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Revista Diálogo Educacional

versión impresa ISSN 1518-3483versión On-line ISSN 1981-416X

Rev. Diálogo Educ. vol.23 no.76 Curitiba ene./mar 2023  Epub 05-Abr-2023

https://doi.org/10.7213/1981-416x.23.076.ds02 

Dossiê

Pesquisas com crianças na educação infantil: discussões conceituais, éticas e metodológicas

Research with children in early childhood education: conceptual, ethical and methodological discussions

Investigación con niños en educación infantil: discusiones conceptuales, éticas y metodológicas

Luciana Aparecida de Araújoa 
http://orcid.org/0000-0003-1147-5039

Cleriston Izidro dos Anjosvb 
http://orcid.org/0000-0003-1040-4909

aUniversidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), Marília, SP, Brasil. Doutora em Educação, e-mail: luciana.a.araujo@unesp.br

bUniversidade Federal de Alagoas (UFAL), Maceió, AL, Brasil. Doutor em Educação, e-mail: cianjos@yahoo.com.br


Resumo

O artigo “Pesquisas com crianças na Educação Infantil: discussões conceituais, éticas e metodológicas” tem como objetivo reunir, sistematizar e analisar os estudos e pesquisas que abordam as produções acadêmicas sobre pesquisas com crianças na Educação Infantil (2017-2021), de modo a identificar as principais tendências das pesquisas encontradas, suas lacunas e discussões relevantes, e avaliá-las criticamente. Optamos pela revisão de literatura e foram realizados procedimentos de localização, reunião, seleção e ordenação de referências dos estudos e pesquisas que abordam a temática, a partir de consultas na plataforma do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict oasisbr). Os resultados revelam a importância de se considerar as vozes e a ações infantis nas pesquisas com crianças, considerando o que elas têm a dizer sobre suas vivências e experiências sobre tudo aquilo que interfere em suas vidas.

Palavras-chave: Pesquisas; Crianças; Educação Infantil; Epistemologias; Metodologias

Abstract

The article “Research with children in Early Childhood Education: conceptual, ethical and methodological discussions” aims to gather, systematize and analyze studies and researches that approach academic productions on research with children in Early Childhood Education (2017-2021), in order to identify the main research trends found, their gaps and relevant discussions, and critically evaluate them. We opted for a literature review and procedures were carried out to locate, gather, select and order the references of studies and researches that address the theme, based on consultations on the platform of the Brazilian Institute of Information in Science and Technology (Ibict oasisbr). The results reveal the importance of considering children's voices and actions when doing a research with children, also considering what they have to say about their background and experiences about everything that interferes in their lives.

Keywords: Researches; Children; Child education; Epistemologies; Methodologies

Resumen

El artículo “Investigación con niños en Educación Infantil: discusiones conceptuales, éticas y metodológicas” tiene como objetivo recopilar, sistematizar y analizar estudios e investigaciones que aborden producciones académicas sobre investigaciones con niños en Educación Infantil (2017-2021), con el fin de identificar las principales tendencias de investigación encontradas, sus lagunas y discusiones relevantes, y evaluarlas críticamente. Optamos por una revisión de la literatura y se realizaron procedimientos para localizar, recopilar, seleccionar y ordenar referencias de estudios e investigaciones que abordan el tema, a partir de consultas en la plataforma del Instituto Brasileño de Información en Ciencia y Tecnología (Ibict oasisbr). Los resultados revelan la importancia de considerar las voces y acciones de los niños en la investigación con ellos, considerando lo que tienen a decir sobre sus experiencias y sobre todo lo que interfiere en sus vidas.

Palabras clave: Investigaciones; Niños; Educación Infantil; Epistemologías; Metodologías

Introdução

Realizar pesquisas com crianças implica refletir sobre nossas escolhas epistemológicas, metodológicas e éticas que envolvem desde pensar sobre nossas concepções de criança aos instrumentos de pesquisa que contribuam para a participação das crianças, capturando suas vozes, perspectivas, interesses e atribuindo sentidos às suas ações e experiências (CORSARO, 2011; SARMENTO, 2003, ABRAMOWICZ; OLIVEIRA, 2010).

Partir do princípio de que as coisas que as crianças dizem e fazem são importantes tem despertado o interesse de pesquisadores de diversas áreas do conhecimento, como a Pedagogia, a Psicologia, a Filosofia, a Sociologia, a História, a Antropologia, a Geografia, dentre outras (CORDEIRO; PENITENTE, 2014).

Nesse sentido, delineamos como objetivo deste artigo reunir, sistematizar e analisar os estudos e pesquisas que abordam as produções acadêmicas sobre pesquisas com crianças, publicadas no período de 2017-2021, de modo a identificar as principais tendências das pesquisas encontradas, suas lacunas e discussões relevantes e avaliá-las criticamente. Para o recorte temporal, partimos do pressuposto de que, nos últimos anos, houve um aumento do número de produções em que seus autores afirmam terem realizado pesquisas com crianças.

Santos, Anjos e Faria (2017, p. 165), ao problematizarem o lugar em que as crianças ocupam nas pesquisas, afirmam que precisamos enfrentar o colonialismo, a subordinação e o adultocentrismo, dentre outras dicotomias, bem como considerarmos a intersecção entre raça, etnia, gênero, sexualidade, religião, idade e classe social como lentes para que as crianças possam deixar de serem consideradas como “crianças das pesquisas” e “crianças nas pesquisas”, e serem percebidas como “crianças que fazem pesquisas”. Assim, para que as crianças sejam consideradas como parceiras das pesquisas, com suas criações e falas, é preciso uma “reviravolta científica” e, nesse sentido, de acordo com as autoras e o autor, a Pedagogia da Infância e a Sociologia da Infância apontam relevantes contribuições.

Como caminho metodológico, optamos pela revisão de literatura, visando buscar informações relacionadas ao tema, conforme evidenciado por Moreira e Caleffe (2008). Para a constituição desse corpus investigativo, foram realizados procedimentos de localização, reunião, seleção e ordenação de referências, dos estudos e pesquisas que abordam a temática, a partir de consultas na plataforma do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict oasisbr), que permite a busca de produções científicas de autores vinculados a universidades e institutos de pesquisa brasileiros e em fontes portuguesas, reunindo teses, dissertações, trabalhos de conclusão de curso, capítulo de livros, periódicos científicos eletrônicos, artigos de conferência e relatórios.

A busca foi realizada no campo de pesquisa avançada, a partir dos descritores "Pesquisa com crianças" e "Educação infantil", associadas pelo operador booleano AND, idioma Português e no período correspondente de 2017 a 2021, que resultou em 85 produções, sendo 51 artigos, 7 teses e 27 dissertações. Para este estudo, foram selecionadas apenas as teses e dissertações, utilizando como critério de exclusão as produções que não guardavam correlação com a temática e as produções que os links de acesso não abriam. A partir desses critérios de exclusão, foram selecionadas 23 produções acadêmicas: 19 dissertações e quatro teses.

As informações coletadas a partir das 23 produções acadêmicas foram sistematizadas e serviram de base para a elaboração de instrumentos de pesquisa. O primeiro deles foi a organização de um quadro que reuniu o “Conjunto de dissertações de mestrado e teses de doutorado, publicadas entre 2017-2021”, destacando o nome do(s) autores (as), o título dos trabalhos, a fonte do material e ano de publicação. No segundo instrumento, intitulado “Resumo informativo e palavra-chave dos estudos e pesquisas publicados entre 2017-2021”, foram incluídas as palavras-chave e os resumos informados das teses e dissertações.

Após essa sistematização, foi produzido o terceiro instrumento denominado: “Procedimento de investigação e análise dos resultados dos estudos e pesquisas encontrados entre 2007-2021”, em que se destacou o material, método, procedimento de análise dos resultados e conclusões das teses e dissertações. A sistematização e a classificação dos dados e informações foram realizadas privilegiando a frequência com que esses dados e informações apareceram nos aspectos elencados acima, resultando em dois eixos de análise: “As crianças e suas culturas: concepções e vozes reveladas por meio dos jogos, brincadeiras e práticas pedagógicas” e “O sentido atribuído pelas crianças: identidade, gênero e raça”, descritos a seguir.

O que dizem as produções acadêmicas sobre a pesquisa com crianças na Educação Infantil (2017-2021)

O eixo “As crianças e suas culturas: concepções e vozes reveladas por meio dos jogos, brincadeiras e práticas pedagógicas”, permitiu-nos reunir 16 produções acadêmicas, sendo duas teses de doutorado e 14 dissertações de mestrado que discutiram questões relacionadas às crianças e suas diferentes culturas reveladas mediante os jogos, brincadeiras e o papel das práticas pedagógicas nesse processo.

a) Eixo: “As crianças e suas culturas: concepções e vozes reveladas por meio dos jogos, brincadeiras e práticas pedagógicas”.

Iniciamos com a tese de doutorado de Giulia Andione Rebouças Fraga (2019), intitulada “Viver e compartilhar: fotografias de crianças no Instagram”, cujo objetivo foi a análise de narrativas sobre si, felicidade e consumo por meio de registros fotográficos advindos de compartilhamento no aplicativo por crianças com idade entre nove e onze anos. A pesquisa foi qualitativa, descritiva e analítica. Os aportes adotados pela pesquisa possibilitaram o reconhecimento das crianças como sujeitos sociais e culturais, com as especificidades da época, incluindo os avanços tecnológicos e digitais. As análises fotográficas indicaram que as narrativas permitiram conhecer as experiências das crianças e assim obter informações das culturas infantis provenientes da rede social.

Evidenciou-se que nas redes sociais as crianças apresentam pedagogias sobre o ser criança apresentando a si, a felicidade e consumo, como simultaneamente se apropriam desses modos de forma criativa. Também foi possível identificar aspectos da infância atual, na qual as crianças ressignificam a cultura de forma competente e ativa, conforme as suas culturas infantis conectadas com destaque para crianças autônomas e a notoriedade em práticas e culturas digitais (FRAGA, 2019).

A dissertação de mestrado intitulada “A interactividade como fomentadora da ludicidade: tudo fica “típico” quando as crianças brincam na educação infantil”, de autoria de Denise Watanabe (2017), teve como centro de investigação os eixos interactividade e ludicidade, estruturadores das culturas infantis, pautados na Sociologia da Infância. A pesquisa qualitativa com investigação-ação possibilitou a compreensão e o aprofundamento de como a interactividade (adulto/criança, criança/adulto e crianças com seus pares) era estabelecida e efetivada visando o fomento da ludicidade. Foram utilizados diversos recursos lúdicos e atividades que tivessem significado para as crianças. Os dados foram coletados, sistematizados e analisados a partir de observações, registros no diário de campo, registros fotográficos e diálogos com as crianças e os docentes.

A pesquisa desenvolvida com as crianças, possibilitou o fortalecimento de vínculos interpessoais e de participação e fortaleceu a importância da parceria entre interatividade e ludicidade. Os resultados indicaram o aumento da cultura lúdica no lócus da pesquisa; enquanto que as crianças, (re) significaram as maneiras de brincar, suas formas de expressão e/ou imaginação, criando estratégias para participação nas brincadeiras, para o estabelecimento e/ou efetivação de amizades, na superação dos conflitos entre os pares, nas atitudes em relação as regras e mundo simbólico. O prazer pelo brincar com amigos e outras crianças, incluindo as do Ensino Fundamental é revelado pelas expressões e relatos das crianças (WATANABE, 2017).

Conclui-se da pesquisa que há complementação entre interatividade e a ludicidade, pois a brincadeira é ensinada, aprendida e recriada, já que é um elemento cultural, histórico e social. Desse modo, os adultos precisam planejar tempos, espaços e recursos, bem como materiais, estudos e ações com qualidade, sendo diversas e com significado para as crianças na Educação Infantil, possibilitando, valorizando e ampliando a cultura lúdica e garantindo diversas interações (WATANABE, 2017).

Vivian Jamile Beling (2017), na dissertação de mestrado “O que as crianças da pré-escola revelam acerca das práticas pedagógicas que experienciaram no contexto de uma escola de educação infantil”, realizou a pesquisa em Santa Maria/RS, investigando as revelações das crianças de Pré-escola sobre as práticas pedagógicas que experenciavam na escola. No estudo, buscou estratégias a fim de qualificar as crianças enquanto sujeitos ativos, que participavam da pesquisa, registrando as falas das crianças, desenhos e registros fotográficos. Foram determinados três eixos a partir dos registros e observações, sendo eles: “[...] experiências, protagonismo e interações” (BELING, 2017, p. 06).

O estudo aponta que o lugar da criança de pré-escola é novo, tanto nas políticas como nos trabalhos acadêmicos explanados, que demonstra conquistas, mas também conflitos teóricos, de estratégias e meios para a efetivação dos seus direitos. Endossa-se a relevância de pesquisas que considerem as vozes infantis, com qualidade metodológica. Os registros das crianças, que se mostraram competentes, evidenciaram a escola e as interações nesses espaços e a preferência por áreas externas. As crianças mostraram diversas experiências em suas interações e brincadeiras que transcendem às propostas dos adultos (BELING, 2017).

Aline Roberta Weber Silva (2021), em sua dissertação de mestrado “Crianças construindo jogos de tabuleiro na educação infantil: interconexões entre a expressão gráfica e as ideias matemáticas”, realizou a pesquisa qualitativa em uma escola municipal de Educação Infantil localizada em Curitiba com crianças de 4 e 5 anos, tendo como objetivo a investigação das influências da construção de jogos de tabuleiro, elaborados pelas crianças, para desenvolver ideias matemáticas na faixa etária mencionada. Além de uma revisão de literatura sobre a temática, foram realizadas propostas para enriquecer o repertório das crianças com relação aos jogos de tabuleiro, sendo que posteriormente elas construíram um. Os dados foram coletados por meio de observação, anotação, áudios, vídeos, fotos e entrevista semiestruturada com a docente (SILVA, 2021).

A pesquisa aponta que o trabalho com jogos de tabuleiro, principalmente quando construídos pelas crianças, contribui para a ampliação das ideias matemáticas, seu desenvolvimento integral, com direitos de aprendizagem e desenvolvimento dessa faixa etária (SILVA, 2021).

A dissertação de Sandro Machado (2019), “Culturas lúdicas infantis na pré-escola”, desenvolvida partindo dos Estudos Sociais da Infância foi realizada em Porto Alegre, em uma escola de Educação Infantil com crianças da Pré-escola com idade de 5 anos, buscou investigar a elaboração de culturas lúdicas infantis nesse contexto. Os dados foram obtidos por meio de observação na escola, registro em diário de campo, fotografias e rodas para conversa com as crianças.

Durante a investigação, compreendendo as crianças como sujeito sociais ativos que produzem culturas infantis devendo ter seus direitos respeitados e garantidos, foi estabelecida uma relação de proximidade e respeito com as crianças. Foram observadas regularidades que constituem culturas lúdicas na forma como as crianças compartilhavam referências culturais no dia a dia da pré-escola. Dois conceitos foram formulados: “ambientes lúdicos”, que contempla as relações sociais demonstradas pelas crianças entre elas e/ou com outros elementos (espaço, materiais e suas características), e “culturas lúdicas infantis”, decorrente das relações sociais. As gestualidades, as relações e as musicalidades constituíram-se como unidades analíticas que demonstram as culturas lúdicas entre as crianças. Também foram estabelecidas relações com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, ressaltando a essencialidade dos adultos possibilitarem ambientes que permitam vivências das crianças com o lúdico na escola (MACHADO, 2019).

A dissertação de mestrado “Famílias, Relações intergeracionais e de gênero: práticas compartilhadas de educação e cuidado de crianças pequenas”, de autoria de Ana Paula Pereira Gomes (2017), investigou práticas compartilhadas na educação e cuidado de crianças na Educação Infantil, buscando a compreensão das funções desempenhadas pelos membros familiares da sociedade atual, como as crianças os enxergam e a forma de acolhimento por parte da escola de Educação Infantil das transformações familiares ocorridas. Buscou, nesse ínterim, observar a perspectiva das crianças por meio dos desenhos e oralidade.

Como resultados, foram evidenciadas que as concepções de família e do papel da mulher na sociedade apresentaram permanências, mas também transformações, destacando que a parceria com a escola de Educação Infantil encontra desafios. O estudo pretendeu tornar visível que novas configurações familiares emergiram, sendo que a família possui a sua dinâmica atuando junto à escola de Educação Infantil nos cuidados e educação das crianças. A reflexão trazida aborda as demandas sociais atuais e as transformações da sociedade em que as crianças são participantes ativas (GOMES, 2017).

Lucas Ramos Martins (2019), em sua dissertação de mestrado “Pressupostos epistemológicos das pesquisas sobre criança, infância e educação infantil: análise das contribuições da sociologia da infância”, realizou uma pesquisa teórica/bibliográfica objetivando a análise e compreensão das contribuições da Sociologia da Infância para os estudos da área da educação no Brasil, por meio da qual mapeou pressupostos epistemológicos nas pesquisas da ANPED entre 2006 e 2016, contemplando a criança, a infância e a educação infantil. Como resultado, foi apresentado o mapeamento das publicações com ano, local, gênero, área e tema de pesquisa dos autores (as), a Sociologia da Infância (conceitos principais e abordagem), autores presentes nas pesquisas e as diversas metodologias adotadas. Concepções com relação ao conhecimento e sua produção, ao ser humano, história, criança, infância e educação infantil também foram apresentadas na pesquisa (MARTINS, 2019).

Carla Melissa Klock Scalzitti (2020), em sua tese de doutorado “Conhecimentos linguísticos na educação infantil: as atividades de sensibilização fonológica como contributo para aquisição do Sistema Notacional Alfabético”, teve como foco à aprendizagem do Sistema Notacional Alfabético (SNA) de forma reflexiva da Educação Infantil ao Ensino Fundamental (primeiro ano) com dois grupos de crianças divididos em sala de intervenção e sala controle em Várzea Grande - Mato Grosso do Sul. A pesquisa foi longitudinal (de 2017 ao início de 2020). Atividades de consciência fonológica foram aplicadas de forma sistemática na sala de intervenção, visando verificar a colaboração delas para o desenvolvimento de habilidades metalinguísticas importantes para aprender de forma reflexiva o SNA. Os dados foram analisados com três instrumentos: ditados (palavras, frases), teste de realismo nominal e produção textual. A forma de pensar das crianças sobre o SNA foi fornecida pelas entrevistas e pelo método clínico piagetiano (SCALZITTI, 2020).

A análise apontou que, inicialmente, os dois grupos não notavam a linguagem oral como instrumento de auxílio para a escrita, porém as crianças da sala de intervenção evoluíram o pensamento sobre as características do SNA, pois se envolveram em situações reflexivas sobre o SNA na Educação Infantil, com ensino promotor de forma sistemática da reflexão linguística, o que foi positivo para a aprendizagem desse sistema no primeiro ciclo do Ensino Fundamental. As crianças da sala de intervenção desenvolveram várias habilidades pertinentes ao SNA e passaram a produzir com menor número de erros que estão associados à complexidade fonológica, o que foi associado como resultado das tarefas que geraram reflexões sobre a linguagem oral e escrita durante a Educação Infantil (SCALZITTI, 2020).

A dissertação de mestrado de Monalysa Themistocles da Silva Pinheiro (2018), intitulada “Escrita na Educação Infantil: experiências e sentidos de crianças”, buscou a análise de experiências e sentidos que as crianças da Educação Infantil atribuíam à escrita tematizando questões com foco na criança, escrita e Educação Infantil. O estudo qualitativo foi desenvolvido em Natal/RN, em um Centro Municipal de Educação Infantil, sendo sujeitos crianças com 5 a 6 anos incompletos e profissionais responsáveis pela turma.

Segundo as análises, as crianças expressam diversos sentidos sobre à escrita, como, por exemplo, desenhar, fazer letras do alfabeto, entre outros, que mostram a fragilidade e redução do entendimento dessa linguagem, de sua essência simbólica e função social, como seu potencial para recriar produzindo cultura. A autora afirma que as crianças precisam ser inseridas na cultura escrita nas escolas, de modo significativo, com situações reais, respeitando as particularidades da Educação Infantil, com práticas que considerem os eixos interações e brincadeiras, o que exige formação adequada dos docentes dessa faixa etária (PINHEIRO, 2018).

Diana Machado (2019), em sua dissertação de mestrado “Olhares de crianças sobre a escola de educação infantil: o que dizem e mostram sobre a escola?”, realizou o estudo qualitativo inspirado no estudo de caso etnográfico, em uma escola de Educação Infantil em Lajeado, com crianças de 5 anos. A autora pontua que é importante considerar as vozes das crianças e o que elas têm a dizer sobre a escola e seus espaços, revelando pensamentos, sentimentos e vivências sobre a infância, promovendo, assim, uma pedagogia que valoriza os sujeitos infantis (formas de ser e se expressar). A pesquisa valorizou e tomou as crianças como sujeitos participantes considerando suas vozes e olhares. Foi realizada observação participante, roda da conversa, diário de campo, gravações em áudio, registro por fotos e vídeo.

Delineou-se três categorias com base na interpretação das percepções infantis com relação à escola de Educação Infantil, sendo que a primeira traz o que as vozes das crianças revelam sobre a escola, a segunda aborda as imagens que foram apresentadas pelos participantes e a última contempla experiências e aprendizagens no âmbito da escola de Educação Infantil. As crianças têm expectativas sobre a escola que versam sobre um local frequentado para aprender. As próprias crianças oferecem indicativos mediante suas falas, olhares e ações que potencializam a reflexão de pesquisadores e equipe escolar sobre a organização das escolas de Educação Infantil quando valorizam as vozes infantis, contemplando sua participação na organização da escola (MACHADO, 2019).

Alexandre Fagundes Pereira (2018), em sua dissertação de mestrado “A performance de crianças pequenas em atividades de exploração do mundo em uma instituição de educação infantil: refletindo o vínculo entre educação infantil e ensino de ciências”, realizou a pesquisa em uma escola municipal de Educação Infantil em Belo Horizonte, com uma turma de crianças de 5 anos que participavam de um projeto investigativo. Teve como objetivo a investigação da performance das crianças participantes em propostas que envolviam exploração do mundo físico e natural. Os resultados geraram reflexões sobre o papel das crianças, adultos e conteúdo científico, destacando possibilidades para trabalhar ciências partindo da perspectiva da criança (PEREIRA, 2018).

A dissertação de mestrado “Leitura literária na educação infantil: entre saberes e práticas”, de Márcia Mariana Santos de Oliveira (2017), buscou a compreensão dos sentidos que as crianças produzem para as experiências que têm com a literatura. Objetivou compreender a infância a partir das próprias crianças e entender a contribuição da experiência literária na formação cultural e humana da criança na sociedade contemporânea. Ocorreram mediações de textos literários relacionados com outras linguagens em oficinas de leitura com uma turma de Educação Infantil (2º período).

As análises revelaram que as mediações de leitura efetivadas com as crianças possibilitaram vivências com a literatura de forma significativa, contribuindo para a criatividade das crianças e compartilhamento entre os sujeitos de sentidos e significados. Ressalta-se também a importância de as crianças, que vivenciam e transformam a cultura, participarem ativamente no processo de construção do conhecimento (OLIVEIRA, 2017).

A dissertação de mestrado “As potencialidades do uso dos desenhos das crianças na Educação Infantil para divulgação científica”, de autoria de Alexandra Nascimento de Andrade (2018), almejou a percepção da divulgação da Ciência para crianças na Educação Infantil por meio do desenho, por ser uma das principais formas comunicativas da criança para expor descobertas, para se expressar, mostrando sentimentos e vivências. A pesquisa foi qualitativa e fenomenológica, tendo como sujeitos participantes 38 crianças, do 2º período com idade entre 5 e 6 anos. Na pesquisa, verificou-se que é importante trabalhar ciências na faixa etária pesquisada já que as crianças são observadoras da natureza; a linguagem científica nessa faixa etária tem influência para o desenvolvimento de conceitos e do pensamento que corrobora para a compreensão dos conceitos posteriormente; a importância do trabalho com a temática Astronomia formando conceitos vistos nos desenhos e exposições, já que na Educação Infantil a criança deve ser estimulada para o mundo físico, fomentando o olhar com atenção e significado para tudo que é observado.

A pesquisa aponta que os desenhos, quando bem trabalhados na sala de referência, são potencializadores para divulgação de conhecimentos construídos pelas crianças e também podem auxiliar o ensino-aprendizagem (ANDRADE, 2018).

Neusa Aparecida Radeck (2019), na dissertação de mestrado “Percepções de crianças da primeira infância sobre as relações educativas na sua escola: é possível melhorá-la a partir de suas opiniões?”, partindo do princípio que é preciso ouvir o que as crianças têm a dizer sobre a organização da escola da primeira infância, objetivou o conhecimento das percepções das relações educativas de crianças de 4 a 6 anos de duas escolas sendo uma pública e outra privada. As narrativas foram documentadas por fotos, desenhos, imagens projetadas, áudios gravados e diário de campo. Foram realizadas perguntas sobre as preferências das crianças na escola e o que não achavam legal, questionando-as sobre sugestões para melhorias. Tomando como norte os direitos de aprendizagem e desenvolvimento propostos pela Base Nacional Comum Curricular, buscou-se, de forma reflexiva, compreender se as opiniões dadas pelas crianças poderiam contribuir positivamente para a escola.

A pesquisa traz conceitos fundamentais com base na Sociologia da Infância, como o de criança, infância, participação das crianças, parceria entre crianças e adultos e pesquisas com crianças. Para finalizar, a autora propõe um curso de extensão realizado a distância voltado para equipe escolar (gestores e professores) e profissionais que tenham interesse na avaliação e (re) organização das escolas para a primeira infância garantindo a parceira das crianças, buscando escolas mais significativas para elas (RADECK, 2019).

Claines Kremer (2019), em sua dissertação de mestrado “Quem é grande é que sabe alguma coisa, mas quem é pequeno é que sabe coisa nova todo dia: as versões das crianças sobre aprender na Pré-escola”, teve como objetivo a compreensão de como as crianças de Pré-escola elaboram e compartilham sentidos às suas aprendizagens. A pesquisa com crianças foi etnográfica, realizada com um grupo da Pré-escola no litoral Norte gaúcho em uma escola pública de Educação Infantil. O estudo indica que para as crianças a dimensão prática é o cerne de sua aprendizagem e para a construção de seu conhecimento elas se envolvem em percursos na Pré-escola sendo trajetos participativos, orientados e inesperados. A análise sinaliza que as culturas infantis estão associadas às aprendizagens das crianças, visto que pela reprodução interpretativa ocorre a construção de sentidos e o compartilhamento de significados das suas aprendizagens. Assim, as reflexões dos processos educativos devem considerar as concepções que as crianças têm sobre os seus saberes e fazeres, podendo contribuir para novas organizações de práticas pedagógicas voltadas para a aprendizagem das crianças na pré-escola (KREMER, 2019).

Rosianne de Sousa Valente (2018), em sua dissertação de mestrado “Eu ainda não falei, eu quero falar! Os sentidos de escrita atribuídos por crianças pré-escolares”, realizou a pesquisa em Santarém/Pará e teve como objetivo a compreensão dos sentidos que as crianças de Pré-escolas públicas e particulares atribuíam à linguagem escrita. A criança, sendo um ser que é social, tem capacidade para o estabelecimento de relações com a cultura, apropriando-se de significados e atribuindo sentidos a esse mundo cultural. A linguagem escrita também é compreendida como instrumento cultural com suas complexidades necessário para o processo de humanização dos seres humanos, porém o sentido de escrita atribuído pela criança estará ligado à concepção de cultura escrita concebida e de como ela é apresentada para a criança (VALENTE, 2018).

Com base na abordagem histórico-cultural, foi desenvolvida uma investigação em duas escolas de Educação Infantil, sendo uma pública e outra particular, tendo como sujeitos da pesquisa crianças ente 5 e 6 anos. Foi realizada observação participante, entrevistas, tanto individuais como coletivas (técnicas de história para completar), desenhos história e passeio. Os registros ocorreram em diário de campo, também por fotos, áudios e vídeos gravados. As análises indicaram que as propostas realizadas para as crianças nas duas escolas não estão voltadas à concepção de que a linguagem escrita é desenvolvida com experiências que enriqueçam o repertório cultural da criança, com possibilidades de se expressar com o desenho, pela brincadeira, no contato com objetos dessa cultura escrita (VALENTE, 2018).

As entrevistas mostraram que, inicialmente, as crianças atribuíram sentidos à linguagem escrita que não estão ligados ao seu papel social. Posteriormente, após as aproximações com situações reais de escrita ofertadas para as crianças por meio da pesquisa, os sentidos atribuídos ocorreram em conformidade com a sua função social. Assim, a busca pela compreensão dos sentidos atribuídos pelas crianças à escrita na pré-escola, considerando a criança como sujeito capaz, evidenciou a necessidade de mudanças nas práticas pedagógicas, de modo que elas possam incluir as crianças na cultura escrita, de forma significativa e que viabilizem sua função social, enquanto instrumento cultural (VALENTE, 2018).

b) Eixo: O sentido atribuído pelas crianças: identidade, gênero, raça.

No eixo “O sentido atribuído pelas crianças: identidade, gênero, raça”, reunimos sete produções acadêmicas, sendo duas teses de doutorado e cinco dissertações de mestrado que discutiram as concepções das crianças em relação a sua identidade, a questões de gênero, étnico-raciais e de violência doméstica.

Iniciamos com a tese de doutorado intitulada “Um Estudo sobre as Relações Étnico-raciais na Perspectiva das Crianças Pequenas”, de autoria de Lajara Janaina Lopes Corrêa (2017), que analisou as relações étnico-raciais ocorridas entre crianças de 3 a 6 anos de uma escola de educação infantil, no município de Campinas/SP. A tese teve como objetivo identificar a compreensão dessas crianças sobre a identificação étnico-racial; o momento em que passam a reconhecer o pertencimento racial; as impressões das crianças sobre relações raciais, bem como as suas auto declarações.

Por meio da pesquisa de campo, os dados foram coletados mediante entrevistas, testes (com uso de bonecos/as), fotografias, desenhos e conversas com as crianças (de modo informal e em rodas). Durante a pesquisa foi possível notar a subjetividade, as expressões e falas das crianças pequenas sobre o tema proposto, visto que a temática racial é aprendida. A pesquisa possibilitou diálogos com as crianças voltados para cor, raça e a construção de sua identificação. Com base nos conceitos de criança e infância da Sociologia da Infância ocorreu a análise das relações sociais entre as crianças, suas perspectivas sobre pertencimento racial (CORREA, 2017).

Andreza Saydelles da Rosa (2018), em sua dissertação de mestrado “Eu não posso brincar de boneca, boneca é coisa de menina”, desenvolveu sua pesquisa em uma escola municipal de Educação Infantil, no município de Santa Maria/RS. A autora teve como objetivo investigar a (re) produção pelas crianças das identidades de gênero partindo das interações ocorridas em uma turma de Educação Infantil do campo. A pesquisa foi qualitativa, destacando a criança como crítica e participante ativa da realidade social em que faz parte. Fez uso da observação participante, dos registros em diário de campo, fotografias e filmagens. Os resultados permitiram reflexões com relação às identidades de gênero e significados construídos sobre concepção de gênero pelas crianças na Educação Infantil. As vozes das crianças, bem como o lugar de onde falavam foram valorizados, sendo possível perceber o conceito de gênero relacionado à construção de identidades como masculino e feminino, não contemplando somente o biológico, sendo parte da sociedade na qual as crianças estão (ROSA, 2018).

A dissertação de mestrado “Nunca peguei um nenê no colo: traços e pontos sobre gênero construídos por crianças nas suas interações e brincadeiras”, de autoria de Litiéli Wollmann Schutz (2018), discutiu a compreensão do entendimento das crianças pequenas da Educação Infantil sobre as questões de gênero manifestada em suas interações e brincadeiras. O lócus foi uma instituição de Educação Infantil, em uma turma de pré-escola. A pesquisa foi qualitativa, interpretativa e com observações registradas em diário de bordo. Com relação à metodologia de pesquisa com crianças, foram selecionados autores que abordam a importância de ouvir a voz das crianças e o que elas têm a dizer.

A pesquisa possibilitou reflexões sobre as questões de gênero, bem como os esteriótipos que existem na sociedade e na escola, além da reflexão dos significados que as crianças constroem sobre as concepções de gênero, sendo possível a compreensão de que o que as crianças entendem sobre o tema está associado à sociedade de uma forma geral, incluindo família, cultura, religião e escola. Observou-se também que as crianças elaboraram estratégias para ultrapassar as imposições sociais (SCHUTZ, 2018).

Sabrina de Sousa Soares (2020), em sua dissertação de mestrado “Sob a ótica das crianças: cultura de mídia na educação infantil e as representações de gênero em desenhos animados”, realizou a pesquisa em Belo Horizonte em uma escola de Educação Infantil com crianças de 4 e 5 anos. Delineou como objetivo a compreensão dos sentidos dados pelas crianças às marcas de feminino e masculino que veicularam em suas interações, nas expressões de suas compreensões e ações sobre as relações de gênero vivenciadas e as suas marcas por desenhos animados (conteúdos e personagens).

A pesquisa adotou princípios da etnografia, observação participante e registro em diário de campo. Os resultados mostraram que o gênero se materializa nos corpos pela performance que explicita dimensões ligadas ao masculino e feminino. A autora ressalta que as crianças se apoiam nas normas do gênero para modalizar, pela performance, suas identidades, em que os desenhos animados, com seus elementos, podem delinear aspectos de feminino e masculino afirmando as barreiras de gênero, como também podem propiciar possibilidades para que as crianças possam construir e ressignificar esses delineamentos. As crianças demonstraram que por meio do desenho animado também é possível aprender sobre o gênero. Com foco nas crianças pequenas, foi produzido um curta-metragem de animação, como recurso educativo, com uma heroína, personagem feminina que desafia referências de feminino e masculino que predominam nos desenhos animados (SOARES, 2020).

Vanessa Helena Seribelli (2019), em sua dissertação de mestrado intitulada “Direitos da criança: dizeres e sentires infantis e docentes sobre o que é ser criança no contexto educativo”, realizou sua pesquisa qualitativa e etnográfica em uma escola municipal de Presidente Prudente - SP, em duas turmas de Pré-Escola com crianças na faixa etária de 5 anos e suas respectivas docentes. O estudo considerou as crianças como sujeitos principais, garantindo que as concepções delas pudessem ser manifestadas. Teve como objetivo a compreensão do que é ser criança, tanto para professoras como para as próprias crianças, a fim de analisar se os direitos delas estão sendo garantidos em âmbito escolar.

Os dados foram obtidos por meio do questionário, das observações, entrevista semiestruturada com os professores, desenhos comentados, conversas em roda e histórias a serem completadas. O estudo dialogou com a Sociologia da Infância e sinalizou a necessidade de práticas educativas que respeitem a criança em suas singularidades, possibilitando a participação das crianças, inclusive em decisões na escola, ouvindo sua voz, garantindo o lúdico, o desenvolvimento da autonomia das mesmas e da criatividade. A formação docente é apontada como um fator para análise, pois uma má formação do professor pode ocasionar impasses na Educação Infantil (SERIBELLI, 2019).

Gisele Brandelero Camargo (2020), em sua tese de doutorado “A travessia da educação infantil para os anos iniciais do ensino fundamental: a experiência da criança”, teve como objetivo a compreensão pelo ponto de vista das crianças de como elas experienciam a mudança da Educação Infantil para o Ensino Fundamental, tendo como norte questionamentos voltados para as diferenças identificadas pelas crianças entre os contextos durante a mudança e as estratégias elaboradas por elas nos contextos escolares. O estudo foi interpretativo e etnográfico, realizado no município de Ponta Grossa - PR com duas escolas municipais, sendo um Centro Municipal de Educação Infantil e uma escola de anos iniciais do Ensino Fundamental.

O estudo considerou as crianças como competentes, produtoras de cultura, ativas na socialização e buscou a aproximação com as crianças pela inserção nos contextos escolares. Os dados foram produzidos por observação participante, visitas e entrevistas. Os resultados mostraram que as culturas infantis são enfatizadas na Educação Infantil e no Ensino Fundamental. As escolas valorizam o currículo e conteúdos formais que contribuem para mudar a experiência da criança, favorecendo sua participação. As crianças revelaram o gosto e desejo por mudanças ligadas aos contextos escolares. O corpo da criança é visto como o local em que ela experiencia a mudança da Educação Infantil para o Ensino Fundamental, onde ela interpreta e tem ações sociais. A autora pontua a necessidade de reflexão sobre a importância de revalidar o corpo da criança como local da experiência, significados e também de sentidos (CAMARGO, 2020).

A dissertação de mestrado “Minha mãe não pode falar nada que meu pai fica bravo: violências de gênero a partir do olhar das crianças”, de autoria de Jéssica Tairâne de Moraes (2019), buscou identificar a percepção das crianças sobre maus-tratos emocionais, além de outras formas de violência de gênero, almejando a compreensão de como elas enxergavam e interpretavam a violência doméstica e como isso repercutia na escola de Educação Infantil. A pesquisa foi desenvolvida em uma escola de Educação infantil em Porto Alegre/RS, com crianças de 5 anos. Para o desenvolvimento da pesquisa foi utilizada a literatura infantil e rodas de conversa com as crianças.

Os resultados indicaram, por meio de intervenções nas rodas de conversa, que as crianças reconhecem e, inclusive, denunciam violências domésticas (agressões verbais e físicas) com mulheres e negligências com elas, com evidências de mais meninos expostos a tais práticas e ocorrendo ainda, em muitos casos, o silenciamento de violência sexual. Os meninos demonstraram mais dificuldade para expor emoções, medos ou vulnerabilidades, evidenciando o sofrimento reforçado pelos padrões de masculinidade que podem ser refletidos em alguns aspectos na passagem para a adultização. A maioria das crianças denunciam as violências sofridas pelas mulheres de suas famílias, mas lidam com a situação como se fosse algo naturalizado. A pesquisa, que considerou a participação das crianças e seus relatos, revela a urgência em se investir na educação dessas crianças, visando o tensionamento dos padrões de masculinidade que predominam e da mulher enquanto submissa, visando a desnaturalização das violências vividas ou presenciadas pelas crianças (MORAES, 2019).

Da análise das produções encontradas

A partir dos resultados que retornaram da busca realizada na plataforma Ibict oásisbr, foi possível reunir as informações a partir de dois eixos: a) As crianças e suas culturas: concepções e vozes reveladas por meio dos jogos, brincadeiras e práticas pedagógicas”; b) “O sentido atribuído pelas crianças: identidade, gênero, raça”, sistematizando as suas principais tendências, a partir da frequência que os dados foram se apresentando nas produções acadêmicas.

Das análises realizadas, foi possível perceber o maior índice de produções, no ano de 2019, com uma tese e sete dissertações, seguida do ano de 2018, com a produção de seis dissertações. Em 2017, foram publicadas uma tese e quatro dissertações, em 2020, duas teses e uma dissertação e em 2021, por sua vez, uma dissertação.

Além do ano em que as publicações ocorreram, algumas regiões do Brasil se destacaram nas pesquisas, como é o caso da região Sudeste, com onze produções, destacando o Estado de Minas Gerais, com três dissertações da Universidade Federal de Minas Gerais e uma dissertação da Universidade Federal de Juiz de Fora, o estado de São Paulo com duas dissertações da Universidade Estadual Paulista - Unesp, Campus de Presidente Prudente; uma tese da Universidade Federal de São Carlos e uma dissertação da Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP, seguido do estado do Paraná com uma dissertação e uma tese de doutorado da Universidade Federal do Paraná e uma dissertação do Centro Universitário Internacional Uninter de Curitiba.

A região Sul se destaca logo em seguida com oito produções: sendo três dissertações da Universidade Federal de Santa Maria - UFSM/ RS, três dissertações da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS, uma tese da Universidade Federal de Pelotas e uma dissertação da Universidade do Vale do Taquari - Univates, Lajeado, 31 maio.

A região norte do Brasil trouxe duas dissertações, uma pela Universidade do Estado do Amazonas, UEA, Manaus/AM e outra pela Universidade Federal do Oeste do Pará, Santarém. A região Nordeste também trouxe duas produções, uma tese pela Universidade Federal da Bahia/Salvador e uma dissertação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte/Natal.

Em relação ao delineamento metodológico das pesquisas, alguns tipos de pesquisa foram informados nas produções acadêmicas. Em relação às abordagens utilizadas e tipos de pesquisa mais recorrentes e nomeadas pelos pesquisadores, foi possível identificar: (oito) produções que destacam a abordagem qualitativa, presente nas investigações de Fraga (2019), Watanabe (2017), Silva (2021), Pinheiro (2018), Machado (2019), Andrade (2018), Rosa (2018), Schutz (2018), seguida da pesquisa etnográfica interpretativa evidente em (três) pesquisas, nos estudos de Kremer (2019), Soares (2020) e Camargo (2020).

Outros tipos de pesquisa apareceram, como o estudo de caso etnográfico, evidenciado por Machado (2019), o método clínico piagetiano, destacado por Scalzitti (2020), a Investigação-ação, por Watanabe (2017), sala intervenção, nomeada por Scalzitti (2020), a pesquisa fenomenológica, utilizada por Andrade (2018), a pesquisa Descritiva e Analítica, evidenciada por Fraga (2019), pesquisa bibliográfica, por Martins (2019), e a pesquisa de campo, nomeada por Corrêa (2017). Os autores Pereira (2018) e Oliveira (2017) não trouxeram informações metodológicas em seus resumos.

Com o intuito de privilegiar a infância, a criança como protagonista, valorizando suas culturas, vozes e ações, os instrumentos de coleta mais utilizados pelos pesquisadores nas pesquisas foram: os registros em diário de campo, presente em (nove) pesquisas, evidenciadas por Watanabe (2017), Beling (2017), Silva (2021), Machado (2019), Radeck (2019), Valente (2018), Rosa (2018), Schutz (2018), Soares (2020), seguida das fotografias, destacadas em (sete) produções, a saber: Watanabe (2017), Silva (2021), Machado (2019), Radeck (2019), Valente (2018), Corrêa (2017), Rosa (2018). Outrossim, tem-se ainda a entrevista, utilizada em (seis) produções, destaca por Silva (2021), Scalzitti (2020), Valente (2018), Corrêa (2017), Seribelli (2019), Camargo (2020).

Nessa seara, destacamos ainda as observações, destacadas por (cinco) pesquisas: Watanabe (2017), Beling (2017), Silva (2021), Schutz (2018) e Seribelli (2019); a observação participante, evidenciada em (cinco) trabalhos: Machado (2019), Valente (2018), Rosa (2018), Soares (2020), Camargo (2020); o desenho e a oralidade, propostos em (cinco) pesquisas: Gomes (2017), Radeck (2019), Valente (2018), Corrêa (2017), Seribelli (2019); os vídeos, utilizados por (quatro) autores, entre eles: Silva (2021), Machado (2019), Valente (2018), Rosa (2018); as Roda de conversa, destacadas por (quatro) produções: Machado (2019), Corrêa (2017), Seribelli (2019), Moraes (2019); os diálogos, propostos por (dois) autores: Watanabe (2017) e Corrêa (2017); as gravações em áudio, destacadas por (2) autores: Radeck (2019) e Valente (2018). Cabe frisar também as brincadeiras, as quais foram evidenciadas por Beling (2017); as imagens projetadas, por Radeck (2019); as narrativas, por Radeck (2019); o questionário, por Seribelli (2019); e as Histórias, por Seribelli (2019).

Cordeiro e Penitente (2014) destacam a importância da escolha dos instrumentos de pesquisa para a investigação com crianças, uma vez que é importante que tais instrumentos facilitem a participação das crianças, capturando suas falas, seus pensamentos, seus sentimentos, suas vivências e suas concepções sobre a realidade.

No que diz respeito às temáticas evidenciadas nas teses e dissertações, o eixo “As crianças e suas culturas: concepções e vozes reveladas por meio dos jogos, brincadeiras e práticas pedagógicas” evidenciou as narrativas de crianças, como é o caso do estudo de Fraga (2019), que analisou as narrativas das crianças sobre felicidade e consumo por meio de registros no aplicativo Instagram; de Beling (2017), que discutiu as revelações das crianças de Pré-escola sobre as práticas pedagógicas que experienciavam na escola; de Gomes (2017), que trouxe a perspectiva das crianças a respeito das práticas compartilhadas na educação e cuidado de crianças na Educação Infantil; de Pinheiro (2018), que analisou as experiências e sentidos que as crianças da Educação Infantil atribuíam à escrita; de Machado (2019), que trouxe os olhares de crianças sobre a escola de educação infantil; de Oliveira (2017), que buscou compreender a infância a partir das próprias crianças e entender a contribuição da experiência literária na formação cultural e humana da criança na sociedade contemporânea; de Radeck (2019), que estudou as percepções de crianças da primeira infância sobre as relações educativas na sua escola; e, por fim, de Valente (2018), que trouxe a compreensão dos sentidos que crianças de Pré-escolas públicas e particulares atribuíam à linguagem escrita.

Além das concepções e olhares das crianças, destacaram-se também os estudos que enfocam as culturas lúdicas infantis, como é o caso da pesquisa de Machado (2019) e de Watanabe (2017), que investigaram os eixos interatividade e ludicidade, estruturadores das culturas infantis, com fundamentos da Sociologia da Infância. Ainda contemplando a criança, a infância e a educação infantil e suas aprendizagens, Kremer (2019) traz a compreensão de como as crianças de Pré-escola elaboram e compartilham sentidos às suas aprendizagens.

Silva (2021) discutiu as influências da construção de jogos de tabuleiro, elaborados pelas crianças, para desenvolver ideias matemáticas; Scalzitti (2020) abordou os conhecimentos linguísticos na educação infantil; Pereira (2018) investigou a performance de crianças pequenas em atividades de exploração do mundo em uma instituição de educação infantil em relação ao ensino de ciências; Andrade (2018) estudou “As potencialidades do uso dos desenhos das crianças na Educação Infantil para divulgação científica; e Martins (2019) analisou as contribuições da Sociologia da Infância para os estudos da área da educação no Brasil.

As vozes e concepções de crianças também apareceram no eixo “O sentido atribuído pelas crianças: identidade, gênero, raça”, trazendo as crianças como sujeitos principais e garantindo que suas concepções fossem manifestadas. Nesse sentido, destacamos os estudos de Seribelli (2019) e de Camargo (2020), os quais trouxeram os olhares das crianças sobre como elas experienciam a mudança da Educação Infantil para o Ensino Fundamental. As questões étnico-raciais na perspectiva de crianças pequenas, mediante suas interações e brincadeiras, foram evidenciadas no trabalho de Corrêa (2017), de Schutz (2018) e de Soares (2020), que trouxeram a visão das crianças sobre a cultura de mídia na educação infantil e as representações de gênero em desenhos animados; de Rosa (2018), que investigou a re (produção) pelas crianças das identidades de gênero, partindo das interações ocorridas em uma turma de Educação Infantil do campo. Os maus-tratos também apareceram no estudo de Moraes (2019), identificando a percepção das crianças sobre maus-tratos emocionais, além de outras formas de violência de gênero, almejando a compreensão de como elas enxergavam e interpretavam a violência doméstica e como isso repercutia na escola de Educação Infantil.

Considerações finais

Foi objetivo deste capítulo reunir, sistematizar e analisar os estudos e pesquisas que abordam as produções acadêmicas sobre a pesquisa com crianças, publicadas no período de 2017-2021, de modo a identificar as principais tendências das pesquisas encontradas, suas lacunas e discussões relevantes e avaliá-las criticamente.

Optamos pela revisão de literatura, visando buscar informações relacionadas ao tema, na plataforma Ibict oasisbr, em que foram selecionadas 23 produções acadêmicas, sistematizadas a partir de dois eixos: “As crianças e suas culturas: concepções e vozes reveladas por meio dos jogos, brincadeiras e práticas pedagógicas” e “O sentido atribuído pelas crianças: identidade, gênero e raça”.

No que diz respeito ao posicionamento da criança frente à sociedade e às pesquisas acadêmicas, apresentamos neste artigo uma outra lógica para o meio científico, a saber: a pesquisa com crianças. Nesse sentido, as crianças são consideradas ativas, participativas, com voz e ações e diferentes linguagens, o que amplia nosso olhar e conhecimentos sobre elas e com elas.

De forma geral, os resultados dos estudos revelaram a importância de se considerar as vozes infantis na pesquisa com crianças, considerando o que elas têm a dizer sobre suas vivências, experiências, seus olhares sobre questões relacionadas à identidade de gênero, raça, violência doméstica, sobre a escola, seus espaços, enfim, as temáticas abordadas nos estudos e pesquisas encontrados.

As crianças revelam seus pensamentos, sentimentos e vivências sobre a infância, por meio de diferentes linguagens, por meio de suas falas, olhares e ações sobre que elas pensam/sentem e que podem favorecer a organização das escolas de Educação Infantil, contemplando sua participação nesta organização. Nesse ínterim, seus saberes e fazeres podem contribuir para novas organizações de práticas pedagógicas voltadas para a sua própria aprendizagem.

Ademais, as produções acadêmicas sinalizaram a necessidade de práticas educativas que respeitem a criança em suas singularidades, que considerem suas vozes e possibilitem sua participação nas decisões frente às instituições educativas. Que se garanta o lúdico, o desenvolvimento da autonomia, da criatividade e do direito de serem crianças.

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Recebido: 15 de Outubro de 2022; Aceito: 29 de Janeiro de 2023

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