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Linhas Críticas

versión impresa ISSN 1516-4896versión On-line ISSN 1981-0431

Linhas Críticas vol.26  Brasília ene./dic 2020  Epub 28-Abr-2021

https://doi.org/10.26512/lc.v26.2020.36330 

Dossiê: Tempo de pausa ou de crise? Assumir a infância e a educação como prioridades

Racionalidade tecnológica e a educação dos corpos infantis em tempos de pandemia

Racionalidad tecnológica y educación del cuerpo de niños en tiempos de pandemia

Technological rationality and the education of children’s bodies in times of pandemic

Luciane Paiva Alves de Oliveira1 
http://orcid.org/0000-0001-8379-9943

1Doutora em Educação: História, Política, Sociedade pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2006). Professora associada do Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná.


Resumo

Este estudo teórico objetiva examinar os impactos da racionalidade tecnológica sobre a educação dos corpos infantis em tempos pandêmicos. Parte da recomposição do processo de escolarização, ocasionada pela crise sanitária gerada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), para avaliar possíveis repercussões sobre a formação corporal no contexto de ensino remoto. Baseia-se nas contribuições da Teoria Crítica da Sociedade e, embora reconheça a importância de futuros cotejamentos com dados empíricos, já identifica indícios da persistência de uma lógica produtiva, típica do mundo administrado, uma vez que o corpo continua sendo convocado a se submeter e a se sacrificar.

Palavras-chave Infância; Formação dos Corpos; Escola; Racionalidade Tecnológica; Crise Pandêmica

Resumen

Este estudio teórico tiene como objetivo examinar los impactos de la racionalidad tecnológica en la educación del cuerpo de los niños en tiempos de pandemia. Parte de la recomposición del proceso escolar, provocado por la crisis sanitaria generada por el nuevo coronavirus (SARS-CoV-2), para evaluar posibles repercusiones en la formación corporal en el contexto de la educación a distancia. Se basa en los aportes de la Teoría Crítica de la Sociedad y, si bien reconoce la importancia de futuras comparaciones con datos empíricos, ya identifica indicios de la persistencia de una lógica productiva, propia del mundo gestionado, ya que el cuerpo sigue siendo llamado a someterse y sacrificarse.

Palabras clave Infancia; Escuela; Formación de cuerpos; Racionalidad tecnológica; Crisis pandémica

Abstract

This theoretical study aims to examine the impacts of technological rationality on the education of children’s bodies in pandemic times. Part of the recomposition of the schooling process, caused by the health crisis generated by the new coronavirus (SARS-Cov-2), to assess possible repercussions on body formation in the context of remote education. It is based on the contributions of the Critical Theory of Society and, while recognizing the importance of future comparisons with empirical data, it already identifies signs of the persistence of a productive logic, typical of the managed world, since the body continues to be called upon to submit and to sacrifice.

Keywords Childhood; Formation of Bodies; School; Technological Rationality; Pandemic Crisis

Introdução

Várias áreas do conhecimento investigam as repercussões da tecnologia sobre a vida moderna, desde a Ciência da Computação até a Filosofia e as Ciências Sociais. Nesse contexto, identificamos tanto perspectivas entusiastas, as quais enfatizam a relevância da tecnologia para o progresso social e o desenvolvimento econômico, quanto perspectivas mais cautelosas, que examinam de modo crítico suas repercussões sobre a cultura e as diferentes formas de controle social.

Do ponto de vista educacional, representantes da primeira perspectiva defendem o uso da tecnologia, sobretudo pelo seu potencial comunicativo no processo de ensino-aprendizagem (Castells, 2007; Lévy, 1999). Já os críticos chamam a atenção para os efeitos de um consumo passivo, descontextualizado e intermitente dos conteúdos de massa (Crochík, 2003; 2014; Feenberg, 1991; Selwyn, 2017).

O objetivo deste estudo teórico é suscitar questionamentos sobre os impactos do aparato tecnológico na atual conjuntura de reorganização da escolarização, tendo em vista a crise sanitária causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2). Nesse sentido, subsidia-se em contribuições da Teoria Crítica da Sociedade para desmitificar a pretensa neutralidade tecnológica e analisar possíveis desdobramentos para a formação dos corpos infantis em tempos de isolamento social e ensino remoto.

É importante destacar que, para a Teoria Crítica da Sociedade, a tecnologia ultrapassa o mero uso da técnica ou dos instrumentos, pois caracteriza-se como um amplo processo de racionalidade que se estabelece de acordo com formas de ajustamento do pensamento e do comportamento, favorecendo a divisão social do trabalho, a concentração do poder econômico e a submissão dos indivíduos. Assim:

A maldição do progresso irrefreável é a irrefreável regressão. […] Quanto mais complicada e mais refinada a aparelhagem social, econômica e científica, para cujo o manejo o corpo já há muito foi ajustado pelo sistema de produção, tanto mais empobrecidas as vivências de que ele é capaz. […] A regressão das massas, que hoje se fala, nada mais é senão a incapacidade de poder ouvir o imediato com os próprios ouvidos, de poder tocar o intocado com as próprias mãos: a nova forma de ofuscamento que vem substituir as formas míticas superadas. Pela mediação da sociedade total, que engloba todas as relações e emoções, os homens se reconverteram exatamente naquilo contra o que se voltara a lei evolutiva da sociedade, o princípio do eu: meros seres genéricos, iguais uns aos outros pelo isolamento na coletividade governada pela força. (Horkheimer & Adorno, 1985, p. 46-47)

Esse contexto colabora para forjar uma consciência coisificada, que se orienta de modo exagerado e patológico com a técnica, sob a forma de fetiche. Ao detalhar esse perfil, Adorno (2012, p. 132) sinaliza o surgimento de indivíduos incapazes de amar, os quais desviam seus sentimentos e os concentram nas coisas, nas máquinas e nos equipamentos, demonstrando absoluta frieza no convívio social, algo que evidencia um mecanismo regressivo, impulsionador da violência e da barbárie.

Essas primeiras considerações reforçam a pertinência da análise sobre o papel reservado ao corpo ao longo de um processo de escolarização que, em tempos de pandemia, passou a depender estritamente do uso das tecnologias.

Tecnologia, ensino remoto e formação dos corpos

O choque produzido pela chegada da pandemia reacendeu o debate sobre a transitoriedade da vida e nossa factual finitude. Constrangidos pela ameaça da morte, fomos levados a cogitar sobre a irracionalidade de nosso modelo de sociedade, questionando aspectos como o acúmulo de bens, o consumo impositivo, a constância do sacrifício, a individualidade exacerbada, as mazelas da desigualdade econômica etc. Porém, do ponto de vista da organização social, nem mesmo a angústia da perecibilidade foi capaz de moderar a busca desenfreada por um ajuste que permitisse recompor a lógica administrada da vida moderna.

A preocupação em forjar recursos para readaptar a rotina aos interesses produtivos acabou reduzindo, em grande medida, a disposição em pensar sobre nossa fragilidade e efemeridade, mitigando os efeitos necessários desse reconhecimento. Em busca de uma recondução à estabilidade, engendramos um retorno ao mesmo, relativizando a realidade e nos desobrigando a ponderar sobre os limites da sobrevivência, do corpo e de nossa natureza.

Não tardaram a surgir posicionamentos em prol da retomada imediata da normalidade e/ou da negação da anormalidade, mesmo que estivéssemos aturdidos em um cenário completamente inesperado. Um comportamento que pode estar atrelado a um mecanismo subjetivo para lidar com o medo, mas que também manifesta nossa recusa em pensar sobre a condição humana e, consequentemente, elaborar eventuais possibilidades de crítica.

Fomos impelidos a oferecer respostas instantâneas para um panorama completamente adverso e nebuloso, lançando-se em uma espécie de ativismo que pode se tornar regressivo, sobretudo quando se converte em mera adaptação. Mesmo porque:

[…] quando a práxis encobre com o ópio do coletivo sua própria e real impossibilidade, é ela que se torna ideologia. Existe, em relação a isso, um sinal infalível: o trancar-se [Einschnappen] automaticamente à pergunta “O que fazer”? , respondendo a qualquer argumento crítico, antes mesmo que tenha sido expressado, que dirá entendido. (Adorno, 1995, p. 226)

Em termos sociais, gradativamente, o peso do sistema econômico se sobrepôs nas análises da crise sanitária e demandas utilitaristas se espraiaram, tendo em vista a necessidade de recuperação da produção, da distribuição, e do consumo de bens e serviços. Assim:

Exatamente porque toda a vida de hoje tende cada vez mais a ser submetida à racionalização e ao planejamento, também a vida de cada indivíduo, incluindo-se os seus impulsos mais ocultos, que outrora constituíam o seu domínio privado, deve agora levar em conta as exigências da racionalização e planejamento: a autopreservação do indivíduo pressupõe o seu ajustamento às exigências de preservação do sistema. Ele não tem mais possibilidades de escapar do sistema. E na medida em que o processo de racionalização não é mais o resultado de forças anônimas do mercado, mas é decidido pela consciência de uma minoria planejadora, também a massa de sujeitos deve ajustar-se: o sujeito deve, por assim dizer, dedicar todas as suas energias para estar “dentro e a partir do movimento das coisas”, nos termos da definição pragmatista. (Horkheimer, 2000, p. 100)

Essa identificação da maneira como lidamos com o choque estrutural causado pela pandemia reforça a compreensão de que a dominação da natureza envolve, necessariamente, a dominação do homem pelo próprio homem.

Não podemos esquecer que, ao longo da história, o indivíduo não poupou esforços para construir saberes que trouxessem o domínio sobre o corpo, evitando seu descontrole e, em última instância, a morte. Todavia, no esforço que fez para controlar seu corpo e, consequentemente, se distinguir da natureza, acabou se esquecendo que também é natureza. Nesse sentido, se nossa história foi marcada pelo intento de abolir traços e resquícios que nos remetessem ao mundo orgânico, isso trouxe repercussões importantes para a forma como nos relacionamos com o corpo, pois é ilimitado o empenho em transformá-lo em algo manipulável, mensurável e regulável.

No horizonte da pandemia, se, por um lado, tivemos pouco tempo para processar com exatidão aquilo que ocorria, por outro, fomos incitados a intervir, apontando alternativas para as dificuldades encontradas nas diversas esferas da vida, inclusive do ponto de vista da escolarização. Tomados por ensejos pragmáticos, desviamos nosso pensamento em torno do fato em si e nos obrigamos a projetar soluções para problemas absolutamente novos, optando por oferecer aquilo que era possível, já que a máquina de ensinar não poderia deixar de funcionar.

Enquanto as condições para refletir sobre os motivos e desdobramentos da pandemia foram limitadas, o empreendimento em grandes redes de informações tornou-se crescente, movimentando uma recomposição estrutural repentina em termos educacionais (Morgado et al., 2020). Imediatamente, foram projetados modelos de educação remota, educação a distância, educação on-line etc., que transferiram para o âmbito da vida privada as rotinas de ensino-aprendizagem, reconfigurando tempos e espaços que incidiram diretamente sobre as crianças e seus corpos (Dussel, 2020).

Sob intensa velocidade, os alunos trocaram a escola pela casa, o que exigiu uma profunda adaptação corporal. Da aglomeração, - que marca a permanência na escola -, as crianças foram levadas à solidão da educação domiciliar. Para isso, foi requerida uma súbita acomodação, com a recomposição de práticas e técnicas corporais, tanto do ponto de vista da interação e (in)visibilidade, quanto da reprogramação sensorial, com a modificação de gostos, cheiros, texturas, cores, imagens e sons.

Mediante a constatação de que, novamente em nossa história, o corpo foi convocado a se submeter, faz-se necessário pensar sobre os desdobramentos que tais sacrifícios causaram. Do contrário, corremos o risco de fortalecer a pobreza da experiência, que impele o homem a sempre seguir em frente, “a começar de novo, a contentar-se com pouco, a construir com pouco, sem olhar nem para a direita nem para a esquerda” (Benjamin, 1994, p. 116). Isso porque os conteúdos da experiência deixam de fazer sentido e não se vinculam mais ao humano, de modo que a superficialidade impulsiona o surgimento de um novo tipo de barbárie, com o desenvolvimento da técnica sobrepondo-se ao homem.

Aqui vale lembrar que a própria técnica é tão democrática quanto a sociedade na qual está inserida, e, portanto, seu uso só pode ser avaliado no contexto em que é aplicado. Todavia, em nossa sociedade, ela deixou de ser meio para se tornar fim, pois precisamos viver tecnicamente, uma vez que “o ser é intuído sob o aspecto da manipulação e da administração. Tudo, inclusive o indivíduo humano, para não falar do animal, converte-se num processo reiterável e substituível, mero exemplo para os modelos conceituais do sistema” (Horkheimer & Adorno, 1985, p. 83). O fetiche pela técnica redunda em falsa imprescindibilidade, com o predomínio de sua aplicação em vários setores da vida. Por conseguinte, imaginamos que, ao manipular o pensamento, também ordenamos a realidade e acabamos potencializando uma forma de racionalidade instrumental, sob a qual não precisamos mais refletir criticamente e nos subjugamos ao programado. Então:

Como resultado final do processo, temos de um lado o eu, o ego abstrato esvaziado de toda substância, exceto da sua tentativa de transformar tudo no céu e na Terra em meios para sua preservação, e do outro lado uma natureza esvaziada e degradada a ser um simples material, simples substância a ser dominada, sem qualquer outro propósito do que esse de sua própria dominação. (Horkheimer, 2000, p. 102)

Diante da crise pandêmica, a escolarização passou a ocorrer no recinto hermético do lar e, ao mesmo tempo, em um ciberespaço ancorado sob o uso de tecnologias. Com isso, se intensificou uma espécie de vivência que privilegia sistemas digitais, os quais seguem um modelo algorítmico para a interpretação das coisas (Zuin & Zuin, 2018, p. 1153), com a comunicação cibernética se transformando na mais frequente e importante forma de interação, especialmente entre crianças e adolescentes. Como resultado, não demoraram os alertas de especialistas a respeito das sequelas advindas desse tipo de formação, com preocupações que envolvem desde níveis de ansiedade e dificuldade de atenção, até distúrbios antissociais (Sociedade Brasileira de Pediatria [SBP], 2020a; Campanha Nacional pelo Direito à Educação, 2020; Núcleo Ciência Pela Infância [NCPI], 2020). Aqui podemos recordar que toda subjugação da natureza pode gerar uma revolta que retorna sob a forma de patologias e neuroses, haja vista que:

A resistência e a revolta que emergem dessa repressão da natureza têm acossado a civilização desde os seus começos, tanto na forma de rebeliões sociais – como nas insurreições espontâneas de camponeses no século XVI ou nos habitualmente organizados conflitos raciais dos nossos dias – como na forma de crime organizado e transtorno mental. (Horkheimer, 2000, p. 99)

No entanto, uma característica típica de nossa era é a manipulação dessa energia, mediante uma recaptação e reintegração das forças a fim de canalizar sua insurgência, transformando-a em um meio de perpetuação da civilização. Ou seja, a sobrevivência exige um ajustamento do homem moderno, que se torna autômato e pronto a enfrentar qualquer situação.

No cenário atual, é justamente por isso que devemos questionar a racionalidade dessas diferentes adaptações do ponto de vista da formação dos corpos infantis, inclusive porque talvez estejamos inaugurando um conjunto de novas práticas que, mesmo sob um espectro de modernização, continuarão atreladas aos interesses instrumentais de controle e dominação. De tal modo, não podemos nos furtar a avaliar as consequências de improvisações, com soluções imediatas e projeções falsas que, muitas vezes, não resolvem ou até mesmo impõem novos obstáculos à formação. Mesmo porque, “onde a experiência é bloqueada ou simplesmente já não existe, a práxis é danificada e, por isso, ansiada, desfigurada, desesperadamente supervalorizada” (Adorno, 1995, pp. 203-204).

Nessa análise, vale a pena resgatar as elaborações de Marcuse (1999) sobre as implicações sociais da tecnologia moderna, as quais, embora não digam respeito especificamente à educação, se atém à forma como um novo modo de produção e organização social são inaugurados a partir da racionalidade tecnológica, alterando profundamente pensamentos e padrões de comportamento. Por conseguinte:

A racionalidade tecnológica inculcada naqueles que mantém este aparato transformou vários métodos de compulsão externa e autoridade em métodos de autodisciplina e autocontrole. A segurança e a ordem são, em grande parte, garantidas pelo fato de que o ser humano aprendeu a ajustar seu comportamento ao de seu semelhante até os mínimos detalhes. Todos os homens agem de forma igualmente racional, isto é, de acordo com os padrões que asseguram o funcionamento do aparato e, portanto, a manutenção de sua própria vida. Mas esta “internalização” da coerção e da autoridade reforçou, em vez de atenuar, os mecanismos de controle social. Os homens, seguindo sua própria razão, seguem aqueles que fazem uso lucrativo da razão. Na Europa, estes mecanismos ajudaram a impedir que o indivíduo agisse de acordo com a verdade evidente, e eram eficazmente suplementados pelos mecanismos de controle físico do aparato. Neste ponto, os interesses de outra forma divergentes e seus meios de ação se sincronizam e se adaptam de tal modo que sua eficiência neutraliza qualquer ameaça séria ao seu domínio. (Marcuse, 1999, pp. 86-87)

Essa dinâmica contribuiu fortemente para a impotência do pensamento crítico, inclusive por intensificar a lógica de que os mais ajustados são também os mais exitosos. Aspectos como liberdade, satisfação e autonomia foram suplantados por interesses que estruturam a competição e o sucesso organizacional, fortalecendo a combinação necessária para o pleno funcionamento do aparato. Nesse decurso, o indivíduo acabou perdendo espaço para a multidão:

[…] uma associação de indivíduos que foram despojados de todas as distinções “naturais” e pessoais e reduzidos à expressão padronizada de sua individualidade abstrata, a saber, a busca de seu interesse próprio. Como membro de uma multidão, o homem se tornou o sujeito padronizado da autopreservação bruta. Na multidão, a restrição feita pela sociedade à busca competitiva do interesse próprio tende a tornar-se inócua e os impulsos agressivos são facilmente liberados. Estes impulsos se desenvolveram sob as exigências da escassez e da frustração e sua libertação acentua então o “estado de espírito anterior”. Sim, é verdade que a multidão “une”, mas une os sujeitos atomizados da autopreservação que estão desligados de tudo que transcende seus interesses e impulsos egoístas. A multidão é assim a antítese da “comunidade”, e a realização pervertida da individualidade. (Marcuse, 1999, pp. 88-89)

Se esse mecanismo norteia o funcionamento da vida social, podemos dizer que, de algum modo, também se reflete no processo educacional - ainda mais se considerarmos o atual modelo de escolarização de massas.

Nesse sentido, se por um lado já tínhamos o desafio de transcender uma educação meramente técnica, transformando os saberes em um conjunto de experiências orientadas em um esforço comunicativo que contemplasse características históricas e identitárias (Ramos da Rocha & Moreira Hypolito, 2020), por outro ainda contávamos com a possibilidade da interação corporal dos indivíduos, os quais compartilhavam os mesmos tempos e espaços (Buss-Simão & Lessa, 2020). Já o novo formato virtual pulveriza o contato interpessoal, limitando ainda mais o exercício de diferenciação do indivíduo e de reconhecimento do outro, o que fortalece aquelas características que dão forma à multidão.

Mesmo se nos detivermos a aspectos específicos da aprendizagem, é possível averiguar que o modelo virtual pressupõe outro tipo de relação com o conhecimento, no qual prepondera uma estrutura mais individual, solitária e isolada. Se anteriormente dispúnhamos das múltiplas trocas promovidas pela contiguidade dos corpos, agora somos reduzidos às imagens dispostas em ínfimos quadros em tela e às falas que seguem certo grau de previsibilidade, sob pena de gerar sobreposições e tornarem-se inaudíveis (Castro & Zuin, 2018). Essa linguagem reconfigura completamente aquela até então constituída por meio do contato e da proximidade corporal entre os sujeitos. Sobre esse aspecto, torna-se interessante retomar a reflexão proporcionada por Benjamin (1994, p. 119) quando sinaliza que, como resultado do desenvolvimento tecnológico, “ficamos pobres. Abandonamos uma depois da outra todas as peças do patrimônio humano, [pois] tivemos que empenhá-las muitas vezes a um centésimo do seu valor para recebermos em troca a moeda miúda do ‘atual’”.

Outro ponto importante da racionalidade tecnológica diz respeito à formação instigada pelo mundo do trabalho, a qual, muitas vezes, se caracteriza como uma espécie de treinamento vocacional ao se reduzir ao desempenho de tarefas, pressupondo algum grau de especialização, mas, principalmente, de padronização. Isto é:

[…] um treinamento em vários tipos de habilidade, adaptação psicológica e fisiológica a uma “tarefa” que tem de ser feita. A tarefa, um predeterminado “tipo de trabalho… requer uma combinação específica de habilidades”, e aqueles que criam a tarefa também moldam o material humano para desempenhá-la. As habilidades desenvolvidas por esse tipo de treinamento fazem da “personalidade” um meio para atingir fins que perpetuam a existência do homem como instrumentalidade, que pode ser substituída a qualquer momento por outras instrumentalidades do mesmo tipo. (Marcuse, 1999, p. 89)

Nessa perspectiva devemos atentar para o fato de estarmos fortalecendo previamente esse processo, oferecendo, desde a infância, uma educação que promove o atrofiamento da consciência. Entre outros pontos, devemos refletir sobre o tipo de formação que estamos estimulando, uma vez que muitas crianças já apresentam sinais de dependência dos sistemas digitais, o que interfere na constituição da empatia, da fantasia, da sensibilidade, bem como em eventual decréscimo da espontaneidade, da criatividade, da intuição, da abstração e da imaginação (SBP, 2020b). Tal como destaca Marcuse (1999, p. 93):

A concepção instrumental da racionalidade tecnológica está se infiltrando por quase todo o reino do pensamento e dá às várias atividades intelectuais um denominador comum. Elas também se tornam uma espécie de técnica, uma questão de treino em vez de individualidade, pedindo um especialista em vez de uma personalidade humana completa.

Em contrapartida, o autor não advoga a abolição da técnica, sobretudo porque reconhece sua potencialidade na constituição da história da humanidade. Destaca que:

O progresso tecnológico possibilitaria diminuir o tempo e a energia gastos na produção das necessidades da vida, além de uma redução gradual da escassez. A abolição dos objetivos competitivos poderia permitir que o eu se desenvolvesse a partir de suas raízes naturais. Quanto menos tempo e energia o homem precisar gastar para manter sua vida e a da sociedade, maior a possibilidade de ele poder “individualizar” a esfera de sua realização humana. Para além do reino da necessidade, as diferenças essenciais entre os homens poderiam se expandir: cada um poderia pensar e agir por si, falar sua própria língua, ter suas próprias emoções e seguir suas próprias paixões. Já sem estar preso à eficiência competitiva, o eu poderia crescer no reino da satisfação. O homem poderia encontrar-se consigo mesmo nas suas paixões. Os objetos de seu desejo seriam tanto menos permutáveis quanto mais fossem apreendidos e moldados por seu livre eu. “Pertenceriam” a ele mais do que nunca e esta propriedade não seria infamante, pois não teria de se defender contra uma sociedade hostil. (Marcuse, 1999, p. 103)

Por este ângulo, a tecnologia poderia cumprir um papel relevante na promoção das satisfações humanas, auxiliando a suprir um conjunto de necessidades, quando a técnica fosse colocada a serviço do homem e não o contrário. Outrossim, cabe desmistificar o apego nostálgico daqueles que adotam posturas rudimentares e negam o conhecimento já acumulado. Até porque:

Os inimigos da técnica prontamente se aliam à tecnocracia terrorista. A filosofia da vida simples, a luta contra as grandes cidades e sua cultura frequentemente servem para ensinar os homens a desacreditar nos instrumentos potenciais que poderiam libertá-los. Mencionamos a possível democratização de funções que a técnica pode promover e que pode facilitar o desenvolvimento humano total em todos os ramos do trabalho e da administração. Além disso, a mecanização e a padronização podem um dia ajudar a mudar o centro de gravidade das necessidades da produção material para a arena da livre realização humana. Quanto menos necessária a afirmação da individualidade nos desempenhos sociais padronizados, tanto mais esta pode retirar-se para o terreno “natural” livre. (Marcuse, 1999, p. 101)

Porém, no modelo social vigente, é forçoso reconhecer as contradições que demarcam uma exagerada aderência tecnológica, a qual sobrepõe o aparato ao homem e, assim, o coisifica. Se o sentido conferido à técnica só pode ser compreendido a partir do contexto histórico e social que a projetou, nessa sociedade, o que predomina é o fortalecimento do aparato em detrimento da realização humana.

Os limites dos modelos tecnológicos e a formação dos corpos

Atualmente, sabemos que a sociedade de massas empreende vários recursos de gestão e de informação que resultam em uma espécie de tecnopolítica. A partir da internet, grandes corporações reduzem os indivíduos a códigos e algoritmos - de consumo, de comportamento, de interesse, provocando direcionamentos em torno daquilo que lhes é disponibilizado como conteúdo.

Como consequência, sobretudo para aqueles que centralizam sua formação ao uso da tecnologia, tem-se a redução de experiências. Essa sujeição é facilitada porque, entre outros aspectos, o mundo cibernético reprograma nossos sentidos corporais mediante uma torrente de excitação, envolvendo-nos em uma série de estímulos que são manipulados tecnologicamente. Em análises sobre a constituição da sensação contemporânea, Türcke (2010, p. 68) avalia as características que compõem aquilo que chama de uma sociedade excitada e sinaliza que:

Essa tendência de intensificação tem no sensation seeking seu correlato fisiológico. As sensações que agitadamente tomam o organismo, fazendo-se sentir em todas as suas fibras, e que parecem dar-lhe de volta a percepção subtraída, o sentimento pleno de si, são precisamente aquelas que o anestesiam. […] As sensações criam a necessidade de outras mais fortes.

No que se refere à realidade virtual, uma engenharia midiática é projetada para funcionar como aparato da sensação, penetrando o sistema nervoso e organizando nossa percepção. A abundância de estímulos promove uma inquietação motora em busca de velocidade, o que afeta a composição da percepção. Como exemplifica o autor ao se remeter à internet:

Escreve-se o termo de busca “Nietzsche” e obtém-se mil títulos e milhares de links e referências cruzadas. Percorrê-los de fato significa perder-se. Não percorrê-los significa correr o risco de ignorar o mais importante diante dos próprios olhos. Todo o sistema de hipertexto está organizado dessa forma. O olho do leitor encontra constantemente conceitos marcados chamando para outros textos que prometem uma leitura mais excitante do que a que se faz agora, e apenas o esforço de uma negação teimosa contra tais saltos de página permite que se esteja em condições de ler o texto em questão, de uma vez só, até o fim. Cria-se aqui um imenso potencial de distração, um tipo de percepção que não mais sente a si própria como tal, porque está à disposição, não pode mais envolver-se com nada sem reservas, sempre mirando de soslaio para outras coisas. (Türcke, 2010, p. 70)

Segundo ele, essa aparelhagem promove uma estimulação contínua que prepara mas, ao mesmo tempo, frustra o prazer, pois incita uma condição de abstinência que inicia e obsta a satisfação, facilitando um estado viciante. Esse aparato oferece “muito mais a demolição do desprazer do que a construção do prazer. Seu gozo é muito mais pré-prazer do que prazer” (Türcke, 2010, p. 293).

Em termos opostos, a concentração sensorial poderia provocar um recolhimento interior que permitiria a sensualidade dos sentidos, colaborando para uma experiência duradoura justamente por ultrapassar estímulos superficiais e transformar-se em prazer. Ao ilustrar esse processo, o autor recorre ao exemplo da arte para demonstrar que a dignidade estética está justamente na recusa em se entregar a qualquer estímulo, tanto que, “quando se pergunta, quase todos os artistas dizem ter como prioridade o rompimento com uma forma de percepção adormecida e acabada; todos lutam contra o prazer insosso dos estímulos superficiais e a favor de um outro tipo de prazer” (Türcke, 2010, p. 306).

Ao ponderar sobre os meios virtuais, cita que, embora muitos aparatos possam facilitar os processos comunicativos, viabilizando o intercâmbio de dados, nunca conseguem transcender completamente o distanciamento imposto pelo tempo e espaço. Portanto, não podem substituir a proximidade humana no que se refere à participação mútua e à identificação, até porque elas só podem ser construídas pelo convívio e pela troca de experiências. Por consequência:

O mesmo ocorre no caso da Internet. É fora de questão que esse novo meio de comunicação ata os processos de comunicação, os quais antigamente passavam, um ao lado do outro, na forma de livros, dos jornais e do telefone. Assim como é certo que a comunicação foi intensificada e acelerada. Porém a proximidade obtida permanece ainda na condição de sucedâneo. Enquanto se pode ir e vir quando se deseja, por meio do mouse, sem que se sintam todas as dificuldades e obrigações que acompanham os encontros pessoais ou a vida em comum, o contato do eterno começo permanece como uma aproximação que não acontece realmente, ou seja, faz-se presente a comunidade virtual no sentido original da palavra: surfa-se ao redor, realiza-se o pré-prazer duradouro de uma satisfação continuamente ausente. (Türcke, 2010, p. 290)

Nesse ponto, não se trata de idealizar a comunicação presencial corpórea, mas reconhecer que toda comunicação mediada provém de uma imediata. Assim:

Uma comunicação secundária, que se isola totalmente da primária, e que se relaciona com outro ser vivo exclusivamente por meio do correio ou de canais técnicos, realiza o estado de coisas da tortura do isolamento. Uma teoria da mídia, que considera a forma de comunicação primária como antiquada e a secundária como uma muito excitante forma de trânsito do futuro, serra o galho da árvore no qual toda comunicação secundária se apoia e o único pela qual pode permanecer suportável. Isso é algo tão original quanto a proposta de se desabituar de comer, porque viver de brisa é muito mais excitante. (Türcke, 2010, p. 291)

Não há, portanto, a possibilidade de comparar, substituir ou confrontar aspectos que representam dimensões tão distintas da vida. A experiência depende da formação cultural, porém não se esgota em uma vinculação formal com o conhecimento. Ela depende da mediação que possibilita ao indivíduo se diferenciar, enquanto reelabora a história e se relaciona com o outro não-idêntico. Certamente, isso passa pelas relações corpóreas estabelecidas com os demais sujeitos e com a cultura. Do mesmo modo:

A educação para a realidade ocorre na relação do homem com ela; a diferenciação é gerada pela resistência dos objetos mundanos a nossos desejos; sem essa resistência, os limites do eu são fragilmente estabelecidos. Os objetos apresentados a distância não oferecem resistência, são aparências, e as operações que incidem sobre eles são mediadas pela máquina […]. (Crochík, 2003, p. 104)

Considerações finais

A suspensão de rotinas imposta pela crise sanitária causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) promoveu uma abrupta ressignificação dos procedimentos que antes norteavam os processos educativos escolares, reconduzindo essa tarefa à vida privada, por meio do uso de tecnologias. Este cenário forjado sem organização prévia certamente trará consequências ainda imprevisíveis do ponto de vista da formação corporal. No entanto, já é factível confirmar a persistência da lógica produtiva, típica do mundo administrado, uma vez que o corpo continua sendo convocado a se submeter e a se sacrificar, mesmo que sob o espectro da pandemia e a ameaça da morte.

Não podemos deixar de refletir sobre as ambiguidades que esse processo atípico da escolarização imprimiu sobre os corpos infantis em tempos de pandemia, sob efeito de acabarmos (re)normalizando a pseudoformação, na qual a experiência “fica substituída por um estado informativo pontual, desconectado, intercambiável e efêmero, e que se sabe que ficará borrado no próximo instante por outras informações” (Adorno, 1996, p. 405).

Um exame circunstanciado pela sensibilidade e um olhar crítico daqueles que influenciam a educação dos corpos na infância pode ser fundamental para garantir a integralidade dessa história que já impactou a vida de uma geração de crianças. Nesse sentido, retomemos as memórias de Benjamin (1995, p. 105) que, ao narrar sua experiência no universo letrado, salienta:

[…] A saudade que em mim desperta o jogo das letras prova como foi parte integrante de minha infância. O que busco nele na verdade, é ela mesma: a infância por inteiro, tal qual a sabia manipular a mão que empurrava as letras no filete, onde se ordenavam como uma palavra. A mão pode ainda sonhar com essa manipulação, mas nunca mais poderá despertar para realizá-la de fato. Assim, posso sonhar como no passado aprendi a andar. Mas isso de nada adianta. Hoje sei andar; porém, nunca mais poderei tornar a aprendê-lo.

Em um momento de suspensão da vida como o atual, não podemos banalizar o modo como as crianças estão vivendo corporalmente as contradições dessa experiência. Mas o intuito deste estudo foi justamente levantar pontos que precisarão contar com maior aprofundamento analítico, principalmente do ponto de vista empírico, a partir das diferentes repercussões históricas que serão geradas pela pandemia. Compreender a formação em tempos de isolamento poderá elucidar contradições relevantes, não para que continuemos reforçando o sacrifício do corpo, mas para que possamos transcender o princípio de realidade sob o qual “um homem pense ser ele próprio feliz, simplesmente porque escapou à infelicidade ou sobreviveu ao sofrimento” (Freud, 1997, p. 25).

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Recebido: 02 de Fevereiro de 2021; Aceito: 27 de Abril de 2021

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