SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.22 número72Cultura digital, mídias móveis e metodologias ativas: potencialidades pedagógicasPráxis reflexiva e compreensão do currículo: fundamentos da formação docente em um PIBID de História índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Compartilhar


Revista Diálogo Educacional

versão impressa ISSN 1518-3483versão On-line ISSN 1981-416X

Rev. Diálogo Educ. vol.22 no.72 Curitiba jan./mar 2022  Epub 19-Set-2022

https://doi.org/10.7213/1981-416x.22.072.ao08 

Artigos

Ensino remoto emergencial e a docência na educação superior: tendências de pesquisas

Emergency remote education and higher education teaching: research trends

Enseñanza remota de emergencia y docencia en la educación superior: tendencias de investigación

Natalia Neves Macedo Deimlingaa 
http://orcid.org/0000-0001-8394-3132

Aline Maria de Medeiros Rodrigues Realib 
http://orcid.org/0000-0003-4915-8127

aUniversidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Campo Mourão, PR, Brasil. Doutora em Educação, e-mail: natanema@gmail.com

bUniversidade Federal de São Carlos (UFSCAR), São Carlos, SP, Brasil. Doutora em Psicologia, e-mail: alinereali@gmail.com


Resumo

Considerando a relevância de estudos que realizem mapeamentos para desvendar e examinar o conhecimento já elaborado apontando os enfoques e as lacunas existentes sobre determinado tema, objetivou-se com este trabalho traçar as principais características e tendências dos artigos publicados no Brasil que discutem os impactos do ensino remoto emergencial (ERE) na formação e no trabalho dos professores da educação superior. Para tanto, tomou-se como fonte de dados 33 artigos publicados entre 2020 e 2021, disponíveis em quatro repositórios científicos: Scielo, Portal de Periódicos da Capes, Scopus e Google Acadêmico. Trata-se de um estudo bibliográfico de abordagem qualitativa do tipo estado do conhecimento. Para a análise, foram consideradas as áreas de conhecimento, regiões do país, temas, objetivos e abordagens metodológicas adotadas pelos trabalhos selecionados. Entre outros aspectos, foi possível identificar a ausência de trabalhos das áreas de Ciências Biológicas, Ciências Agrárias e Ciências Sociais Aplicadas e observar que, embora os estudos sobre as percepções dos professores, marcados sobretudo por depoimentos e relatos da experiência profissional, configurem-se como o principal tipo de pesquisa realizada, são poucos os artigos publicados por autores de instituições privadas ou que tomem como base dados provenientes dessas instituições. Além disso, foi identificada uma escassez de estudos que discutem os impactos do ERE na percepção de professores que atuam em cursos de licenciatura. Espera-se com este trabalho oferecer a quem se interessar uma percepção acerca da evolução dos estudos sobre o tema, configurando-se como base para o desenvolvimento de ações e pesquisas futuras.

Palavras-chave: Ensino Remoto Emergencial; Docência no ensino superior; Pandemia

Abstract

Considering the relevance of studies that conduct mapping to examine the knowledge that has been developed, pointing out existing approaches and gaps on a given topic, the objective of this work was to trace the main characteristics and trends of the articles published in Brazil that discuss the impacts of emergency remote education on the training and work of higher education teachers. For this, 33 articles published between 2020 and 2021, available in four scientific repositories, were used as a data source: Scielo, Capes Journal Portal, Scopus and Academic Google. This is a bibliographic study with a qualitative approach of the state of knowledge type. For the analysis, the areas of knowledge, regions of the country, themes, objectives, and methodological approaches adopted by the selected papers were considered. Among other aspects, it was possible to identify the absence of papers from Biological Sciences, Agricultural Sciences, and Applied Social Sciences, and to observe that, although the studies on teachers' perceptions, mostly marked by testimonies and reports of professional experience, are the main type of research carried out, there are few articles published by authors from private institutions or based on data from these institutions. In addition, a paucity of studies discussing the impacts of emergency remote learning on the perception of teachers working in undergraduate courses was identified. This work is expected to offer to whoever is interested a perception about the evolution of the studies on the subject, configuring itself as a basis for the development of future actions and research.

Keywords: Emergency Remote Learning; Teaching in higher education; Pandemic

Resumen

Considerando la relevancia de los estudios que realizan mapeos para examinar el conocimiento ya desarrollado, señalando los enfoques y brechas existentes sobre un tema determinado, este trabajo tiene como objetivo rastrear las principales características y tendencias de los artículos publicados en Brasil que discuten los impactos de la enseñanza remota de emergencia en la formación y el trabajo de los docentes de educación superior. Para ello, se tomó como fuente de datos 33 artículos publicados entre 2020 y 2021, disponibles en cuatro repositorios científicos: Scielo, Portal Capes, Scopus y Google Académico. Esto es un estudio bibliográfico con un enfoque cualitativo del tipo estado de conocimiento. Para el análisis, se consideraron las áreas de conocimiento, regiones del país, temas, objetivos y enfoques metodológicos adoptados por los trabajos seleccionados. Entre otros aspectos, se pudo identificar la ausencia de trabajos en las áreas de Ciencias Biológicas, Ciencias Agrícolas y Ciencias Sociales Aplicadas y observar que, si bien los estudios sobre la percepción de los docentes, marcados sobre todo por declaraciones e informes de experiencia profesional, se configuran como el principal tipo de investigación realizada, existen pocos artículos publicados por autores de instituciones privadas o basados en datos de estas instituciones. Además, se identificó una escasez de estudios que discutan los impactos de la enseñanza remota de emergencia en la percepción de los profesores que trabajan en cursos de docencia. Se espera que este trabajo ofrezca a los interesados una visión sobre la evolución de los estudios sobre el tema, constituyendo una base para el desarrollo de futuras acciones investigaciones.

Palabras clave: Enseñanza remota de emergencia; Docencia en educación superior; Pandemia

Introdução

No ano de 2020 o mundo foi assolado pela pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2) que acarretou grandes e graves consequências sanitárias, sociais, políticas, educacionais e econômicas. Todos os países, dados seus contextos culturais e sociais, tiveram que se adaptar à nova realidade, tendo em vista garantir o direito à vida de seus habitantes. Trata-se de um fenômeno global que, devido às adaptações exigidas pelo necessário distanciamento social, agravou ainda mais problemas educacionais, políticos, culturais e socioeconômicos já existentes em diferentes países, em especial nos emergentes, como é o caso do Brasil. Na educação, por exemplo, foram necessárias mudanças na forma como passou a ser oferecida, implicando no ensino remoto, uma das temáticas abordadas neste trabalho.

Com a publicação, em março de 2020, do Decreto Legislativo nº 6/2020 (BRASIL, 2020a), o governo federal reconheceu a ocorrência do estado de calamidade pública no país. A partir de então, com o emprego de medidas de prevenção e contenção de riscos à saúde pública, a sociedade passou a se reorganizar em diferentes âmbitos, incluindo o educacional. No mesmo mês foi publicada a Portaria nº 343/2020 (BRASIL, 2020b) que dispunha sobre a substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais nas instituições federais de educação superior enquanto durasse a situação de pandemia. Assim, em atendimento à legislação, e tendo em vista preservar a segurança e a saúde dos estudantes, profissionais da educação, funcionários e da sociedade em geral, as redes municipais, estaduais e federais de ensino suspenderam as aulas presenciais e, paulatinamente, reorganizaram-se a partir de diferentes estratégias para um novo regime de trabalho: o ensino remoto emergencial (ERE).

Segundo Cunha, Silva e Silva (2020), o ensino remoto pode ser caracterizado no âmbito da pandemia como uma modalidade de ensino emergencial desenvolvida de forma não presencial devido ao distanciamento geográfico de professores e alunos, utilizando-se de atividades não presenciais mediadas ou não por Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDICs). Entre as estratégias adotadas pelas diferentes redes de ensino para o desenvolvimento dessa modalidade, destacam-se as videoaulas, os conteúdos organizados em plataformas virtuais de ensino-aprendizagem, as redes sociais e o correio eletrônico, meios sugeridos como alternativas pelo próprio Conselho Nacional de Educação em seu Parecer nº 5/2020.

Segundo esse mesmo Parecer, independentemente da estratégia adotada, as redes de ensino deveriam organizar o calendário escolar de modo a garantir o “alcance dos objetivos de aprendizagem propostos no currículo escolar para cada uma das séries/anos ofertados pelas instituições de ensino” (BRASIL, 2020c, p. 4). Da mesma forma, as atividades deveriam ser organizadas pelas redes de ensino tendo em vista assegurar e manter o padrão de qualidade previsto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e na Constituição Federal; cumprir a carga horária mínima de 800 horas anuais prevista na legislação; evitar retrocesso de aprendizagem e a perda do vínculo dos estudantes com a escola; e garantir uma avaliação adequada da aprendizagem de modo a permitir as mesmas oportunidades a todos os estudantes e evitar a reprovação e o abandono escolar (CUNHA; SILVA; SILVA, 2020).

Mais tarde, em agosto de 2020, foi sancionada a Lei nº 14.040/2020 que estabeleceu normas educacionais excepcionais que deveriam ser adotadas durante o estado de calamidade pública (BRASIL, 2020d) e, em dezembro do mesmo ano, foi aprovada a Resolução CNE/CP nº 2/2020 que regulamentou a referida Lei e instituiu as Diretrizes Nacionais orientadoras para a implementação das atividades não presenciais, estabelecendo que as escolas e instituições de ensino superior públicas e privadas do país poderiam oferecer ensino remoto enquanto durar a pandemia (BRASIL, 2020e).

Todas essas orientações legais, aliadas às pressões da situação emergencial e do trabalho remoto, têm impactado, também, no trabalho docente, em todos os níveis e modalidade de ensino. Muito rapidamente, milhões de professores foram obrigados a replanejar suas atividades e se adaptar a uma rotina de trabalho e estudos muito diferente daquela organizada no início do ano letivo. Todavia, a preparação dos professores para essa nova realidade não ocorreu na mesma velocidade das mudanças exigidas.

Considerando esses aspectos, e tendo em vista a importância de estudos que procurem identificar e analisar os impactos do ERE na formação e no trabalho dos professores do ensino superior, buscou-se com este estudo traçar as principais características e tendências dos artigos que abordam essa temática, tendo em vista oferecer àqueles que por ela se interessam um breve mapeamento dos trabalhos produzidos até o momento.

Desde o início da pandemia diferentes estudos e pesquisas têm sido publicados com o intuito de analisar e socializar discussões a respeito dos impactos do ERE na educação escolar brasileira. Em um levantamento realizado entre os meses de maio e julho de 2021 nos principais repositórios e indexadores acadêmicos e científicos (Scielo, Portal de Periódicos da Capes, Scopus e Google Acadêmico), encontrou-se um número expressivo de artigos publicados entre os anos de 2020 e 2021 (especialmente disponíveis no Google Acadêmico) que têm o ERE no ensino superior como tema de estudos. No âmbito desse número de estudos já desenvolvidos e da multiplicidade de temáticas e resultados que abordam, foram identificados 33 trabalhos que têm como foco a formação e/ou o trabalho docente no contexto do ERE do ensino superior.

Tendo em vista estabelecer critérios para a seleção do material que compõe o corpus do estado do conhecimento deste estudo, realizou-se a busca utilizando os seguintes descritores combinados entre si: (1) ensino remoto; (2) ensino remoto emergencial; (3) pandemia; (4) ensino superior; (5) educação superior; (6) professor; (7) docente. Em todas as plataformas de busca, seguiu-se a mesma estratégia para garantir o rigor metodológico. A seleção do material foi inicialmente estabelecida a partir dos campos “palavras-chave”, “assunto” e “resumo”.

Cabe ressaltar que os bancos de pesquisas utilizados oferecem distintas formas de busca. Dentre várias estratégias, observou-se que os campos mencionados ofereciam uma busca mais ampla, a partir dos quais se poderia fazer a triagem dos estudos a serem analisados. Quando os campos de busca ainda deixavam dúvidas sobre o assunto do artigo, partia-se para a leitura de seus resumos, a fim de selecionar todos os trabalhos que se enquadrassem no tema, problema e objetivo de estudo. Identificados junto aos bancos de pesquisa, passou-se para a coleta do material selecionado por meio do download dos textos completos dos artigos, a fim de que fosse possível iniciar a etapa de análise dos dados.

Assim, considerando a relevância de estudos que realizam mapeamentos para desvendar e examinar o conhecimento já elaborado apontando os enfoques e as lacunas existentes sobre determinado tema (ROMANOWSKI; ENS, 2006), apresenta-se neste trabalho uma análise sobre as principais áreas de conhecimento, regiões do país, temas, objetivos e abordagens metodológicas adotadas pelos trabalhos selecionados. Com este artigo, espera-se oferecer àqueles que se interessam uma percepção sobre a evolução dos estudos sobre o tema, configurando-se como base para o desenvolvimento de ações e pesquisas futuras sobre os impactos do ensino remoto na educação superior.

Características dos estudos

Apresenta-se nesta seção uma caracterização dos artigos analisados, tendo em vista os seguintes critérios: dados gerais (autoria, título, ano de publicação, periódico de divulgação, área de conhecimento), regiões do país contempladas, tipo de Instituições de Ensino Superior (IES), objetivos e encaminhamentos metodológicos adotados. A partir desses dados gerais, são discutidos alguns aspectos que merecem destaque.

Dando início à essa caracterização, identificam-se no Quadro 1 informações sobre a autoria, o título do trabalho, o ano de publicação, o periódico no qual foi socializado e a área de conhecimento que cada artigo analisado aborda:

Quadro 1 Caracterização dos artigos 

Autor(es) Título do artigo Ano de publicação Periódico Área de conhecimento
1 Schmidt, Lopes e Pereira Impacto da pandemia no trabalho docente no ensino superior 2020 Monumenta - Revista de Estudos Interdisciplinares Terapia Ocupacional
2 Nóbrega et al. Ensino remoto na enfermagem em meio a pandemia da Covid-19 2020 Recien - Revista Científica de Enfermagem Enfermagem
3 Ribeiro, Cavalcanti e Ferreira “Abre a câmera, por favor!”: aulas remotas no ensino superior, uma abordagem fenomenológica 2021 EaD em foco Multidisciplinar
4 Ferreira et al. Desenvolvimento docente para o ensino remoto: experiência do programa de inovação e assessoria curricular (PROIAC) da Universidade Federal Fluminense 2021 EaD em foco Multidisciplinar
5 Anjos Ensino remoto no ensino superior em tempos de Covid-19: narrativas da experiência 2020 Cadernos de Pedagogia Educação
6 Cordeiro et al. Os novos desafios dos professores de IES no pós-pandemia: um estudo realizado com docentes das instituições de ensino superior de Juazeiro do Norte - Ceará 2020 Id online - Revista Multidisciplinar de Psicologia Não identificado
7 Souza et al. Precarização do trabalho docente: reflexões em tempos de pandemia e pós-pandemia 2021 Ensino em Perspectivas Não se aplica
8 Lima Ensino remoto: aproximações teóricas sobre formação e prática docente 2020 Revista Internacional de Apoyo a la Inclusión, Logopedia, Sociedad y Multiculturalidad Não se aplica
9 Valente et al. O ensino remoto frente às exigências do contexto de pandemia: reflexões sobre a prática docente 2020 Research, Society and Development Não identificado
10 Araújo et al. Covid-19, mudanças em práticas educacionais e a percepção de estresse por docentes do ensino superior no Brasil 2020a Revista Brasileira de Informática na Educação - RBIE Multidisciplinar
11 Cerqueira Educação no ensino superior em tempos de pandemia 2020 Olhares de professor Multidisciplinar/Educação
12 Borges e Ribeiro Do ensino presencial à adoção do ensino remoto emergencial em função da Covid-19: experiência docente nas atividades acadêmicas de modelagem de vestuário 2021 Moda Palavra Moda/Vestuário
13 Magalhães, Silva e Paula Formação docente e interdisciplinaridade em tempos de pandemia Covid-19 2021 Dialogia Educação
14 Silva et al. Do ensino presencial ao remoto: experiências dos docentes do bacharelado em Turismo durante a pandemia da Covid-19 2021 Revista de Turismo Contemporâneo Turismo
15 Boell e Arruda Narrativas docentes e discentes no ensino superior: ensino remoto emergencial em tempos de pandemia da Covid-19 e a relação com a cultura digital 2021 Brazilian Journal of Development Educação
16 Fior e Martins A docência universitária no contexto de pandemia e o ingresso no ensino superior 2020 Revista Docência do Ensino Superior Multidisciplinar
17 Ferreira et al. Considerações sobre a formação docente para atuar online nos tempos da pandemia de Covid-19 2020 Revista Docência do Ensino Superior Ciências Humanas
18 Araújo et al. Estratégias do departamento de odontologia restauradora para capacitação de seu corpo docente diante da pandemia 2020b Revista Docência do Ensino Superior Odontologia
19 Campani, Nascimento e Silva Inovação pedagógica, docência universitária e o ensino remoto emergencial na universidade: o saber de experiência na docência 2020 RevistAleph Engenharia Civil
20 Bittencourt Ensino remoto e extenuação docente 2021 Revista Espaço Acadêmico Não se aplica
21 Castro, Rodrigues e Ustra Os reflexos do ensino remoto na docência em tempos de pandemia da Covid-19 2020 Revista EDaPECI - Educação a Distância e Práticas Educativas Comunicacionais e Interculturais Multidisciplinar
22 Silus, Fonseca e Jesus Desafios do ensino superior brasileiro em tempos de pandemia da Covid-19: repensando a prática docente 2020 Liinc em Revista Multidisciplinar
23 Guimarães e Maués Ensino remoto na educação superior pública: posições do movimento sindical docente no contexto da pandemia de Covid-19 2021 Revista Trabalho, Política e Sociedade Não se aplica
24 Santos, Silva e Belmonte Covid-19: ensino remoto emergencial e saúde mental de docentes universitários 2021 Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil Não se aplica
25 Ribeiro, Godiva e Bolacio Filho Ensino remoto emergencial e formação de professores de línguas adicionais 2021 Linguagem em Foco Linguagens
26 Ries, Rocha e Silva Ensino de epidemiologia durante pandemia de Covid-19 2020 Research, Society and Development Saúde
27 Silva e Suart Concepções de professores dos cursos de química sobre as atividades experimentais e o ensino remoto emergencial 2020 Revista Docência do Ensino Superior Química
28 Santos et al. Transição do ensino presencial para o remoto em tempos de Covid-19: perspectiva docente 2021 Scientia Medica Saúde
29 Gusso et al. Ensino superior em tempos de pandemia: diretrizes à gestão universitária 2020 Educação e Sociedade Não se aplica
30 Medeiros et al. Análise do ensino em fisioterapia no Brasil durante a pandemia de Covid-19 2021 Fisioterapia em Movimento Fisioterapia
31 Campos et al. Desafios da pandemia para o futuro da educação: o caso Coppead 2021 Revista de Administração Contemporânea Administração
32 Farage, Costa e Silva A educação superior em tempos de pandemia: a agudização do projeto do capital através do ensino remoto emergencial 2021 Germinal: Marxismo e Educação em Debate Multidisciplinar
33 Salvagni, Wojcichoski e Guerin Desafios à implementação do ensino remoto no ensino superior brasileiro em um contexto de pandemia 2021 Educação por escrito Não se aplica

Fonte: Os autores (2021).

Como se pode observar, a maioria dos artigos selecionados (nove trabalhos) discute a formação e/ou o trabalho de docentes do ensino superior no contexto do ERE que atuam em diferentes áreas do conhecimento, dando a esses trabalhos um enfoque multidisciplinar. Muitos deles, por abordarem o tema numa perspectiva mais geral sem tomar para a análise docentes de cursos ou áreas de conhecimento específicas - mas apenas os impactos do ERE na formação e no trabalho docente no contexto da pandemia -, foram indicados na categoria “não se aplica” (sete artigos). Com exceção dos trabalhos multicêntricos que analisaram o problema na perspectiva de docentes com formação nas diversas áreas do conhecimento e que atuam em diferentes cursos de graduação, foram identificados apenas dois trabalhos que discutem o tema a partir da percepção de professores que também atuam em cursos de licenciatura (além de cursos de bacharelado).

Entre aqueles artigos que contemplam uma área de conhecimento específica, tem-se a prevalência de trabalhos das Ciências da Saúde (Terapia Ocupacional, Enfermagem, Odontologia, Fisioterapia), o que demonstra a preocupação dos pesquisadores dessa área com os cursos, professores e estudantes diretamente afetados não apenas pelo ensino remoto, mas, principalmente, pelo estado de calamidade sanitária que viveu e vive o país e o mundo. Outras áreas e subáreas do conhecimento também se configuraram como pano de fundo para a análise desse tema nos últimos meses, como é o caso das Ciências Humanas (Educação, Administração, Turismo, Moda), da Linguística, Letras e Artes, das Ciências Exatas e da Terra e das Engenharias (essas três últimas com um artigo cada). As áreas de Ciências Biológicas, Ciências Agrárias e Ciências Sociais Aplicadas não foram contempladas nas análises realizadas pelos artigos em questão, o que evidencia a importância de se ampliar o debate sobre os impactos do ERE na formação e no trabalho dos professores do ensino superior em diferentes campos do saber, a fim de que seja possível compreender essa problemática numa perspectiva mais global considerando-se diferentes olhares, conhecimentos e perspectivas.

A leitura dos artigos permitiu também identificar as regiões do país e as IES de origem dos autores por categoria administrativa, conforme mostram os Gráficos 1 e 2:

Fonte: Os autores (2021).

Gráfico 1 IES de origem dos autores por categoria administrativa 

Fonte: Os autores (2021).

Gráfico 2 Região e Estado do país das IES de origem dos autores 

A partir dos gráficos, pode-se observar a prevalência de estudos e análises realizadas por professores de IES públicas (85 autores), seguidos de trabalhos realizados por docentes de instituições privadas de educação superior (28 autores). No grupo denominado “outros” foram incluídos autores de três artigos: dois deles não indicaram a instituição de origem, um indicou vínculo com uma instituição estrangeira e outro apontou apenas fazer parte de um grupo de estudos, não tendo vínculo com uma IES específica. No que diz respeito às regiões do país, tem-se um número expressivo de autores (54) provenientes de IES localizadas na região Sudeste, seguidas das regiões Nordeste (30 autores), Sul (17 autores), Centro-Oeste (10 autores) e Norte (3 autores). Cabe ressaltar que, entre os artigos selecionados, apenas autores de 17 estados empreenderam análises sobre os impactos do ensino remoto na formação e no trabalho dos docentes do ensino superior, somado o Distrito Federal. Considerando o número expressivo de IES públicas e privadas distribuídas em todo o território nacional, entende-se como necessária a ampliação de estudos sobre essa temática, tendo em vista sua análise a partir de diferentes perspectivas, concepções e contextos formativos.

Além das IES de origem dos autores, considera-se também aqueles dados que apresentam o contexto de estudo, ou seja, as instituições das quais os dados foram extraídos e analisados pela participação de professores e demais sujeitos de pesquisa. Esses trabalhos (15 artigos), publicados em diversos periódicos, tomam como fontes de dados professores e estudantes de diferentes IES públicas e privadas das cinco regiões do país, com destaque novamente para a região sudeste com seis artigos, quatro deles do estado do Rio de Janeiro. Desses 15 artigos, quatro utilizam dados de participantes de IES públicas, quatro de IES privadas, dois trabalhos não declaram a categoria administrativa da instituição e cinco apresentam concomitantemente dados provenientes de instituições públicas e privadas, sendo três deles estudos multicêntricos.

O número expressivo de artigos publicados por professores de IES públicas ou que têm essas instituições como contexto de estudo pode se justificar pelo histórico desempenho dessas instituições, em especial das universidades, em atividades de pesquisa que, aliadas ao ensino e à extensão, constituem seu tripé de sustentação. Todavia, esses dados chamam a atenção, especialmente considerando a proporção de IES públicas e privadas no Brasil, bem como o número de vagas por elas oferecidas.

De acordo com o relatório do ano de 2019 emitido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP, 2021), as IES privadas correspondem a 88,4% do total de instituições no Brasil (302 públicas e 2.306 privadas). Relatório anterior (INEP, 2020) indicava que, dos 384.474 docentes da educação superior em exercício no país, 210.606 atuam em instituições particulares de ensino (54,8%). Adicionalmente, dados de 2019 revelam que as vagas em cursos de graduação em IES da rede privada de educação superior correspondem a 94,9% do total de vagas oferecidas nas modalidades presencial e a distância no Brasil (INEP, 2021). Esse mesmo relatório mostra que essa categoria administrativa conta com mais de 6,5 milhões de alunos matriculados, o que lhe garante uma participação de 75,8% de matrículas no sistema de educação superior - ou seja, de cada quatro estudantes de graduação, três frequentam uma instituição particular. Considerando este cenário, faz-se necessário ampliar os estudos e pesquisas que busquem analisar os diferentes impactos do ensino remoto na formação e no trabalho dos docentes das IES privadas, bem como no trabalho e na formação dos demais sujeitos que compõem a comunidade acadêmica.

Os dados evidenciam ainda aqueles trabalhos que, por se configurarem como ensaios teóricos, revisões bibliográficas, relatos de experiência, pesquisa documental ou narrativa autobiográfica, não indicam ou não se aplicam a uma instituição em particular. Desses, 11 trabalhos foram elaborados por professores/pesquisadores de IES públicas, dois de IES privadas e três resultantes da parceria entre professores/pesquisadores de IES das redes pública e privada. Esses dados reforçam a necessidade de ampliação dos estudos e pesquisas que analisem, com a mesma intensidade, os impactos do ERE tanto em instituições públicas quanto em unidades privadas de educação superior no Brasil.

Dando continuidade à caracterização dos trabalhos, no Quadro 2 é identificada uma síntese dos objetivos traçados pelos artigos analisados, os quais se articulam ao tema e ao problema de pesquisa delineados pelo(s) autor(es):

Quadro 2 Principais objetivos dos artigos 

Síntese dos objetivos por semelhança Referências
Conhecer as percepções / vivências / características e/ou verificar as ações / mudanças / experiências / adaptações / desafios das práticas docentes frente ao ERE Schmidt, Lopes e Pereira (2020); Nóbrega et al. (2020); Ribeiro, Cavalcanti e Ferreira (2021); Valente et al. (2020); Cordeiro et al. (2020); Silva et al. (2021); Boell e Arruda (2021); Fior e Martins (2020); Campani, Nascimento e Silva (2020); Castro, Rodrigues e Ustra (2020); Silus, Fonseca e Jesus (2020); Ribeiro, Godiva e Bolacio Filho (2021); Silva e Suart (2020); Santos et al. (2021); Medeiros et al. (2021); Lima (2020)
Relatar, refletir e/ou analisar cursos de formação continuada oferecidos aos docentes Ferreira et al. (2021); Ferreira et al. (2020); Araújo et al. (2020b)
Apresentar relato pessoal / autobiográfico da experiência como docente no ensino superior no contexto do ERE / sobre o processo de implementação do ERE na IES Anjos (2020); Cerqueira (2020); Borges e Ribeiro, (2021); Magalhães, Silva e Paula (2021); Ries, Rocha e Silva (2020); Campos et al. (2021)
Refletir sobre a precarização / extenuação / mercantilização do trabalho dos docentes das IES no contexto da pandemia da Covid-19 / analisar as posições de movimentos sindicais / discutir sobre diretrizes e condições de trabalho para o enfrentamento das dificuldades e limitações impostas pelo ERE Souza et al. (2021); Bittencourt (2021); Guimarães e Maués (2021). Gusso et al. (2020); Farage, Costa e Silva (2021); Salvagni, Wojcichoski e Guerin (2021)
Compreender / refletir sobre a saúde mental / os fatores de estresse relacionados às mudanças nas práticas de ensino na educação superior com o ERE Araújo et al. (2020a); Santos, Silva e Belmonte (2021)

Fonte: Os autores (2021).

A partir do Quadro 2, pode-se observar cinco grupos de objetivos gerais: (1) aqueles que visam à compreensão das concepções dos professores a respeito do ERE, bem como de suas experiências e práticas com este modelo no contexto da pandemia (15 trabalhos); (2) aqueles que, por meio de relatos ou narrativas, buscam socializar as experiências docentes e o processo de implementação do ERE (sete artigos); (3) os trabalhos que visam discutir, numa perspectiva mais ampla e teórica, a precarização e as condições de trabalho docente no âmbito desse modelo de ensino imposto pelo estado de pandemia (seis trabalhos); (4) os artigos que objetivam relatar e discutir os resultados de cursos de formação continuada ofertados aos docentes para o desenvolvimento do ERE (três trabalhos); e (5) aqueles estudos que buscam analisar os impactos do ensino e do trabalho remoto na saúde mental dos docentes da educação superior (dois trabalhos). Em sua maioria, trata-se de objetivos cujos problemas têm origem na prática profissional dos professores e que, em maior ou menor grau, discutem essa prática no âmbito das possibilidades, dos limites e dos desafios do ERE para a formação e o trabalho docente.

Como se pode observar, há uma prevalência de estudos que tomam como base para a análise do tema as percepções e experiências dos professores do ensino superior a respeito de suas práticas no âmbito do ERE, seja por investigações realizadas com docentes de diferentes IES, seja por relatos dos próprios autores dos artigos. Autores como Shulman (2005) e Zeichner (2008), ao criticarem as pesquisas do tipo processo-produto cujos objetivos recaem na análise da relação causa-efeito entre comportamento docente e desempenho discente, defendem a importância de pesquisas que, ao voltarem-se ao pensamento dos professores, seus conhecimentos e percepções oportunizam sua expressão sobre suas práticas, contribuindo para que eles mesmos possam compreender as racionalidades subjacentes às escolhas que fazem, bem como auxiliando-os a tomar decisões que vão ao encontro de suas necessidades e das demandas dos estudantes. Ademais, a maioria dos trabalhos analisados neste estudo toma como base a percepção dos professores das IES sobre os impactos do ERE na formação e no trabalho docente, o que contribui, em certa medida, para a compreensão do pensamento, da análise e das ações desses professores nesse contexto de ensino sob sua própria ótica.

Entre os trabalhos selecionados, poucos são aqueles que discutem o tema numa perspectiva mais global, incluindo a análise das políticas e estratégias públicas educacionais desenvolvidas (ou omitidas) para esse período de ERE. Em que pese o imediatismo do problema, emergente e carente de análises e proposições a curto, médio e longo prazo, faz-se correspondência com André (2007) quando argumenta sobre a cautela que os pesquisadores precisam ter quando realizam uma investigação científica. Segundo a autora, muitas vezes, quando o foco fica apenas em problemas imediatos, as perguntas mais de fundo e de espectro mais amplo ou de origem podem ser deixadas de lado, bem como fazer com que as diferentes variáveis que compõem o problema em sua totalidade sejam tomadas como independentes sem o serem. Certamente, a necessidade de rápida socialização das reflexões e resultados até o momento alcançados sobre o ERE pode justificar a superficialidade de algumas análises sobre o tema. Todavia, é importante compreender que o tempo de investigação científica exige engajamento para que questões mais amplas, direta ou indiretamente relacionadas ao tema, possam ser articuladas, analisadas, sintetizadas e mais bem compreendidas.

No que diz respeito aos encaminhamentos metodológicos, apresentam-se no Quadro 3 as abordagens, os métodos, os instrumentos de pesquisa e os participantes apresentados pelos artigos analisados:

Quadro 3 Encaminhamentos metodológicos dos artigos 

Abordagem Referências
Qualitativa Schmidt, Lopes e Pereira (2020); Nóbrega et al. (2020); Ribeiro, Cavalcanti e Ferreira (2021); Ferreira et al. (2021); Anjos (2020); Cordeiro et al. (2020); Souza et al. (2021); Lima (2020); Valente et al. (2020); Araújo et al. (2020b); Cerqueira (2020); Borges e Ribeiro (2021); Magalhães, Silva e Paula (2021); Silva et al. (2021); Boell e Arruda (2021); Fior e Martins (2020); Ferreira et al. (2020); Campani, Nascimento e Silva (2020); Bittencourt (2021); Castro, Rodrigues e Ustra (2020); Guimarães e Maués (2021); Santos, Silva e Belmonte (2021); Ribeiro, Godiva e Bolacio Filho (2021); Ries, Rocha e Silva (2020); Silva e Suart (2020); Santos et al. (2021); Gusso et al. (2020); Medeiros et al. (2021); Campos et al. (2021); Farage, Costa e Silva (2021); Salvagni, Wojcichoski e Guerin (2021)
Quanti-qualitativa Silus, Fonseca e Jesus (2020); Araújo et al. (2020a)
Método Referências
Fenomenológico Ribeiro, Cavalcanti e Ferreira (2021)
Relato de experiência Nóbrega et al. (2020); Ferreira et al. (2021); Cerqueira (2020); Borges e Ribeiro (2021); Magalhães, Silva e Paula (2021); Araújo et al. (2020b); Ries, Rocha e Silva (2020); Santos et al. (2021); Campos et al. (2021); Ribeiro, Godiva e Bolacio Filho (2021)
Narrativa autobiográfica / narrativas Anjos (2020); Ferreira et al. (2020); Boell e Arruda (2021); Campani, Nascimento e Silva (2020)
Exploratória e/ou descritiva Schmidt, Lopes e Pereira (2020); Cordeiro et al. (2020); Silva et al. (2021); Castro, Rodrigues e Ustra (2020); Silus, Fonseca e Jesus (2021); Araújo et al. (2020a); Fior e Martins (2020); Silva e Suart (2020); Valente et al. (2020)
Pesquisa de opinião Medeiros et al. (2021); Farage, Costa e Silva (2021)
Revisão bibliográfica Souza et al. (2021); Santos, Silva e Belmonte (2021)
Pesquisa bibliográfica Lima (2020)
Ensaio teórico Bittencourt (2021); Salvagni, Wojcichoski e Guerin (2021); Gusso et al. (2020)
Pesquisa documental Guimarães e Maués (2021)
Instrumento de pesquisa Referências
Questionário on-line Schmidt, Lopes e Pereira (2020); Ferreira et al. (2021); Araújo et al. (2020a); Magalhães, Silva e Paula (2021); Castro, Rodrigues e Ustra (2020); Silus, Fonseca e Jesus (2020); Ribeiro, Godiva e Bolacio Filho (2021); Silva e Suart (2020); Medeiros et al. (2021); Farage, Costa e Silva (2021)
Entrevista on-line Ribeiro, Cavalcanti e Ferreira (2021); Cordeiro et al. (2020); Silva et al. (2021); Boell e Arruda (2021); Fior e Martins (2020)
Documentos Guimarães e Maués (2021)
Trabalhos selecionados em bases de dados Souza et al. (2021); Santos, Silva e Belmonte (2021); Lima (2020); Santos, Silva e Belmonte (2021)
Narrativa Anjos (2020); Ferreira et al. (2020); Boell e Arruda (2021); Campani, Nascimento e Silva (2020)
Não se aplica (relatos de experiência) Nóbrega et al. (2020); Ferreira et al. (2021); Cerqueira (2020); Borges e Ribeiro (2021); Araújo et al. (2020b); Ries, Rocha e Silva (2020); Santos et al. (2021); Campos et al. (2021); Valente et al. (2020)
Participante Referências
Professores do ensino superior Schmidt, Lopes e Pereira (2020); Ribeiro, Cavalcanti e Ferreira (2021); Ferreira et al. (2021); Cordeiro et al. (2020); Araújo et al. (2020a); Ferreira et al. (2020); Araújo et al. (2020b); Campani, Nascimento e Silva (2020); Silus, Fonseca e Jesus (2020); Silva e Suart (2020); Medeiros et al. (2021); Farage, Costa e Silva (2021); Valente et al. (2020); Silva et al. (2021)
Estudantes do ensino superior Fior e Martins (2020)
Professores e estudantes do ensino superior Nóbrega et al. (2020); Magalhães, Silva e Paula (2021); Boell e Arruda (2021); Ribeiro, Godiva e Bolacio Filho (2021)
Professores do ensino superior e da educação básica Castro, Rodrigues e Ustra (2020)
Próprio(s) autor(es), docente(s) do ensino superior Anjos (2020); Cerqueira (2020); Borges e Ribeiro (2021); Ries, Rocha e Silva (2020); Santos et al. (2021); Campos et al. (2021)
Não se aplica (ensaios e pesquisas/revisões bibliográficas ou documentais) Bittencourt (2021); Salvagni, Wojcichoski e Guerin (2021); Lima (2020); Santos, Silva e Belmonte (2021); Souza et al. (2021); Gusso et al. (2020); Guimarães e Maués (2021)

Fonte: Os autores (2021)

Em relação aos encaminhamentos metodológicos, os dados permitem observar uma predominância de estudos de abordagem qualitativa que englobam um grupo heterogêneo de métodos1 que vão desde os estudos exploratórios e descritivos (sete artigos), os ensaios teóricos (três artigos) e as revisões ou pesquisas bibliográficas (três artigos), a análise documental (um artigo cada) até os relatos de experiência (10 artigos) e narrativas (quatro artigos)2. Trata-se de trabalhos que analisam o objeto de estudo a partir de um viés crítico-interpretativo, tomando como base a literatura sobre o tema ou mesmo dados empíricos provenientes dos próprios sujeitos que vivenciam a situação investigada. É o caso, por exemplo, dos estudos que tomam como base as experiências, percepções, opiniões, crenças e saberes dos participantes da pesquisa para a análise, compreensão e interpretação do objeto de estudos (pesquisas exploratórias e/ou descritivas, de opinião e estudos que utilizam as narrativas dos participantes como fontes de dados - 15 artigos).

Essa tendência observada nos artigos vai ao encontro dos dados obtidos por André (2009) que, ao analisar as mudanças ocorridas nos temas, enfoques, métodos e critérios das pesquisas em educação entre os anos 1960 e 2000, indica o surgimento e crescimento, a partir dos anos 1980-1990, de pesquisas que tomam como foco as situações reais do cotidiano das salas de aula, deslocando o olhar do pesquisador, que analisava o objeto de pesquisa “de fora”, para “dentro” da situação investigada, fazendo surgir muitos trabalhos que trazem, inclusive, a análise da experiência do próprio pesquisador.

Essa preocupação vai ao encontro, também, dos estudos que defendem o conceito de desenvolvimento profissional da docência (ANDRÉ, 2010; MARCELO GARCIA, 2009; VAILLANT, 2016; NÓVOA, 2017), a partir do qual os conhecimentos, crenças, opiniões e representações dos professores a respeito de uma problemática que envolve sua formação e/ou trabalho são relevantes e impactam diretamente em sua aprendizagem e, como consequência, nas mudanças que podem ou não ocorrer na prática profissional ao longo do tempo. Neste estudo, identificam-se 26 artigos (78,8%) que tiveram como foco a percepção dos professores a respeito dos impactos que o ERE tem ocasionado em sua formação e/ou trabalho docente (entre relatos de experiências, narrativas, estudos exploratórios e descritivos e pesquisas de opinião, além do estudo desenvolvido a partir da abordagem fenomenológica).

Apesar da relevância de estudos que tomam como base a representação que os professores fazem da realidade, é preciso ter certa cautela. Como aponta André (2010), não basta apenas constatar o que pensam, sentem, dizem ou fazem os professores: é preciso ir além, procurando compreender o contexto e circunstância de produção de seus depoimentos e práticas e seus impactos na aprendizagem profissional. Sem a compreensão desse contexto, as investigações correm o risco de apresentar resultados frágeis e pouco representativos do problema investigado.

Dado o momento de trabalho remoto, a maioria das pesquisas com participantes utilizou como principal instrumento de coleta de dados o questionário ou a entrevista on-line (15 artigos). Destaca-se, também, um número significativo de trabalhos que utilizaram o relato de experiência e as narrativas como métodos para a expressão e discussão sobre o momento vivenciado por professores de diferentes IES em seu trabalho no âmbito do ensino remoto (14 artigos). De acordo com André (2010), os estudos que coletam depoimentos e os (auto)biográficos têm se constituído tendências do campo de pesquisa sobre formação e trabalho docente, contribuindo para identificar melhor o campo de estudo. O relato de experiência, todavia, também foi citado em alguns dos artigos analisados que utilizam dados de participantes, sendo entendido como resultante de questões abertas de entrevistas e questionários semiestruturados.

Como participantes dos estudos, grande parte deles toma como sujeitos os docentes do ensino superior (18 artigos), havendo também pesquisas que analisam a percepção sobre o trabalho docente na perspectiva dos discentes (cinco artigos) ou dos próprios autores dos artigos (seis artigos), especialmente daqueles que se utilizam de narrativas ou relatos de experiência. Apenas um artigo (RIBEIRO; GODIVA; BOLACIO FILHO, 2021) analisa o trabalho docente no âmbito do ensino remoto na perspectiva de professores-tutores, estudantes do ensino superior que, neste caso em particular, atuaram como docentes de um curso de extensão promovido pela IES. Outrossim, foram identificados artigos que analisam a temática a partir de documentos, pesquisa ou revisão bibliográfica (quatro artigos).

Outro aspecto que merece ser considerado refere-se à quantidade de participantes nos artigos cujos estudos tiveram como base as respostas de professores e/ou estudantes a questionários ou entrevistas para a análise e discussão do tema. Desses trabalhos, oito tomaram um número reduzido de sujeitos (até 10 participantes) em análises situadas.

Estudos realizados por André (2009; 2010) alertam sobre a fragilidade metodológica de algumas pesquisas quantitativas e qualitativas na área de educação que tomam um número limitado de sujeitos (em média de três a 15) para a análise de um tema específico, geralmente contemplando situações muito particulares numa visão relativamente restrita da realidade. Segundo a autora, a justificativa para recortes tão estreitos tem sido o pouco tempo disponível aos pesquisadores para a realização de seus estudos, o que, neste caso em particular, pode se justificar pela necessidade de rápida socialização das pesquisas que têm sido realizadas pelos professores/pesquisadores sobre os impactos do ensino remoto na formação e/ou no trabalho dos docentes ainda durante a vigência do estado de calamidade pública devido à pandemia da Covid-19.

Certamente, estudos com um número reduzido de participantes podem contribuir para uma análise mais aprofundada, sistemática e processual sobre um dado problema, especialmente quando adotadas diferentes fontes para a construção e interpretação dos dados. Todavia, concorda-se com a autora (ANDRÉ, 2010) quando defende a necessidade de ampliação das análises e interpretações, de modo que seja possível gerar um conhecimento mais abrangente sobre o problema em questão considerando, também, um maior número de sujeitos para a pesquisa. Cabe ressaltar, todavia, que a produção de um conhecimento mais abrangente e consistente sobre um tema não necessariamente se dá a partir do desenvolvimento de estudos em larga escala ou multicêntricos, podendo ser possibilitado, também, pela ampliação das pesquisas que, embora tomando poucos participantes e analisando contextos situados, considerem as diferentes variáveis que envolvem o fenômeno investigado e que possam, juntas, contribuir para a construção de um campo de conhecimento.

Cabe evidenciar, ainda, aqueles artigos que, num contexto multicêntrico, socializaram estudos que contaram com a participação de mais de 200 participantes de diferentes IES. Todos eles utilizaram como instrumento de coleta de dados o questionário on-line semiestruturado ou semiaberto com questões fechadas (de múltipla escolha e/ou checkbox) e abertas (respostas longas), com exceção de dois estudos, que utilizaram apenas o questionário on-line estruturado ou fechado numa abordagem quanti-qualitativa de pesquisa. Ainda que o questionário se apresente como um dos instrumentos de pesquisa mais adotados para a construção de dados, permitindo ao pesquisador a análise de grande número de elementos fornecidos por um grupo representativo da população investigada, ele, por si só, não é suficiente para a compreensão do problema investigado em sua totalidade. Assim, a depender dos objetivos e do tempo disponível à pesquisa, é importante que se pondere a utilização de diferentes instrumentos e fontes de dados que, em conjunto, possam contribuir para a compreensão do problema a partir das diferentes variáveis que o compõe.

Considerações finais

A análise das principais características dos 33 artigos selecionados que tratam sobre os impactos do ensino remoto na formação e no trabalho dos docentes do ensino superior permitiu distinguir algumas tendências e lacunas. Entre elas, pode-se identificar a ausência de trabalhos das áreas de Ciências Biológicas, Ciências Agrárias e Ciências Sociais Aplicadas, poucos artigos de autores provenientes de IES da região Norte do país, bem como poucos trabalhos de professores vinculados a instituições privadas de educação superior ou que tomem como base esse contexto. Foi observada, também, uma escassez de estudos que discutem os impactos do ERE na percepção de professores que atuam em cursos de licenciatura.

Outrossim, foi possível observar que os estudos sobre as percepções e concepções dos professores, marcados sobretudo por depoimentos e relatos da experiência profissional, configuram-se, em geral, como o principal tipo de pesquisa realizada. Considerando a complexidade do problema e seus possíveis reflexos a curto, médio e longo prazo na educação superior, julga-se necessário o desenvolvimento de novas pesquisas que aliem diferentes fontes de informação, contemplando, além de entrevistas e questionários com os diferentes atores (e não apenas professores) que vivenciam esse contexto, documentos, observações e grupos focais que permitam a triangulação dos dados a partir de diferentes sujeitos, métodos e perspectivas, bem como a ampliação do debate para o desenvolvimento de estudos e ações futuras.

Ademais, apesar desse tema de pesquisa estar ganhando cada vez mais destaque na produção acadêmica recente, o ERE ainda se apresenta como uma temática recente e emergente que merece ser mais bem explorada e investigada a partir de um contexto social, cultural e sociopolítico mais amplo e complexo que o limita, condiciona e interfere em seus desdobramentos. Entende-se que os estudos de médio e longo prazo como aqueles realizados em programas de mestrado e doutorado, realizados a partir de diferentes perspectivas e áreas do conhecimento, têm o potencial de dar continuidade nas pesquisas sobre os reais impactos do ERE na formação e no trabalho dos docentes da educação superior, bem como de outros níveis de ensino.

Tendo em vista dar continuidade e ampliar este mapeamento, cabe igualmente analisar e empreender discussões a respeito dos principais resultados desses estudos, tendo em vista, a partir de uma síntese descritivo-analítica, examinar o conhecimento já elaborado e oferecer bases e subsídios para novos e futuros estudos e pesquisas sobre essa importante temática, haja vista seus reflexos e desdobramentos para os próximos anos.

Referências

ANDRÉ, M. E. D. A. Questões sobre os fins e sobre os métodos de pesquisa em Educação. Revista Eletrônica de Educação, São Carlos, v. 1, n. 1, p. 119-131, 2007. [ Links ]

ANDRÉ, M. E. D. A. A produção acadêmica sobre formação docente: um estudo comparativo das dissertações e teses dos anos 1990 e 2000. Revista Brasileira de Pesquisa sobre Formação de Professores, v. 1, n. 1, p. 41-56, ago./dez. 2009. [ Links ]

ANDRÉ, M. E. D. A. Formação de professores: a constituição de um campo de estudos. Educação, Porto Alegre, v. 33, n. 3, p. 174-181, set./dez. 2010. [ Links ]

ANJOS, A. M. T. Ensino remoto no ensino superior em tempos de Covid-19: narrativas da experiência. Cadernos da Pedagogia, v. 14, n. 30, p. 227-234, set./dez. 2020. [ Links ]

ARAÚJO, P. V.; et al. Estratégias do departamento de Odontologia restauradora para capacitação de seu corpo docente diante da pandemia. Revista Docência do Ensino Superior, Belo Horizonte, v. 10, p. 1-16, 2020a. [ Links ]

ARAÚJO, R. M.; et al. Covid-19, mudanças em práticas educacionais e a percepção de estresse por docentes do ensino superior no Brasil. Revista Brasileira de Informática na Educação, v. 28, p. 864-891, 2020b. [ Links ]

BITTENCOURT, R. N. Ensino remoto e extenuação docente. Revista Espaço Acadêmico, v. 20, n. 227, p. 165-175, 2021. [ Links ]

BOELL, M.; ARRUDA, A. A. Narrativas docentes e discentes no ensino superior: ensino remoto emergencial em tempos de pandemia da Covid-19 e a relação com a cultura digital. Brazilian Journal of Development, Curitiba, v. 7, n. 1, p. 9963-9977, 2021. [ Links ]

BORGES, L.; RIBEIRO, V. G. Do ensino presencial à adoção do ensino remoto emergencial em função da Covid-19: experiência docente nas atividades acadêmicas de modelagem de vestuário. ModaPalavra, Florianópolis, v. 14, n. 32, p. 273-299, abr./jun. 2021. [ Links ]

BRASIL. Congresso Nacional. Decreto Legislativo nº 6/2020. Reconhece, para os fins do art. 65 da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, a ocorrência do estado de calamidade pública, nos termos da solicitação do Presidente da República encaminhada por meio da Mensagem nº 93, de 18 de março de 2020. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 20 mar. 2020 - Edição extra C, 2020a. [ Links ]

BRASIL. Ministério da Educação Portaria nº 343, de 17 de março de 2020. Dispõe sobre a substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais enquanto durar a situação de pandemia do Novo Coronavírus - Covid-19. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 18 mar. 2020, ed. 53, seção 1, p. 39, 2020b. [ Links ]

BRASIL. Ministério da Educação. Parecer CNE/CP nº 5/2020. Reorganização do Calendário Escolar e da possibilidade de cômputo de atividades não presenciais para fins de cumprimento da carga horária mínima anual, em razão da Pandemia da Covid-19. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 01 jun. 2020, seção 1, p. 32, 2020c. [ Links ]

BRASIL. Ministério da Educação. Lei nº 14.040, de 18 de agosto de 2020. Estabelece normas educacionais excepcionais a serem adotadas durante o estado de calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020; e altera a Lei nº 11.947, de 16 de junho de 2009. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 19 ago. 2020, ed. 159, seção 1, p. 4, 2020d. [ Links ]

BRASIL. Ministério da Educação. Resolução CNE/CP nº 2, de 10 de dezembro de 2020. Institui Diretrizes Nacionais orientadoras para a implementação dos dispositivos da Lei nº 14.040, de 18 de agosto de 2020. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 11 dez. 2020, ed. 237, seção 1, p. 52, 2020e. [ Links ]

CAMPANI, A.; NASCIMENTO, V. N.; SILVA, R. M. G. Inovação pedagógica, docência universitária e o ensino remoto emergencial na universidade: o saber de experiência na docência. RevistAleph, n. 35, 2020. [ Links ]

CAMPOS, R. D.; TAVARES, E.; CHIMENTI, P. C. P. S.; MARQUES, L. Desafios da pandemia para o futuro da educação: o caso Coppead. Revista de Administração Contemporânea, v. 25, n. Spe., e210062, 16 fev. 2021. [ Links ]

CASTRO, D. P.; RODRIGUES, N. D. S.; USTRA, S. R. V. Os reflexos do ensino remoto na docência em tempos de pandemia da Covid-19. Revista EDaPECI - Educação a Distância e Práticas Educativas Comunicacionais e Interculturais, v. 20 n. 3, 2020. [ Links ]

CERQUEIRA, B. R. S. Educação no ensino superior em tempos de pandemia. Olhar de professor, Ponta Grossa, v. 23, p. 1-5, e-2020.16175.209209226867.0616, 2020. [ Links ]

CORDEIRO, M. V. C.; et al. Os novos desafios dos professores de IES no pós-pandemia: um estudo realizado com docentes das instituições de ensino superior de Juazeiro do Norte - Ceará. Id on Line Rev. Mult. Psic., v. 14, n. 52, p. 703-717, 2020. [ Links ]

CUNHA, L. F. F.; SILVA, A. S.; SILVA, A. P. O ensino remoto no Brasil em tempos de pandemia: diálogos acerca da qualidade e do direito e acesso à educação. Revista Com Censo: Estudos Educacionais do Distrito Federal, v. 7, n. 3, p. 27-37, 2020. [ Links ]

FARAGE, E. J.; COSTA, A. J. S.; SILVA, L. B. A educação superior em tempos de pandemia: a agudização do projeto do capital através do ensino remoto emergencial. Germinal: Marxismo e Educação em Debate, Salvador, v. 13, n. 1, p. 226-257, 2021. [ Links ]

FERREIRA, D. M. et al. Desenvolvimento docente para o ensino remoto: experiência do programa de inovação e assessoria curricular (PROIAC) da Universidade Federal Fluminense. EaD em Foco, v. 11, n. 2, e1327, 2021. [ Links ]

FERREIRA, L. F. S.; SILVA, V. M. C. B.; MELO, K. E. S.; PEIXOTO, A. C. B. Considerações sobre a formação docente para atuar online nos tempos da pandemia de Covid-19. Revista Docência do Ensino Superior, Belo Horizonte, v. 10, p. 1-20, 2020. [ Links ]

FIOR, C. A.; MARTINS, M. J. A docência universitária no contexto de pandemia e o ingresso no ensino superior. Revista Docência do Ensino Superior, Belo Horizonte, v. 10, p. 1-20, 2020. [ Links ]

GUIMARÃES, A. R.; MAUÉS, O. C. Ensino remoto na educação superior pública: posições do movimento sindical docente no contexto da Pandemia de Covid-19. RTPS - Rev. Trabalho, Política e Sociedade, v. 6, n. 10, p. 155-174, jan./jun. 2021. [ Links ]

GUSSO, H. L.; et al. Ensino superior em tempos de pandemia: diretrizes à gestão universitária. Educação & Sociedade, v. 41, p. 1-26, 2020. [ Links ]

INEP. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Resumo técnico do Censo da Educação Superior 2018 [recurso eletrônico]. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2020. 99 p. Disponível em: https://download.inep.gov.br/publicacoes/institucionais/estatisticas_e_indicadores/resumo_tecnico_censo_da_educacao_superior_2018.pdf. Acesso em: 18 maio 2021. [ Links ]

INEP. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Resumo técnico do Censo da Educação Superior 2019 [recurso eletrônico]. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2021. 120 p. Disponível em: https://download.inep.gov.br/publicacoes/institucionais/estatisticas_e_indicadores/resumo_tecnico_censo_da_educacao_superior_2019.pdf. Acesso em: 18 maio 2021. [ Links ]

LIMA, M. J. Ensino remoto: aproximações teóricas sobre formação e prática docente. Revista Internacional de Apoyo a la Inclusión, Logopedia, Sociedad y Multiculturalidad, v. 6, n. 3, 2020. [ Links ]

MAGALHÃES, S. M. O.; SILVA, S. A.; PAULA, L. S. Formação docente e interdisciplinaridade em tempos de pandemia Covid-19. Dialogia, São Paulo, n. 38, p. 1-15, e18912, maio/ago. 2021. [ Links ]

MARCELO GARCIA, C. Desenvolvimento profissional docente: passado e futuro. Sísifo / Revista de Ciências da Educação, Portugal, n. 8, p. 7-22, 2009. [ Links ]

MEDEIROS, A. A.; BATISTON, A. P.; SOUZA, L. A.; FERRARI, F. P.; BARBOSA, I. R. Análise do ensino em fisioterapia no Brasil durante a pandemia de Covid-19. Fisioter. Mov., v. 34, e341032021, 2021. [ Links ]

NÓBREGA, I. S.; FERREIRA FILHO, J. A. B.; CUNHA, M. L. C.; MEDEIROS, T. P. G.; LEAL, C. Q. A. M.; SANTOS, R. C.; MARCOLINO, E. C. Ensino remoto na enfermagem em meio a pandemia da Covid-19. Rev. Recien., São Paulo, v. 10, n. 32, p. 358-366, 2020. [ Links ]

NÓVOA, A. Firmar a posição como professor, afirmar a profissão docente. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 47, n. 166, p. 1106-1133, dez. 2017. [ Links ]

RIBEIRO, C. H. V.; CAVALCANTI, M. T.; FERREIRA, A. P. “Abre a Câmera, por Favor!”: Aulas Remotas no Ensino Superior, uma Abordagem Fenomenológica. EaD em Foco, v. 11, n. 2, e1269, 2021. [ Links ]

RIBEIRO, M. L.; GODIVA, S.; BOLACIO FILHO, E. S. Ensino remoto emergencial e formação de professores de línguas adicionais. Revista Linguagem em Foco, v. 13, n. 1, p. 237-256, 2021. [ Links ]

RIES, E. F.; ROCHA, V. M. P.; SILVA, C. G. L. Epidemiology teaching during the Covid-19 pandemic. Research, Society and Development, v. 9, n. 9, e382996898, 2020. [ Links ]

ROMANOWSKI, J. P.; ENS, R. T. As pesquisas denominadas do tipo “estado da arte” em educação. Diálogo Educ., Curitiba, v. 6, n. 19, p. 37-50, set./dez. 2006. [ Links ]

SALVAGNI, J.; WOJCICHOSKI, N.; GUERIN, M. Desafios à implementação do ensino remoto no ensino superior brasileiro em um contexto de pandemia. Educação Por Escrito, Porto Alegre, v. 11, n. 2, p. 1-12, jul./dez. 2021. [ Links ]

SANTOS, G. M. R. F.; SILVA, M. E.; BELMONTE, B. R. Covid-19: ensino remoto emergencial e saúde mental de docentes universitários. Rev. Bras. Saúde Matern. Infant., Recife, v. 21, Supl. 1, p. S245-S251, fev. 2021. [ Links ]

SANTOS, L. L.; NERY, N. M. L.; CARVALHO, E. R.; CECILIO-FERNANDES, D. Transição do ensino presencial para o remoto em tempos de Covid-19: perspectiva docente. Scientia Medica, Porto Alegre, v. 31, p. 1-8, jan./dez. 2021. [ Links ]

SCHMIDT, J. B.; LOPES, F. M.; PEREIRA, S. L. Impacto da pandemia no trabalho docente no ensino superior. Monumenta - Revista de Estudos Interdisciplinares, Joinville, v. 1, n. 2, p. 191-213, jul./dez. 2020. [ Links ]

SHULMAN, L. S. Conocimiento y enseñanza: fundamentos de la Nueva reforma. Profesorado: Revista de currículum y formación del profesorado, v. 9, n. 2, 2005. [ Links ]

SILUS, A.; FONSECA, A. L. C.; JESUS, L. N. Desafios do ensino superior brasileiro em tempos de pandemia da Covid-19: repensando a prática docente. Liinc em Revista, v. 16, n. 2, e5336, 2020. [ Links ]

SILVA, F. N.; SILVA, R. A.; RENATO, G. A.; SUART, R. C. Concepções de professores dos cursos de Química sobre as atividades experimentais e o Ensino Remoto Emergencial. Revista Docência do Ensino Superior, Belo Horizonte, v. 10, p. 1-21, 2020. [ Links ]

SILVA, M. H.; HASTENREITER, R. S. C.; SANTOS, M. L.; SILVA, I. C. M. Do ensino presencial ao remoto: experiências dos docentes do bacharelado em Turismo durante a pandemia da Covid-19. Revista de Turismo Contemporâneo, Natal, v. 9, n. 2, p. 172-194, maio/ago. 2021. [ Links ]

SOUZA, A. S.; BARROS, C. C. A.; DUTRA, F. D.; GUSMÃO, R. S. C.; CARDOSO, B. L. C. Precarização do trabalho docente: reflexões em tempos de pandemia e pós-pandemia. Ensino em Perspectivas, Fortaleza, v. 2, n. 2, p. 1-23, 2021. [ Links ]

VAILLANT, D. El fortalecimiento del desarrollo profesional docente: una mirada desde Latinoamérica. Journal of Supranational Policies of Education, n. 5, p. 5-21, 2016. [ Links ]

VALENTE, et al. O ensino remoto frente às exigências do contexto de pandemia: reflexões sobre a prática docente. Research, Society and Development, v. 9, n. 9, e843998153, 2020. [ Links ]

ZEICHNER, K. M. Uma análise crítica sobre a “reflexão” como conceito estruturante na formação docente. Educ. Soc., Campinas, v. 29, n. 103, p. 535-554, maio/ago. 2008. [ Links ]

1A definição do método foi extraída das informações fornecidas pelo(s) próprio(s) autor(es) no trabalho. Quando essa informação não se apresentou clara e explicitamente no artigo, foram categorizadas segundo os procedimentos nele descritos.

2Desses quatro artigos, um utiliza narrativa (auto)biográfica (ANJOS, 2020) e três tomam as narrativas dos participantes da pesquisa como fontes de dados (FERREIRA et al., 2020; BOELL; ARRUDA, 2021; CAMPANI; NASCIMENTO; SILVA, 2020).

Recebido: 02 de Dezembro de 2021; Aceito: 25 de Janeiro de 2022

Creative Commons License Este é um artigo publicado em acesso aberto sob uma licença Creative Commons