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Linhas Críticas

Print version ISSN 1516-4896On-line version ISSN 1981-0431

Linhas Críticas vol.27  Brasília  2021  Epub Dec 20, 2021

https://doi.org/10.26512/lc27202139455 

Artigos

Distanciamento social na pandemia da covid-19: estudo com docentes universitárias

Distanciamiento social y pandemia de covid-19: estudio con docentes universitarias

Social distancing during the covid-19 pandemic: a study with professors

Shirley Macêdo1 
http://orcid.org/0000-0003-1619-2353

José Luís Amorim2 
http://orcid.org/0000-0001-8748-6573

Melina Pinheiro Gomes de Souza3 
http://orcid.org/0000-0003-2254-9443

1Doutora em Psicologia Clínica pela Universidade Católica de Pernambuco (2012). Professora Associada da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF). Membro da Associação Brasileira de Psicologia Fenomenológica (ABRAPFE) e do GT-ANPEPP Fenomenologia, Saúde e Processos Psicológicos.

2Graduando em Psicologia pela Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF). Bolsista de Iniciação Científica (CNPq/UNIVASF).

3Graduanda em Psicologia pela Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF). Bolsista de Iniciação Científica (CNPq/UNIVASF).


Resumo

Objetivou-se compreender experiências de cinco mulheres docentes de cursos de saúde de instituições públicas de ensino superior durante o distanciamento social ocasionado pela pandemia da covid-19. Análise fenomenológica apontou: reconhecimento de limitações na saúde; rearranjo no tempo dedicado ao trabalho virtual; readequação na rotina de conciliar vida pessoal, familiar e profissional; mudança na dinâmica das relações familiares; sofrimento em perceber limitações de conhecimentos; saudade de espaços presenciais; presenteísmo e busca por ajuda não profissional. Concluiu-se urgência de políticas preventivas e promotoras de saúde para as docentes durante e após a pandemia.

Palavras-chave Ensino superior; Saúde mental; Condições do trabalho docente

Resumen

Se pretendió comprender las experiencias de cinco profesoras de cursos de salud de instituciones públicas de ensino superior durante el distanciamiento social de la pandemia de covid-19. El análisis fenomenológico señaló: reconocimiento de las limitaciones en la salud; reajuste en el tiempo de trabajo virtual; reajuste en la conciliación de vida personal, familiar y profesional; cambio en la dinámica de relaciones familiares; sufrimiento al notar límites de conocimiento; anhelo de espacios presenciales; presentismo y búsqueda de ayuda no profesional. Se concluye la urgencia de políticas preventivas y promotoras de la salud para los docentes durante y después de la pandemia.

Palabras clave Educación superior; Salud mental; Condiciones de trabajo de los docentes

Abstract

The aim was to understand the experiences of five female health courses professors at public institutions of higher education during covid-19 pandemic. The phenomenological analysis pointed out: recognition of limitations in health care system; rearrangement of time dedicated to virtual work; readjustment in the routine of reconciling personal, family and professional life; change in the dynamics of family relationships; suffering in perceiving knowledge limitations; missing face-to-face spaces; presenteeism and seeking unprofessional help. It was concluded an urgent need for preventive and health-promoting policies for professors during and after the pandemic.

Keywords Higher education; Mental health; Teaching work conditions

Introdução

Durante a pandemia da covid-19 e do consequente distanciamento social, docentes universitários(as) se expõem às diversas situações atípicas, diante de impactos da doença, notícias de morbimortalidade, pressões das instituições que regem seu trabalho, mudanças na modalidade de ensino, dinâmica de vida familiar e outras atribuições, o que reverbera em danos à saúde mental (Silva et al., 2020a).

Acreditamos que, se esses(as) docentes também são profissionais de saúde, o cenário possa se agravar, frente à exaustão com tantas demandas e longas jornadas de trabalho, além do medo de adoecer e/ou contaminar seus familiares. Assim, esses(as) trabalhadores(as) podem ter elevadas cargas psíquica, física e de papéis sociais exercidos, favorecendo quadros de adoecimento físico e mental ou potencialização de transtornos mentais e do comportamento preexistentes (Malloy-Diniz et al., 2020; Ornell et al., 2020).

Diante dessa realidade enfrentada no cotidiano de trabalho, esses(as) docentes podem enfrentar risco de sofrer colapso emocional, sendo necessária contínua assistência no sentido de fortalecer os(as) mesmos(as) com uma rede de enfrentamento do contexto pandêmico. Inclusive, ao considerarem autocobranças de pessoas de elevado nível intelectual, alguns autores alertam para a possibilidade de serem potencializados sofrimento e adoecimento psíquico frente ao distanciamento social, comprometendo formas concretas de resistência (Daltro & Barreto Segundo, 2020; Ornell et al., 2020).

No que concerne às instituições de saúde, foi produzido um manual com recomendações para gestores pelo Ministério da Saúde e a Fundação Osvaldo Cruz (Melo et al., 2020), primando-se pela atenção psicossocial à saúde mental por equipe multidisciplinar durante e depois da pandemia e salientando a importância do monitoramento e da avaliação de experiências e lições aprendidas por todos que fazem parte dessas instituições.

No entanto, Instituições de Ensino Superior (IESs) ainda se apresentam carentes de tais iniciativas. Como outros professores(as), docentes universitários(as) foram obrigados(as) a modificar suas rotinas, trazendo para casa suas atividades e, por consequência, todos os desafios e impasses vividos nas instituições onde trabalham. Assim, tiveram que se adequar a um cotidiano no qual os espaços público e privado se misturam, e onde as demandas da família se fundem com as demandas da docência (Castro, 2021; Macêdo, 2020; Oliveira, 2020).

A realidade deles(as) anteriormente à pandemia já inspirava cuidado por parte de estudiosos da área de saúde, gestores e IESs, devido à precarização das condições e relações de trabalho, longas jornadas e produtivismo acadêmico, o que reverberava, inclusive, no aumento do uso de medicamentos (Facci & Esper, 2020; Oliveira et al., 2017).

Com a pandemia da covid-19 e o consequente distanciamento social, as atividades acadêmicas passaram a ser via internet, em especial o Ensino Remoto Emergencial (ERE). O objetivo das instituições educativas, amparadas pelo Ministério da Educação (MEC), era minimizar as perdas da paralisação total do ensino presencial e os impactos no calendário letivo. No entanto, professores(as) não tiveram tempo hábil para se adequar a esse novo modelo de ensinar-aprender, às Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDICs) e aos novos instrumentos de avaliação, assim como adequar espaços em casa, o que também pode comprometer sua saúde mental (Hodges et al., 2020; Silva et al., 2020b).

Como afirma Faro et al. (2020, p. 6), nesse cenário “percebe-se a necessidade de investigar e agir em questões relativas à saúde mental ao longo da crise, uma vez que a capacidade de alcançar um estado de ajustamento psicológico saudável é desafiada, dia após dia, por inúmeras adversidades inusuais”, principalmente por pessoas que sofreram o impacto do distanciamento social na vida acadêmica.

Diante disso, lançamos os seguintes questionamentos que levam ao problema de estudo da presente pesquisa: como se deram as experiências de docentes de cursos de saúde de instituições públicas de Petrolina-PE durante o distanciamento social ocasionado pela pandemia da covid-19? Que sentidos foram atribuídos por esses sujeitos a essa experiência? Quais os impactos dessa experiência para a saúde mental e a vida acadêmica deles? Quais impasses e desafios foram enfrentados e quais estratégias de enfrentamento foram utilizadas nesse período?

Acatando sugestão de Faro et al. (2020) e Ornell et al. (2020), reconhecemos a necessidade de cuidados em saúde mental pós-crise pandêmica, de implementação de políticas públicas de saúde mental e aumento de investimento em pesquisas. Nesse sentido, o foco do estudo nas universidades públicas foi por considerarmos que elas são “centros de formação e qualificação profissional, bem como de produção de conhecimento, têm significativo papel no enfrentamento dessa pandemia” (Medeiros, 2020, p. 1). Ademais, o recorte específico em cursos de saúde se deveu à maioria dos(das) professores(as) desses cursos atuarem, para além da docência, na prática efetiva como profissionais, muitas vezes inseridos(as) em outros contextos de precarização de condições e relações de trabalho, como já enfatizaram Leonello & Oliveira (2014), tendo essa situação se agravado em virtude da pandemia (Malloy-Diniz et al., 2020; Ornell et al., 2020). Assim, respondendo aos questionamentos acima, esperamos que a pesquisa possa favorecer uma compreensão da realidade enfrentada por essas pessoas.

Portanto, o objetivo geral do presente estudo foi compreender experiências de docentes de cursos de saúde de instituições públicas de Petrolina-PE durante o distanciamento social ocasionado pela pandemia da covid-19. Especificamente, buscamos descrever sentidos das experiências desses sujeitos, identificar impactos dessa experiência para a saúde mental e para a vida acadêmica deles, analisar impasses e desafios enfrentados pelos mesmos e identificar estratégias de enfrentamento utilizadas por eles durante esse período.

Metodologia

Para alcançar os objetivos pretendidos, foi conduzido um estudo qualitativo-fenomenológico de tendência empírica, que respeitou as resoluções 466 e 510 do Conselho Nacional de Saúde - Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CNS/CONEP, 2012; 2016), foi submetido na Plataforma Brasil (CAAE Nº 37047720.3.0000.9430), avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Acadêmico de Vitória de Santo Antão da Universidade Federal de Pernambuco (CAV/UFPE) - parecer Nº 4.283.630, datado de 17 de Setembro de 2020.

Focamos nos significados e sentidos da experiência humana para sujeitos que a vivenciavam e nos apoiamos em um processo no qual o pesquisador não busca o universal e o frequente, mas valoriza a compreensão da manifestação singular de um determinado fenômeno, perscrutando o caminho da produção de conhecimento e sentidos compartilhados entre ele e o colaborador da pesquisa, buscando analisar a vivência deste em determinadas situações cotidianas. O intuito de um estudo desse porte não é alcançar um número elevado de sujeitos, mas garantir que os resultados sejam representativos de determinada população e que os colaboradores descrevam acuradamente experiências situadas (vividas em determinado tempo, espaço e lugar), tendo o pesquisador o papel de se delongar no tratamento descritivo das mesmas (Amatuzzi, 2009; DeCastro & Gomes 2011; Gil, 2019).

A pesquisa foi conduzida na cidade de Petrolina, no sertão pernambucano, que tem cerca de 349.145 habitantes (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [IBGE], 2021). Tornou-se a quarta maior cidade do interior nordestino e o segundo polo educacional do Estado, absorvendo alguns dos 8.233 docentes de IES públicas de Pernambuco (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira [INEP], 2021).

Utilizamos as redes sociais e encaminhamos e-mail para as coordenações dos cursos no sentido de divulgar a pesquisa. Foram expostos nessa divulgação objetivos, público alvo e detalhamento da coleta dos dados, sendo o(a) possível colaborador(a) convidado(a) a encaminhar um e-mail para a equipe de pesquisa, anexando um depoimento escrito que respondesse à uma pergunta disparadora, assim como o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido assinado.

Considerando que uma pesquisa fenomenológica parte de experiências situadas (Amatuzzi, 2009), definimos intencionalmente uma amostra de 20 colaboradores(as), estimando a participação de pelo menos quatro docentes de cinco cursos de saúde de Petrolina, independentemente de gênero, idade, tempo de serviço e titulação. No entanto, diante do prazo definido para encerramento da pesquisa pelo Programa de Iniciação Científica (PIBIC CNPq-UNIVASF 2020-2021), apesar de intensa divulgação a fim de alcançar a amostra pretendida, apenas colaboraram cinco docentes, todas mulheres, dos cursos de enfermagem (três), medicina (uma) e psicologia (uma), que atuavam também como profissionais de saúde.

O Instrumento utilizado foi o depoimento escrito produzido individualmente, que consiste em uma narrativa livre, sem limite de páginas e já foi utilizado em estudos fenomenológicos por Macêdo (1999) e Gomes (2007). O seu uso permite uma reciprocidade de perspectiva do mundo da vida compartilhado entre pesquisador e participante, considerando-se que pesquisador e sujeito estão envolvidos em um mundo de interação social, o que favorece a compreensibilidade (Ashworth, 1996). Portanto, são pressuposições básicas para o uso do instrumento que o pesquisador seja alguém envolvido com a mesma realidade social que o colaborador da pesquisa, desde que pratique a suspensão parcial de a-prioris e se abra para o mundo da vida narrado pelo outro, excluindo tudo que possa prejudicar a compreensão, mas incluindo o que possa favorecê-la, sistematizando os dados a partir de descrição qualitativa, análise indutiva e compreensão estrutural (Macêdo, 2015).

Para que o pesquisador alcance os significados da experiência nesse instrumento, ele precisa fazer uma pergunta disparadora (Amatuzzi, 1993) para que o colaborador entre em contato profundo com a vivência tematizada pela pesquisa. Assim, no presente estudo, lançamos a seguinte pergunta disparadora às colaboradoras: “como se deu a sua experiência de distanciamento social durante a pandemia da covid-19?”.

A análise fenomenológica dos depoimentos foi amparada em autores como Amatuzzi (2008; 2009), Giorgi & Sousa (2010) e Macêdo (2015), realizada nos seguintes passos:

a) Leitura integral do todo de cada depoimento, quantas vezes fossem necessárias para que cada membro da equipe de pesquisa pudesse apreender significados da experiência;

b) Diálogo da equipe de pesquisa, no qual seus membros discutiram os significados apreendidos por cada um, que para eles estivessem relacionados aos objetivos da pesquisa;

c) Para cada depoimento escrito, a equipe de pesquisa sintetizou em linguagem psicológica os significados identificados;

d) A equipe de pesquisa construiu um texto constitutivo da análise preliminar de cada depoimento, que foi encaminhado à colaboradora, por e-mail, para que ela participasse da análise, confirmasse, propusesse alterações ou mesmo negasse a análise realizada. Apenas uma pediu alteração de uma expressão utilizada. As demais concordaram com a análise de seus depoimentos.

e) De posse das análises de cada depoimento, a equipe de pesquisa fez generalizações para a experiência investigada, considerando o que havia em comum nos sentidos de todos os depoimentos, sintetizando a análise final em unidades de sentido (US).

Resultados e discussão

Esta pesquisa foi realizada no sertão pernambucano, onde predomina a caatinga, único bioma totalmente brasileiro, que é cercado por flora e fauna muito diversas. Possui como característica períodos de secas que forçam as espécies, principalmente animais como as aves, a desenvolverem comportamentos adaptativos, a exemplo de mudança de locais secos para procura de água e movimentos migratórios que, a depender da intensidade da estiagem, podem ser de maior dificuldade adaptativa até para animais da região. No entanto, as aves são reconhecidas como símbolos para o povo nordestino, pois denotam força, resistência e perseverança.

Portanto, para fins da análise dos resultados da presente pesquisa, as colaboradoras foram nomeadas por pseudônimos referentes às aves da caatinga, por seus hábitos de permanência em grupos; relação entre fêmea, ninho e filhotes; necessidade de se adaptar às estiagens demoradas; e aprisionamento devido ao comércio ilegal. Logo, características que se referem às dificuldades de ficar longe de grupos rotineiros, intervenção quase que majoritariamente feminina nas atividades da casa, adaptação à uma nova realidade que se perpetua e os impactos do distanciamento social foram identificados nos relatos das colaboradoras Ribaçã, Jandaia, Bem-te-vi, João de Barro e Cardeal, todas na faixa de 40 a 50 anos e com mais de 10 anos de experiência como profissionais de saúde e docentes. Quatro delas eram mães.

Para efeito de análise em comum dos sentidos compreendidos, considerou-se US recorrentes em dois ou mais depoimentos, ficando alguns significados e sentidos individuais excluídos do processo, no sentido de se poder condensar melhor os resultados encontrados. Nesse sentido, abaixo apresentamos o quadro 1 que identifica as US, suas descrições e as respectivas colaboradoras em que foram compreendidas. Os pseudônimos estão seguidos das siglas de seus respectivos cursos abreviados: enfermagem (E), medicina (M) e psicologia (P). Entretanto, nas discussões mais adiante, as US serão sublinhadas e apresentadas de maneira entrelaçada quando discorrermos sobre a experiência investigada.

Fonte: os autores.

Quadro 1 Unidades de Sentido, suas descrições e colaboradores onde foram compreendidas 

Algumas colaboradoras revelaram reconhecimento de limitações na saúde física e mental durante a pandemia da covid-19, a exemplo de Ribaçã (E), que se referiu à falta de perspectivas e transtornos alimentares:

[…] desde o início do ano passado eu tinha dado uma reestruturada na minha rotina de acompanhamento de saúde e atividade física. Eu adotava hábitos mais saudáveis. E tinha sido um ano muito bom. Quando esse cenário se instalou, comecei a ver como se fosse tudo desmoronando […] fui ficando sem vontade de fazer mais nada. Não conseguia mais pegar em nada do trabalho […] comecei a descontar na alimentação […] comecei a me perguntar: porque eu sou assim? Porque eu como demais? Porque não consigo me controlar nesse sentido? Passei uns dias bem ruins.

No caso de Ribaçã (E), a pandemia e o distanciamento parecem ter impossibilitado estratégias de enfrentamento para com o seu transtorno alimentar, além de impactar negativamente na sua saúde mental, indo ao encontro do que sinalizam Malta et al. (2020), ao referirem comportamentos de risco à saúde durante o distanciamento social, como aumento do consumo de alimentos não saudáveis, bebidas alcoólicas e queda na quantidade de exercícios pela população adulta brasileira.

De acordo com Moreira et al. (2020), Ramos-Toescher et al. (2020) e Santana et al. (2020), o agravamento de distúrbios físicos e transtornos mentais durante a pandemia pode ser visto como desafio e questão de saúde pública para profissionais da área de saúde, em especial da Enfermagem, com a prevalência de ansiedade, depressão, estresse, sendo as mulheres prejudicadas com maior frequência.

Esta parece ser a realidade das colaboradoras da nossa pesquisa, pois para elas, houve, também, momentos de angústia, medo da covid-19, ansiedade diante das incertezas e sensação de desesperança. Silva et al. (2020b) destacam que, em situações onde o medo se apresenta, pode haver quadros de ansiedade, gerando dificuldades severas para o indivíduo que enfrenta uma pandemia. João de Barro (E) escreveu “confesso que vivi momentos de muitas angústias, pensamentos desconexos, medo e incertezas” e admitiu estar sofrendo com as mesmas dificuldades "enlouquecedoras” que o resto da população, como ter que, ao mesmo tempo, dar conta de sua rotina, cuidar da família e do trabalho. Cardeal (P) escreveu:

O isolamento social causou um rebuliço na minha vida acadêmica e pessoal porque não conseguia mais manter a concentração para dar conta de casa e trabalho […] viver essa experiência é um desafio diário, frente ao medo do contágio, aos inúmeros casos que só aumentam […] fica aquela sensação de desesperança.

Mesmo com conhecimentos que profissionais da saúde, principalmente docentes, possam ter sobre saúde física/mental, pandemia e convivência em grupo, as docentes deste estudo revelaram sofrimento/frustração ao perceber limitações em conhecimentos teóricos que não davam conta de suas experiências de vida, o que vai ao encontro do que Silva et al. (2020b) defendem: os efeitos negativos advindos da pandemia podem se sobressair às capacidades de enfrentamento das pessoas. Isto parece impactar, também, nas profissionais aqui investigadas, independente do domínio teórico de suas áreas de formação, experiência prática e docência. Nos trechos a seguir, algumas colaboradoras escreveram sobre a dificuldade com diálogo e em preservar a saúde mental durante a pandemia:

Confesso que não sou mais a mesma pessoa de antes. Tenho dormido menos, comido mais, ficado mais agitada e ansiosa com facilidade, mesmo com todo conhecimento que tenho sobre saúde mental. Viver essa experiência é um desafio diário, frente ao medo do contágio, aos números que só aumentam. (Cardeal, P)

Comecei percebendo minhas limitações para o diálogo, pelo menos para o diálogo genuíno que almejo. Aquele que respeita o tempo do outro e que toca a alma acariciando e afagando. (Bem-te-vi, M)

Foi possível também compreender que houve rearranjo e mudanças no tempo dedicado ao trabalho virtual. Santos et al. (2020) recentemente discorreram sobre o aumento da carga horária de trabalho de docentes, independentemente da situação psicossocial desses, que precisaram assumir o protagonismo do ensino. O que é possível compreender em recortes dos depoimentos a seguir:

Na minha concepção, as demandas de trabalho da universidade aumentaram, ou eu as fiz aumentar, como forma de preencher o tempo ocioso dentro de casa, embora já tenha voltado a atuar na enfermaria do hospital […] sem diversões, espaços fora de casa para encontrar com outras pessoas e com tantas atividades e reuniões remotas, sentia-me angustiada. (Jandaia, E)

Continuei fazendo várias coisas que já fazia à distância, como participar de grupos de pesquisa e colaborar com cursos de pós-graduação fora da minha instituição. Mas estar a todo momento me relacionando com colegas de trabalho e alunos nesse formato tem dificultado a mim algumas questões: o corpo reclama, pois não tenho condições ergonômicas de trabalho favoráveis (já venho tentando adaptar), precisei fazer diversos cursos para métodos de ensino e formas de avaliação. (Cardeal, P)

Eu estava em uma reunião importante, a cachorrinha latia para sair para o quintal, minha filha fazia trabalhos domésticos na cozinha e meu filho jogava. Ela pediu o apoio dele para cuidar da cachorrinha, sendo que ele não chegava. A sensação de falta de apoio fez a discussão tomar uma dimensão mais ampliada entre eles. Eu não podia sair da reunião online e ouvia a confusão deles sem poder intervir. (Bem-te-vi, M)

Os trechos acima denotam que as docentes colaboradoras dessa pesquisa estavam sobrecarregadas e, mesmo sentindo-se angustiadas ou com dores pelo corpo, a dedicação ao trabalho se estendia e ocupava os espaços de lazer e de relacionamentos extra ofício. Dessa feita, vale aqui lembrar duas questões inter relacionadas nos nossos resultados: a) o presenteísmo, definido como uma incongruência do sentido do trabalho - quando o trabalhador se encontra total ou parcialmente desconectado desse sentido, tanto quanto envolvido por outros fatores que o desviam para questões pessoais; b) o fato de que docentes mulheres podem apresentar maiores índices de presenteísmo em comparação com professores homens (Boas et al., 2018; Camargo, 2017).

É possível compreender, também, que as docentes investigadas se viram, no cenário da pandemia e do distanciamento social, em uma situação que as obrigou a migrar para o meio digital, mesmo sem o domínio total das TDICs. Tiveram, como alerta Irigaray (2020), além de modificações nos planos de aula e modos de trabalho, dificuldades em conciliar/lidar com demandas do âmbito pessoal ao mesmo tempo em que aumentavam as demandas do trabalho. Necessariamente que alterações em suas dinâmicas de trabalho levaram a adaptações involuntárias e afetaram suas relações familiares.

Nessa direção, outra US compreendida foi desorganização, cansaço e readequação na rotina de conciliar vidas pessoal, familiar e profissional. Um recorte do depoimento de Cardeal (P) parece resumir dificuldades que algumas docentes tiveram para se adaptar ao distanciamento social devido à recorrente confusão de papéis sociais, quando o trabalho adentrou o ambiente familiar e vice versa: “o isolamento social causou um rebuliço na minha vida acadêmica e pessoal porque não conseguia mais manter a concentração para dar conta de casa e trabalho. Está sendo difícil manejar tantas coisas para fazer ao mesmo tempo”. É possível compreender esses sentidos também nas experiências descritas por João de Barro (E) e Ribaçã (E), cujos recortes são transcritos abaixo:

Nesse momento em casa a pessoa acaba tendo que dar conta também dos serviços domésticos, porque havia parado também os serviços de diarista. Então acabei assumindo isso e não gosto muito. E não gostava de ter que trabalhar em casa porque mistura muito. Marido e filhos muitas vezes não percebem que a pessoa está ali trabalhando. E fica interrompendo. Fico irritada. Sem paciência nenhuma. (Ribaçã, E)

[…] minhas atividades da docência (as aulas foram suspensas, mas continuei com meus alunos de iniciação científica e extensão, orientação da pós-graduação) e as atividades administrativas do colegiado (as demandas foram ainda maiores nesse período); atividades domésticas (fiquei sem minha diarista que é do grupo de risco); além de ser esposa, companheira, mãe e mulher (eu terminei me colocando em último plano). Imagine tudo isso em um único pacote. É de “enlouquecer” qualquer um. (João de Barro, E)

Esses recortes estão relacionados àquilo que Macêdo (2020) referendou em artigo recente no qual analisou fenomenologicamente sua própria experiência na pandemia da covid-19. A autora discorreu como estava sendo dificultoso dar conta de tais obrigações em distanciamento social, quando suas demandas profissionais foram atravessadas por seus papéis na lida com a casa, marido e filhos, sempre precisando dar conta dos afazeres domésticos em conflito com suas pretensões acadêmicas ou de lazer.

Assim, o atual contexto pandêmico e de distanciamento social parece contribuir para a manutenção da desigualdade de gênero, refletida na divisão sexual dos afazeres domésticos, tarefas comumente atribuídas às mulheres (Insfran & Muniz, 2020; Macêdo, 2020; Oliveira, 2020). Se refletirmos que, devido à pandemia, instituições de apoio a mulheres com filhos, como escolas e creches, foram fechadas, e que há impossibilidade de contratar domésticas justamente para conter a transmissibilidade da doença, o cuidado para com a família, historicamente dado às mulheres, passou mais ainda a ser de responsabilidade dessas docentes mães, gerando renúncias de outras esferas da vida. Esses fatores somados às demandas do trabalho, que agora foi incluído na rotina intrafamiliar, já se refletiram, inclusive, na diminuição de publicações acadêmicas femininas (Cândido & Campos, 2020; Castro, 2021; Lemos et al., 2020).

Para além dessas consequências na rotina de distanciamento social das docentes estudadas, algumas delas perceberam mudanças na dinâmica das relações familiares, seja experienciando aproximação ou afastamento do núcleo familiar. Bem-te-vi (M), por exemplo, alegou que o distanciamento social proporcionou aproximação dela com a família: “durante a pandemia, devido ao cenário de isolamento social e confinamento, ocorreu maior possibilidade de conviver com a família, compartilhar vivências mútuas e dialogar”. Já Cardeal (P) referiu-se ao distanciamento da família, muito provavelmente pelas necessidades de afazeres remotos de cada um dos membros da sua família frente à nova rotina:

Como mulher mãe, tenho me sentido mais distante da prole, porque eles também têm seus compromissos de aula remota. Estamos dentro de casa o tempo todo e nos vendo menos do que antes, já que todos temos compromissos o tempo todo a todo tempo.

É interessante atentarmos nesse trecho de depoimento para a dimensão do tempo e de como as pessoas têm vivido suas experiências na pandemia. Souza (2020), ao refletir sobre como experienciamos o tempo na sociedade da informação, alerta que o ser humano vive em um tempo volátil, sobrecarregado para dar conta de tantos compromissos. Também argumenta que o profundo mergulho no mundo informacional pode fazer com que as pessoas tenham menos tempo livre e isso pode influenciar na saúde. Ademais, vale lembrar aqui a pesquisa de Vidal (2020), ao estudar professoras brasileiras e portuguesas de diversos níveis educacionais. A autora defende que homens e mulheres lidam de maneira diferente com a questão do tempo e conclui que mulheres trabalhadoras na pandemia se depararam mais fortemente com o dilema da gestão do tempo em seu cotidiano, tendo que reestruturar suas vidas, organizar o trabalho docente, a família, a vida pessoal e a instituição educativa.

Embora muitas mulheres durante a pandemia tenham tido experiências semelhantes às de Cardeal (P), vivenciando o distanciamento da família provocado pelo aumento da jornada de trabalho (Lemos et al., 2020; Oliveira, 2020) e da simbiose entre demandas de trabalho e demandas domésticas, erroneamente concebidas como tarefa feminina (Macêdo, 2020), chamou-nos atenção uma diferença no depoimento de Bem-te-vi (M), sobre como ela reestruturou a dinâmica familiar e teve uma maior proximidade relacional nesse contexto, com a divisão de tarefas domésticas.

Ela escreveu que “a organização da rotina de trabalho e dos cuidados com a casa fez dividir as tarefas como lavar, cozinhar, regar, varrer, espanar, cuidar da cachorrinha”, sinalizando claramente que dividiu tarefas domésticas com seus filhos, denotando que no seu contexto familiar parece que tais tarefas não cabem apenas à mulher dona da casa e mãe. Essa quebra de divisão sexual do trabalho pode ter sido um fator determinante para que essa colaboradora tenha vivenciado experiências mais positivas de distanciamento social em comparação com as outras docentes investigadas, lembrando a pesquisa de Lemos et al. (2020) feita com mulheres durante a pandemia. Os autores apontaram para uma consideração menos negativa do distanciamento social e do convívio para mulheres que tiveram maior participação dos maridos e familiares nas demandas do dia a dia.

Enquanto essas docentes escreveram sobre mudanças em seus contextos familiares, duas outras colaboradoras pareciam indicar que sentiam saudade da rotina de trabalho e dos espaços de cuidado, lazer e encontros presenciais. Elas não puderam, devido às restrições do distanciamento social, desfrutar de lazer e realizar atividades presenciais de trabalho como faziam anteriormente. Nas palavras de Ribaçã (E): “o que mais senti falta realmente foi da minha rotina, de ir para a academia pela manhã e ir trabalhar”. Jandaia (E) também referiu um certo saudosismo ao escrever: “sem diversões, espaços fora de casa para encontrar com outras pessoas e com tantas atividades e reuniões remotas, sentia-me angustiada”.

Foi possível compreendermos, portanto, que as docentes pareceram não só sinalizar para a saudade do trabalho como era antes, mas apontar para a emergência de possibilidades de enfrentamento do distanciamento social. Tudo indica que houve comprometimento de atividades que pareciam favorecer a essas docentes estratégias de enfrentamento ao que anteriormente à pandemia já trazia prejuízos à sua saúde, como as más condições de trabalho e o produtivismo acadêmico (Oliveira et al., 2017). Com o distanciamento, no entanto, as possibilidades de aliviar o peso de uma sobrecarga de trabalho diminuíram, a exemplo de atividades de lazer, encontros com amigos/familiares, viagens etc. Assim, o que restou a essas docentes foi a casa, agora não mais lugar de descanso, já que foi transformada em local de trabalho (Irigaray, 2020).

Nesse contexto, compreendemos que algumas docentes enfrentaram o distanciamento social buscando se satisfazer com eventos remotos e/ou outros espaços de prática profissional, aportando na US presenteísmo e busca por ajuda não profissional. Percebemos como o presenteísmo é um comportamento adotado entre elas, quando o lazer é substituído por trabalho. Enquanto Ribaçã (E) escreveu “o pensamento foi de colocar as atividades em dias que estavam acumuladas. Então trabalhei muito, manhã, tarde e noite e final de semana”, Jandaia (E) indicou que o trabalho passou a ter outra função e ela buscou continuamente trabalhar, como se denota no trecho “o trabalho de produção de conhecimento passou a ser exclusivo, como forma de fazer o que gosto e o tempo passar mais rápido durante esse tempo de reclusão”.

Sabemos que o presenteísmo gera sérios riscos para o trabalhador, algo já identificado como muito presente na realidade do contexto profissional dos enfermeiros (Vieira et al., 2018) e de mulheres professoras (Boas et al., 2018). O profissional se desconecta do sentido do trabalho, sendo este atravessado por questões do âmbito pessoal (Camargo, 2017), como visto nos trechos acima, quando o trabalho foi a válvula de escape para que algumas docentes colaboradoras da presente pesquisa, isoladas em seus lares, lidassem com o tempo.

Para enfrentar o distanciamento social, a situação fez Ribaçã, por exemplo, se envolver com atividades não sistemáticas em busca de ajuda, sendo muitas vezes não profissional:

Com o passar dos dias, comecei a não visualizar perspectiva, e me gerou um sentimento muito ruim, de impotência […] e o pensamento de que estava colocando tudo a perder. Fiquei muito mal mesmo. […] meus questionamentos me levaram a buscar cursos online de autoconhecimento e comecei a ler alguns livros como mindset, o poder do hábito, o milagre da manhã, desbloqueie o poder da sua mente […] comecei a ver casos interessantes que se conseguia resolver com a hipnose e se descobria que eram muitas vezes da infância.

Percebemos que esse trecho indica que os efeitos negativos da pandemia em sua saúde mental a fizeram procurar formas de lidar com seus conflitos internos. A busca por meios de enfrentar seus momentos de instabilidade levou Ribaçã a alternativas não profissionais/sistemáticas como caminho para o cuidado de si, o que pode ser prejudicial à sua saúde mental, devido à não cientificidade de algumas dessas práticas. Compreendemos, portanto, que, pelo fato de ela não buscar ajuda profissional, em especial psicológica e/ou psiquiátrica, há necessidade de referirmos à importância da ajuda qualificada em tempos de pandemia para profissionais de saúde, grupo com alta prevalência de transtornos mentais e do comportamento nesse período, com maior incidência em mulheres, como alertam Barros et al. (2020), Duarte et al. (2020) e Minervino et al. (2020).

Considerações finais

Uma dificuldade de conduzir este estudo foi alcançar o número de colaboradores pretendidos: 20. A coleta se estendeu por sete meses porque, apesar da pesquisa ter sido amplamente divulgada nas redes sociais e por e-mail para as coordenações de cursos, por várias vezes, alguns docentes escreviam e-mail expressando o desejo de participar da pesquisa, mas não necessariamente encaminharam seus depoimentos escritos dentro do prazo previsto para a conclusão da coleta.

Por estarmos envolvidos como pesquisadores com diversas atividades acadêmicas, pensamos que a sobrecarga de trabalho gerada pela pandemia pode ter sido um fator interveniente na não participação efetiva desses(as) docentes. No entanto, considerando que essa classe de trabalhadores e trabalhadoras está exposta a sérios riscos psicossociais no trabalho, preocupa-nos o fato de muitos professores e professoras não se permitirem expor suas condições de vida e saúde em meio ao distanciamento social ocasionado pela pandemia da covid-19, já que uma das formas de se denunciar condições de saúde de grupos vulneráveis ao sofrimento psíquico intenso e/ou ao adoecimento é através de participação como sujeitos de pesquisas, que constituem produção de conhecimento e são basais para se pensar em atividades de intervenção com vistas à prevenção e promoção da saúde em todos os âmbitos das relações humanas.

No entanto, apesar do pequeno número de participantes, pudemos alcançar os objetivos pretendidos e acreditamos que a presente pesquisa identificou indicadores do que está sendo experienciado pelas docentes investigadas em diferentes cursos de saúde de IES públicas de Petrolina-PE, favorecendo que profissionais e estudiosos em saúde mental possam pensar em como dirimir impactos nocivos que a pandemia pode causar.

Vale a pena ressaltar que parece haver falta de apoio das instituições, quer seja a universidade ou a família, para favorecer contextos de trabalho mais favoráveis a essas docentes, o que constitui um alerta para como as questões de gênero, especificamente no Nordeste do país, ainda precisam ser exploradas em sua relação com os espaços público do trabalho e privado do lar. No entanto, alertamos para a responsabilidade de gestores de universidades públicas, no sentido de implantarem medidas de apoio e promoção de saúde de feição inter e multidisciplinar, favorecendo mudanças que viabilizem a construção de políticas públicas de atenção psicossocial à comunidade acadêmica e, em especial, às docentes mães.

Nesse sentido, esperamos que novas pesquisas sejam realizadas em outras IESs públicas do país, considerando a pertinência de investigações científicas que denunciem as condições de vida e de trabalho daqueles(as) que são essenciais para a transformação da sociedade: os(as) educadores(as).

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Recebido: 21 de Agosto de 2021; Aceito: 16 de Dezembro de 2021

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