a importância e a amplitude da influência freiriana para a educação pública brasileira, além da apreensão dos conceitos desenvolvidos pelo autor que se mostraram pilares em determinado momento da história da educação de Guarulhos, principalmente na modalidade da EJA; por outro, demonstra também como seu legado foi apropriado pela política da cidade que usa o seu nome para referenciar uma relação com os movimentos locais pela alfabetização de adultos e a atuação política na educação, institucionalizando o movimento popular. Em resumo, embora se trate de um movimento de educação popular, há uma tentativa de oficializar uma origem da concepção defendida pela rede na figura de Paulo Freire, por meio desse almanaque.

Após os encontros com os educadores em Guarulhos, na década de 1980, Paulo Freire recebeu outros grupos de educação popular. Integrou-se como docente na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), que, ainda hoje, dispõe de uma cátedra em homenagem ao professor. Participou ativamente do desenvolvimento do MOVA em São Paulo, como Secretário da Educação da Prefeitura Luiza Erundina. Em 1997, faleceu de ataque cardíaco.

1Para Santos (2007, p. 75): “O MOVA-SP desse período foi referência para o surgimento de muitos programas em vários municípios e estados que tinham ou têm administradores progressistas. A reunião de todas essas experiências constitui-se em uma rede que tem como objetivo o fortalecimento estrutural do movimento em nível nacional”.

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Recebido: 10 de Agosto de 2020; Revisado: 20 de Março de 2021; Aceito: 10 de Abril de 2021; Publicado: 01 de Julho de 2021

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