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Revista Diálogo Educacional

versão impressa ISSN 1518-3483versão On-line ISSN 1981-416X

Rev. Diálogo Educ. vol.19 no.62 Curitiba jul./sept 2019  Epub 30-Jan-2020

https://doi.org/10.7213/1981-416x.19.062.ds07 

Dossiê

Narrativas tecnofóbicas na Cibercultura: representações da ciência e tecnologia a partir da série Black Mirror

Technophobic Narratives in Cyberculture: Representations of Science and Technology from Black Mirror

Narrativas tecnofóbicas en la Cibercultura: representaciones de la ciencia y la tecnología a partir de la serie Black Mirror

Kaio Eduardo de Jesus Oliveiraa 

Cristiane de Magalhães Portob 

aUniversidade Tiradentes, Aracaju, SE, Brasil. Mestre em Educação, e-mail: kaioeduardojo@gmail.com

b Universidade Tiradentes, Aracaju, SE, Brasil. Doutora multidisciplinar em Cultura e Sociedade, e-mail: crismporto@gmail.com


Resumo

A produção audiovisual de filmes e seriados, além de ter como característica o entretenimento, também traz para o público, temas que podem pautar diversas conversas, ou meios que instigam, aprofundam e até mesmo ensinam sobre determinados assuntos. Deste modo, este texto tem como objetivo discutir como a representação da ciência e tecnologia é problematizada pelos espectadores da série Black Mirror em redes sociais digitais. Posto que, mesmo não sendo a divulgação científica o principal foco, a série pode contribuir para o debate sobre o tema a partir de questões que envolvem ciência e, principalmente, tecnologia em alguns episódios. Portanto, por meio de uma pesquisa qualitativa, com observação direta no Facebook e coleta de dados com caráter exploratório descritivo, este artigo evidencia que o debate sobre ciência e tecnologia percorre um sentido de fobia e aversão à ciência e à tecnologia, a partir da expressão das subjetividades dos fãs, no debate articulado a partir do seriado em comentários no Facebook. Com isso, conclui-se que embora problematize nossa relação com as tecnologias, o seriado Black Mirror constrói uma representação de ciência e tecnologia como vilãs das práticas sociais humanas.

Palavras-chave: Redes sociais; Black Mirror; Divulgação científica

Abstract

The audiovisual production of films and series, as well as having as a characteristic the entertainment, also, bring to the public, themes that can guide diverse conversations, or means that instigate, deepen and even teach on certain subjects. Thus, this text aims to discuss how the representation of science and technology is problematized by the viewers of the Black Mirror series in digital social networks. Even though the scientific diffusion is not the main focus, the series can contribute to the debate on the subject from issues involving science and, mainly, technology in some episodes. Therefore, through a qualitative research, with direct observation in Facebook and data collection with a descriptive exploratory character, this article shows that the debate about science and technology runs a sense of phobia and aversion to science and technology, from the expression of the subjectivities of the fans, in the debate articulated from the series in comments on Facebook. With this, it is concluded that although problematizing our relation with the technologies, the series Black Mirror constructs a representation of science and technology like villains of the human social practices.

Keywords: Social networks; Black Mirror; Scientific divulgation

Resumen

La producción audiovisual de películas y seriadas, además de tener como característica el entretenimiento, también, traen al público, temas que pueden pautar diversas conversaciones, o medios que instigan, profundizan e incluso enseñan sobre determinados asuntos. De este modo, este texto tiene como objetivo discutir cómo la representación de la ciencia y la tecnología es problematizada por los espectadores de la serie Black Mirror en redes sociales digitales. Aunque no es la divulgación científica el principal foco, la serie puede contribuir al debate sobre el tema a partir de cuestiones que involucran ciencia y, principalmente, tecnología en algunos episodios. Por lo tanto, por medio de una investigación cualitativa, con observación directa en Facebook y recolección de datos con carácter exploratorio descriptivo, este artículo evidencia que el debate sobre ciencia y tecnología, recorre un sentido de fobia y aversión a la ciencia y la tecnología, a partir de la expresión de las subjetividades de los fans, en el debate articulado a partir de la serie en comentarios en Facebook. Con eso, se concluye que aunque problematiza nuestra relación con las tecnologías, la serie Black Mirror construye una representación de ciencia y tecnología como villanas de las prácticas sociales humanas

Palabras-clave: Redes sociales; Black Mirror; Divulgación Científica

Introdução

A evolução tecnológica é vista como sinal de progresso humano: as sociedades não raramente são classificadas de acordo com o nível das suas conquistas tecnológicas, a exemplo da cultura de massa, cultura de mídias, Cibercultura, etc... Por outro lado, são as próprias artes, a literatura, o cinema, a televisão, os jogos de videogame, que expõem a tecnologia como ameaça ao bem-estar e à existência da humanidade, na construção de suas narrativas.

A série britânica Black Mirror, objeto deste artigo, tem como tema principal a nossa relação com a tecnologia. A articulação entre a realidade distópica e as narrativas compostas com finais chocantes atraem uma parte do público, que por meio dos episódios do seriado, estabelecem relações de proximidade entre o seu mundo e aquele representado nas estórias, já que cada episódio da série possui enredo próprio. A narrativa conseguiu, assim, atrair fãs no Brasil e no Mundo, com cinco temporadas, desde o lançamento da primeira em 2011, até a última em 2019 e tem ganhado destaque no debate público e no modo como as tensões de seus episódios produzem sentidos e subjetividades.

Os episódios impactantes sobre redes sociais, necessidade de aceitação e ódio on-line, apropriação social da tecnologia e de games, promovem inquietações, fazendo as pessoas afirmarem que Black Mirror é uma representação de nossa sociedade. Com isto, esta ideia tem repercutido em ambientes on-line, em forma de memes, de comentários em postagens compartilhadas nos perfis ligados a série, no Facebook, no Twitter e no Instagram. É nos ambientes on-line onde muitos dos sujeitos que assistem a Black Mirror buscam mais informações e podem interagir, ao acessar conteúdos sobre o seriado.

Deste modo, estas representações nas mídias sociais significam o modo como os fãs da série produzem sentido a partir dela, similarmente estabelecem uma forma de disseminação das percepções e das subjetividades individuais e coletivas produzidas mediante os temas dos episódios. Temas estes que envolvem temáticas relacionadas entre si apenas pela questão da apropriação social e desenvolvimento de tecnologias, que em muitas situações reproduzem finais chocantes que problematizam a relação homemversustecnologia.

Mediante a isso, o debate em rede tem mostrado que, além do envolvimento produzido pelas tramas do seriado, a produção das narrativas sobre a série, bem como da representação das temáticas em sociais, têm produzido um sentido de aversão e terror sobre uso de tecnologias e de desenvolvimento tecnocientífico à sociedade. Isso se dá, porque em muitos episódios a série problematiza um fim, supostamente, trágico para os humanos, tendo como desfecho a relação direta e intensa com o uso de tecnologias e, com isso, os comentários indicam uma caricatura da tecnologia como inimiga do homem, fato que já é produzido durante muito tempo no Cinema.

Assim sendo, por meio de uma pesquisa qualitativa com observação direta e análise exploratório-descritiva no perfil oficial da série no Facebook Brasil, este artigo tem como propósito discutir as representações da ciência e tecnologia em redes sociais, a partir do debate sobre a série Black Mirror, no perfil oficial brasileiro da série no Facebook. Por isso, em um primeiro momento, este artigo discute a relevância da popularização do debate sobre ciência e tecnologia em contexto audiovisual, e como o discurso sobre ciência e tecnologia tem ocupado a produção cinematográfica. Em seguida, problematizaremos por meios de narrativas coletadas aleatoriamente, disponibilizadas em postagens do perfil do seriado, mostrando como a construção de uma narrativa que atribui a tecnologia e a ciência um status de vilania em relação ao comportamento humano.

O lugar da ciência e tecnologia na produção audiovisual

"O Mundo Assombrado Pelos Demônios (2006), (The Demon-Haunted World), é um dos mais populares livros publicados por Carl Sagan. O livro aborda temas como: os altos índices de analfabetismo científico nos Estados Unidos e o crédulo popular em explicações místicas e ficções que fazem com que as pessoas criem estereótipos acerca da Ciência. Sagan (2006) argumenta e defende a importância da divulgação e da popularização da ciência e da tecnologia, como forma de fazer com que a sociedade se aproprie deste tipo de conhecimento que o faz, progressivamente, mais autônomo e independente. Para isso, a apropriação de diferentes espaços e ambientes seria uma maneira de fazer com que o debate sobre Ciência e tecnologia ocupasse os ambientes sociais e o cotidiano das pessoas.

Podemos apontar, a partir deste contexto, o rádio, a televisão, o teatro, os museus, e o cinema, como formas de popularização e comunicação de ciência. Este último, destacando-se ao longo dos anos pelas grandes produções de filmes, seriados e criando diferentes formas de aprendizagem e de produção de sentidos que permitem, similarmente, pela ficção científica, a problematização de temas sobre ciência e tecnologia, ao passo que produzem significados futuristas de fatos científicos, que nem sempre se relacionam à objetividade do cotidiano.

Filmes de ficção científica neste cenário audiovisual têm comumente reproduzido um viés científico, todavia, pautados em um caráter imaginativo e fantástico, recorrendo a cenários exuberantes e fantásticos. Isso tudo com um design de produção especializado, centrado em invenções de tecnologia avançada, no desenvolvimento e descobertas científicas, efeitos especiais absolutamente, suntuosos, ou até mesmo ameaças tecnológicas que põe em risco a vida humana na Terra. É fato que a ficção científica se encontra em um não-lugar, tanto no âmbito da literatura, do cinema, quanto da própria ciência, mas seus enredos têm construído subjetividades acerca do meio científico e tecnológico.

Estes roteiros completam-se com heróis épicos e vilões que impressionam, por habitarem planetas distantes e outros lugares fantásticos, realizarem demandas impossíveis, executarem situações improváveis ou confrontar forças desconhecidas e inexplicáveis. Estes podem decorrer na Terra ou no espaço sideral, em viagens no tempo ou numa linha temporal específica, mais frequentemente no futuro. Tudo isso em mediação com diferentes níveis de descobertas científicas e desenvolvimento tecnológicos que podem tornar as ações possíveis ou de desempenharem um papel de ameaça.

Igualmente, essas narrativas de muitos filmes de ficção científica, em que o debate sobre ciência e tecnologia produz uma percepção de ciência e tecnologia, não como parte do nosso cotidiano, mas como vilãs, especialidade centrada em seres dotados de inteligência além do normal e privilegiados. Além do que, estes roteiros, como resultado de um produto cultural nas narrativas dos filmes têm permanecido nas produções atuais, posto que são fontes de renda e lucros. Tal aspecto tem ganhado notoriedade nas produções cinematográficas, no contexto da “cibercultura” e, especialmente, em muitos episódios do seriado Black Mirror.

Vale destacar que o debate sobre ciência e tecnologia problematiza as produções que têm a Cibercultura como contexto cultural. Por Cibercultura entendemos a cultura contemporânea mediada pelas tecnologias digitais em rede e em mediação com o ciberespaço. Diante deste contexto, as questões sobre ciborgues ou organismos cibernéticos, que seriam inocentemente criados para poderem sobreviver às condições improváveis do espaço sideral e desempenharem tarefas proibidas aos seres humanos pautam muitos filmes de ficção, sofreram, rapidamente, um desvio ficcional em seus enredos, e passaram a debater o domínio da ciência e tecnologia para o uso militar, corporizados em personagens tão célebres como A Mulher Biónica, Darth Vader, O Exterminador do Futuro ou RoboCop, entre outros.

Segundo Conceição, Porto e Oliveira (2018) este tipo de narrativa ficcional na Cibercultura se configura como fruto do processo evolutivo pela qual passou a literatura. Trata-se de uma manifestação das diversas possibilidades compositivas da ficção que, na interação, oportunizada pelo ambiente virtual, pode ser formulada por meio das diversas linguagens expressivas.

Muitos destes filmes retratam uma natureza perigosa e sinistra do “conhecimento” e sua aplicação como ameaça à vida humana, especialmente quando em decorrência de erros científicos. As chamadas “coisas que o homem não deve saber”, como no clássico Frankenstein, 1931. Estes abordam, ainda, questões sobre a natureza da humanidade e o nosso lugar no universo. A exemplo de filmes sobre conspirações relacionadas à exploração espacial, supercomputadores que ameaçam a reprodução humana, consequências nefastas de vacinas experimentais, vírus e pragas criados em laboratório, exploração de buracos negros, experiências com engenharia genética e clonagem. Ou ainda, misteriosos e fascinantes organismos microscópicos, ou monstros mutantes gigantes, criados por cientistas loucos e incautos ou por acidentes nucleares.

Em muitas das narrativas destes filmes as histórias possuem uma natureza profética, mas são temas que fazem parte diretamente do meio científico. Assim, as produções cinematográficas tentam antecipar e representar o futuro, inserindo estas questões numa linha temporal especulativa. Comumente, o enredo e o cenário são sombrios, se apoiando numa visão distópica de um mundo cinzento, confuso, decadente. É comum que os filmes de ficção científica carreguem em seu contexto questões que permeiam a ciência e tecnologia e expressem a ansiedade social em relação ao uso excessivo e inapropriado da tecnologia. Do mesmo modo que a previsão e controle do impacto tecnológico e ambiental sobre a sociedade contemporânea.

Este tipo de narrativa faz com que os sujeitos que não estão ligados diretamente ao meio científico construam esta percepção de ciência, cada vez mais “encastelada” e produtora de situações de risco para a humanidade. Tem sido assim ao longo das décadas e não é diferente nos episódios de Black Mirror. Em muitos clássicos do cinema, por exemplo, o avanço tecnológico esconde uma população escravizada e um mundo inapelavelmente atingido pelos efeitos da industrialização. Temos o retrato perfeito de uma sociedade despótica, dominada por uma tragédia nuclear num mundo pós-apocalíptico; ou uma visão de um desastre ambiental.

Os filmes sobre androides fora de controle trouxeram as produções audiovisuais, um suposto debate sobre um futuro não tão distante, mas ainda mais enfáticos quanto a dualidade homem versus máquina. Ou ainda um futuro onde uma corporação sem escrúpulos teria o controle supremo da Terra e dos seres humanos. Deste modo, a ficção científica tem expressado o potencial da tecnologia, como produto cultural, evidenciando uma percepção de tecnologia que ocupa o lugar do homem e é desenvolvida para destruir toda a humanidade. Tudo isso por meio de eventos apocalípticos, guerras entre mundos ou encontros e desastres que colocam a Terra em perigo (Impacto Profundo, 1998; Armageddon, 1998; ou O Dia Depois de Amanhã, 2004) entre outros.

A partir dos anos de 1980, o cinema de ficção começou a ser, intensamente, produtor de filmes mais sombrios, de ética cyberpunk, com personagens que incluem ciber-guerreiros, hackers, ambientes tóxicos, entre outras figuras desagradáveis ligadas a um submundo, em cenário de pesadelo (Blade Runner - Perigo Iminente, 1982; a trilogia Matrix, 1999). O cinema incorporou a experiência visual e física do ciberespaço, em desenvolvimento, em uma espécie de gênese da Cibercultura. Isso passou a ser descrito na literatura de ficção científica como espaços virtuais, quer no padrão narrativo do filme, ou mediante interfaces que possibilitariam visualizar personagens, na sua interação direta com o passado, o presente e o futuro.

Estes enredos fizeram com que o cinema de ficção científica, em filmes e séries, conseguisse tencionar questões a respeito do desenvolvimento tecnológico, mas com a ideologia de um futuro supostamente dominado por tecnologias. Assim, a necessidade de ler criticamente estes produtos culturais, e o modo como eles produziram determinados debates e determinadas concepções de ciência e tecnologia, tornou-se eminente. Em correlação com isso as narrativas do seriado Black Mirror têm contribuído para construção de representações sobre ciência e tecnologia, que criam narrativas tecnofóbicas em rede sociais, pelos usuários do Facebook e fãs da série. Uma vez que produz roteiros em que a tecnologia tem provocado desfechos chocantes em sua relação com seres humanos, fortalecendo assim o debate separatista homem versus tecnologia.

Tecnofobia e a construção da aversão à tecnologia

A confusão em torno do conceito “tecnologia” é uma indicação de um tipo de defasagem na construção pública de seu sentido. Isto é, uma falha no uso popular e no discurso científico, para manter o ritmo com que precisa ser discutida e entendida. A “tecnologia” é há muito tempo empregada a uma impressionante coleção de fenômenos, muitos dos quais são recentes adições ao nosso mundo. Posto que deve haver uma maneira melhor de se expressar sobre esses desenvolvimentos, mas ao apresentar nossos conceitos, esvaziam-se e as recorrências sobre tecnologia acabam limitando-se a artefatos eletrônicos e digitais, entre bom uso ou mau uso da tecnologia.

Uma consequência desta superficialidade é que as discussões sobre as implicações éticas da tecnologia tendem a caminhar para uma polaridade do bem contra o mal, especialmente quando é retrato da produção da ficção científica que em muitos casos soa no imaginário popular como sinônimo de mentira ou de irrealidade. Com isso, não há meio termo para falar sobre tais coisas, as declarações muitas vezes acabam sendo expressões de afirmação total ou negação total. Ou odeia tecnologia, ou adora. Estas posições distintas materializam-se em um debate entre “tecnófilos” e “tecnófobos”.

“Tecnofilia” e “tecnofobia” são dois termos que caminham, paralelamente, no debate sobre cultura de mídias e Cibercultura, são utilizados na análise da interação do indivíduo com a sua sociedade, ou na construção de relações sociais mediadas por tecnologias. Caracterizam-se por uma atitude de apoio entusiasta à tecnologia, ou contrária a outra, de medo ou aversão. Dois conceitos relacionados com as noções de “ciberfilia” e “ciberfobia”. Optamos neste texto pela referência à tecnologia, uma vez que é mais facilmente apreensível e de aplicação mais generalizada, ao passo que o debate no seriado Black Mirror, objeto deste texto, se dá a partir de diferentes tecnologias e não pela cultura.

Os tecnófilos acreditam que os recursos da técnica e da tecnologia são os principais incitadores do avanço da Humanidade. Os seus adeptos pouco problematizam suas demandas ideológicas, sem estabelecer uma crítica às implicações e às contradições do desenvolvimento tecnológico. Já a tecnofilia é inerente a indivíduos com conhecimentos técnicos, tantas vezes concentrados na especialização de habilidades tecnológicas. Julgam que a solução para todos os problemas implica pensá-los tecnologicamente, demonstram uma “crença absoluta” nos feitos e nas promessas da tecnologia, sem grande olhar crítico sobre os seus impactos em nosso cotidiano.

Por outro lado, os tecnófobos avaliam as implicações da tecnologia e evidenciam, sobretudo, uma suposta passividade do Homem perante as tecnologias. Demonstram realmente uma aversão incontrolável à evolução tecnológica, que chega ao ponto de considerarem o desenvolvimento tecnológico como fonte de diversos problemas sociais no nosso tempo, muitos são apontados como “resistentes” ao desenvolvimento tecnológico e qualquer discurso similar é um reforço ideológico aos seus argumentos.

Ao apresentar esta premissa, como forma de contextualizar nosso entendimento acerca da importância da produção audiovisual do cinema, na construção de sentidos e subjetividades e representações sobre ciência e tecnologia, buscamos enfatizar que dificilmente teríamos como travar as inovações tecnológicas em detrimento de uma orientação otimista ou pessimista. Apesar disso, as produções de filmes e seriados no cinema caracterizam midiatizações de uma cultura científica afastada das questões sobre ciência e tecnologia, que reproduzem estereótipos distantes de nossa prática.

Expusemos isso, ao tentar evidenciar que os filmes de ficção científica têm, ao longo dos anos, reproduzido uma concepção de ciência e tecnologia que disputa espaço com a humanidade e possui agência desatrelada da existência humana, quando estes deveriam produzir uma percepção de ciência e da tecnologia que é produzida em colaboração e mediação com e para as práticas humanas.

Estas representações construídas pelo cinema e pelos seriados são na, atualidade, reproduzidas em outros espaços de coautoria e informação, como as redes sociais. Assim, ao observarmos os comentários dos fãs da série nos conteúdos compartilhados no respectivo perfil oficial no Facebook, percebemos que a produção de sentidos e subjetividades do seriado está atrelada a uma concepção de tecnologia que choca, causa medo, ou que se porta como inimiga da humanidade. Deste modo, Black Mirror, tem se notabilizado como uma espécie de oráculo das previsões, da relação de um futuro chocante entre homem e tecnologia, mesmo que os episódios em si não apresentem nenhuma descoberta tecnológica que está por vir, mas em muitos casos tecnologias do passado e do presente (LEMOS, 2018), em uma narrativa ficcional.

Sendo assim, na seção a seguir apresentaremos exemplos destes enunciados coletados no Facebook, que evidenciam a construção de uma tecnofobia em torno do debate sobre ciência e tecnologia a partir dos episódios de Black Mirror. E, similarmente, da própria representação da série como uma marca do estado de desarticulação das pessoas com o desenvolvimento tecnológico, ao se apropriarem da expressão “isso é muito Black Mirror” para representar situações de espanto ligadas à tecnologia.

Vale destacar que esta pesquisa não pretende analisar todo engajamento e participação dos fãs da série no Facebook, mas exemplificar por meio de alguns comentários, escolhidos aleatoriamente, em consonância com a proposição deste texto, como Black Mirror carrega em seu enunciado e possibilita essa reprodução de espanto e de aversão à ciência e tecnologia.

“Isso é muito Black Mirror”: narrativas em redes sociais

No dia 8 de novembro de 2016, poucas horas antes da confirmação de Donald Trump como presidente dos EUA, o Twitter da série Black Mirror, explorou a opinião dos fãs de que a trama se mistura com a vida real e fez uma publicação informando “este não é um episódio. Isto não é marketing. Isto é a realidade”. Essa impressão também foi explorada pelo marketing da Netflix, no Brasil, que no dia 16 de novembro de 2016, em um tweet que dizia “Isso é Muito Black Mirror”. Isto pode ter dado impulso na propagação da expressão em meme, uma vez que se relacionou diretamente à eleição de Trump, a um dos episódios da série.

Apesar disso, a expressão parece existir, pelo menos, desde 13 de novembro daquele ano, quando o interesse por “Isso é muito Black Mirror” aparece em figuração no Google Trends. Os primeiros exemplos desse meme, no entanto, são do dia 15 de novembro de 2016. A popularização da expressão em variados formatos de memes que geralmente atribui sentido a uma imagem, ou vídeo em associação com a frase é frequentemente repetida tanto on-line quanto off-line. Surge com o propósito demonstrar espanto à alguma situação chocante, ou especialmente a algum fato ligado a tecnologia.

Em alguns casos, o meme é seguido por alguma informação, em outros, precede uma imagem, um vídeo. Os usos da expressão variam entre postar o comentário “Isso é tão Black Mirror”, acompanhando de uma imagem da série, que causem estranhamento. Do mesmo modo, é utilizado para fazer piadas ou ironizar algumas situações que envolvam tecnologia ou desenvolvimento científico, ou qualquer situação que remeta a uma narrativa da série. Contudo, a construção da representação da série, passa a ter um sentido e uma representação de terror de medo da tecnologia em um contexto apocalíptico. Uma vez que a expressão por si só representa uma forma espantosa de implicar admiração ou apavoro. Logo, os sentidos produzidos a partir da série tomam um cenário em sua maioria de medo da tecnologia, como podemos verificar nos comentários sobre os conteúdos compartilhados na página oficial da série no Facebook.

A construção de um perfil em rede social é uma forma de implicar participação e engajamento em ambientes on-line. Funciona não apenas para pessoas, mas para eventos, instituições, empresas, produções, organizações, filmes, séries, etc. O perfil da série Black Mirror no Facebook Brasil e a comunidade mais popular do seriado no Brasil, que possui mais de 1,3 milhão de seguidores, possui claro objetivo de promover e divulgar o conteúdo do seriado. Deste modo, a escolha deste ambiente como foco de nosso corpus se deu devido ao alto grau de participação por meio de comentários dos seguidores em relação à série.

Nos comentários é possível identificar, em linhas gerais, narrativas que seguem uma mesma linha: os que apenas assistem a série sem atribui-lhe significados; os que assistem, mas não gostam das narrativas; os que gostam da série e esperam sempre narrativas ficcionais mais bem produzidas de acordo com seus interesses; e os que entendem que alguns episódios retratam uma previsão do futuro e são um anúncio de que a tecnologia pode ameaçar atividades humanas.

Destacamos que o discurso tecnofóbico entranhado neste contexto tem assumido diversas formas. Algumas, como o ludismo ou o idealismo utópico, que embora não sejam exatamente fobias, mas direcionam a uma representação de como estas pessoas enxergam os desdobramentos da tecnologia na série. Outras formas menos estruturadas podem ser ligadas aos comentários sobre Black Mirror, estas são mais pessoais e refletem as dificuldades de certas pessoas em lidar com o desenvolvimento de tecnologias mais complexas ou, de modo geral, com mudanças constantes e o ritmo acelerado da vida e a existência de entidades tecnológicas que possam mediar ou suplantar as nossas capacidades e que, no mínimo, reconfiguram a identidade humana.

Sendo assim, os recortes aqui apresentados, bem como os relatos coletados, embora coletados em contexto público nas redes sociais, foram propositalmente alterados, nomes e fotos (emoticons), como forma de resguardar a identidade dos usuários do Facebook, já que o objetivo deste trabalho não está centrado nas participações coletivas, nem nos sentidos individuais, mas nas representações dos enunciados dos episódios, a partir do debate nas postagens da página.

A partir de uma publicação do dia 21 de junho de 2019, na página oficial da série no Facebook, os episódios foram agrupados por temas que são, respectivamente, primeiro indicativo em que podemos apontar que os produtores da série consideram diretamente alguns episódios como uma possibilidade de se “ter medo da tecnologia”. Além disso, há outros agrupamentos (como mostra a Figura 1) que indicam temas ligados diretamente às consequências tecnofóbicas, ou situações que podem criar aversão à tecnologia, como; “passar nervoso”, “desgraçar minha cabeça”; “desistir das redes sociais”.

A partir disso, especialmente diante dos episódios segmentados por temas na própria página oficial no Facebook, e na possibilidade de produzir comentários a respeito deles, observamos que muitos fãs da série se posicionam, demonstrando medo aos desfechos do seriado, seja usando a expressão “isso é muito Black Mirror!” ou comentário pessoal. Por isso, ao coletarmos comentários que evidenciam, buscamos apenas demonstrar os sentidos e os significados atribuídos às narrativas ficcionais do seriado em redes sociais. A Figura 1, por exemplo, evidencia um comentário em que o seguidor aponta o seguinte: “eu queria esquecer aquele episódio das abelhas”, em seguida outro enfatiza: “aquele episódio me atormenta até hoje”. Este debate refere-se ao episódio Hated in the nation em que abelhas drone são criadas para polinizar plantas, mas que tem seu sistema invadido e passam a ser programadas para atacar seres humanos.

Fonte: www.facebook.com/Black-Mirror. Acesso em: 30 jul. 2019.

Figura 1 “Manual básico de desgraçamento da cabeça” 

A partir dos comentários no Facebook, que são significados das subjetividades dos indivíduos, podemos apontar também cinco características que exemplificam como a série Black Mirror, a partir dos episódios que retratam diretamente o debate sobre tecnologia, faz com que muitos dos fãs também esperem cada vez mais episódios que retratem um desfecho apelativo da tecnologia com o homem.

Um primeiro ponto a destacar é que a ação em alguns episódios é construída, aparentemente, num futuro próximo, onde há tecnologias, como o controle da memória através de uma aplicação ou a criação de clones de entes queridos falecidos - (Be rigth back) que, embora não existam e, provavelmente, não vão existir, mas que flertam com os medos dos fãs sobre o que o futuro nos reserva e quais os caminhos do desenvolvimento tecnológico em relação à nossa apropriação social. A utilização de smartphones e tablets para controlar o destino de outra pessoa (como num reality show) ou das redes sociais para destruir a identidade de alguém que se apresenta perigosamente possível, em episódios como Shut up and dance e Nosedive.

O debate em uma postagem sobre um dos episódios mostra como os fãs da série encaram os significados dos episódios de diferentes maneiras, os considerando futuristas, mesmo que em sua maioria as tecnologias apresentadas em Black Mirror façam referência a dispositivos já existentes e não aos que podem existir. Como afirma Lemos (2018) Black Mirror não é uma série sobre o futuro, mas sobre nossa relação com as tecnologias no passado e presente.

Outro indicativo da construção de subjetividades que tende a expandir um medo da tecnologia é o de que não há finais felizes na série, mesmo não sendo necessariamente sobre um futuro. Ao contrário de muitas narrativas ficcionais que lemos e vemos. Nenhuma personagem consegue, mesmo que queira, escolher o seu próprio destino. Este está, no enredo do seriado, condicionado pela tecnologia, pela opinião de terceiros, pela inserção num mundo inóspito, violento, competitivo, o que também pode estar ligado ao modo como os espectadores compreender os enunciados da série.

Em algumas narrativas, alguns comentários problematizam o modo como a tecnologia supostamente afeta o caráter humano. As narrativas sobre a série fazem as pessoas pensarem sobre computadores como alvos de ataques hackers, mortes provocadas por terroristas, ameaças omnipresentes, isolamento e enfraquecimento das relações interpessoais, mas em muitas situações atribuídas apenas ao efeito do uso de tecnologias. Estes temas aleatoriamente percorrem as temporadas da trama.

Alguns debates sobre a serie apontam também para o modo como as pessoas fazem correlação entre as tecnologias reproduzidas em Black Mirror e com as produções tecnológicas cotidianas, muito embora atribuam e esperem em algumas situações resultados do uso social da tecnologia, igual ou semelhante aos que o seriado apresenta. Além disso, um dos comentários espera um final mais “Black Mirror” para o episódios. Ou seja, o nome da série atrelou-se à representação chocante da relação humana com a técnica.

É possível apontar que realidade ficcional atua na construção de narrativas que por sua vez, constroem um processo de autorizar-se e, até, antever os desdobramentos de decisões científicas e tecnológicas a partir de determinado contexto histórico. Isso porque alguns episódios do seriado enfatizam a dependência das personagens de Black Mirror, das mídias, das redes sociais, ou seja, de um modo de vida em que o espetáculo faz parte do dia-a-dia, mas que a vigilância e a punição social também, como é o caso de White Bear. Algumas narrativas discutem também as semelhanças da ficção com a realidade, fazendo com que os espectadores vejam a série como uma espécie de previsão apocalíptica de nosso tempo.

A narrativa nos comentários ligados a um post sobre o episódio Arkangel, que apresenta um enredo em que uma tecnologia é desenvolvida para pais poderem acompanhar o cotidiano dos seus filhos, em alguns casos evitar experiências frustrantes, perigosas e decepcionantes. Entretanto, a proteção que poderia acontecer com o dispositivo acaba tornando o final da série chocante, uma mãe torna-se controladora e passa a interferir na vida da filha. Deste modo, este debate passa a flertar sobre questões que envolvem vigilância, controle e educação. Os comentários direcionam o enunciado do episódio para ideias de controle, liberdade, “falta de vontade de se ter filhos”. Ou seja, questões éticas envolvem a tecnologia na série, além da aversão às consequências deste uso.

Com estas percepções, que não tem como objetivo serem generalistas, mas apenas contextualizar as questões aqui debatidas, foi possível perceber que muitos acreditam que Black Mirror é um aviso a respeito do futuro. Ao passo que comentam que o seriado tem “custado noites em branco” a muitos telespectadores e “aterrorizando outros tantos”, em relação a um suposto controle que as tecnologias têm sobre as nossas vidas. Entretanto, apesar deste debate tecnofóbico e futurista, esta série, de caráter satírico, não se trata de nenhuma situação do futuro, mas do presente, como afirma (LEMOS, 2018),

Black Mirror toca de forma muito superficial nas principais questões mais agudas do presente ou mesmo do futuro próximo. As duas primeiras temporadas têm roteiros que trazem de volta problemas típicos da sociedade do espetáculo e da cultura de massa do século passado. A terceira discute mais o presente, mas mesmo assim com o imaginário e estruturas epistemológicas típicas das que foram convocadas para entender a sociedade de massa e do audiovisual do século XX. A quarta repete os temas das temporadas anteriores e não apresenta nenhuma mudança significativa (LEMOS, 2018, p. 15).

Considerações finais

Este trabalho teve como objetivo discutir como a representação da ciência e tecnologia é problematizada pelos espectadores da série Black Mirror, em redes sociais digitais. Para isso, por meio de uma pesquisa qualitativa, com análise exploratório-descritiva no Facebook Brasil, verificamos como comentários e a participação dos seguidores do perfil e supostamente fãs de Black Mirror, evidenciam seus sentidos e subjetividades sobre os episódios do seriado em rede. Assim, esta pesquisa conclui que o debate sobre tecnologia ligada a Black Mirror, no Facebook, percorre um sentido de fobia e aversão, a partir das subjetividades dos fãs, articulada aos temas dos episódios e aos enredos e aos desfechos que tencionam a relação homem x técnica.

Constatamos que mesmo não sendo a popularização da ciência e tecnologia, o principal foco da produção dos episódios de Black Mirror, a série indiretamente tenciona o debate sobre o tema, a partir de questões que envolvem apropriação social da tecnologia e a relação com os seres humanos. Entretanto, embora problematize nossa relação com as tecnologias, o seriado Black Mirror permite a construção de uma representação da ciência e tecnologia como vilãs das práticas sociais humanas, uma vez que as distopias dos episódios, enunciam uma narrativa que tem na tecnologia o desfecho de um final nunca feliz para o homem.

A construção da narrativa dos episódios, que tem a tecnologia como enredo, faz com que o sujeito seja inserido em um ambiente justaposto, em que o potencial imagético e semiótico da série é aguçado e torna-se fundamental na construção dos sentidos e das subjetividades, e de suas intepretações acerca da dualidade homem versus tecnologia. Essa situação ocorre com um importante fator adicional, que é o apelo da produção cinematográfica, sons, luzes, reproduzidas e ressignificadas, de maneira vinculada diretamente à construção de um cenário sombrio e impressionante.

É por isso que entendemos que a produção de sentidos sobre a tecnologia, neste caso, seria divergente daquela de determinadas condições de produção mais comuns em outras mídias, ou em espaços mais formais de popularização de ciência. Neste caso, os enunciados, a intertextualidade, as relações dialógicas, o próprio discurso que a narrativa carrega na construção da mensagem, são elementos que a diferenciam de outras ações de divulgação, pois como produto cultural não se prendem à veracidade dos fatos científicos, mas acabam produzindo interpretações equivocadas a respeito da produção tecnocientífica.

A construção desta linguagem não “formalizada” e desvinculada de um ambiente institucionalizado caracteriza uma forma de popularização do debate sobre ciência e tecnologia, indireta e independente, pelo gênero ficção científica, mesmo que não se tenha essa intencionalidade. Indireta, uma vez que problematiza nossa relação com tecnologias em situações de sociabilidade e de experiência culturais, a partir da ficção. E independente, posto que não se articula de modo geral a uma instituição, a um laboratório, mas é produzida pela autoria visual que gera sentidos e subjetividades em cada sujeito, que pode ou não expressar seus sentimentos em outros ambientes, como é o caso do Facebook.

Do ponto de vista discursivo, o debate sobre ciência e tecnologia, ou a respeito da série na página Black Mirror, no Facebook, pode-se produzir situações de aprendizagem, nas experiências culturais dos sujeitos, fazendo com que, a partir desse “contato” com o discurso de medo e a aversão construída pelos fãs da série, seja desencadeado um processo de produção de sentidos aleatórios, através da unidade de informação contida nele, para que este interesse despertado possa ampliar as percepções da produção tecnológicas como adversária das relações humanas.

Por este motivo concluímos que, neste caso, a popularização da discussão sobre produção tecnológica não ocorre como forma de aproximar a ciência e a tecnologia da sociedade, mas distanciá-las, especialmente na medida em que propõe situações onde as tecnologias que “supostamente” virão, tendem a ocupar os espaços da sociabilidade humana, e agirem como vilãs da humanidade.

Diante disso, entendemos as narrativas produzidas no Facebook, a partir de episódios de Black Mirror, como “o cerne da produção de sentidos que está no modo de relação (leitura) entre o dito e o compreendido (ORLANDI, 2008, p. 102), posto que um sujeito historicamente determinado tende a construir interpretações a partir de suas visões de mundo e de suas intepretações da cultura veiculadas pela produção da série. O desafio neste caso é saber que o sentido do seriado e sua compreensão popular supõem uma relação com a cultura, com a história, com o social e com a linguagem, que é atravessada pela reflexão e pela crítica, mas que também pode construir em cada indivíduo sua percepção própria a respeito de cada tema.

Referências

LEMOS, A. Isso (não) é muito Black Mirror: passado, presente e futuro das tecnologias de comunicação e informação. EDUFBA: Salvador, 2018. [ Links ]

ORLANDI, E. O inteligível, o interpretável e o compreensível. In: Discurso e Leitura. 8ª. ed. São Paulo: Editora Unicamp, 2008. [ Links ]

SAGAN, C.. O mundo assombrado pelos demônios: a ciência vista como uma vela no escuro. Trad. Rosaura Eichemberg. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. [ Links ]

CONCEIÇÃO, V. A. S.; PORTO, C. OLIVEIRA, K. E. J. . Eu narro. Quer narrar comigo? Novas formas de leitura e escrita com implicações na formação docente. Revista do Tempo presente, São Cristovão, v. 11, n. 01, p. 187-200, 2018. [ Links ]

Recebido: 20 de Junho de 2019; Aceito: 21 de Agosto de 2019

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