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Revista Diálogo Educacional

versão impressa ISSN 1518-3483versão On-line ISSN 1981-416X

Rev. Diálogo Educ. vol.17 no.55 Curitiba out./dez 2017  Epub 11-Fev-2020

https://doi.org/10.7213/1981-416x.17.055.ed01 

Apresentação

Editorial

Meio ambiente e educação: pesquisas, práticas e formação

Marília Andrade Torales

Daniele Saheb

Alboni Marisa Dudeque Pianovski Vieira


A formação da cidadania se apresenta como um processo que requer atenção aos movimentos e mudanças da sociedade. Esta dinâmica exige uma constante reformulação em aspectos pedagógicos e metodológicos da formação, para ajustar-se às necessidades sociais e constituir-se em um instrumento de socialização e crítica ante novos contextos e desafios da contemporaneidade. Um dos problemas mais complexos, e talvez mais relevante para a vida humana, é a necessidade de reorientar os modelos de desenvolvimento e organização social em relação às mudanças globais que vivemos. Do ponto de vistas daqueles que se dedicam a estudar e aprofundar conhecimento sobre a problemática ambiental, é preciso fomentar uma reação coletiva, orientada a formas de vida mais austeras, moderadas e simples, em relação ao consumo e ao uso dos recursos naturais do planeta. É preciso construir alternativas para romper com a lógica de acumulação econômica, em contraponto à miséria de grande parte da humanidade e da destruição do meio ambiente. Neste contexto, a Educação Ambiental apresenta-se como um importante elemento para problematizar determinados aspectos da estrutura social e promover a formação da cidadania e, também, para estimular novos estilos de vida e convivência no planeta.

A organização deste número da revista Diálogo Educacional está estruturada com base nas experiências desenvolvidas pelos pesquisadores do campo da Educação Ambiental, os quais pertencem a diferentes países e contextos de pesquisa. Em seu conjunto, se constitui em uma oportunidade para se repensar a relação, nem sempre equilibrada, entre a sociedade e seu ambiente na contemporaneidade. Desde diferentes perspectivas, os autores contribuem com suas interpretações sobre a realidade, suas contradições e seus possíveis avanços. O debate, seguramente, instigará os leitores a seguir por diferentes caminhos temáticos e bases teóricas, porém, na convergência de pensar a Educação Ambiental como uma importante ferramenta para a formação da cidadania e para a construção de respostas sociais à problemática ambiental.

Nesta tessitura, cada um dos autores e autoras, notadamente reconhecidos em seu campo de pesquisa, apresentam elementos para o debate sobre a forma como a Educação Ambiental tem se constituído nos âmbitos da pesquisa, das práticas e da formação. Sob a amplitude e complexidade destes três blocos temáticos, os textos articulam-se com o objetivo de apresentar e discutir experiências relacionadas à inclusão das questões ambientais no contexto educacional.

No primeiro bloco são apresentados os resultados de três pesquisas, com o objetivo de tratar de temáticas contemporâneas, ou seja, da capacidade de resiliência ante às mudanças globais, às mudanças climáticas e das estruturas e rede como ferramenta de aprendizagem coletiva.

O texto apresentado por Erick Cajigal Molina, Ana Lucía Maldonado González e Edgar J. González Gaudiano, pesquisadores da Universidade Veracruzana no México, dedica-se à investigação do conceito de resiliência na ação dos professores. O artigo toma como objeto de análise a possibilidade de melhoria na capacidade de reação das populações em relação às inundações de determinadas regiões afetadas pelas mudanças climáticas globais. O artigo explora alternativas para reduzir a vulnerabilidade destes grupos sociais e contribuir para a resiliência comunitária. Os docentes participantes da pesquisa atuam no Ensino Superior, e são considerados elementos chaves na promoção de ações que propiciem a resiliência individual e comunitária em três comunidades, nomeadamente, os municípios de Tlacotalpan, Cotaxtla e Antigua no estado de Veracruz, México.

Sob o título de A TEIA e a REDE: aprendizagens nas/em redes locais de educação ambiental, Marcelo Gules Borges, pesquisador da Universidade Federal de Santa Catarina, apresenta os resultados de uma pesquisa de corte qualitativo e etnográfico, realizada com duas redes de educação ambiental atuantes no contexto escolar na Região Sul do Brasil, a TEIA e a REDE. Os resultados subsidiam a compreensão dos termos identidades, modos de ação e aprendizagem nas/em redes, fundamentado em uma perspectiva teórica que se estrutura a partir de elementos sócio-historicos e da aprendizagem que se dá na ação destes coletivos.

No segundo bloco, Miguel Angel Arias Ortega, pesquisador da Universidade Autônoma da Cidade do México (UACM), relata experiências práticas de intervenção ao estudar um grupo de egressos e observar suas práticas pedagógicas. Os estudantes são egressos do Mestrado em Educação Ambiental e a pesquisa busca conhecer as ações que realizam, as características dos espaços em que atuam, a que públicos dirigem sua ação e qual o nível de incidência nos grupos em que desenvolvem sua ação profissional.

Nesta mesma perspectiva, ao apresentar a experiência do Projeto Europeu Engage, que trata de apresentar uma experiência de Educação Ambiental utilizando pesquisa e inovação responsáveis da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Patrícia Lupion Torres, Katia Ethiénne Esteves dos Santos, Raquel Pasternak Glitz Kowalski e Alexandra Okada apresentam como o grupo de pesquisa Prática Pedagógica na Educação Presencial e a Distância: Metodologias e Recursos Inovadores de Aprendizagem PRAPETEC, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), em parceria com o projeto europeu Engage, promoveu atividades com estudantes do Ensino Médio e Superior para desenvolver novas estratégias, com o objetivo de equipar os estudantes para aplicar o conhecimento científico e desenvolver habilidades de pesquisa RRI (Responsible Research and Innovation - Pesquisa e Inovação Responsáveis) durante o ano de 2015.

No terceiro e último bloco, são discutidas as experiências relacionadas aos processos de formação no campo da Educação Ambiental. O artigo intitulado Reflexões sobre a Educação Ambiental no Curso de Pedagogia apresentado por Daniele Saheb, Maria Arlete Rosa e Marília Torales Campos de Andrade, pesquisadoras da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Universidade Tuiuti e Universidade Federal do Paraná, respectivamente, tratam de analisar os desafios diante dos limites e possibilidades no processo de implementação da educação ambiental, em dois cursos de Pedagogia, ofertados por instituições da rede particular de ensino de Curitiba. Aborda-se a política de educação ambiental para a educação básica e ensino superior, normatizada pelas Diretrizes Curriculares Nacionais de Educação Ambiental (DCNEA) (BRASIL, 2012), e a Deliberação Estadual de Educação Ambiental para o Sistema Estadual de Ensino do Paraná (PARANÁ, 2013).

Na perspectiva de Mauro Guimarães e Noeli Borek Granier, pesquisadores da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, a formação dos educadores ambientais em tempos de crise se constitui em um desafio. Neste contexto, seu estudo trata de investigar as potencialidades de outras epistemologias em processos formativos de educadores ambientais, a partir de experiências de ComVivência Pedagógica, com comunidades indígenas, para contrastar a perspectiva epistemológica da modernidade.

Por fim, o artigo apresentado por Francisca Marli Rodrigues de Andrade e José Antonio Caride Gómez, convida a uma reflexão sobre a formação de professores em uma determinada região da Amazônia, mais especificamente, o estudo toma como locus a realidade da rede pública municipal de Castanhal-Pará. A pesquisa envolveu 121 professores da região e seus resultados indicam “as dificuldades das instituições em estabelecer conexões e redes de construção e socialização de saberes quando contextualizadas na realidade cotidiana, sobretudo por meio dos segmentos de pesquisa e de extensão”.

Este conjunto de reflexões certamente convida a um debate rico e provocador. Cada um dos artigos traz contemporaneidade a um tema que é discutido a pelo menos 4 décadas, ou seja, a Educação Ambiental como campo de lutas sociais e políticas, como alternativa de resistência e anúncio de outras possibilidades de vida em sociedade. Portanto, mais do que um espaço de comunicação científica, aqui se pretende dar luz às novas descobertas sobre o tema e significá-los em diferentes contextos sociais e acadêmicos.

A segunda parte do número dedicado à Educação Ambiental traz artigos de demanda contínua, apresentando diferentes enfoques sobre temas relevantes na área educacional.

De autoria da pesquisadora Ana Margô Mantovani, da Universidade La Salle, Comunicação e aprendizagem ubíqua: reconfiguração das práticas pedagógicas na ciber cultura investiga como os professores reconfiguram suas práticas pedagógicas. Com apoio teórico que inclui a “Biologia do Conhecer” e a “Multirreferencialidade”, o estudo de caso realizado com professores de uma Instituição de Educação Superior evidenciou que os professores incorporam em suas práticas pedagógicas a lógica comunicacional da cibercultura, por meio da comunicação ubíqua e das relações dialógicas que estabelecem. Desta forma, o potencial da ubiquidade proporciona novas ambiências comunicacionais que possibilitam a reconfiguração das práticas pedagógicas.

O artigo A formação do professor nos cursos de licenciatura: o que dizem os professores, que tem como autores os professores Joana Paulin Romanowski, Pura Lúcia Oliver Martins, Maria Cristina Kogut e Paulo Sérgio Maniesi, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, analisa a formação realizada nos cursos de licenciatura a partir do que dizem os professores oriundos desses cursos, considerando a relação universidade e escola. Utiliza, para tanto, metodologia de abordagem qualitativa, destacando como categorias básicas os conhecimentos para a formação docente, a organização da prática pedagógica e a prática docente.

Na sequência, as pesquisadoras da Univates, Aline Diesel, Silvana Neumann Martins e Márcia Jussara Hepp Rehfeldt, em Estratégias de compreensão leitora: uma proposta de atividades desenvolvidas sob a perspectiva das metodologias ativas de ensino, investigam como um acervo didático, elaborado à luz das metodologias ativas e voltado para o ensino de estratégias de leitura, pode contribuir para o aprimoramento da compreensão leitora de alunos do 5º e 8º anos de uma escola municipal.

Cláudia Valentina A. Galian, professora da USP, e Elisângela Lisboa Micheletti, da Prefeitura de São Paulo, em O curso de Pedagogia: permanências e novas tensões, buscam identificar as mudanças na formação inicial e na percepção dos pedagogos quanto às contribuições da formação inicial para a sua atuação profissional, fomentadas em alguma medida pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Pedagogia. Indicam ter havido uma mudança na percepção dos pedagogos quanto às contribuições da formação inicial para sua atuação profissional, essencialmente coerentes com a guinada do curso em direção ao preparo para as atividades docentes no âmbito escolar.

Como último artigo, com apoio na fenomenologia e no pós-colonialismo, os professores Fábio Pessoa Vieira e Lucas Barboza e Souza, da Universidade Federal do Tocantins, apresentam uma alternativa de sustentabilidade local, no conceito de desenvolvimento sustentável elaborado pela ONU, em Sustentabilidade na educação ambiental: uma alternativa local, na reserva extrativista do Extremo Norte do Tocantins.

Boa leitura a todos!

Marília Andrade Torales Campos Editora associada Daniele Saheb Editora associada Alboni Marisa Dudeque Pianovski Vieira Editora

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