O campo da educação é um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento de qualquer sociedade. É um campo complexo, composto de uma gama de desafios sociais, culturais, econômicos e políticos. Sua importância macropolítica reside em seu papel na formação de indivíduos críticos e éticos, além da função de (re)construir conhecimentos e habilidades. É a antítese da exclusão social; ou, dito de outra forma, um caminho para a equidade, pois independentemente de origem social, étnica ou econômica, o acesso à educação, ou a falta dela, impulsiona movimentos de ressonância ou perpetua ciclos de marginalização.
Neste texto, escrito como editorial da Revista Educação, rememoramos o ano de 2024, período marcado por desafios globais e locais. Em 2024, a nível mundial, a economia continuou a enfrentar desafios pós-pandemia e enfrenta vários conflitos, como a guerra entre Israel e Hamas, os conflitos na Ucrânia, Israel-Hezbollah e Equador, as tensões entre China e Irã, a crise do Mar Vermelho e os outros conflitos internos que permeiam diferentes países ao redor do mundo. Além disso, as mudanças climáticas se agravaram, reverberando em secas severas, ondas de calor ou frio, chuvas intensas, entre outros, e têm sido fator desencadeador de desastres naturais sem precedentes. A crise climática é uma questão urgente e de grande impacto, influenciada tanto por fatores globais quanto por práticas locais.
O Brasil tem enfrentado esses desafios. Em 2024, o estado do Rio Grande do Sul teve mais de 90% de seus municípios fortemente atingidos por uma enchente, o que causou mortes e levou milhares de pessoas a ficarem desabrigadas. Cidades, pontes e estradas foram destruídas, afetando a mobilidade e gerando a impossibilidade de serviços essenciais, como transporte e educação, o que demonstra que os impactos da enchente, além de ambientais, econômicos, sanitários e sociais, produz e expõe diferentes níveis de vulnerabilidade social.
Nós da Educação vivemos intensamente essa realidade. A Revista Educação é uma publicação do Programa de Pós-Graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e tivemos colegas, alunos, familiares, amigos diretamente afetados pelas águas do Guaíba e seus afluentes. Nossa universidade, por mais de 30 dias, abrigou pessoas desabrigadas.
Neste editorial, optamos por abordar esse importante problema social, em uma reflexão na qual conectamos a tragédia das enchentes à teoria da aceleração social e ao conceito de ressonância, de Hartmut Rosa (2019), para entender que essas tragédias não são eventos isolados, mas sim parte de um fenômeno mais amplo de descompasso entre a sociedade moderna e o meio ambiente, produto das transformações dos modos de vida e das relações. Os estudos sobre a aceleração social e ressonância têm sido, cada vez mais, considerados relevantes e abordados com frequência dentro da área das Humanidades, especialmente no campo daTeoria Crítica.
Diante de nossa experiência com as enchentes, compreendemos que as dimensões tecnológica, mudanças sociais e ritmo de vida, previstas por Rosa (2019, 2022) na aceleração social, influenciam e são influenciadas pelas questões ambientais de forma complexa: a aceleração tecnológica está diretamente ligada ao crescimento urbano e ao desenvolvimento econômico acelerado e, em um mundo onde a velocidade se torna uma norma, as prioridades, muitas vezes, se voltam para o curto prazo, transformando os modos de vida e as relações.
Esse tipo de vida freneticamente acelerada gera patologias que se tornam características das sociedades tardo-modernas, onde imperam a sobre-estimulação e a sobrecarga de tarefas; alavancando, portanto, uma proliferação de novas patologias sociais e o mal-estar social em função dos problemas da destemporalização da vida, da dessincronização de sistemas sociais circundantes e da aceleração social. (Rosa, 2019, p. 32)
Destarte, essa busca incessante por produtividade tem levado a uma desconexão com o tempo real, ao sofrimento físico e psíquico. Essa dessincronização vem ocorrendo até mesmo com as crianças, produzindo uma alienação que "diz respeito à suspensão das relações entre o indivíduo e o mundo, como resultado da velocidade incompatível às experiências humanas, o que torna a vida social fria e muda" (Tziminadis, 2017, p. 366).
Tais reflexões nos atravessaram em 2024, pois, à medida que o tempo avança, o mundo enfrenta diferentes mudanças sociais, culturais e econômicas, demandando ao campo da educação a necessidade de compreensão e interpretação de realidades pessoais e coletivas. Dessa forma e tomando como partida a convergência nessa percepção, na edição em tela da Revista Educação, apresentamos alguns desafios e possibilidades emergentes no campo educacional, que nos remetem a pensar o futuro da educação, pois, segundo Rosa (2019), isso propõe a revisão das relações com o mundo, restabelecendo-as como idealmente ressonantes, como solução para o problema da hiperaceleração alienante, aspectos conferidos ao conceito de ressonância.
Este Editorial foi elaborado a muitas mãos, resultado do intenso trabalho na organização do volume 47 da Educação, composto por dois Dossiês Temáticos, a constar "Pesquisa em Educação: métodos e perspectivas de pesquisas na Educação Infantil" organizado por Paulo Fochi (UNISINOS); Mônica Appezzato Pinazza (USP); Lucia Lombardi (UFSCar) e "Ensinar e aprender em tempos de Globalização: do local ao internacional", por Vera Lucia Felicetti (UNIPLAC) e Bettina Steren dos Santos (PUCRS), nove artigos na Sessão "Outros temas" e uma importante entrevista, observando que "É preciso considerar que as transformações que acompanham a revista são os desafios do desenvolvimento da ciência, da educação e da cultura. De certa forma, mudanças não ocorrem isoladamente e provocam tensionamentos no árduo processo que se implementa" (Santos & Guilherme, 2016, p. 1).
Os dois dossiês que compõem esta edição entrecruzam temas fundamentais. Da pesquisa com e sobre as crianças e a Educação Infantil a pensar os processos de ensinar e aprender em tempos de globalização, há um eixo comum da ética, do cuidado e da ressonância.
No Dossiê "Pesquisa em Educação: métodos e perspectivas de pesquisas na Educação Infantil", os fenômenos de que se ocupam as Ciências Humanas e, dentre elas, a Educação, referem-se estreitamente às individualidades, às relações interpessoais e à complexidade dos acontecimentos da cotidianidade no âmbito da escola, o que torna imperativo, particularmente, ao campo educacional aproximar-se de práticas investigativas qualitativas originárias das Ciências Sociais e do emprego de métodos de produção e análise de dados que recorrem, em especial, à compreensão e à interpretação de realidades pessoais e coletivas, ganhando expressão no rol das qualitativas, o estudo de caso, a etnografia, as narrativas biográficas e autobiográficas, a investigação-ação e a pesquisa praxiológica.
No que concerne à Educação Infantil, tem-se assistido ao crescente emprego dessas perspectivas metodológicas, incluindo as crianças e os professores e suas práticas pedagógicas como importantes colaboradores dos estudos, que podem representar a via de atualização da Pedagogia, em especial, aquela desenvolvida nas creches e pré-escolas. Em face dessas crescentes tendências, tornou-se indispensável um tratamento muito singular das questões da ética em pesquisa, recolocando no centro a natureza peculiar dos objetos de investigação.
O dossiê tem como propósito trazer exemplares de perspectivas e métodos de pesquisas que possam ilustrar como têm sido conduzidos trabalhos científicos de cunho qualitativo no campo da Educação Infantil e que implicações teórico-práticas essas produções indicam aos pesquisadores do campo. A seguir, são destacados os principais pontos dos artigos que compõem este dossiê.
No artigo "Ética em pesquisas na Educação Infantil: (re)conhecimentos da docência", Valdete Côco, Angela Scalabrin Coutinho, Dilza Côco e André da Silva Mello focalizam abordagens à docência em pesquisas com atenção às perspectivas de interação com os profissionais e seu trabalho na Educação Infantil. Com isso, problematiza-se as (in)visibilidades de autoria, em suas interfaces com a produção de (re)conhecimento social, no horizonte do direito à formação articulado à afirmação dos docentes e de seu trabalho (com e por suas próprias vozes) no bojo da luta pela expansão e qualificação da Educação Infantil.
Em seu texto "Investigação-ação como possibilidade metodológica: relato de uma parceria academia-contexto educacional", Mônica Appezzato Pinazza apresenta informes de um processo de investigação-ação desenvolvido em parceria com um Centro de Educação Infantil da rede pública municipal de São Paulo. O propósito foi discorrer sobre as etapas que compuseram a investigação-ação, dando ênfase aos seguintes tópicos: a forma como se instalou o trabalho colaborativo academia-unidade de Educação Infantil, os papéis assumidos pela pesquisadora e pelos diferentes membros da equipe (professoras e equipe gestora) na formação e na pesquisa e o desenrolar dos acontecimentos experienciados por todas as pessoas envolvidas.
Fulvia de Aquino Rocha, em seu artigo "Você consegue passar por aí?: a tessitura de uma metodologia de pesquisa etnográfica com crianças", discute a etnografia com o propósito de estudar o processo de transição vivido por crianças do último estágio da Pré-Escola para o Ensino Fundamental, em contexto educacional paulistano. Nesse texto, são elencados cuidados e procedimentos fundamentais ao planejamento investigativo eticamente conduzido, que possibilitaram uma participação mais efetiva durante as sessões de observação e a conquista da familiarização pesquisadora-crianças para os movimentos de diálogos em rodas de conversa e outras atividades realizadas ao longo do processo.
Em "Saberes, cuidados e educação na primeira infância: estudo etnográfico em comunidades tradicionais da Amazônia", Angela do Céu Ubaiara Brito discute como as famílias ribeirinhas da região da Amazônia Amapaense, em localidades de várzeas, desenvolvem o cuidado da primeira infância. A pesquisa identificou que os saberes e fazeres narrados em rodas de conversas, oficinas, desenhos e escritos não permeiam o currículo escolar da região, e que a criança amazônida está mais próxima da família, tendo seu cuidado construído nas relações de toda a comunidade.
No artigo "Estudos de caso em pesquisas na Educação Infantil: uma revisão integrativa", Paulo Sergio Fochi, Débora Suzana Berlitz Fraga e Leisiane Heming realizam uma revisão integrativa de pesquisas desenvolvidas no âmbito brasileiro, no período de 2009-2023, que se utilizam de estudos de caso para abordar fenômenos do cotidiano pedagógico da Educação Infantil. A partir do conjunto de artigos encontrados na revisão integrativa, pode-se notar que são três as unidades de sentido que podem articular o conjunto de estudos de casos encontrados: (i) condições de trabalho, avaliação institucional e oferta da Educação Infantil; (ii) inclusão de crianças; e (iii) crianças, professores e famílias na Educação Infantil.
Em "A pesquisa (de)formação na Educação Infantil: consolidação de um laboratório de docências contemporâneas", as autoras Elí Terezinha Henn Fabris e Luciane Frosi Piva analisam as experiências e narrativas de professoras da Educação Infantil feitas em seis encontros ocorridos no Laboratório de Docências Contemporâneas (LABDOC), defendendo a concepção de pesquisa formativa e colaborativa como um potencial de autoformação, coformação e (de)formação na Educação Infantil.
Maria Carmen Silveira Barbosa, Queila Almeida Vasconcelos e Sariane Pecoits abordam, no artigo "Narratividade e intervenção como estratégia metodológica em pesquisas na escola de Educação Infantil", duas pesquisas que se valem da narratividade como forma de produção de conhecimento e a intervenção como estratégia da pesquisa para a transformação do projeto educativo. Os resultados obtidos apontam para a importância da realização de estudos que se comprometem em promover transformações nos locais de pesquisa, desenvolvendo a qualidade negociada, conceito desenvolvido por Bondioli (2004) e que mostra o valor dos estudos no campo educacional ocorrem em diálogo com os conhecimentos dos profissionais que atuam no interior das escolas.
O artigo escrito por Lucia Lombardi e Thais Prini aborda uma experiência metodológica em Artes voltada à formação de professores(as) de Educação Infantil. O estudo relata a realização de dezoito performances que tiveram o objetivo de investigar as relações entre a arte da performance e a formação docente, buscando compreender as contribuições desse tipo de vivência artística para a prática pedagógica com crianças no mundo contemporâneo. O artigo revela como a integração de metodologias artísticas pode enriquecer as pesquisas do campo da formação de docentes das infâncias e promover práticas educativas mais sensíveis e alinhadas ao universo das crianças.
Em "O uso do desenho-história na pesquis
a com crianças", Silvia Helena Vieira Cruz e Rosimeire Costa de Andrade Cruz apresentam o resultado de um levantamento bibliográfico acerca da utilização do Procedimento de Desenhos-Estórias (D-E) adaptado à Educação Infantil. Apontando para a preocupação em considerar os desenhos das crianças como forma de expressão e possibilidade de interlocução, as análises revelam que as pesquisas com crianças e seus desenhos vêm desenvolvendo esforços no sentido de escutá-las, reconhecê-las como ricas, competentes, diversas, buscando maior conhecimento sobre elas e identificando com mais precisão seus sentimentos e ideias.
No artigo de Ilária Mussini, "A reflective approach to educational ‘design’", são compartilhados alguns caminhos de reflexão sobre o trabalho sobre o qual professoras, atelieristas, pedagogistas e formadores da província de Reggio Emilia /Itália têm se ocupado para sustentar a construção colaborativa do conhecimento entre adultos e crianças a partir da abordagem projetual. A partir disso, a autora mostra as mudanças de posturas dos adultos a partir da reflexão sobre ação, evidenciando o valor de pesquisas que são desenvolvidas na companhia dos profissionais que atuam no interior das instituições para transformar o projeto educativo.
Em "Fare Ricerca-Formazione con gli insegnanti in Italia. Approcci e metodologie", Donatella Savio destaca que a pesquisa educacional ocorre por meio do diálogo com o conhecimento e as práticas dos professores. Para demonstrar as estratégias e os resultados dessas tipologias de pesquisa, são apresentados e discutidos alguns exemplares retirados de um percurso de Pesquisa-Formação que tem entre as suas referências a abordagem da Qualidade Negociada (Bondioli & Ferrari, 2004) e a metodologia da Promoção a partir de Dentro (Savio, 2013).
Ame Christiansen, no artigo "Post qualitative inquiry as activist-practitioner-research in Early Childhood Education", compartilha conhecimentos de uma pesquisa pós-qualitativa, na qual ativa a narração pedagógica como metodologia coparticipativa com crianças, professores, famílias e o lugar, para "pensar com teoria", escrever como método, e recontar momentos cotidianos de encontro em um Bush Kindergarten em território não cedido do povo originário Wurundjeri WoiWurrung, os proprietários tradicionais de Naarm (Melbourne). O artigo dá visibilidade ao encontro nas ecologias educacionais com crianças com deficiência e neurodivergentes, envolvendo a escuta profunda de suas experiências, e destaca formas pelas quais a pesquisa-ativista-praticante pode oferecer narrativas alternativas que perturbam e problematizam caminhos tomados como garantidos de saber, ser e fazer na Educação Infantil.
Por outro lado, em ensinar e aprender em tempos de globalização soam a necessidade de práticas educacionais que atendam às configurações que se desenham no território educativo. Configurações que devem objetivar a produção de componentes e estruturas de auto-organização diante de uma realidade dinâmica, permeada pela heterogeneidade, a multiculturalidade e a complexidade da realidade; tudo isso imbricado com a história, a cultura, a religião, o trabalho, o lazer, que dão o caráter interdisciplinar aos processos de ensinar e aprender. A partir de práticas emergentes necessárias à globalização, visualizamos a potencialidade de (re)construção do conhecimento em diferentes espaços e domínios. Assim, as práticas educativas emergentes e sua gestão em diferentes contextos, são transformadoras a partir da ação e interação entre os atores envolvidos no contexto educacional que permitem que o emergente se consolide no território educativo ao abrir espaços e oportunidades para intervenções inovadoras e transformadoras, necessárias à dinamicidade da globalização.
Portanto, o Dossiê "Ensinar e aprender em tempos de Globalização: do local ao internacional" tem a intenção de compartilhar práticas educativas emergentes identificadas em diferentes contextos, níveis e modalidades educacionais, que apresentam reflexões teóricas em congruência com a dinâmica da globalização. Objetivamos dar voz aos processos de ensino e aprendizagem enquanto abordagem pedagógica inovadora e efetiva em educação.
Nessa direção, o compêndio de nove artigos, aqui apresentados, trata de diferentes perspectivas acerca da globalização, entre eles o dos autores Adriana del Rosario Pineda Robayo, Vera Lucia Felicetti e Vinícius Bertoncini Vicenzi com o título "Educación y globalización en la escuela a partir de la interdisciplinariedad", que apresenta uma experiência desenvolvida em uma escola pública do departamento de Atlántico na Colômbia, onde, a partir da implementação de um Projeto Interdisciplinar de Cidadania Escolar e Lúdica (PINCEL), pautado em processos de inovação e apoiado na interdisciplinaridade, se promove o desenvolvimento integral dos alunos por meio da prática dos valores cidadãos e da consciência ambiental.
Com um olhar à sustentabilidade, temos o artigo intitulado "A Internacionalização da Educação Superior e os desafios para o desenvolvimento sustentável", escrito por Bettina Steren dos Santos, Manuir José Mentges, Marilia Costa Morosini e Lourdes Evangelina Zilberberg Oviedo. Nele, é analisada a internacionalização da Educação Superior e os desafios para o desenvolvimento sustentável sob o olhar dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e, a partir desse momento, os esforços centraram-se na consecução dos ODS e da Agenda 2030 sem perder de vista a convergência entre tais proposições globais, o respeito à soberania regional/nacional e quais são as bases para que isso ocorra.
Já artigo intitulado "Liderazgo educativo en un mundo global: la evolución hacia un liderazgo ético servicial", do autor Luis Carlos Gutiérrez Blanco, trata da liderança caracterizada pela ética, pelo olhar visionário, holístico e, portanto, espiritual, que cuida das pessoas e que é capaz de responder ao desenvolvimento educativo de uma cidadania global plena e crítica.
O texto do autor Fernando Naiditch, com o título "Bridging Divides: Navigating the political and cultural barriers to DEIB", apresenta uma revisão da literatura com argumentos a favor e contra as políticas e programas do Diversity, Equity, Inclusion, and Belonging (DEIB) e conclui afirmando a necessidade de manutenção dessas políticas, especialmente dado o impacto socioeconômico que as políticas do DEIB têm.
O artigo intitulado "Educação global na pós-graduação stricto sensu: interculturalidade e internacionalização como pilares para a cidadania global", das autoras Luísa Cerdeira, Luísa Cerdeira, Sirlei de Lourdes Lauxen e Juliana Porto Machado analisa a interculturalidade e a internacionalização enquanto pilares fundamentais da construção de uma educação global dentro dos programas de pós-graduação stricto sensu.
Mariana Maggio inclui em seu artigo, "Prácticas de la enseñanza y tendencias culturales emergentes. Caminos de reinvención", considerações políticas e éticas e um convite para reinventar as práticas docentes e construir o conhecimento didático contemporâneo com certo sentido de urgência.
As "Classes multisseriadas e os desafios enfrentados por professores em uma escola rural no município de Porto Velho/RO", que teve por autores Marivalda Vitorino Cunha, Naiara Gracia Tibola e Neidimar Vieira apresenta os desafios enfrentados por professores de classes multisseriadas, os quais vão além da falta de material pedagógico, necessitando de uma política educacional que os ampare para formações continuadas, bem como garanta o acesso e a permanência dos estudantes na escola.
Thais Esteves Ramos Fontana e Josilaine Antunes Pereira evidenciam, no artigo "IFSC-Urupema/SC e o desenvolvimento territorial: uma análise de sua atuação educacional", as contribuições das ações pedagógicas existentes no Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) para o desenvolvimento territorial. Afirmam as autoras a relevância da atuação educacional expressa no ensino, em atividades de pesquisa e extensão, além do acolhimento, inclusão e cooperação vivenciados pela população local.
O artigo intitulado "Processo de internacionalização na Educação Básica: rumos e perspectivas", de Silvia Cristina de Oliveira Quadros, verificou que a internacionalização na Rede de Educação Adventista, no contexto da Educação Básica, extrapola a sala de aula para integrar projetos e eventos que utilizem a segunda língua, objeto da aprendizagem. Identificou a internacionalização que se denomina "em casa" e a Aprendizagem Colaborativa Internacional Online (COIL) como importantes mecanismos utilizados pela rede e que dependem do envolvimento da gestão escolar e dos docentes para melhor sucesso da internacionalização.
Assim, a interconectividade em constante transformação tem papel importante para a educação globalizada, a qual se torna essencial para o desenvolvimento de cidadãos críticos, éticos e socialmente responsáveis. Os artigos reunidos neste compêndio oferecem uma rica variedade de abordagens, experiências e reflexões que ressaltam a importância de práticas educativas inovadoras e contextuais, que vão desde a interdisciplinaridade e a sustentabilidade até o desenvolvimento da liderança ética e o impacto da internacionalização na Educação Básica e Superior como é possível observar no spoiler de cada artigo acima.
Essas contribuições reforçam o compromisso com a (re)construção de uma educação que, ao mesmo tempo em que valoriza as particularidades locais, está conectada com os desafios e oportunidades globais. A internacionalização, a colaboração intercultural, a inclusão e o foco na sustentabilidade são pilares que guiam essas discussões e práticas, mostrando que a educação do futuro requer um olhar holístico e uma capacidade de adaptação contínua. Segundo Altbach e Knight (2007), a internacionalização é um dos fatores cruciais para preparar as novas gerações para atuarem em um ambiente global, promovendo uma educação inclusiva e com foco no desenvolvimento sustentável.
Por meio das perspectivas apresentadas, fica evidente que o ensino e a aprendizagem em tempos de globalização demandam mais do que a mera transmissão de conhecimento. Exigem um envolvimento ativo de todos os atores educacionais — professores, estudantes, gestores e comunidade — para que a educação cumpra seu papel transformador, preparando indivíduos para os desafios complexos e interconectados da sociedade contemporânea.
Neste periódico, continuaremos a explorar diferentes questões e a compartilhar pesquisas e práticas inovadoras que contribuam para o avanço do campo educacional, convidando à reflexão e à ação de forma coletiva e inovadora, e (re)construindo pontes que conectem as diversas realidades educacionais, sempre com foco na criação de uma educação mais inclusiva, sustentável e globalmente conectada.
Desejamos que a Educação possa provocar reflexões aos pesquisadores e pesquisadoras do campo que nos ajudem a problematizar mais, conhecer mais e, assim, evidenciar mais as especificidades educação.
Convidamos nossos leitores a refletirem sobre os temas abordados e a colaborarem com seus insights e experiências, pois acreditamos que a troca de saberes é a chave para construirmos uma educação que faça a diferença na vida das pessoas e no futuro da sociedade. Precisamos refletir. A aceleração moderna exige variadas inovações e seria uma compreensão equivocada e reducionista compreender que precisamos acelerar.