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Revista Diálogo Educacional

versão impressa ISSN 1518-3483versão On-line ISSN 1981-416X

Rev. Diálogo Educ. vol.18 no.56 Curitiba jan./mar 2018  Epub 10-Fev-2020

https://doi.org/10.7213/1981-416x.18.056.ed01 

Apresentação

Editorial

Educação Online e Educação Aberta: práticas de educação sintonizadas com as dinâmicas da cibercultura

Bento Silva1 

Edméa Santos2 

Lúcia Amante3 

Alboni Marisa Dudeque Pianovski Vieira4 

1u-Minho-PT

2Proped/UERJ

3UAB-PT

4PUCPR


É com muita honra que apresentamos mais um dossiê da Revista Diálogo Educacional, intitulado “Educação Online e Educação Aberta”. A Educação a Distância (EaD), na sua migração para plataformas online ocorrida em função dos avanços tecnológicos, veio provocar uma mudança radical da abordagem pedagógica típica da EaD pré-internet. Nesse sentido, a Educação online ganhou um espaço e uma relevância assinaláveis, tornando-se não só um novo e relevante cenário de aprendizagem, como um importante motor de pesquisas sobre os processos pedagógicos nestes contextos. Estas pesquisas vieram, assim, a colocar na ordem do dia a pedagogia e as suas práticas como um campo de reflexão na educação superior, nível de ensino onde, por norma, este tipo de preocupações tem sido descurado. Associado à educação online e aos seus desenvolvimentos, surgem hoje os conceitos de Educação Aberta e de Práticas Abertas, abordagens que procuram dar resposta ao apelo contemporâneo à abertura, à inclusão e ao desenvolvimento de práticas pedagógicas inovadoras.

Entendemos que para uma educação online de qualidade é vital que o conhecimento esteja também disponível online. Isso tornou-se possível com a tecnologia da Internet. A declaração de Budapeste sobre a “Iniciativa de Acesso Aberto” (elaborada em 14 de Fevereiro de 2002) reconhece que, com a convergência entre a “velha tradição” dos pesquisadores em publicar os resultados da investigação e a “nova” tecnologia da Internet, haveria o benefício público do acesso aberto à literatura científica, e que tal fato ajudaria ao enriquecimento da educação:

Uma velha tradição e uma tecnologia convergiram para tornar possível a aparecimento de um bem público sem procedentes. A velha tradição é a boa vontade de investigadores e cientistas publicarem os resultados da sua investigação em revistas científicas sem qualquer remuneração, apenas em prol da investigação e difusão do conhecimento. A nova tecnologia é a Internet. O benefício público que as duas possibilitam é a distribuição eletrônica, a uma escala mundial, da literatura científica com revisão pelos pares, de forma gratuita e sem restrições de acesso a investigadores, docentes, alunos e outros indivíduos interessados. A eliminação de barreiras de acesso à literatura científica ajudará a acelerar a investigação, a enriquecer a educação […] (BUDAPEST open access initiative, tradução nossa, 2002. Disponível em: <http://www.budapestopenaccessinitiative.org/read>).

A declaração de Budapeste estabeleceu duas estratégias, complementares para incrementar o acesso livre: o autoarquivo pelos autores em repositórios de livre acesso e a publicação em revistas de livre acesso. Estas estratégias surtiram efeito, seja pela implementação e desenvolvimento de repositórios institucionais em muitas instituições de ensino superior, seja pelo aumento exponencial de revistas científicas com acesso livre. Por outro lado, desde então, também surgiram cada vez mais várias plataformas e dispositivos na Internet que convidam os autores a depositar os resultados de suas pesquisas de modo a ficarem disponíveis para os interessados, fomentando, assim, a difusão, partilha e valorização social do conhecimento produzido.

Assim, este dossiê da Revista Diálogo Educacional procura trazer a abordagem de temáticas e processos culturais no diálogo teórico-metodológico com a educação online e educação aberta e os recursos educativos abertos (REA). Nesse contexto, interessa-nos compreender estas modalidades educacionais, marcadas, sobretudo, pela rede de interação entre seres humanos em atos de currículos mediados por tecnologias digitais em rede.

Estes atos de currículos vêm potencializando práticas científicas e acadêmicas, processos de formação de professores, processos de ensino-aprendizagem em diversos níveis de ensino - em especial na educação superior. Além das potencialidades, sabemos também dos limites que passam, sobretudo, pela incompreensão das dinâmicas do nosso tempo, em especial aos potenciais comunicacionais e pedagógicos da cibercultura, e das posturas éticas, estéticas e políticas que cada instituição assume diante das demandas e pressões frente ao mundo do trabalho no contexto do capitalismo cognitivo.

Além da necessidade de conhecer e compreender como estas redes digitais vêm se instituindo, mapeando suas dinâmicas singulares, surge a necessidade de cocriar e atualizar metodologias e processos de formação. Este dossiê da Revista Diálogo Educacional procura responder, mesmo que parcialmente, a algumas demandas dessa compreensão. Conta com trabalhos advindos de importantes universidades de quase todas as regiões do Brasil e do exterior, mais precisamente de Portugal, Espanha e Chile. Aqui contamos com artigos das Universidades Abertas de Portugal, Universidade de Lisboa, Universidade da Coruña, Universidade de Salamanca e Universidade Tecnológica do Chile. A chamada para este dossiê circulou previamente pelo portal da Revista Diálogo Educacional, tendo ressonâncias através da circulação da informação em diversas redes sociais, listas de discussão de grupos de pesquisas e de associações especializadas na área da Educação.

Os artigos aqui apresentados são frutos de pesquisas de doutorado, mestrado e de pesquisas interinstitucionais, coordenadas por pesquisadores de Programas de Pós-Graduação em Educação de países da Europa e da América Latina. No Brasil, contamos com textos de parceiros da Universidade de Estado do Rio de Janeiro, Universidade Federal de Santa Maria, Universidade Federal de Juiz de Fora, Universidade Federal de São Paulo, Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Universidade Tiradentes, Sesc-SP, e da Universidade Católica de São Paulo. O leitor encontrará uma pluralidade de abordagens teórico-metodológicas, bem como em relação aos temas de pesquisa que atravessam o social na relação com os processos e fenômenos educacionais na cibercultura. A seguir, apresentamos previamente os oito artigos que compõem esta produção.

Este dossiê descortina-se com o artigo luso-brasileiro Educação Aberta, Cibercultura e DocênciaS no Ensino Superior: percursos e experiências no Brasil e em Portugal. As autoras Adriana Rocha Bruno e Judilma Aline Silva (PPGE/UFJF, Brasil), Maria Manuela Franco Esteves (UL, PT) apresentam resultados de pesquisas que tencionam as formas com que as instituições públicas de Ensino Superior, em Portugal e no Brasil, têm produzido ações convergentes com tais demandas da cibercultura. Os dados produzidos nas pesquisas (uma em contexto de pós-doutoramento e outra de doutoramento) evidenciam avanços nos processos de formação continuada para a docência no Ensino Superior (ES). Entretanto, esses processos ainda são desenvolvidos de modo pouco conexo com a composição de uma cultura mediada por tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC), e as ações formativas, com poucas exceções, se distanciam das potencialidades trazidas pela cibercultura como aquela que traz dispositivos, interfaces e relações fomentadoras de aprendizagens convergentes com os estudantes e os docentes do século XXI.

Nossa pretensão com este número temático não é apresentar soluções para os dilemas tratados no artigo que abre este dossiê. Os autores desse número temático, como um todo, contam com experiências que nos convidam a refletir os dilemas que transversalizam as práticas de educação online e educação aberta, buscando inspirações para o exercício de outras, que estejam vinculadas à pesquisa e formação nos campos da educação online e da educação aberta, práticas e fenômenos da educação em nosso tempo.

Neste veio, mais especificamente no contexto de práticas de pesquisa e formação em educação online, Edméa Santos (PROPED/UEJ), Mayra Ribeiro (PROPEG/UERN) e Rosemary dos Santos (FEBEF/UEJ) com o artigo A educação online como dispositivo de pesquisa-formação na cibercultura, apresentam a criação de dispositivos autorais em ambientes online junto com professores formadores da Pós-graduação em Educação da UERJ. O estudo teve como questão central como pensar e fazer uma relação pedagógica docente/discente favorável à formação autoral na cibercultura. O presente artigo se insere no contexto dos estudos do Grupo de Pesquisa Docência e cibercultura - GPDOC/UERJ no qual optou-se por fazer pesquisa inspirada em epistemologias das práticas, atualizando o método da pesquisa-formação na cibercultura por meio de tessituras metodológicas que se atualizam em cada nova pesquisa. A bricolagem multirreferencial com os cotidianos possibilita o desenvolvimento de pesquisas no encontro de narrativas do cotidiano com narrativas acadêmico-científicas que aproximam os praticantes da inteligibilidade das práticas em um processo de auto-formarção e formação. Como achados da pesquisa, constatou-se que os dispositivos online possibilitaram maior imersão docente e discente nas práticas da cibercultura; ampliaram os processos de mediação, antes restritos às práticas de ensino presenciais, e ainda exercitaram possibilidades de enxergar uma proposta didática que se aproxime da formação do ciberautorcidadão, na qual docentes/discentes se autorizam nas interações sociais/comunicacionais tecidas em rede.

Seguindo também as inspirações teórico-metodológicas da pesquisa-formação, as autoras, Cristina d’Ávila (PPGE-FACED/UFBA), Ana Verena Madeira (IBIO/UFBA) e Denise Guerra (FACED/UFBA), com o artigo Ateliê Didático: diário online e pesquisa-formação na educação universitária, apresentam o dispositivo “Ateliê Didático”. Este surge no contexto do Programa de formação continuada de docentes universitários (Forped) na Universidade Federal da Bahia. Pautado em três pilares fundamentais: epistemologia da prática, dimensão sensível e fazer criativo, possibilita aos participantes a abordagem e vivência de conceitos didático-pedagógicos básicos relativos à educação superior (ES): estudo do objeto e saberes da docência na ES e da construção da identidade profissional; análise das relações entre currículo e formação; debate sobre abordagens pedagógicas na ES; compreensão das relações estruturantes do processo didático; reflexões sobre as relações interpessoais e organização da prática pedagógica. Na sua dinâmica metodológica prevê-se os diários online, a partir dos quais revelam-se os dados da presente pesquisa-formação, na qual os docentes descrevem suas implicações com a docência, saberes didático-pedagógicos e com os estudantes. Participaram da pesquisa, de caráter qualitativo, por adesão voluntária, nove docentes universitários. Destarte, o Ateliê tem se revelado dispositivo aberto para alterar e ser alterado pela práxis dos sujeitos em formação, conforme depreendido dos diários online produzidos e analisados.

No que se refere aos dispositivos abertos, Elena Maria Mallmann (UFSM, Brasil), nos apresenta com seu artigo Massive/Small Open Online Courses (MOOC/SOOC) e Recursos Educacionais Abertos (REA): inovação disruptiva na educação online e aberta fundamentos teóricos e princípios da inovação e a prática das cinco liberdades (reter, reutilizar, readaptar, remixar, redistribuir) no contexto da Web 2.0. Os procedimentos metodológicos do Design-Based Research (DBR) contemplaram análise exploratória e triangulação de dados em ciclos interativos de planejamento, implementação, avaliação para o redesign no cenário de um SOOC. Os resultados mostram que o trabalho emergente de coautoria, como prática das cinco liberdades do conteúdo aberto, incentiva inovação educacional disruptiva sucede quando: a) as situações de aprendizagem flexibilizam processos tradicionais nas universidades; b) recursos e atividades são disponibilizados com licenças permissivas, gerando reutilização, reformulação e recompartilhamento com foco na transformação das práticas cotidianas; c) pode-se encorajar o aprimoramento de Fluência Tecnológico-Pedagógica (FTP); d) expandem-se compreensões e percepções dos participantes acerca de si mesmos e sobre os demais atores envolvidos acerca de como as decisões e práticas cotidianas mediadas pelas tecnologias em rede no contexto da Web 2.0 podem impactar sobre os mundos reais e o curso das vidas.

Seguindo com a problematização das práticas de educação aberta, Filomena Pestana e Teresa Cardoso (UAB-PT) questionam com seu artigo Utilização da Wikipédia por Estudantes e Professores: (des)encontros entre práticas educacionais abertas? se a Wikipédia poderá assumir-se como um ambiente virtual de aprendizagem, no contexto da educação aberta e a distância. No entanto, para a integrar curricularmente, importa conhecer a priori que concessões e utilizações fazem estudantes e professores desta enciclopédia online, que continua a suscitar controvérsias. Assim, apresentam e discutem a utilização da Wikipédia na perspectiva de estudantes e professores do ensino superior online. Neste estudo, com base numa extensa e cuidada revisão da literatura, desenvolveram e implementaram um inquérito por questionário junto dos referidos públicos-alvo. O questionário foi previamente validado e disponibilizado online. Os dados foram analisados com recurso à estatística descritiva, sendo possível concluir que a maioria dos inquiridos acede à Wikipédia, porém, são ainda poucos os que o fazem no âmbito do trabalho acadêmico. Os resultados apresentam-se com potencial para uma possível abertura à implementação de atividades letivas neste contexto. Em suma, embora as práticas dos estudantes e professores inquiridos sejam favoráveis à Wikipédia, será preciso que tenha mais formação para que esta possa ser integrada de modo consistente e possam prevalecer os cruzamentos e encontros entre recursos educacionais abertos.

O artigo El desarrollo de las ecologías de aprendizaje a través de las herramientas en línea apresenta uma experiência no contexto espanhol. Os autores Francisco José Santos Caamaño e Mercedes González Sanmamed (Universidade da Coruña) e Pablo César Muñoz Carril (Universidade de Santiago de Compostela), inspirados na teoria ecológica da aprendizagem, destacam a importância dos jogos e relações mútuas entre diversos elementos e contextos que intervêm nos processos de ensino e aprendizagem, a exemplo: recursos e atividades curriculares, relações sociais, ambientes de aprendizagem (formais, informais e não formais), processos de subjetividadade, autorregulação e motivação. Este mapa teórico dialoga com uma experiência empírica realizada numa escola secundária (Ensino médio) que conta com as interfaces e mediações de diversas tecnologias digitais em rede, dando atenção especial para a ferramenta de mercado social Diigo.

Os autores Julio Cabero-Almenara (Universidad de Sevilla, Sevilla, España), María Luisa Arancibia Muñoz, Sebastián Mauricio Araneda Riveros e Ismael Valdivia Zamorano (Universidad Tecnológica de Chile INACAP, Santiago, Chile) destacam em seu artigo Percepciones de profesores y estudiantes de la formación virtual y de las herramientas en ellas utilizadas, as percepções que docentes e estudantes da Universidade Tecnológica de Chile (INACAP) têm a respeito da formação online, mais especificamente com as políticas de significação de conteúdos abertos e objetos de aprendizagem. Entre os resultados da pesquisa, os autores destacam: os usos de tecnologias móveis por docentes e estudantes facilitam a política de conteúdos abertos, potencializam o ensino e a aprendizagem em contexto. Mesmo assim, os autores advogam na importância do estabelecimento de planos de formação para a aquisição de competências digitais para estudantes e capacitação dos docentes para os usos do digital em suas práticas educativas.

As tecnologias digitais em rede estão sempre inovando em formatos e suportes e, com estas, usos e fenômenos emergem desafiando sobremaneira as práticas curriculares. Assim, os autores André Luiz Alves, Cristiane de Magalhães Porto e Kaio Eduardo de Jesus Oliveira (PPGE/UNIT, Brasil) apresentam uma experiência de pesquisa que também contou com o campo de pesquisa na educação superior, bricolando educação online com educação aberta. Portanto, os autores, com o artigo Educação online mediada pelo Whatsapp: mapeando rastros e controvérsias de alunos à luz da teoria ator-rede, apresentam uma pesquisa que analisa a contribuição e os usos do aplicativo WhatsApp no processo de aprendizagem colaborativa. Para isso, a experiência descrita neste trabalho foi articulada por meio da associação de um desenho didático, conectado às práticas pedagógicas e educativas que favorecem a aprendizagem ubíqua por meio de experiências de app-learning, que se materializam, espaço-temporalmente, no uso do WhatsApp. Deste modo, os autores partem da perspectiva epistemológica da Teoria Ator-Rede na análise de controvérsias articuladas à rede educativa formada. Com isso, defendem o argumento de que a associação dos sujeitos aos objetos em suas mediações, traduções e agenciamentos favorece o processo de ensino-aprendizagem e o desenvolvimento de uma prática pedagógica mais articulada entre os envolvidos - seja entidade humana ou não-humana - e integrada às práticas culturais da Cibercultura. Como método, utiliza-se o estudo de caso qualitativo e de cunho descritivo. Os resultados obtidos possibilitam concluir que o engajamento dos sujeitos quanto ao uso do WhatsApp, articulado ao desenho didático e à proposta pedagógica, configura uma experiência de app-learning, principalmente, pelo estabelecimento dos processos de mediação do ensino e da aprendizagem.

Além do dossiê “Educação online e Educação Aberta”, que traz o resultado do trabalho de pesquisadores de renomadas universidades brasileiras e europeias, a Revista Diálogo Educacional é composta por outros temas de interesse para os educadores, igualmente fruto de pesquisas acadêmicas, reunidos na seção destinada aos artigos de demanda contínua. Para este número, foram selecionados cinco trabalhos, a seguir apresentados.

O primeiro deles é Formação pedagógica na docência universitária: o que pensam professores pesquisadores portugueses, de autoria das professoras Marilda Aparecida Behrens, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), e Kelen dos Santos Junges, da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR), câmpus de União da Vitória, Paraná. Nele, são investigadas as concepções dos professores portugueses a respeito da formação pedagógica de docentes do ensino superior voltada ao novo perfil professional exigido na atualidade. Para tanto, foram realizadas quatorze entrevistas com professores portugueses cujas obras tratam da formação docente, obras essas de fácil acesso aos educadores brasileiros. Os resultados apontaram no sentido de que as instituições de ensino superior precisam assumir a formação docente embasada em uma pedagogia universitária. Ao mesmo tempo, destacaram ser relevante a disposição do professor para melhorar sua prática, de forma a transformar a educação, a instituição e a si mesmo.

Na sequência, os pesquisadores Stânia Nágila Vasconcelos Carneiro, Monique Isabelle de Souza Nascimento, Elane Maria de Castro Coutinho e Carlos Eduardo de Oliveira Roncolato, do Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica/Ceará), apresentam seu artigo A formação e a prática didático-pedagógica do docente bacharel no curso de Administração, resultante de pesquisa qualitativa e descritiva que buscou avaliar a formação e as práticas didático-pedagógicas dos docentes que atuam no curso de graduação em Administração de uma Instituição de Ensino Superior do Sertão Central do Ceará. Essa pesquisa foi realizada por meio de estudo de caso. Da análise dos dados, percebeu-se que os professores procuram alinhar a teoria e a prática empregando dinâmicas educativas, com apoio no Projeto Pedagógico do curso de Administração. Essas metodologias, no entanto, remetem a modelos tradicionais de ensino e aprendizagem, em que pese o interesse institucional em incentivar a formação continuada dos professores.

Adiante, a professora Kalina Lígia Almeida de Brito Andrade, da Universidade Federal do Tocantins (UFT), câmpus de Miracema, faz aprofundada reflexão em seu artigo Paulo Freire dialogando com a matemática, buscando demonstrar a influência dos ensinamentos de Freire no processo de ensino e aprendizagem da Matemática. Propõe que a sala de aula se transforme em um ambiente dinâmico, no qual prevaleçam a dinamicidade, a cumplicidade, a tolerância e o estímulo à busca pelo conhecimento, substituindo-se as práticas de “educação bancária” ainda vigentes.

A pesquisadora Maria Abádia da Silva, da Universidade de Brasília (UnB), em seu artigo Atribuições, concepções e trabalho do diretor escolar após 2007, analisa as novas atribuições do diretor escolar em relação às dimensões administrativa, financeira, tecnológica e pedagógica. A partir do Plano de Desenvolvimento da Educação - PDE de 2007, que estabeleceu a new public gestion nos Centros de Ensino Médio Regular do Distrito Federal, apresenta as mudanças que o trabalho do diretor sofreu com a utilização das tecnologias, mídias, redes sociais, desconcentração dos programas federais e distrital, prestação de contas online, cotação de orçamentos e busca de competitividade entre as escolas pelos indicadores de qualidade de ensino.

Completa a parte relativa à demanda contínua o trabalho das pesquisadoras Kelly Werle e Cláudia Ribeiro Bellochio, ambas da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul. Em seu artigo Infância e experiência: fragmentos autonarrativos no estudo das culturas infantis, trazem como foco de discussão a relação entre infância e experiência, por meio de uma aproximação teórica da sociologia da infância com o conceito de experiência e obras de Walter Benjamin. Para esse diálogo, são problematizados fragmentos autonarrativos de infância, por meio dos quais se evidencia a figura do narrador e a possibilidade de intercambiar as experiências na infância.

Apresentados os autores e textos deste número da Revista Diálogo Educacional, esperamos que ele contribua com os debates em torno das práticas de educação sintonizadas com as dinâmicas e demandas do nosso tempo cibercultural.

Boa leitura!

Bento Silva (u-Minho-PT) Edméa Santos (Proped/UERJ) Lúcia Amante (UAB-PT) Organizadores Alboni Marisa Dudeque Pianovski Vieira (PUCPR) Editora

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