SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.19 número63Religiosa, imigrante, mulher: Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo - Scalabrinianas num olhar transnacional (1895-1917)“A cruz de Cristo” nas fábricas e nas escolas: Amélia de Rezende Martins e a Ação Social Brasileira (ASB) índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Compartilhar


Revista Diálogo Educacional

versão impressa ISSN 1518-3483versão On-line ISSN 1981-416X

Rev. Diálogo Educ. vol.19 no.63 Curitiba out./dez 2019  Epub 30-Jan-2020

https://doi.org/10.7213/1981-416x.19.063.ds06 

Dossiê

Singularidade feminina no catolicismo: práticas formativas em um caminho permeado de “espinhos e rosas”

Female singularity in Catholicism: qualification practices in a path permeated with “thorns and roses”

Singularidad femenina en el catolicismo: prácticas formativas en un camino de "espinas y rosas"

a Professora adjunta do Departamento de Educação da Universidade Federal de Sergipe. Doutora em Educação, e-mail: mariajosedantas@yahoo.com.br


Resumo

A presente pesquisa lança um olhar sobre o papel da mulher na Igreja, sua singularidade, dignidade e particularidades, apresentando o cotidiano e as práticas educativas empreendidas por moças que escolheram o ambiente religioso católico como campo de atuação. Nesse sentido, o estudo investiga de modo específico as práticas formativas desenvolvidas no interior da Congregação das “Irmãs Teresinhas”, sobretudo no que diz respeito à atuação da Madre Valdelícia, Superiora Geral por mais de 30 anos. A análise foi realizada a partir dos pressupostos teóricos fundamentados na Nova História Cultural e na História da Educação e tem como base os conceitos de carisma, capital cultural e campo religioso de Pierre Bourdieu (1989, 1980, 2005, 2012), além de estratégia de Michel de Certeau (1994) e representação de Roger Chartier (1990, 2002). A metodologia utilizada consistiu em pesquisa bibliográfica, documental e realização de entrevistas. Dentre as fontes utilizadas estão diários, livros, cartas, crônicas da Congregação, recortes de jornais, certificados e os depoimentos orais. Conclui-se que, não obstante as várias dificuldades, denominadas “espinhos”, a Congregação e a Madre transitaram com êxito no campo religioso e educacional de Sergipe. Valdelícia construiu relações com personalidades e firmou-se, sendo respeitada e estimada por bispos, padres e demais autoridades eclesiais e civis. Além disso, por meio de sua atuação como professora, diretora e Madre Superiora, desenvolveu uma intensa atividade educativa e tornou-se uma personagem com muitas contribuições para a História da Educação Católica em Sergipe.

Palavras chave: Congregação das Irmãs Teresinhas; Práticas formativas; Valdelícia Martins

Abstract

This study seeks to cast a look onto the woman’s role in the Church reaching out to its singularity, dignity and peculiarities, through presenting the everyday life with the educational practices taken ahead by young women that choose the catholic religious environment as their field of action. To seek this objective, the study investigates specifically the educational practices developed within the Congregation of “Irmãs Terezinhas”(sisters “Terezinha”), specially with respect to the work of Mother Valdelícia, General Superior for over thirty years. The analysis was performed based on the theorical assumptions of the New Cultural History and History of Education as well as the concepts of charism, cultural capital and religious field of Pierre Bourdieu (1989, 1980, 2005, 2012). Furthermore the strategy of Michel de Certeau (1994) and representation of Roger Chartier (1990, 2002) were also used as reference. The methodology used consisted in bibliographic research, document assessment as well as interviews. Within the sources used are diaries, books, letters, Congregation Chronicle, newspaper clippings, certificates and oral statements. It was possible to conclude, that despite the several difficulties, named “thorns”, the Congregation and the Mother transmitted successfully in the educational and religious fields of Sergipe. Valdelícia built relations with personalities and consolidated herself being respected and appreciated by bishops, priests and other ecclesial as well as civil authorities. Moreover, through her work as teacher, director and Superior Mother, she developed an intense educational activity and became a reference with many contributions for the History of Catholic Education in Sergipe.

Keywords: Congregation of the Sisters Teresinha; Educational Practices; Valdelícia Martins

Resumen

Esta investigación busca analizar el papel de las mujeres en la Iglesia, su singularidad, dignidad y particularidades, presentando la vida cotidiana y las prácticas educativas emprendidas por las niñas que eligieron el ambiente religioso católico como su campo de acción. En este sentido, el estudio investiga específicamente las prácticas formativas desarrolladas dentro de la Congregación de las "Hermanas Teresinhas", especialmente con respecto al desempeño de la Madre Valdelicia, Superiora General durante más de treinta años. El análisis se embasó en supuestos teóricos de la Nueva Historia Cultural y la Historia de la Educación y en los conceptos de carisma, capital cultural y campo religioso de Pierre Bourdieu (1989, 1980, 2005, 2012), así como en la estrategia de Michel de Certeau (1994) y la representación de Roger Chartier (1990, 2002). La metodología utilizada consistió en investigación bibliográfica, documental y entrevistas. Entre las fuentes utilizadas se encuentran diarios, libros, cartas, Crónicas de la Congregación, recortes de periódicos, certificados y declaraciones orales. Se concluye que, a pesar de las diversas dificultades llamadas "espinas", la Congregación y la Madre transitaron con éxito en el campo religioso y educativo de Sergipe. Valdelícia construyó relaciones con personalidades y se estableció, siendo respetada y estimada por obispos, sacerdotes y otras autoridades eclesiales y civiles. Además, a través de su papel de maestra, directora y madre superiora, desarrolló una intensa actividad educativa y se convirtió en un personaje con muchas contribuciones a la Historia de la Educación Católica en Sergipe.

Palabras clave: Congregación de las Hermanas Teresinhas; Prácticas formativas; Valdelícia Martins

Introdução

A presente pesquisa é proveniente de um conjunto de estudos que enfatizam as práticas formativas empreendidas por mulheres católicas, no cenário educacional brasileiro e além Brasil. O interesse pela temática se constituiu a partir da realização de alguns trabalhos que tiveram como foco a “escrita de si”, de modo específico, as cartas e diários de algumas santas, religiosas e leigas católicas.

Segundo Gomes (2004) as práticas culturais de escrita de si integram um conjunto de modalidades do que se convencionou chamar produção de si, que pode ser mais bem entendida a partir da ideia de uma relação que se estabeleceu entre o indivíduo moderno e seus documentos. Essa produção pode englobar um diversificado conjunto de ações, autobiografias, diários, cartas, que resultam na constituição de uma memória de si.

As práticas de escrita de si podem evidenciar, assim, com muita clareza, como uma trajetória individual tem um percurso que se altera ao longo do tempo, que decorre por sucessão. Também podem mostrar como o mesmo período da vida de uma pessoa pode ser “decomposto” em tempos com ritmos diversos: um tempo da casa, um tempo do trabalho, etc (GOMES, 2004, p. 13).

Em séculos passados, muitas famílias, confessores e educadores estimularam a anotação dos acontecimentos vivenciados durante o dia em diários ou por meio da troca de correspondências. Essa prática era comum nas famílias, em seminários, conventos, congregações religiosas e possibilitou, em muitos casos, que esses registros resistissem ao tempo e se constituíssem matéria prima para o trabalho de muitos historiadores. Dantas (2014), na tese intitulada: “Escrever-te-ei... tu também me escreverás?” a escrita epistolar católica como prática docente, encontrou, além dos textos da professora italiana Chiara Lubich, objeto do estudo, escritos de Catarina de Sena, Teresa d’Ávila, Tereza de Lisieux e Clara de Assis, mulheres que por várias maneiras desempenharam relevante papel na Igreja.

É possível também verificar o protagonismo de mulheres católicas contemporâneas que se destacaram no século XX aliando sua formação pedagógica à espiritualidade cristã, dentre elas: Chiara Lubich, Ginetta Calliari, Doriana Zamboni, Madre Teresa de Calcutá. Essas mulheres com relevante papel no âmbito educacional e na História da Igreja têm chamado atenção de diversos historiadores.

Entre uma pesquisa e outra algumas histórias dessas mulheres vão se cruzando. Assim, nesta análise, busca-se de modo específico, lançar um olhar sobre o papel da mulher na Igreja, sua singularidade, dignidade e particularidades, apresentando o cotidiano e as práticas educativas empreendidas por moças que escolheram o ambiente religioso católico como campo de atuação. A Igreja Católica construiu e administrou, ao longo dos séculos, uma trajetória de práticas educativas e escolares que interessa a História da Educação. No interior de seu processo formativo existem aspectos relevantes desenvolvidos por leigas, Santas, intelectuais e congregações religiosas.

De acordo com Nunes (1978), o cristianismo se difundiu fundamentado na base pedagógica de Jesus Cristo, que sinalizava uma ruptura com o passado e era apresentada de maneira concreta por meio de seus sermões. Ele utilizou como exemplos a natureza em suas várias expressões. Contou parábolas e apresentou um conjunto de imagens, de representações conhecidas pelo povo: sal, semente, terra, farinha, ovelha, pastor.

A pedagogia do Cristo foi propagada por seus apóstolos e por mulheres, suas seguidoras. A primeira delas é a própria mãe, Maria. Segundo a tradição da Igreja, o exemplo mariano de acolher Jesus e divulgar Seus ensinamentos tem servido como modelo para outras cristãs. Maria Voce (2012), presidente do Movimento dos Focolares1, respondendo aos jornalistas Paolo Lòriga e Michele Zanzucchi, diz que o “Perfil Mariano”2 conforme aponta o teólogo suíço Hans Urs von Balthasar (2016) “é a presença de Maria, que não se limitou ao primeiro século da Igreja nascente, mas continuou ao longo do caminho”. Nesse sentido, as mulheres que atuam no interior da Igreja sob o exemplo de Maria, revestem essa instituição historicamente guiada por homens, com um Perfil Mariano, ou ainda com uma dinâmica de vida Mariana.

Contudo nem sempre a permanência e o serviço da mulher na Igreja foi uma tarefa fácil. Vários historiadores têm apresentado trajetórias de Congregações religiosa3 que não obstante a piedade, devoção e o trabalho formativo desenvolvido, passaram por grandes dificuldades, seja no sentido da aceitação de suas atividades, seja na autorização eclesiástica dos seus estatutos. Santana (2018) fala dentre outros aspectos, sobre mulheres que foram rejeitadas no interior da Igreja. “As Beatas fizeram parte, entretanto estavam à parte quando o assunto era Igreja Católica. Mesmo dedicadas à religião, muitas acabaram sofrendo perseguição dessa instituição” (SANTANA, 2018, p. 73)4.

Nas últimas décadas a Igreja, por meio de seus representantes, tem dado uma atenção especial à mulher: O Papa João Paulo II teve um olhar atento à figura feminina, supõe-se que visando dar à mulher a importância que lhe é devida no mundo. O Pontífice elaborou em 1988 uma carta encíclica denominada Mulieris dignitatem, sobre a dignidade e vocação da mulher. No referido documento o Papa ressalta o grande dom que a mulher é para humanidade, em sua singularidade, feminilidade, na originalidade específica, com a sua amabilidade e bondade natural. Na terceira parte da carta o Papa ressalta que a mulher tem “a inata capacidade de ser fonte de alegria e de paz para aqueles que as cercam, têm uma graça que permite defini-las talvez como a obra prima da criação” (PAPA, 1988, s/p).

Não obstante a ênfase dada pelo Pontífice à figura feminina, percebe-se que sua Carta Apostólica não avança no sentido de levar em conta muitas das reinvindicações da mulher, particularmente no que tange a romper com determinados estereótipos de gênero que lhe são impostos e que acabam sendo reforçados na Encíclica. Nesse sentido percebe-se que a Igreja não investe o quanto as mulheres desejam no debate sobre o papel feminino e infelizmente continua mantendo uma visão conservadora, reforçando a tarefa de coadjuvante, a ela reservada ao longo dos séculos. Um exemplo disso pode-se observar recentemente nos trabalhos do Sínodo da Amazônia, evento realizado em Roma durante o mês de outubro de 2019. O Sínodo contou com a presença de mais de 200 pessoas, entre bispos, cardeais e teve a participação inédita de 35 mulheres. No entanto, nos momentos decisivos, elas não tiveram direito a voto. Isso nos reporta ao que Bourdieu (2012) enfatiza quando trata sobre a dominação masculina. Segundo o autor, o princípio da dominação masculina está tão impregnado nas estruturas sociais que reflete consciente e inconscientemente nas nossas relações. Para ele as estratégias de reprodução do mundo social centralizam-se através de diferentes instituições como igreja, escola e Estado, lugares de elaboração e de imposição de princípios de dominação (BOURDIEU, 2012, p.11). Ou seja, se por um lado a Igreja enaltece a mulher convidando-a a participar de grandes eventos no interior da instituição, por outro lado, continua enfatizando que é a voz masculina quem decide o que a mulher deve fazer.

No Brasil, em sintonia com a Encíclica de João Paulo II (PAPA, 1988), e buscando aprofundar o assunto, em 1990 a Conferência Nacional dos Bispos no Brasil, CNBB lançou como temática da Campanha da Fraternidade “Fraternidade e Mulher”, visando abordar o reconhecimento da sociedade à figura feminina e à importância do seu trabalho na Igreja.

O sucessor de João Paulo II, Bento XVI, também em diversas ocasiões tratou sobre a importância da mulher na Igreja. Na audiência geral de 14 de fevereiro de 2007, ele falou sobre as mulheres a serviço do Evangelho, na oportunidade enfatizou as mulheres que aparecem na Sagradas Escrituras e pelas quais Jesus teve um olhar particular. Ele retoma a carta encíclica de João Paulo II e afirma:

Em síntese, a história do cristianismo teria tido um desenvolvimento muito diferente, se não houvesse a generosa contribuição de muitas mulheres. Por isso, como pôde escrever o meu venerado e querido Predecessor João Paulo II na Carta ApostólicaMulieris dignitatis,a Igreja rende graças por todas e cada uma das mulheres... A Igreja agradece todas as manifestações do "gênio" feminino, surgidas no curso da história, no meio de todos os povos e nações; agradece todos os carismas que o Espírito Santo concede às mulheres na história do Povo de Deus, todas as vitórias que deve à fé, à esperança e à caridade das mesmas: agradece todos os frutos de santidade feminina" (BENTO XVI, p. 02, 2007).

Visando aprofundar a reflexão sobre o papel da mulher na Igreja, posteriormente, ao longo do ano 2010 Bento XVI, em 13 audiências gerais, tratou sobre os relevantes serviços prestado à Igreja por várias Santas: dentre elas Santa Gertrudes; Beata Ângela de Foligno; Beata Chiara Badano; Santa Clara de Assis. Em uma destas audiências, exatamente quando falava sobre Clara de Assis, ele afirmou: “A Igreja deve muito às mulheres” (PAPA, 2010, s/p). Segundo Bento XVI (PAPA, 2010, s/p), “essas mulheres são intrépidas e ricas na fé, capazes de dar um impulso decisivo para a renovação da Igreja”.

O atual chefe da Igreja Católica, Papa Francisco, em várias ocasiões tem falado sobre a importância da mulher tanto na sociedade civil, como na Igreja. Dentre os discursos significativos, destaca-se o pronunciado em 7 de março de 2018 à Plenária do Departamento da Cultura, na Cúria Romana, centralizado no tema “As culturas femininas: igualdade e diferença”. Na ocasião o Papa disse: “que as mulheres se sintam não hóspedes, mas plenamente partícipes das várias esferas da vida social e eclesial” (GISOTTI; JOSÉ, 2018, s/p). Ele advertiu que “é um desafio que não pode mais ser adiado”, e enfatizou a urgência de “oferecer espaços às mulheres na vida da Igreja”, favorecendo “uma presença mais ampla e incisiva nas comunidades” com maior envolvimento das mulheres “nas responsabilidades pastorais” (GISOTTI; JOSÉ, 2018, s/p).

Um olhar aguçado sobre a atuação feminina na Igreja ao longo dos séculos permite identificar mulheres que optaram pelo seguimento do Evangelho numa perspectiva de um “Perfil Mariano” e que tiveram reconhecimento e aceitação por parte da Igreja. Contudo percebe-se também que outras mulheres travaram verdadeiras batalhas pela aceitação no campo católico.

Trilhando nessa direção, a pesquisa que ora se desenvolve busca ressaltar a participação da mulher na Igreja de Sergipe, de modo específico investiga as práticas formativas desenvolvidas no interior da Congregação das “Irmãs Teresinhas”, sobretudo no que diz respeito à atuação da Madre Valdelícia Martins da Silva, Superiora Geral por mais de 30 anos.

A justificativa para a escolha do objeto deve-se à ausência de estudos sobre as atividades formativas da Madre, bem como, o interesse por estudos de práticas educativas empreendidas por mulheres católicas.

As principais fontes encontradas e que serviram como base para este estudo, são um livro organizado pela Irmã Maria Eleonôra de Jesus Morais (2016), composto por duas partes: A primeira com 20 capítulos apresenta uma parte da autobiografia da Madre, escrita em cadernos entre as décadas de 40 e 50 e que só foram encontrados após sua morte. Na segunda parte do livro, a Irmã “Morais” apresenta alguns relatos biográficos, bem como documentos históricos, cartas e depoimentos sobre a Madre. Uma fonte importante utilizada também nesta análise é o documento Congregação Santa Teresinha (1997), livro comemorativo dos 50 anos da Congregação, organizado pela Madre, e ainda alguns depoimentos de religiosas que conviveram com a Madre.

Madre Valdelíca: raízes familiares e percurso formativo

Valdelícia Martins da Silva nasceu na localidade denominada Passagem Funda, no município de Aracoiaba/CE, no dia 26 de janeiro de 1927.

Seus pais, os agricultores, Plácido Martins da Silva e Maria da Glória Martins, de origem e fé católica, procuraram transferir para seus 20 filhos o sentimento religioso que possuíam, bem como um profundo respeito e admiração pelo saber.

Segundo Morais (2016) com essa preocupação, morando em uma localidade desassistida pelo poder público na área educacional, iniciou em 1923 a alfabetização dos seus primeiros filhos por meio da professora Inês, trazida pelo Sr. Plácido da Serra de Baturité. A contribuição da jovem professora não limitava-se aos filhos do Sr. Plácido, mas proporcionou acesso ao saber também a filhos de outras famílias. Ainda, de acordo com Morais (2016), várias outras professoras passaram pela localidade, sempre levadas pelo Sr. Plácido que lhes oferecia a hospedagem e o salário.

Em 1935, uma de suas filhas, Lídia Martins da Silva, assumiu a responsabilidade de alfabetizar os irmãos mais novos e demais filhos de agricultores da comunidade. Alguns anos depois, de acordo com Morais (2016), a Prefeitura Municipal de Aracoiaba assumiu a responsabilidade pelo ensino e a contratou como professora da rede municipal.

Segundo Morais (2016), os primeiros 15 anos de Valdelícia passaram-se na pacata localidade de Passagem Funda. Sua trajetória escolar teve inicio por meio da irmã Lídia na pequena sala de aula da localidade. Após chegar ao limite de instrução oferecido por aquela pequena escola, era preciso frequentar escolas mais adiantadas, mas devido às dificuldades financeiras e a distância parecia impossível. Porém aos 15 anos, de acordo com Morais (2016), convidada pela madrinha Dona Cantinilha, surgiu a oportunidade de morar em Baturité e estudar no Instituto Nossa Senhora Auxiliadora, escola onde matriculou-se no terceiro ano primário e ficou até a sétima série.

O contato com as Irmãs Salesianas durante cinco anos possivelmente aprofundou a fé de Valdelícia e a dedicação à Igreja Católica. Assim, de acordo com Morais (2016), observada por um professor, que era também o seu confessor e diretor espiritual, o Padre José Gumercindo dos Santos, sacerdote sergipano de Itabaiana, que naquele período estava trabalhando em Baturité, foi convidada juntamente a outras seis jovens para se transferirem para Sergipe visando fundar uma Congregação das Irmãs Teresinhas.

O processo formativo interrompido no Ceará por conta da viagem continuou em Sergipe na primeira metade da década de 50, quando concluiu o primário no Ginásio Santa Terezinha em Boquim e fez o curso de magistério no Colégio Patrocínio São José em Aracaju. Depois na década de 60, cursou licenciatura em Letras/Francês na Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe e posteriormente participou de diversos cursos de aperfeiçoamento na área educacional em instituições diversas.

A criação da Congregação das Irmãs Teresinhas

O local escolhido para o nascimento da Congregação foi a cidade de Boquim, onde o Padre José Gumercindo já havia passado anteriormente celebrando missões. Localizada no sul do estado, a cidade de Boquim é conhecida como “a terra da laranja” e a citricultura possibilitava grande fluxo de pessoas no município. Assim, o Padre Gumercindo, amigo do vigário da Paróquia Nossa Senhora Sant’Ana, naquela localidade, fez amizade também com algumas pessoas da sociedade e conseguiu fundos para transportar as jovens de Fortaleza para Aracaju.

Nesse sentido, no dia 12 de março de 1947, após três dias de viagem, chegaram de caminhão à cidade de Boquim, o Padre e mais sete jovens: Theosete Gomes de Oliveira; Luisa Isolda Furtado; Maria Alice Dantas; Valdelícia Martins da Silva; Lilita de Freitas; Margarida Alacoque Freitas e Maria Alzinda Tavares. O grupo foi recebido em uma solenidade na Igreja Matriz. E após as orações e imposição das mãos dos celebrantes, estava fundada a “Sociedade Santa Teresinha”, que tem como patrona e protetora a Santa francesa Teresinha de Lisieux, considerada a Santa das rosas.

Visando assegurar a convivência fraterna das jovens, o Padre Gumercindo elaborou um conjunto de “Normas e conselhos sobre a caridade fraterna”. A primeira delas diz que: “quem faz votos nessa Sociedade fica obrigada a cultivar de modo especial a caridade fraterna, virtude básica do cristianismo.” (CONGREGAÇÃO, 1997, p. 58).

No entanto o início das atividades da Congregação, que inicialmente nasceu como sociedade, não foi fácil. Após a chegada em Boquim, começou uma batalha pelo reconhecimento e aprovação da Igreja e da sociedade. Algumas dificuldades surgiram nesse processo de aceitação e isso caracteriza o que Bourdieu (2005) chama de luta pelo espaço no campo. A Igreja Católica em Boquim e em Sergipe tinham um posto estabelecido com seus movimentos e associações. Mas a chegada daquele Padre com as jovens, vindas de outra cidade, com a intenção de fundar uma nova associação fez acontecer muitos movimentos em defesa de espaço.

Na medida em que consegue impor o reconhecimento de seu monopólio (extra ecclesiam salus) e também porque pretende perpetuar-se, a Igreja tende a impedir de maneira mais ou menos rigorosa a entrada no mercado de novas empresas de salvação (como por exemplo, as seitas e todas as formas de comunidade religiosas independentes), bem como a busca individual de salvação (por exemplo, através do ascetismo, da contemplação e da orgia). Ademais, a Igreja visa conquistar ou preservar um monopólio mais ou menos total de um capital de graça institucional ou sacramental (do qual é depositária por delegação e que constitui um objeto de troca com os leigos e um instrumento de poder sobre os mesmos) pelo controle do acesso aos meios de produção, de reprodução e de distribuição dos bens de salvação (ou seja, assegurando a manutenção da ordem no interior do corpo de especialistas) e pela delegação ao corpo de sacerdotes (funcionários do culto intercambiáveis e, portanto, substituíveis do culto do ponto de vista do capital religioso) do monopólio da distribuição institucional ou sacramental e, ao mesmo tempo, de uma autoridade (ou uma graça) de função (ou de instituição) (BOURDIEU, 2005, p. 58).

Dessa forma, visando preservar o capital da graça institucional, a Igreja Católica iniciou uma série de análises sobre a recém-criada sociedade e esse processo teve várias fases. Segundo Morais (2016), a “Sociedade adquiriu personalidade jurídica em 12 de abril de 1947, denominando-a ‘Instituto Santa Teresinha’” e em meio às lutas e busca pelo espaço no campo religioso, as jovens começaram a trabalhar no Externato Santa Teresinha, que segundo Morais (2016), possuía uma média de 200 crianças.

É importante lembrar que aquele Padre, com aquelas jovens desejavam criar uma Congregação, numa Igreja Católica, anterior ao Concílio Vaticano II, onde existiam muitas restrições e conservadorismo. Pensando em Bourdieu (1990) e sua análise sobre o campo religioso, consta-se que esse é um espaço cujos agentes (padre, profeta, leigo, etc.) lutam pela imposição da definição legítima não só do religioso, mas também das diferentes maneiras de desempenhar o papel religioso. Assim, as primeiras barreiras a serem vencidas era a aprovação da sociedade e aprovação e reconhecimento da Igreja Católica por meio do Bispo e do Papa.

Enquanto tramitavam os vários processos para aprovação no âmbito religioso, visando sanar a necessidade escolar da população, e também possibilitar que as freiras concluíssem o ensino primário, o Padre criou o Ginásio Santa Teresinha, uma escola particular que visava dentre outros aspectos subsidiar financeiramente o Externato e a manutenção das freiras. A partir daí, de acordo com Morais (2016), o trabalho começou a ser reconhecido pelos moradores da cidade.

Aos poucos os documentos da Sociedade foram sendo analisados pela Igreja, foram criadas as Constituições da Sociedade Santa Teresinha e os Estatutos. O fundador, Padre Gumercindo, foi criando novas formas de organização, elencou as Irmãs em comissões e designou a Irmã Valdelícia como responsável pela Comissão de Estudos, começando assim uma trajetória de liderança em meio às outras Irmãs.

O trabalho em Boquim continuou e aos poucos o número de moças na sociedade foi aumentando, outras jovens juntaram-se ao grupo, dentre elas a irmã Maria Eleonora de Jesus Morais, colaboradora nesta pesquisa e organizadora da biografia da Madre Valdelícia que foi publicada em 2016. A Irmã Morais conheceu Valdelícia em 1960 quando ela atuava como diretora no Ginásio Santa Terezinha.

Em abril de 1960, Dom José Vicente Távora, bispo de Aracaju, convidou a Irmã Valdelícia e mais três irmãs para residir em Aracaju, na sede do Movimento de Educação de Base (MEB). Em 1961 o bispo lhe conferiu o título de Superiora Geral, denominando-a Madre Valdelícia.

Dom Távora empenhou-se em acelerar o processo de aprovação canônica da Sociedade, que aconteceu em 2 de fevereiro de 1965 após o final do Concílio Vaticano II.

De acordo com Morais (2016) as Irmãs Teresinhas têm como carisma testemunhar Jesus Cristo com humildade e simplicidade evangélica, fazendo tudo por amor, a exemplo de Santa Terezinha. Já com relação à Madre Valdelícia, existe uma representação de seu carisma num sentido de voltado à pastoral missionária, à caridade aos mais pobres e amor aos sacerdotes.

No que diz respeito a carisma, de acordo com o dicionário de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira (1999), é uma palavra que vem do grego chárisma, que significa “DOM”, ou seja, “é uma força divina conferida a uma pessoa, em vista da necessidade ou utilidade da comunidade religiosa” (FERREIRA, 1999, p. 411). E ainda, pode ser definido como “atribuição a outrem de qualidades especiais de liderança derivadas de sanção divina” (FERREIRA, 1999, p. 411).

Do ponto de vista do catolicismo, consoante Smerilli (2011), carisma é:

Aquilo que dá alegria. Chárisma ou kharis tem também a raiz da palavra gratuidade. A gratuidade é uma atitude interior livre que leva a colocar-se ao lado de cada ser vivo, cada pessoa, cada atividade, a natureza e a si mesmo, com o entendimento de que tudo isso não são "coisas" para usar, mas realidades para respeitar e amar, porque eles têm um valor intrínseco que a pessoa aceita e reconhece como bom (SMERILLI, 2011, s/p, tradução minha).

A autora exemplifica esse conceito ao citar vários personagens da história da Igreja: Luisa de Marillac, Francisco de Sales, Joana de Chantal, Dom Bosco, Scalabrini, Cottolengo, Dom Calabria, Francesca Cabrini, Alberto Hurtado, Ernesto Shaw. Para Smerilli (2011, s/p, tradução minha):

Essas pessoas receberam o dom de ver nos pobres, nas crianças de rua, nos imigrantes, nos doentes e em todos os que vivem em necessidade, algo grande e bonito pelo qual valeria a pena dedicar a vida. Centenas de milhares de pessoas os seguiram atraídos e inspirados por aquele carisma. O carisma é portanto, um dom para olhos capazes de ver coisas que os outros não vêem.

Neste sentido, o “carisma” da Congregação tem como meta o anúncio do Evangelho aos povos, tendo como base o amor, já a Madre tem sua representação ligada à missão, aos cuidados. Pensando em carisma, como o define Bourdieu (2005, p. 55), reservado para “designar as propriedades simbólicas (em primeiro lugar, a eficácia simbólica) que se agregam aos agentes religiosos na medida em que aderem à ideologia do carisma, isto é, o poder simbólico que lhes confere o fato de acreditarem em seu próprio poder simbólico”, o fato de o líder religioso acreditar que é detentor de um carisma lhe confere um poder concedido a si mesmo, que é refletido também em liderança para com os outros. Assim, o líder carismático impõe um poder, uma representação simbólica como sendo alguém que “faz descer do céu, o que ele devolve ao céu aqui da terra” (BOURDIEU, 2005 p. 55).

Assim sendo, a ideia de que a Congregação e a Madre, são dotadas por um carisma, possibilitaram atuar em várias frentes de ação, tanto no interior da Igreja, quanto na sociedade por meio da fundação de instituições e colégios, como o Externato Santa Terezinha, os Oratórios festivos (Lar Nossa Senhora das Graças - um orfanato que abrigava menores abandonados), uma Liga das Teresinhas e a Liga do Anjo da Guarda (que visava trabalhar pela boa imprensa).

A Congregação tem como missão “anunciar o Evangelho e educar, de preferência os pobres dispersos em todas as partes do mundo. E como Lema: Ação - reação - oração” (CONGREGAÇÃO, 1997, p. 6).

A Congregação se expandiu por outros estados do Brasil: Bahia, Ceará, Piauí, Alagoas e Amazônia; e por um desejo missionário da Madre Valdelícia, em 2002 um grupo de freiras, conduzidas por ela, chegou à Guiné Bissau na África.

Atualmente a Congregação dispõe de 18 casas de formação religiosa no Brasil e atua em três escolas particulares: o Colégio Santa Teresinha em Boquim, o Instituto Dom Fernando Gomes em Aracaju e o Centro Educacional Madre Valdelícia em Maceió.

Madre Valdelícia: atividades e representações

Dentre as atividades desenvolvidas pela Madre em Sergipe, estão a atuação como professora de Português e Francês em algumas escolas estatuais; professora de Trabalhos Manuais, Desenhos e Economia Doméstica; diretora do Colégio Santa Terezinha em Boquim e do Instituto Dom Fernando Gomes em Aracaju; Supervisora das Escolas Radiofônicas de Sergipe e formadora e Superiora Geral da Congregação das “Irmãs Teresinhas”.

No que diz respeito à atuação como formadora das religiosas, ela orientava as várias etapas: o aspirantado, o postulantado e o noviciado. O processo de formação era realizado tanto de modo presencial, como por meio de cartas. A Congregação possui alguns instrumentos de formação e regulação: as Constituições, os livros de crônicas e a realização dos “Capítulos”. Preocupada com a formação científica das freiras, a Madre Valdelícia possibilitava e incentivava para que todas tivessem acesso ao ensino superior.

Dentre os principais temas presentes nos escritos autobiográficos da Madre, estão os colóquios com Jesus, a quem chamava “Divino Mestre”. Já nas cartas ela enfatiza a atenção aos relacionamentos entre as irmãs: igualdade/fraternidade; os cuidados com as tarefas da casa; o envolvimento nas atividades pastorais; a atenção às práticas de piedade: oração; e a preocupação com gastos de telefonemas.

Por conta de sua vasta atuação em Sergipe, ela obteve alguns reconhecimentos públicos e religiosos dentre eles recebeu a Bênção Apostólica de João Paulo II em 1999. E o Título de Cidadã Sergipana da Assembleia Legislativa em 2000.

A Madre Valdelícia faleceu em 2003 após ter contraído malária durante sua viagem em missão a África. Seus restos mortais foram sepultados no jardim da Casa Central das irmãs Teresinhas em Aracaju, em meio a muitas rosas e junto ao busto de Santa Teresinha. Sua presença também tem sido materializada por meio de um busto entronizado em um jardim pleno de rosas em frente à Casa de Repouso, onde residem as Irmãs mais idosas e que já não conseguem participar ativamente da missão. Muitas dessas freiras conviveram durante muitos anos com a Madre.

Mesmo se não era objeto desta análise, foi possível observar a existência de algumas semelhanças entre a Madre Valdelícia e Teresinha de Lisieux. Percebe-se que as duas tiveram muitos problemas de saúde, dentre eles a tuberculose. As duas escreveram textos místicos; e ainda, em seus relatos autobiográficos aparecem perspectivas ligadas a espinhos e rosas.

Considerações finais

A análise permitiu conhecer o relevante trabalho empreendido pela madre Valdelícia dentro da Congregação das “Teresinhas” e sua influência na Igreja Católica de Sergipe, do Brasil e além Brasil. Conclui-se que não obstante as várias dificuldades, denominadas “espinhos”, a Congregação e a Madre transitaram com êxito no campo religioso e educacional de Sergipe. Valdelícia construiu relações com personalidades e firmou-se, sendo respeitada e estimada por bispos, padres e demais autoridades eclesiais e civis. Além disso, por meio de sua atuação como professora, diretora e Madre Superiora, desenvolveu uma intensa atividade educativa e tornou-se uma personagem com muitas contribuições para a história da educação Católica em Sergipe.

Percebe-se também que por meio de seus escritos autobiográficos a Madre foi construindo sua memória ao longo dos anos. Em atenção à sugestão de seu confessor, ela realizava tanto a escrita em diários, como a escrita de cartas, o que possibilita ao pesquisador se deparar com vários elementos que permitem acompanhar sua trajetória.

Observa-se também que pesquisar a Educação Católica é um desafio. Em alguns casos não existem arquivos ou estão mal conservados, em outros existem uma série de restrições que dificultam o acesso dos pesquisadores às fontes. No caso da Madre Valdelícia as fontes estão sendo disponibilizadas de modo gradativo.

Compreende-se que o estudo sobre a singularidade feminina no catolicismo com ênfase nas práticas formativas desenvolvidas por mulheres leigas, santas e religiosas, proporciona um campo fértil de pesquisa, à medida que nos aproxima dos modos de vida, aprendizados e histórias, até então desconhecidas, principalmente no tocante à educação feminina. A partir dos variados estudos realizados, verifica-se também que a atuação da mulher na Igreja ao longo dos séculos nem sempre teve o merecido reconhecimento. Contudo, não obstante sua trajetória ter sido permeada por “espinhos” percebe-se que a singularidade e a força feminina ultrapassam barreiras e possibilita evidenciar nos caminhos percorridos, a “beleza e o perfume das rosas”.

Referências

AVÍLA, F. B. de. Pequena Enciclopédia de Doutrina Social da Igreja. São Paulo: Edições Loyola, 1991. [ Links ]

BALTHASAR, H. U. V. Maria para hoje. São Paulo: Paulus, 2016. [ Links ]

BÍBLIA Sagrada. Tradução de Centro Bíblico Católico. 31. ed. São Paulo: Ave Maria, 1981. [ Links ]

BOURDIEU, P. A Dominação masculina. Tradução de Maria Helena Kuhner. 11. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012. [ Links ]

BOURDIEU, P. Gênese e estrutura do campo religioso. In: BOURDIEU, P. A economia das trocas simbólicas. 6. ed. São Paulo: Perspectiva, 2005. p. 27-78. [ Links ]

BOURDIEU, P. Algumas propriedades dos campos. In: BOURDIEU, P. Questões de Sociologia. São Paulo: Marco Zero, 1980. p. 89-94. [ Links ]

BOURDIEU, P. O poder simbólico. Lisboa: Difel; Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 1989. [ Links ]

BURKE, P. O que é História Cultural? Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005. [ Links ]

CAMBI, F. História da Pedagogia. São Paulo: Unesp, 1999. [ Links ]

CERTEAU, M. de. A invenção do cotidiano: 1. artes de fazer. Petrópolis: Vozes, 1994. [ Links ]

CHARTIER, R. A Beira da Falésia: a história entre incertezas e inquietude. Porto Alegre: UFRGS, 2002. [ Links ]

CHARTIER, R. A História Cultural: entre práticas e representações. Tradução de Maria Mauela Galhardo. Lisboa: Difel, 1990. [ Links ]

DANTAS, M. J. “Escrever-te-ei... tu também me escreverás?” a escrita epistolar católica como prática docente: um olhar sobre Chiara Lubich e suas estratégias de formação. 2014. 367f. Tese (Doutorado em Educação) - Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal de Sergipe, UFS, São Cristóvão, 2014. [ Links ]

FERREIRA, A. B. de H. Novo Aurélio século XXI: o dicionário da língua portuguesa. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. [ Links ]

GOMES, Â. de C. (org.). Escrita de si, escrita da história. Rio de Janeiro: FGV, 2004. [ Links ]

LE GOFF, J. História e memória. Campinas: Unicamp, 2003. [ Links ]

LEONARDI, P. Além dos Espelhos: Memórias, imagens e trabalhos de duas congregações católicas. São Paulo: Paulinas, 2010. [ Links ]

LUBICH, C. O gênio feminino. In: LUBICH, C. Ideal e Luz: Pensamento, Espiritualidade, Mundo Unido. São Paulo: Brasiliense; Vargem Grande Paulista: Cidade Nova, 2003. p. 247-253. [ Links ]

MORAIS, Ir. M. E. de J. Numa vida palmilhada de espinhos, cada dia uma rosa. Aracaju: J. Andrade, 2016. [ Links ]

NÓVOA, A. Os professores e as histórias da sua vida. In: NÓVOA, A. (org.) Vida de professores. Porto: Porto Editora, 1996. p.11-30. [ Links ]

NUNES, R. A. da C. História da educação na antiguidade cristã: o pensamento educacional dos mestres e escritores cristãos no fim do mundo antigo. São Paulo: USP, 1978. [ Links ]

SANTANA, J. S de. Pedagogia do convento: oportunidades e limites da formação religiosa feminina. 2018. 334f. Tese (Doutorado em Educação) - Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal de Sergipe, UFS, São Cristóvão, 2018. [ Links ]

SMERILLI, A. L’edc come via per il rinnovamento dei carismi. Economia di Comunione, 15 jun. 2011. Disponível em: http://www.edc-online.org/it/home-it/eventi-brasile/speciale-brasile-2011/1744-ledc-come-via-per-il-rinnovamento-dei-carismi.html. Acesso em: 25 jun. 2012. [ Links ]

VOCE, M. La scommessa di Emmaus: cosa fanno e cosa pensano i focolarini nel dopo Chiara Lubich. Roma: Città Nuova, 2012. [ Links ]

Outras fontes

CONFERÊNCIA Nacional dos Bispos do Brasil. Fraternidade e Mulher: mulher e homem imagem de Deus. São Paulo: Escolas Profissionais Salesianas, 1990. [ Links ]

CONGREGAÇÃO Santa Terezinha: 50 anos a serviço do reino (1947-1997). Aracaju, 31 de dezembro de 1997. [ Links ]

GISOTTI, Alessandro; JOSÉ, Silvonei. Francisco e o papel da mulher na Igreja. Vatican News, Cidade do Vaticano, 7 mar. 2018. Disponível em: https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2018-03/francisco-e-o-papel-das-mulheres-na-igreja.html. Acesso em: 14 dez. 2019. [ Links ]

NOBRE, E. S. Beatas, místicas e visionárias: um estudo dos relatos místicos das religiosas leigas do Cariri. 2010. Disponível em: <www.ce.anpuh.org/downloand/anais...pdf.../artigocompleto>. Acesso em 03 mar. 2019. [ Links ]

BENTO XVI. A Igreja deve muito às mulheres. L’Osservatore Romano, edição semanal em português, sábado, 18 set. 2010. p. 16. [ Links ]

BENTO XVI. As mulheres a serviço do Evangelho. L'Osservatore Romano, edição semanal em Português, v. 14, fev. 2007. [ Links ]

PAPA João Paulo II. Encíclica Mulieris Dignitatem: Sobre a dignidade e a vocação da mulher. La Santa Sede, Roma, 15 ago. 1988. Disponível em: http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/apost_letters/1988/documents/hf_jp-ii_apl_19880815_mulieris-dignitatem.html. Acesso em: 14 dez. 2019. [ Links ]

Entrevistas

IRMÃ Carmelita Correia da Silva. [Entrevista concedida à] Maria José Dantas. Aracaju, 15 nov. 2017. [ Links ]

IRMÃ Maria Eleonora de Jesus Morais. [Entrevista concedida à] Maria José Dantas. Aracaju, 17 maio 2017. [ Links ]

IRMÃ Maria de Lourdes Oliveira. [Entrevista concedida à] Maria José Dantas. Aracaju, 17 maio 2017. [ Links ]

1Um Movimento nascido no âmbito católico, com abertura ecumênica e diálogo inter-religioso e intercultural. Está difundido em mais de 180 países dos cinco continentes. Focolares vem da palavra italiana focolare, que significa “lareira”, lugar onde está o fogo que aquece o lar e fornece luz e calor.

2Em suas publicações, Hans Urs von Balthasar tem explicado de modo mais detalhado em que consiste o “Perfil Mariano da Igreja”.

3Dentre os estudiosos que têm investido sobre congregações religiosas é importante destacar o trabalho de Leonardi (2010). E também o estudo de Santana (2018).

4No Brasil o termo beata é usado de forma pejorativa, refere-se a “mulheres leigas que, na impossibilidade de adentrarem em Ordens Religiosas autorizadas, escolhiam uma vida de devoção que podia ser exercida ou nos Recolhimentos Coletivos ou em suas próprias casas” (NOBRE, 2011, p. 18).

Creative Commons License Este é um artigo publicado em acesso aberto sob uma licença Creative Commons