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Práxis Educativa

versão impressa ISSN 1809-4031versão On-line ISSN 1809-4309

Práxis Educativa vol.18  Ponta Grossa  2023  Epub 03-Jul-2023

https://doi.org/10.5212/praxeduc.v.18.21365.046 

Artigos

O pedagogista e o educador: modelos ideológicos propostos pela revista O Ensino (1922-1924)*

The pedagogist and the educator: ideological models proposed by the journal O Ensino (1922-1924)

El pedagogista y el educador: modelos ideológicos propuestos por la revista O Ensino (1922-1924)

Maria Isabel Moura Nascimento** 
http://orcid.org/0000-0001-6243-9973

Claudia Maria Petchak Zanlorenzi*** 
http://orcid.org/0000-0002-8937-6308

Sandra do Rocio Ferreira Leal**** 
http://orcid.org/0000-0003-1572-0329

**Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e professora convidada do Programa de Pós-Graduação da Universidade Rovuma (UniRovuma - Moçambique). Bolsista de Produtividade em Pesquisa (CNPq). Coordenadora do Grupo de Pesquisa “História, Sociedade e Educação” (HISTEDBR) dos Campos Gerais, Paraná (PR). E-mail: <misabelnasc@gmail.com>.

***Professora adjunta da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR), campus União da Vitória. Membro do Grupo de Pesquisa HISTEDBR/Campos Gerais-PR e do Grupo de Estudos e Pesquisas em Práxis Educativa - GEPPRAX (UNESPAR - União da Vitória). E-mail: <aecmari@gmail.com>.

****Professora da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG); Membro do Grupo de Pesquisa HISTEDBR/Campos Gerais-PR. E-mail: <sandra_rfl@yahoo.com.br>.


Resumo

Este artigo aborda o papel da imprensa como fonte de pesquisa no Brasil, a partir dos anos de 1970, sem perder de vista sua contribuição como veículo de informação e comunicação. Nessa perspectiva, fazem-se presentes as revistas, em especial, as educacionais, fontes importantes de investigação das teorias e práticas que permearam a história da educação brasileira. Neste estudo, coloca-se em evidência a revista O Ensino (1922-1924), visando analisar a concepção proposta em relação ao trabalho docente, a partir da matéria “Pedagogista e Educador”, de Cesar Prieto Martinez. A revista compara e questiona o distanciamento entre as duas acepções, destacando a valorização da prática em detrimento da teoria. O objetivo deste artigo é mostrar o jogo de palavras que caracterizam a concepção de professor, defendida pela Inspetoria de Ensino do Paraná e a estratégia persuasiva na revista que circulava nas escolas e que os professores paranaenses tinham acesso.

Palavras-chave: Revista O Ensino; Pedagogista; Educador

Abstract

This article addresses the role of the press as a research source in Brazil, from the 1970s onwards, without losing sight of its contribution as a vehicle of information and communication. From this perspective, journals, especially educational ones, are present as important sources of investigation of theories and practices that permeated the history of Brazilian education. In this study, the journal O Ensino [The teaching] (1922-1924) is highlighted, aiming to analyze the proposed conception in regard to teaching work, based on the article “Pedagogista e Educador”, by Cesar Prieto Martinez. The journal compares and questions the gap between the two meanings, highlighting the appreciation of practice to the detriment of theory. The objective of this article is to show the play on words that characterize the concept of teacher, defended by the Teaching Inspectorate of Paraná and the persuasive strategy in the journal that circulated in schools and that teachers from Paraná had access to.

Keywords: O ensino journal; Pedagogist; Educator

Resumen

Este artículo aborda el papel de la prensa como fuente de investigación en Brasil, a partir de 1970, sin perder de vista su contribución como vehículo de información y comunicación. En esta perspectiva, están presentes las revistas, en especial las educativas, importantes fuentes de investigación de las teorías y prácticas que permearon la historia de la educación brasileña. En este estudio, se coloca en evidencia la revista O Ensino [La Enseñanza] (1922-1924), con el objetivo de analizar la concepción propuesta en relación al trabajo docente, a partir del artículo “Pedagogista e Educador” de César Prieto Martínez. La revista compara y cuestiona la brecha entre las dos acepciones, destacando la valoración de la práctica en detrimento de la teoría. El objetivo de este artículo es mostrar el juego de palabras que caracterizan la concepción de profesor, defendida por la Inspección de Enseñanza de Paraná, y la estrategia persuasiva en la revista que circulaba en las escuelas y a la que tenían acceso los profesores paranaenses.

Palabras clave: Revista O Ensino; Pedagogista; Educador

Introdução

O uso da imprensa1 como fonte de pesquisa encontra-se disseminado no Brasil, a partir da década de 1970, nos ambientes de trabalho das Ciências, principalmente as Humanas e Sociais. Esse instrumento de comunicação e expressão vem sendo usado como apoio científico, ora como objeto de pesquisa, ora como fonte por parte da historiografia, ambas as formas sendo sempre ferramentas de leitura de documentos que revelam os interesses que pairam em uma determinada sociedade.

Ao trabalharmos com uma fonte, seja ela escrita ou falada, devemos tomar o extremo cuidado em não a utilizar por si só. É preciso que compreendamos os arranjos, as lutas e os interesses que estão por trás, a fim de não nos apropriarmos de um discurso vazio. Como aparato ideológico do Estado e como forma de divulgar seus interesses e de uma determinada classe, destacamos a importância de estudar esse material de forma a não apenas conhecê-lo nos seus aspectos objetivos (ZANLORENZI; NASCIMENTO, 2020), pois a fonte está inserida em uma sociedade, fruto do modo como os homens produzem sua vida.

O papel da imprensa como fonte de pesquisa

A partir de 1455, no final do século XV, com a invenção do alemão Johannes Gutenberg, a imprensa se espalhou pela Europa mais desenvolvida, configurando o começo dos tempos modernos, multiplicando-se e dinamizando a forma de produzir as edições, sobretudo de livros religiosos e autores clássicos, deixando de ser manual e passando a ser impresso.Com isso, a imprensa agilizou a comunicação de forma mais rápida, atingindo um maior número de pessoas, sendo a grande responsável por noticiar e moldar a grande massa da população de acordo com os interesses da classe dominante.

Contudo, no Brasil, somente no início do século XIX é que a imprensa oficial deu os primeiros passos com a mudança da Corte Portuguesa para o Rio de Janeiro. Com isso, em 1808, passou a existir maior interesse por parte da Corte de estabelecer a Imprensa Régia. Foi nesse momento que iniciaram as circulações de notícias de forma oficial e mais rapidamente. No entanto, não podemos ser ingênuos, era um periódico criado para veicular a imagem que convinha à Corte, à Família de Bragança.

Situar a implantação da imprensa no Brasil e contextualizá-la torna-se necessário a fim de que se possa compreender a sua função e a ideologia que permeava a sua história, e que demonstra a teoria de uma estrutura social marcando os interesses dos grupos dominantes, dos quais os organizadores do jornal foram porta-vozes. (NASCIMENTO; ZANLORENZI, 2006, p. 39).

Somente três séculos depois da invenção da imprensa é que ela chegou ao Brasil:

Enquanto já existia no México, desde 1539, no Peru em 1585, e nos actuaes Estados-Unidos, em 1638, só após a transmigração da família real portuguesa foi, a 13 de maio de 1808, inaugurada no Rio de Janeiro a Impressão Regia, primeira typographia que possuímos. Entretanto, o invento de Gutemberg cedo tivera ingresso em Portugal, onde já pelos anos de 1464 ou 1465 funccionavam prélos (REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO BRASILEIRO, 1908, p. 15).

Após 1822, a imprensa2 no Brasil passou a dar os primeiros passos e começaram a surgir oficinas tipográficas nas principais vilas de várias províncias, dando origem à produção impressa nessas localidades. “Criam-se condições para que a troca de informações saísse da esfera privada para o âmbito público” (BARBOSA, 2008, p. 94). A expansão da imprensa ainda foi impulsionada pela liberdade da organização do estado nação. Na Tabela 1, é possível verificarmos o número de impressos publicados no país.

Tabela 1 A imprensa no Brasil (1823-1924) 

Estado Número de impressos
Alagoas 471
Amazonas 347
Ceará 947
Maranhão 308
Pará 697
Paraná 425
Pernambuco 1622
Piauí 219
Rio Grande do Norte 255
Sergipe 226
Total 5517

Fonte: Elaborada pelas autoras a partir da Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (1908).

No século XIX, houve transformações no mundo e, de forma tímida, também no Brasil. A imprensa periódica foi a grande bandeira que direcionou as mudanças no âmbito cultural, social e político. Ela passou a defender os valores do capital no discurso do princípio da liberdade de imprensa, como forma de difundir as ideias liberais dentro do modo de produção capitalista, passando a determinar e padronizar determinados comportamentos que atendessem ao principal aparelho de legitimação dos interesses da classe dominante. Para Marx e Engels (1996):

Os pensamentos da classe dominante são também, em todas as épocas, os pensamentos dominantes, ou seja, a classe que tem o poder material dominante numa dada sociedade é também a potência dominante espiritual. A classe que dispõe dos meios de produção material dispõe igualmente dos meios de produção intelectual, de tal modo que o pensamento daqueles a quem são recusados os meios de produção intelectual está submetido igualmente à classe dominante. (MARX; ENGELS, 1996, p. 55-56).

Esses jornais e revistas que se organizavam no país no final do século XIX mantinham as características do que faziam na Europa, baseando-se nos princípios do projeto iluminista. A imprensa era o “[...] meio mais eficiente e poderoso para influenciar os costumes e a moral pública, discutindo questões sociais e políticas” (PALLARES-BURKE, 1998, p. 147). No estado do Paraná, a imprensa foi se organizando nas cidades mais desenvolvidas, como podemos ver na Tabela 2.

Tabela 2 Imprensa no Paraná (1854-1907) 

Cidade Número de jornais
Antonina 12
Campo Largo 3
Castro 10
Campo do Tenente 1
Curitiba 282
Deodoro 1
Entre Rios 1
Guarapuava 7
Jacarezinho 1
Lapa 10
Morretes 12
Palmas 1
Palmeira 3
Paranaguá 62
Ponta Grossa 13
São José dos Pinhais 1
São Matheus 1
Tamandaré 1
Triumpho 1
União da Vitória 1
Xapeco 1
Total 425

Fonte: Elaborada pelas autoras a partir de Costa e Denipot (2016).

Dos 425 títulos, Curitiba é o lugar que mais organizou impressos com 42 títulos dos 50 periódicos de literatura, perfazendo 84% de periódicos. Já o segundo lugar ficou por conta da cidade de Paranaguá, seguida das demais cidades, como ilustra a tabela anterior.

Não podemos deixar de destacar que, na segunda metade do século XIX e início do século seguinte, quando a onda migratória se intensificou no país, foram criados por esses imigrantes ou trazidos de seus países vários outros jornais destinados para esse extrato da população, principalmente no Sul do Brasil. Evidenciam-se os jornais alemães, italianos e poloneses nas capitais da Região Sul, somando aos tracionais impressos no país.

Havia jornais organizados por imigrantes no Estado do Paraná, um grande campo de atuação que se expandiu em conformidade com cada núcleo de imigrantes na língua pátria. Com variados títulos, foram sendo organizados com destaques da política e da economia, passando também pelas artes e religião, e também não podemos esquecer dos jornais voltados aos leitores imigrantes presentes no Paraná (Quadro 1).

Quadro 1 Títulos de jornais estrangeiros no Paraná (1881-1908) 

Der Pionier Curitiba 1881
Deutscher Waltemblatt Curitiba 1882
Der Franen Lieblina Curitiba 1886
Deutsch Echo Curitiba 1886
Der Erzaller Curitiba 1886
Deutsch Wolkszeitung Curitiba 1887
Deutscher Blatter Curitiba 1887
Der Beobachter Curitiba 1889
Wuterhallemgsblatt Curitiba 1890
Aus Natch zum Licht Curitiba 1891
Deutsch Post Curitiba 1892
L’Italia Curitiba 1892
Gazeta Polska y Brazilye Curitiba 1892
Illustrirtes Unterhaltemblatt Curitiba 1893
Il Corriere d’Italia Curitiba 1893
II Lavoratore Curitiba 1893
Deutscher Zeitung Curitiba 1896
Die Hummel Curitiba 1895
Der Franen Liebling Curitiba 1896
Brasilianisch Bienenpfeg Curitiba 1897
Kurier Paranski Curitiba 1897
Zwiaj Kawiy Curitiba 1898
Djablik Paransky Curitiba 1898
Borsenhale Curitiba 1898
Il Diritto Curitiba 1899
Prawda Curitiba 1900
Lo Spaurácchio Curitiba 1902
Roboinik Paranski Curitiba 1902
Corriere del Parana Curitiba 1903
Die Wespe Curitiba 1903
Das Boxende Koenguruh Curitiba 1903
Polak k Brazylji Curitiba 1904
Der Bazar Curitiba 1908

Fonte: Adaptado pelas autoras de Costa e Denipoti (2016).

Neste estado, após a Proclamação da República, foram fundados vários espaços culturais, políticos e literários que tiveram a imprensa como veículo de materialização de seus pensamentos. Houve a criação de importantes revistas como Club Curitibano, O Sapo, O Cenáculo, dentre outras, que surgiram no final do Império e adentaram a República com suas publicações. A revista Club Curitibano foi um periódico literário educacional que circulou na capital paranaense a partir de 1890, representando as grandes discussões de um grupo seleto de intelectuais que se manifestavam como abolicionistas e republicanos. Esse Clube era o espaço de discussões. Os intelectuais da época se reuniam nos salões para falar e organizar o discurso literário para o estado. Os colaboradores dessa revista e de outros periódicos literários e educacionais da época eram educadores, juristas, jornalistas, escritores e poetas simbolistas (NASCIMENTO; ZANLORENZI; LEAL, 2020).

Periódicos e jornais de cunho pedagógico também foram bastante explorados nesse contexto. A impressão dos periódicos pedagógicos3 teve mais ênfase no início do século XX em virtude da centralidade dada à educação na formação do novo homem republicano. Destacamos, no Paraná, a Revista A Escola (1906-1910) e mais à frente a revista O Ensino (1922-1924). Essa imprensa era específica para o público que trabalhava nas escolas. Traçava caminhos importantes para compreender a educação paranaense e o reflexo do movimento maior, uma vez que uma revista que não diferia dos interesses da maioria da imprensa da época, em outras palavras, que trazia seus interesses e verdades que deviam ser questionados, é um material riquíssimo para verificarmos os fundamentos que norteavam suas páginas e que se manifestavam em diferentes formas e linguagens. Um impresso específico para atender o público que trabalhava nas escolas do estado, criado em Curitiba-PR, na gestão de Cesar Prieto Martinez.

O Paraná́ fizera vir de São Paulo um professor, César Prieto Martinez, para assumir o cargo de Inspetor Geral do Ensino, então o cargo - chave da administração escolar do Estado. Novos programas escolares são elaborados. Mas, o fundamental da atuação de Martinez é a sua presença vitalizadora em toda a parte, ensinando, observando, orientando, estimulando. Neste sentido, a maior influência que a educação pública primária recebera até então. As escolas públicas adquirem grande prestígio. (PILOTTO, 1954, p. 67).

Sendo um dos principais personagens da educação, Martinez foi responsável pela modernização do ensino primário do Paraná. Ele foi convidado, em 1920, pelo então governador do estado, Dr. Caetano Munhoz da Rocha, a ocupar o cargo de Inspetor Geral do Ensino, com o objetivo de transformar todo aparelho educacional do estado. Martinez se considerava como alguém que compreendia a carreira de professor por ter quase 20 anos de atuação no Magistério.

[...] tenho empenhado as minhas energias, já estudando todos os problemas que a moderna Pedagogia procura resolver, já empregando uma atividade constante e fazendo da prática o verdadeiro campo da experiência onde as convicções melhor se solidificam e os frutos aparecem com a feição real que determina, precisamente, os passos que se devem dar no futuro. (MARTINEZ, 1921, p. 3).

A revista O Ensino, de cunho pedagógico, era destinada a preparar o professor contratado pelo estado para a docência, com o intuito de instruir o trabalhador dentro de um padrão, estratégico para atender as transformações na sociedade decorrentes da crescente urbanização e a emergência da industrialização que demandavam a formação do homem produtivo. “O desenvolvimento da industrialização no Brasil provocou a implantação e a consolidação de uma pedagogia considerada necessária para desenvolver o homem produtivo: a Pedagogia da Escola Nova” (MIGUEL, 2007, p. 80).

Como a imprensa não é neutra, mas sim representa o projeto de mundo de quem a controla, ela expressa as relações políticas e sociais de um tempo, de uma sociedade em transformação, e as suas contradições muitas vezes são reveladas como reforço das ideologias das classes dominantes. É muito importante que o pesquisador que trabalha com a imprensa como fonte de pesquisa tenha claro que o “[...] mirante de onde olha e este lhe dá o seu alcance e o seu limite. Mirantes teóricos mais elevados viabilizam um olhar sobre horizontes mais distantes” (SANFELICE, 2005, p. 85).

Tendo em vista, portanto, a pertinência do tema, como apontado anteriormente, é que nos propomos aqui a tecer uma reflexão sobre o debate teórico e a utilização da impressa para compreender o espaço da revista O Ensino (1922-1924), especialmente a concepção que é proposta em relação ao trabalho docente, a partir da matéria “Pedagogista e Educador”, escrita pelo inspetor de ensino Cesar Prieto Martinez, a qual será analisada na sequência.

Entre o pedagogista e o educador: a concepção de professor

A revista O Ensino era publicada pela Inspetoria Geral do Ensino do Paraná, contendo 14 seções de temas diversos. Esse periódico educacional foi

[...] publicado entre 1922 e 1924, com a finalidade de veicular atos oficiais e práticas educativas, vinculados à uma perspectiva pedagógica, social, política, econômica e cultural assumida pelo governo do Estado. Foi amplamente utilizada para a legitimação das reformas e propostas educacionais. (ZANLORENZI; NASCIMENTO, 2021, p. 519).

Conforme consta na revista, ela se propunha a refletir “[...] o pensamento e a acção do Governo do Estado” (O ENSINO, 1922, p. 5), a partir de várias matérias de cunho pedagógico e didático, com a colaboração de diretores dos grupos escolares, professores e alunos.

Muitos dos textos tinham a autoria do próprio inspetor de ensino, senhor Cesar Prieto Martinez, não apenas os atos oficiais, como também das diversas áreas, conforme o que será analisado na sequência. O inspetor era ex-diretor da Escola Normal de Pirassununga, nomeado Inspetor Geral de Ensino no Paraná, em 16 de abril de 1920, pelo então presidente do estado do Paraná, Caetano Munhoz da Rocha. Dentre os assuntos abordados, há uma predominância em artigos que se prestam a direcionar a prática docente ou então fornecer subsídios para o modelo de professor como, por exemplo, a matéria “Pedagogista e Educador”.

Fonte: Extraída da revista O Ensino (MARTINEZ, 1923, p. 150).

Figura 1 O pedagogista e o educador 

Publicar uma matéria sobre o trabalho docente é salutar, principalmente em um contexto em que a formação do professor era precária. A revista se ancora na ideia entre o pedagogista e o educador, questionando o distanciamento considerável entre as duas acepções, apontando, de forma contundente, a valorização da prática em detrimento da teoria. Para tanto, é utilizada a comparação para expressar tal dicotomia. Que interesses haveria nessa valorização?

A intenção deste artigo é demonstrar o jogo de palavras que, de certa forma, caracterizam a concepção de professor, defendida na matéria e, consequentemente, pela inspetoria de ensino, bem como a persuasão explícita no material que estaria nos bancos escolares e que os professores paranaenses teriam acesso.

Verificamos, nas seguintes acepções utilizadas, o que caracteriza o pedagogista e o educador: doutrinador/artista; livros/compêndios; ideias/experiência. A retórica escolhida pelo autor é a comparação, conforme podemos observar neste excerto:

O Pedagogista é um doutrinador no terreno fácil da theoria. O Educador é um artista e um herói. Artista porque integralisa as idéas, porque dá vida aos pensamentos, porque cria entidades e propaga o vem de suas doutrinas, bem imperecível porque deixa aqui e ali, por toda parte, o sulco profundo da sua passagem. E onde encontrou corações, adoçou-os com o mel das virtudes e com a fibra dos fortes. (MARTINEZ, 1923, p. 150).

A narrativa utilizada para apontar o antagonismo apresenta, de forma contundente, a diferença entre aquele que se dedica só à teoria, à contemplação (pedagogista), e aquele que pratica, dando vida aos pensamentos (educador). O pedagogista é o doutrinador e, nesse caso, incute uma ideia. Já o educador, como artista, coloca em atividade, faz, cria, dá retorno, volta-se ao concreto, para os fatos, para a ação.

Nessa proposição comparativa, observamos a dicotomia entre trabalho manual e trabalho intelectual. Diante disso, reportamo-nos a Marx e Engels (1996) quando apontam que

[...] trabalho intelectual - os pensadores, ideólogos ativos que refletem e tiram a sua substância principal da elaboração das ilusões que essa classe tem de si própria; trabalho material - atitude mais passiva e mais receptiva face a esses pensamentos e a essas ilusões, porque são, na realidade, membros ativos da classe de dispõem de menos tempo para produzirem ilusões e ideias sobre as suas próprias pessoas. (MARX; ENGELS, 1996, p. 56).

Nesse sentido, tratar o educador como um artista que integraliza as ideias não seria uma forma sutil de desconsiderar a necessidade da reflexão da própria atividade docente e assim se tornar um fazedor que coloca em atividade apenas repetindo passivamente propostas? Observamos essa questão no excerto quando é apontado que o educador, “[a]ntes de por mãos à obra procura conhecer-lhes todos os defeitos e virtudes e só então, com o precioso concurso de experiência, que é a melhor conselheira, se decide e vence” (MARTINEZ, 1923, p. 150).

É importante apontar que a revista O Ensino estava sendo publicada em um contexto de propagação da Escola Nova, o que é possível inferirmos que a narrativa pragmática era uma forma de legitimação dessa tendência, com uma educação ativista e, consequentemente, o desenvolvimento da individualidade. Volta-se, nesse caso, ao indivíduo único, com talento e esforço e assim “[...] depositando nos sujeitos as responsabilidades pelo fracasso ou sucesso, exaltando as capacidades individuais e o mérito, bem como mantendo a divisão social entre os que têm propriedade intelectual e os que não a tem” (ZANLORENZI; NASCIMENTO, 2016, p. 366).

Nessa linha, há, na matéria, a apresentação do pedagogista que “[...] completou-se em Educador” (MARTINEZ, 1923, p. 151), destacando-se Locke e Herbart, mesmo sendo pedagogistas que lançam “[...] suas ideias para que as alcancem e delas tornem sementeiras” (MARTINEZ, 1923, p. 150), também são educadores, pois colocam “[...] em prática suas doutrinas [...] suas verdades, quer se trate do physico, do intelectual ou do moral” (MARTINEZ, 1923, p. 151). Já Rousseau é um pedagogista e: “No dia que tentou assentar as bases de sua doutrina para formar a intelligencia de seus discípulos, resvalou pelo plano inclinado da incompetência e cahiu no ridículo de um fracasso” (MARTINEZ, 1923, p. 151).

O inspetor de ensino Martinez aponta, convenientemente, Locke como um pedagogista e educador, que afirma que as ideias são construídas e a mente é como “[...] papel em branco, desprovida de todos os caracteres, sem quaisquer ideias [...]” (LOCKE, 1991, p. 27), na contramão do idealismo, pois: “Todo conhecimento está nela fundado e dela deriva fundamentalmente o próprio conhecimento” (LOCKE, 1991, p. 27). Verificamos a relação entre a narrativa usada pelo articulista da matéria e as ideias liberais de individualidade e, consequentemente, meritocracia, visto que: “As práticas, tornando-se a palavra no seu sentido mais lato, são o fermento das ideias na medida em que estas visam a racionalizar aspirações difusas nos seus produtores e veiculadores” (BOSI, 2006, p. 194).

Na concepção indicada na matéria, ensino certo e correto é aquele que prepara para vida, porém ainda “[...] impera, desgraçadamente, tanto na instrução primária, como secundária, o mal gosto de um ensino pura forma [...] prefere-se o superficial e teórico, o que apenas é constituído de aparato, raso de valor embora rico em luxo” (MARTINEZ, 1923, p. 151).

Embora a revista O Ensino faça essa provocação, tanto a Educação quanto a Pedagogia, que são faces da mesma moeda, devem transformar pessoas e, nesse sentido, nos valemos da palavra “práxis” como relação teoria e prática. O homem, até Feuerbach, era visto de forma abstrata, não tinha forma concreta e nem real, sem considerar as relações sociais concretas que não são engessadas em si mesmo, elas se modificam no processo da história. Já Marx e Engels (1996, p. 22) dizem o contrário, a raiz do homem é o próprio homem: “São os homens que, desenvolvendo sua produção material e suas relações materiais, transformam com essa realidade que lhes é própria seu pensamento e os produtos desse pensamento. Não é a consciência que determina a vida, mas a vida que determina a consciência”.

O conceito de práxis se dá na relação com o sujeito e o trabalho dentro da produção como uma atividade social direcionada e centrada no “[...] homem, por exercer trabalho físico, produção, participação ativa em diferentes formas de vida social, desenvolve uma prática material” (NORONHA, 2005, p. 88). E essa prática material (práxis), por sua vez, se reforça por meio dos elementos considerados subjetivos, pois depende do sujeito ou é relativo a ele, incluindo a sua “[...] consciência, emoções, a educação dos próprios sentidos, a seleção, o estabelecimento de valores, as operações mentais e demais formas de respostas dadas à realidade” (NORONHA, 2005, p. 88).

Para pensarmos a práxis, precisamos incluir, também, os elementos do processo do trabalho que são: “1) a atividade adequada a um fim, isto é, o próprio trabalho; 2) a matéria a que se aplica o trabalho, o objeto de trabalho; 3) os meios de trabalho, o instrumental de trabalho” (MARX, 1980, p. 202). Nesse processo, o trabalho não é uma ação descontínua, é quem irá direcionar a criação de determinados objetos.

É na práxis, com o seu papel central, que teremos o ponto de partida e de chegada, pois toda atividade passa a ter intencionalidades que se manifestam na relação com o outro e na sociedade. Nesse processo, é importante perceber o modo pelo qual as pessoas manifestam sua vida, pois “[...] reflete muito exatamente o que elas são. Tal modo de ser coincide com sua produção, tanto com o que produzem como com o modo pelo qual produzem. O que as pessoas são depende, portanto, das condições materiais de sua produção” (MARX; ENGELS, 1996, p. 15).

A educação irá reforçar, intensificar a construção de conhecimentos socialmente construídos e materializados na O Ensino, que se potencializam nos elementos constitutivos da práxis, em uma íntima ligação entre teoria e prática.

Considerações finais

O distanciamento entre prática e teoria tem sido tema recorrente na história da educação brasileira. Os debates acirrados e as inúmeras produções científicas a respeito pouco têm repercutido na materialidade dessas concepções, pois ainda permanecem antagônicas e distantes.

A análise proposta neste artigo sobre o texto veiculado na revista O Ensino (1922-1924), “Pedagogista e Educador”, de Cesar Prieto Martinez (1923), traz à tona, além das reflexões sobre a valorização da prática em detrimento da teoria, um aspecto muito interessante que é a estratégia persuasiva utilizada, ou seja, a comparação construída por antíteses. Há um jogo de palavras muito bem articulado que caracteriza a concepção de professor defendida na matéria e também pela Inspetoria de Ensino do Paraná. Essa concepção que enfatiza que o pedagogista é o prático e o educador o teórico foi disseminada entre os professores por meio da revista que circulava no ambiente escolar.

A comparação em foco traz à tona uma discussão muito mais ampla e profunda que é a dicotomia entre trabalho manual e trabalho intelectual, tão bem explicada por Marx e Engels (1996), quando afirmam que aqueles que se dedicam ao trabalho intelectual moldam a forma de pensar e agir daqueles que se dedicam ao trabalho manual, pois estes não dispõem de tempo para reflexões mais profundas sobre o seu trabalho e sobre aquilo que acreditam ser a melhor forma de produzir conhecimento.

O educador descrito no artigo da revista O Ensino é o fazedor, o pragmático, ou seja, aquele que faz uso da sua experiência como sendo sua “melhor” conselheira. Essa concepção era coerente com a disseminação dos preceitos da Escola Nova, respaldada pelo ativismo e pela individualidade. Cabe a cada indivíduo a responsabilidade pelo seu sucesso ou fracasso, pois tudo gira em torno das capacidades individuais e, em decorrência disso, ao merecimento. Assim sendo, há uma naturalização da divisão social, pois há aqueles que são providos de propriedade intelectual, portanto ficará sob a responsabilidade deles a produção do conhecimento; e há aqueles desprovidos dessa propriedade, cabendo-lhes a execução daquilo que é produzido, à luz da experiência adquirida com a repetição contínua, sem reflexão e poder de alteração daquilo que está posto.

A reflexão proposta na matéria veiculada na revista O Ensino é muito atual e necessária, pois oportuniza um mergulho nas relações sociais que se estabelecem a partir das relações educacionais, especificamente o papel do(a) pedagogo(a). Ao olharmos para a dicotomia teoria e prática, olhamos para as relações de poder que se estabelecem na sociedade capitalista e que vão se repetindo ao longo da história. Muito além da constatação, emerge a necessidade de buscarmos nos registros da imprensa, materializada em jornais, revistas ou panfletos, as questões chave para a compreensão do modelo de sociedade (educacional, cultural, social, político e econômica) que temos hoje, visando à ruptura e ao avanço.

Referências

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* Pesquisa financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

1No contexto das produções brasileiras que versam sobre impressos educacionais, cabe destacar os textos de Bastos (2002); Carvalho, Araújo e Gonçalves Neto (2002); Catani e Bastos (1997); Luca (2008); Nascimento, Zanlorenzi e Leal (2020); Overné (2015); Periotto (2013); Vidal e Faria Filho (2003); Zanlorenzi (2014).

2“Alguns autores apontam o Correio Braziliense como o primeiro jornal do Brasil, outros apontam a Gazeta do Rio de Janeiro” (COSTA, 2017, p. 10).

3 Ver: Educação em Revista: a imprensa periódica e a história da educação, organizado pelas professoras Denice Barbara Catani e Maria Helena Camara Bastos e publicado em 1997. Nesse trabalho, as autoras apresentam nove textos que tratam de diferentes temáticas relativas às revistas pedagógicas do século XIX e XX no Brasil, na França e em Portugal (CATANI; BASTOS, 1997).

Recebido: 30 de Novembro de 2022; Revisado: 29 de Abril de 2023; Aceito: 15 de Maio de 2023; Publicado: 03 de Junho de 2023

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