SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.20 número64Enfoque holístico de la metodología de los Estilos de Aprendizaje en una institución educativa índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Compartilhar


Revista Diálogo Educacional

versão impressa ISSN 1518-3483versão On-line ISSN 1981-416X

Rev. Diálogo Educ. vol.20 no.64 Curitiba jan./mar 2020  Epub 22-Abr-2020

https://doi.org/10.7213/1981-416x.20.064.ed01 

Apresentação

Estilos de aprendizagem e Ensino: novas aplicações na educação

Armando Lozano Rodríguez1 

Evelise Maria Labatut Portilho2 

Alboni Marisa Dudeque Pianovski Vieira3 

1 Instituto Tecnológico de Sonora, México.

2 Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Curitiba, PR, Brasil.

3 Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Curitiba, PR, Brasil.


O tema Estilos de Aprendizagem já é foco de reflexões e pesquisas há algumas décadas, em diferentes países, principalmente por parte dos profissionais envolvidos com a qualidade da educação e que manifestam o compromisso de atender a diversidade no processo de aprendizagem. Ao incluir os Estilos de Ensino, outro tema reconhecido na literatura educacional, este dossiê enfatiza a relação aprendizagem e ensino, em direção a uma sala de aula vibrante e eficaz, cujos reflexos apareçam no rendimento acadêmico dos estudantes e na qualidade de suas aprendizagens.

Hoje, mais do que nunca, os estudiosos da educação devem considerar as diferenças individuais nos ambientes educacionais. Estas que se tornaram cada vez mais complexas diante da chegada de novas tecnologias, provocando novas formas de ver o processo de ensino e aprendizagem como objeto de estudo. Os alunos passaram a ter um papel mais preponderante e menos receptivo do que no passado, o que não exclui a presença do professor. É necessário um esforço contínuo de atualização que valorize o enriquecimento da prática educacional focada na produção de melhores cidadãos para novas gerações de estudantes.

As preferências na aprendizagem, ou no ensino, demonstraram ter um grande impacto no desempenho acadêmico. Em outras palavras, levar em consideração as maneiras particulares que os alunos adotam para aprender e os professores para ensinar pode levar a inovação no processo educacional. E não fazer isso pode dificultar. Vários estudos mostram que a aplicação do estilo de aprendizagem e das teorias de ensino em contextos educacionais pode contribuir para melhorar o processo de ensino e aprendizagem. A motivação, envolvimento e comprometimento do professor e do estudante aumentam quando suas preferências são levadas em consideração.

Existe uma diversidade de definições, taxionomias e instrumentos de avalição sobre estes temas. Mas uma ideia parece comum: são teorias e estudiosos que entendem a aprendizagem como um processo que acontece de maneira peculiar para cada pessoa e indicam caminhos para potencializar a aprendizagem, estes que passam pela tomada de consciência de suas preferências na hora de aprender e ensinar.

Dessa forma, os estilos de aprendizagem e ensino representam uma alternativa válida a ser considerada dentro da escola e do meio acadêmico. Conhecer os comportamentos que as pessoas adotam com base em suas preferências pode ser uma grande ajuda para os programas de ensino. Conhecendo-se mais de perto e conhecendo as diferentes maneiras pelas quais seus alunos aprendem, os professores podem dar outro sentido a sua prática pedagógica. Portanto, em termos de objetivos de aprendizagem alcançados, os escopos são maiores quando esse conhecimento é aplicado ao fenômeno educacional.

É necessário mencionar que os esforços em muitos países para alcançar uma educação de qualidade foram baseados em ações de ensino voltadas aos resultados acadêmicos dos alunos. Não é mais possível ver essas duas dimensões como entidades isoladas, mas sim como elementos que se complementam e que precisam ser analisados como os dois lados da mesma moeda. O que acontece de um lado afeta muito o outro. Portanto, os estilos do aluno e do professor devem ser estudados juntos. Consequentemente, é necessário cada vez mais estudos destinados a identificar os estilos de ensino que correspondem aos estilos de aprendizagem.

A abertura deste Dossiê apresenta o artigo Enfoque holístico de la metodología de los Estilos de Aprendizaje en una institución educativa, de Domingo José Gallego Gil e Catalina Alonso, dois professores espanhóis que lideram um vasto grupo de pesquisadores na área dos Estilos de Aprendizagem. Os autores reforçam a ideia de um olhar rigoroso à metodologia dos Estilos de Aprendizagem e propõem uma ação para a escola que envolva todas as aulas, em três etapas: planejamento, desenvolvimento e avaliação/supervisão.

O seguinte artigo Estilos de Aprendizagem: evidências a partir de uma revisão sistemática da literatura, de Elisangela Aparecida Bulla Ikeshoji e Adriana Aparecida de Lima Terçariol, de São Paulo, refere-se a uma pesquisa exploratória em que afirma que o professor ao conhecer seu estilo de ensino, pode alinhar de maneira mais adequada as estratégias de ensino para contribuir com a aprendizagem significativa do aluno, segundo o seu estilo de aprendizagem.

Estilos, estratégias e técnicas de ensino na educação básica: professores em formação continuada, de Giovani de Paula Batista e Evelise Maria Labatut Portilho, ambos do Paraná, é um artigo voltado ao fazer da sala de aula na Educação Básica. Foram utilizados o Questionário Portilho/Banas de Estilos de Ensino e um protocolo de observação de sala de aula, que constataram a necessidade de se pensar e propor programas de formação continuada que propiciem aos professores o desenvolvimento de práticas de ensino diferenciadas para atender a diversidade do processo de aprendizagem.

O artigo intitulado Estilos de aprendizagem e a sala de aula dialógica, de Lucilo Antônio Rodrigues, do Mato Grosso do Sul, afirma que, sem prejuízo ao espaço virtual no processo de ensino e aprendizagem, defende a permanência da sala de aula presencial, uma vez que ela guarda aspectos específicos não reprodutíveis nos ambientes virtuais como, por exemplo, o diálogo face a face.

No artigo Como aprendem estudantes universitários? Estudo de caso sobre estratégias e estilos de aprendizagem, de Márcia Mineiro e Cristina D’Ávila, da Bahia, as autoras investigam os Estilos e as Estratégias de Aprendizagem preferentes de alunos do curso de Ciências Contábeis. Concluem afirmando que o aspecto socioemocional influencia nos estilos de aprendizagem e suas preferências.

No artigo seguinte, passamos ao tema Didática e Estilos de uso do virtual para a Educação a Distância, em que Daniela Melaré, de Portugal, salienta que o estilo de aprendizagem está diretamente relacionado com a forma de uso do virtual, nas suas rotinas e na fluência que adquire com a utilização constante dos espaços, interfaces e ferramentas que cada um desenvolve e apropria. Enfim, a autora caracteriza a forma de uso do virtual e a sua influência nas estratégias didático-pedagógicas nos cursos de educação a distância.

No último artigo deste Dossiê, Relación entre estilos de aprendizaje en ambientes a distancia e inteligencia emocional en alumnos de licenciatura, Armando Lozano-Rodríguez, Fernanda Inéz García-Vázquez e José Luis García-Cué, do México, selecionaram 193 estudantes universitários de diversos cursos. Foi observado que os estudantes que tiveram maiores pontuações nos Estilos de Aprendizagem Analítico, Global, Dependente, Teórico e Prático obtiveram menores valores nas quatro dimensões emocionais. E os que marcaram maiores pontuações no Estilo de Aprendizagem Verbal tiveram menores valores na Autorregulação, Autoeficácia e Empatia, concluindo que há relação entre estilos de aprendizagem e inteligência emocional.

Acreditamos, como pesquisadores e professores desses temas e testemunhas da diferença que as atitudes advindas destes conhecimentos trouxeram para as nossas práticas docentes, que a formação de professores que se apoia nesses referenciais pode, efetivamente, contribuir para a transformação na maneira de pensar e agir dos aprendizes na sociedade em que vivemos.

A demanda contínua deste número da Revista Diálogo Educacional traz treze artigos sobre temas de interesse à formação de professores, resultados de pesquisas realizadas em diferentes regiões do país e fora dele. Iniciamos com Comunicação pública na prevenção da evasão: a experiência de um aplicativo sobre Ensino Médio Integrado, de Elisa Carmo Franco Almeida e Paula Reis de Miranda, ambas do Instituto Federal Sudeste - Câmpus Rio Pomba, de Minas Gerais. As autoras consideram que a principal causa de evasão escolar no Ensino Médio Integrado dessa instituição é a falta de conhecimento sobre a identidade dos cursos integrados e, em face disso, buscam validar a hipótese de que um aplicativo para dispositivos móveis voltado a aproximar estudantes adolescentes constituiria um potencial aliado na prevenção da evasão escolar.

No segundo artigo, Lecionar e pesquisar na educação básica: a atividade investigativa como caminho formativo para professores de Português, Gabriela Lins Falcão e Livia Suassuna, da Universidade Federal de Pernambuco, aprofundam a discussão sobre o desenvolvimento de pesquisa pelo professor de Português, no âmbito da educação básica brasileira. Tomam como ponto de partida a noção de professor pesquisador e os dispositivos legais que normatizam a produção docente no país.

Em seguida, Sheila Cristina Monteiro Matos e Carlos Ângelo de Meneses Sousa, professores da Universidade Católica de Brasília, apresentam o trabalho Vestígios memorialísticos de Anísio Teixeira: interlocuções com a educação jesuítica no início do século XX, no qual analisam os vestígios e interlocuções provenientes da influência jesuítica do percurso formativo de Anísio Teixeira, na Bahia, a partir de uma abordagem qualitativa e de cunho memorialista, que priorizou a análise de discursos e de fontes documentais.

Os autores Ernandes Rodrigues do Nascimento e Maria Auxiliadora Padilha, de Pernambuco, trazem, em Aprendizagem por meio do ensino híbrido na educação superior: narrando o engajamento dos estudantes, resultados de uma pesquisa que buscou conhecer como estudantes do ensino superior de cursos de tecnologia se engajam em um curso ofertado por meio do ensino híbrido. Procuraram identificar o engajamento estudantil e entender os desafios eu os estudantes enfrentam, ao estudar a partir de um modelo pedagógico inovador.

O quinto artigo que compõe a demanda contínua é Os fios emaranhados do cultivo de si e o diálogo com a pedagogia, de Lúcia Schneider Hardt, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), cujo objetivo é analisar, na obra de Nietzsche, o conceito de si para, a partir dele, pensar o campo da educação e possíveis desdobramentos pedagógicos. O texto dialoga também com Foucault, considerando o conceito de cuidado de si para sugerir aproximações entre os dois autores e em alguma medida diferenciá-los da perspectiva socrática.

Educação popular e trabalhos autogestionários: iniciativas operando (re)arranjos em territórios vulneráveis, de autoria de Maria José Menezes Lourega Belli, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, e Lindomar Wessler Boneti, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, estuda a educação popular como prática geradora de laços de convivência que potencializem ações comunitárias, transformando condições de vulnerabilidade em espaços ambientalmente sustentáveis. Para isso, foi reconstituído o itinerário da Irmã Tereza Araújo e do CEFURIA em ambientes de aprendizagem geradores de problematizações sobre suas condições sociais em meio a mercados modelados por trocas emocionais, simbólicas, produtivas e financeiras.

No sétimo artigo deste número, os professores Regilson Maciel Borges, da Universidade Federal de Lavras, e José Carlos Rothen, da Universidade Federal de São Carlos, em Configuração do campo da avaliação educacional na década de 1980 no Brasil, analisam a configuração do campo científico brasileiro da avaliação educacional. O estudo mostrou que a lógica de funcionamento do campo científico da avaliação educacional, durante os anos 1980 no Brasil, estava centrado muito mais na complementaridade das ideias sobre o tema da avaliação do que nos conflitos e competições.

Os pesquisadores Lucicleide Araújo de Sousa Alves e Luiz Síveres, ambos da Universidade Católica e Brasília, no artigo A perspectiva dialógica na formação de professores, trazem caminhos metodológicos para a formação docente, tendo como eixos norteadores os sete saberes requeridos para o futuro, conforme Morin, e como dinâmica transversal desse percurso, o diálogo. Para o estudo, o diálogo é compreendido como um jeito de ser (dialógico), uma maneira de saber (dialético) e uma forma de agir (dialogicidade).

O artigo apresentado em seguida é de autoria de Lorene dos Santos e Maria Angela Barros de Carvalho, da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, intitulado Impactos da Lei Orgânica de 1946 na trajetória de normalistas: um estudo de História Oral Temática. Nele, são discutidos os possíveis impactos da Lei Orgânica do Ensino Normal, promulgada em 1946, na formação e trajetória profissional de normalistas. As análises levaram em conta os contextos sociopolíticos da época, em diálogo com a História da Educação, privilegiando os estudos sobre legislação educacional, história da formação docente e das instituições escolares.

Na sequência, Saulo Rodrigues Alves de Souza, da Universidade Federal de Pernambuco, e Maria das Graças Gonçalves Vieira Guerra, da Universidade Federal da Paraíba, trazem seu artigo Autoavaliação institucional da Universidade Federal da Paraíba: diagnóstico a partir da Comissão Própria de Avaliação. Com base nos resultados dos cinco últimos Relatórios de Autoavaliação Institucional da Comissão Própria de Avaliação (CPA) da Universidade Federal da Paraíba, em relação ao Instrumento de Avaliação Institucional Externa de 2017, os pesquisadores estudam o papel da autoavaliação institucional no processo de melhoria da qualidade da Universidade pesquisada.

Clarice Parreira Senra, da Universidade Federal de Juiz de Fora, e Marcos Braga, do Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio de Janeiro, no artigo Future Classroom Lab em Portugal: análise da relação dos professores com um ambiente educativo inovador, investigam a implantação de novos Ambientes Educativos Inovadores em três escolas portuguesas, a partir do projeto Future Classroom Lab, desenvolvido nos países da União Europeia pela European Schoolnet. O foco do estudo foi a prática dos professores, no âmbito desse projeto, no contexto português.

O protagonismo de Ellen G. White no projeto educacional cristão adventista no Brasil é o tema do artigo de Giza Guimarães Pereira Sales e Rosana Michelli de Castro, do Centro Universitário Adventista de São Paulo, no qual objetivam demonstrar como Ellen G. White (1827-1917), escritora norte-americana, exerceu papel preponderante no desenvolvimento e estabelecimento dos princípios da educação adventista do sétimo dia.

Encerrando o número, os professores Abdeljalil Akkari, da Université de Genève, e Peña Islas Dalia, da Universidad Intercultural del Estado de Hidalgo, apresentam o resultado de suas pesquisas em La interculturalidad de la intención a la implementación: El caso de la Universidad intercultural del Estado de Hidalgo. A universidade objeto da pesquisa foi fundada em 2003, com a finalidade de ampliar a matrícula de estudantes indígenas na educação superior. No artigo, procura-se retraçar a história das universidades interculturais, bem como o objetivo da proposta do modelo intercultural, a partir de experiências de outras universidades interculturais e autônomas na América Latina.

Por último, agradecemos às pesquisadoras e aos pesquisadores que confiaram seus textos à Revista Diálogo Educacional, sem o que a edição deste número não teria sido possível. Desejamos que os artigos apresentados propiciem discussões e análises, bem como aprofundem as reflexões sobre o processo de ensino e aprendizagem e os demais temas aqui apresentados.

Boa leitura!

Curitiba, março de 2020.

Creative Commons License Este é um artigo publicado em acesso aberto sob uma licença Creative Commons